domingo, 20 de abril de 2014

FANTOCHES E INIMIZADES


Não existe alternativa, viver significa entrar em atrito com o outro. O egoísmo é um instinto natural enquanto o altruísmo é uma construção social. O ser humano tem que lidar com os dois ao mesmo tempo.

Diante de qualquer coisa, existem duas possibilidades: a pessoa realiza o próprio desejo ou faz a vontade do outro. Não satisfazer o outro é um problema porque vivemos em sociedade. O outro insatisfeito quer dizer crítica ou briga ou até inimizade.

É impossível agradar a todos. Mesmo a pessoa mais falsa e mentirosa entra, em qualquer momento, em contradição. Cada um tenta ser civilizado e respeitar o outro. Isso é saudável.

Entretanto, existem pessoas que nunca saem daquele estágio infantil do qual não podem ser contrariadas, ou seja, tudo deve ser do jeito delas.

Quando alguém “ousa” dizer “não” e afirmar que, apesar de respeitar aquela vontade (do outro), possui, naquele momento, um desejo diferente e pretende realiza-lo; infelizmente, isso gera conflitos. Muitos não aceitam tal atitude e enxergam neste ato uma declaração de guerra. Fazem ameaças, prometem vinganças; tudo porque, em um dado momento, as suas vontades não foram realizadas.

Com o tempo, o indivíduo percebe que para ele viver a própria vida, ser feliz e realizar os seus desejos, claro, terá que colocar a sua vontade como prioridade (algumas vezes, pelo menos). Percebe que quando faz isso - viver a própria vida!! – pode gerar “atritos” com outras pessoas, como familiares e amigos. Aqui ele começa a ser descartado por aqueles que não podem ser contrariados. Ele simplesmente perde aquelas amizades.

Percebe ainda, depois, num momento de reflexão, que se não houve respeito talvez aquelas amizades nunca tivessem sido realmente verdadeiras.

Esse tipo de indivíduo deixa de se importar tanto com as opiniões dos outros e passa a cuidar dos próprios interesses, respeitando (mesmo que não concordando...) as posturas de cada um.

FUGAS E DROGAS


Paulo Francis dizia que a pessoa que tornava-se viciada em alguma droga teria problemas antes de começar a usá-la. É verdade. O problema não seria a droga em si. A causa seria outra. A obsessão por algo, claro, só piora tudo.

O ser humano normalmente busca o equilíbrio. O excesso é considerado um erro. Entretanto, existe algo no próprio ser humano que pode atrapalhar qualquer busca de racionalidade. Trata-se da emoção. Algo interior (sem controle) que de uma hora para outra pode desestabilizar tudo.

Existem sinais. O indivíduo, no entanto, insiste em negá-los. Alguém que bebe 20 latas de cerveja, obviamente, não faz isso pelo sabor da cerveja ou pelo prazer de beber. Esse indivíduo quer fugir de si mesmo.
O álcool é legal, mas é uma droga como outra qualquer. A maconha é ilegal na maioria dos países e faz menos mal ao organismo do que o álcool. Freud chegou a recomendar o uso de cocaína e escreveu artigos elogiando essa droga (ver “Über Coca”).

A questão talvez seja cultural. O indivíduo precisaria de algo (natural ou não) para “suportar o acontecimento” – essa expressão é de Jacques Derrida. O “acontecimento” poderia ser resumido na vida e nas suas contradições. Como suportar um passado que “insiste” em aparecer nos pesadelos? Como retirar (da mente) pensamentos negativos e desagradáveis que também “insistem” em atrapalhar o bem estar do indivíduo? “Nunca chegamos aos pensamentos. São eles que vêm.” Essa frase – atribuída a Martin Heidegger – representa o oposto da premissa de Karl Marx em A Ideologia Alemã: Não é a consciência que determina a vida, mas sim a vida que determina a consciência.”

De qualquer maneira, o que importa é que o indivíduo precisa lidar com as próprias escolhas e consequências. Ou como diria Jean Paul-Sartre:

"(...) é necessário que o homem encontre a si mesmo e se convença de que nada pode salvá-lo de si mesmo, nem mesmo uma prova válida da existência de Deus.” No original: “il faut que l'homme se retrouve lui-même et se persuade que rien ne peut le sauver de lui-même, fût-ce une preuve valable de l'existence de Dieu.”

Fugir de si nunca é a resposta. O álcool e outras drogas podem levar a um alívio imediato e momentâneo. No entanto, o velho dilema nunca deixará de estar ali. Trata-se, basicamente, do principal problema do homem: ele mesmo.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

SEDUÇÃO E VISIBILIDADE

Existe uma antiga música da banda The Sisters of Mercy que diz:

quarta-feira, 9 de abril de 2014

O ALVO DA RELAÇÃO AMOROSA


A relação amorosa é um mito na medida em que ela está associada aos valores positivos como amor, prazer, amizade, respeito, companheirismo, entre outros.
Esta imagem é construída.
O processo começa com o objetivo no sentido de criar uma imagem que não corresponderia à realidade. O objetivo é exercer o poder, dominar o outro.
Para que isso ocorra, é necessário usar principalmente truques de atratividade e dissimulações. Aqui, vale quase tudo: falsos sorrisos, olhares, gestos, roupas, carros, mansões, drogas (sobretudo o álcool), remédios (para emagrecer ou ganhar massa muscular), entre outras estratégias.
Tudo isso deve ser adequado ao alvo.
É necessário um plano bem elaborado, tempo e paciência.
Após tanto trabalho, a pessoa aparece “naturalmente” com a “cara metade” da outra. O “amor” acontece. O alvo foi atingido.
Depois de algum tempo, já emocionalmente envolvido, o “alvo” pode perceber que caiu em uma armadilha, ou seja, ao invés de amor, prazer e amizade, o cotidiano da relação é marcado por reclamações, brigas bobas, atrasos, “caras feias”, cobranças, inseguranças, ciúmes e até mesmo atos de infidelidade.
O “alvo”, racionalmente, pode acabar com todo o sofrimento a qualquer hora. Entretanto, existe o lado emocional, o “alvo” está apaixonado, tornou-se escravo da vontade do outro.
Saber de todo o processo só faz a dor aumentar. Não por fim ao relacionamento “amoroso” (por causa do envolvimento emocional) só aumenta a sensação de impotência.
Não é o fim do mundo, claro. Quem nunca passou por algo semelhante, pode um dia passar... O dominador pode ter o seu dia de “alvo”.
Quem sabe? Como diz a letra de uma música do Led Zeppelin: 
“your time is gonna come...”