Existe uma antiga música da banda The Sisters of Mercy que diz:
“Eu não existo / Se você não me vê.” No original em inglês: “I don’t exist / If you don’t see me.”
Em outras palavras, para alguém existir, esse indivíduo precisaria ser visto pelo outro. É assim que funciona no capitalismo:
“(...) todo o universo da produção [seria] regido pelo princípio da transparência de todas as forças na ordem dos fenômenos visíveis e computáveis: objetos, máquinas, atos sexuais ou o produto nacional bruto.” (Jean Baudrillard, Esquecer Foucault, p. 33)
Além de ser visto, na perspectiva deste sistema, o indivíduo tornou-se um número, como um objeto qualquer. O que ele faz – inclusive em termos sexuais – deve estar de acordo com essa visão. O que importa, no fundo, é a quantidade e, ao mesmo tempo, tudo seria descartável.
Algumas pessoas poderiam lembrar que o sexo estaria envolvido com a emoção, o amor e o prazer. Na verdade, porém, para o sistema capitalista, tais características seriam só estratégias de domínio e de aumento de produtividade.
Uma coisa para ser desejada precisa ganhar visibilidade através de algo como a propaganda. Mais do que ser visível, ela precisa “seduzir” o outro. Esse processo, para funcionar, não pode ser claro e direto.
“A sedução é, em toda parte e sempre, o que opõe à ‘produção’: a sedução retira qualquer coisa da ordem do visível.” (Jean Baudrillard, Esquecer Foucault, p. 32)
Seria como se algo “invisível” movesse as coisas e as pessoas. Tudo deve parecer “natural” do ponto de vista da máquina de produção capitalista.
O indivíduo é induzido a comprar coisas que não serão usadas. Ele não percebe o processo. Parece que só o fato de comprar algo parece satisfazê-lo.
Algumas mulheres, quando estão entediadas ou deprimidas, correm para o shopping center e voltam para casa com várias sacolas. Aliás, a foto de uma mulher com muitas sacolas (com as marcas da moda aparecendo em todas) saindo de um shopping center está, atualmente, associada à felicidade. Bastaria comprar para ser feliz.
No entanto, como em toda sedução, é prometido muito mais do que é entregue posteriormente. Sentar no sofá novo, com várias sacolas, rodeada de vários aparelhos de última geração (computadores e eletrodomésticos em geral) e sozinha (ou rodeada de gente falsa que pensa só nos interesses materiais) pode não significar a sensação de estar no paraíso ou obter aquela paz que ela estava buscando.
Em resumo, existe uma parte que seduz – a ideologia do sistema capitalista – e a outra parte (a pessoa) que escolhe participar do processo de sedução ou não.
Não é uma escolha simples. O que está sendo definido naquele momento é se a pessoa opta que ser o sujeito de sua vida ou se ela será só um objeto que segue as ordens dos outros, fazendo várias coisas que nada têm a ver com o seu prazer e a sua felicidade.
“Eu não existo / Se você não me vê.” No original em inglês: “I don’t exist / If you don’t see me.”
Em outras palavras, para alguém existir, esse indivíduo precisaria ser visto pelo outro. É assim que funciona no capitalismo:
“(...) todo o universo da produção [seria] regido pelo princípio da transparência de todas as forças na ordem dos fenômenos visíveis e computáveis: objetos, máquinas, atos sexuais ou o produto nacional bruto.” (Jean Baudrillard, Esquecer Foucault, p. 33)
Além de ser visto, na perspectiva deste sistema, o indivíduo tornou-se um número, como um objeto qualquer. O que ele faz – inclusive em termos sexuais – deve estar de acordo com essa visão. O que importa, no fundo, é a quantidade e, ao mesmo tempo, tudo seria descartável.
Algumas pessoas poderiam lembrar que o sexo estaria envolvido com a emoção, o amor e o prazer. Na verdade, porém, para o sistema capitalista, tais características seriam só estratégias de domínio e de aumento de produtividade.
Uma coisa para ser desejada precisa ganhar visibilidade através de algo como a propaganda. Mais do que ser visível, ela precisa “seduzir” o outro. Esse processo, para funcionar, não pode ser claro e direto.
“A sedução é, em toda parte e sempre, o que opõe à ‘produção’: a sedução retira qualquer coisa da ordem do visível.” (Jean Baudrillard, Esquecer Foucault, p. 32)
Seria como se algo “invisível” movesse as coisas e as pessoas. Tudo deve parecer “natural” do ponto de vista da máquina de produção capitalista.
O indivíduo é induzido a comprar coisas que não serão usadas. Ele não percebe o processo. Parece que só o fato de comprar algo parece satisfazê-lo.
Algumas mulheres, quando estão entediadas ou deprimidas, correm para o shopping center e voltam para casa com várias sacolas. Aliás, a foto de uma mulher com muitas sacolas (com as marcas da moda aparecendo em todas) saindo de um shopping center está, atualmente, associada à felicidade. Bastaria comprar para ser feliz.
No entanto, como em toda sedução, é prometido muito mais do que é entregue posteriormente. Sentar no sofá novo, com várias sacolas, rodeada de vários aparelhos de última geração (computadores e eletrodomésticos em geral) e sozinha (ou rodeada de gente falsa que pensa só nos interesses materiais) pode não significar a sensação de estar no paraíso ou obter aquela paz que ela estava buscando.
Em resumo, existe uma parte que seduz – a ideologia do sistema capitalista – e a outra parte (a pessoa) que escolhe participar do processo de sedução ou não.
Não é uma escolha simples. O que está sendo definido naquele momento é se a pessoa opta que ser o sujeito de sua vida ou se ela será só um objeto que segue as ordens dos outros, fazendo várias coisas que nada têm a ver com o seu prazer e a sua felicidade.
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