O álcool é uma armadilha que liberta os instintos mais primitivos. Tudo seria ótima caso não existissem as consequências.
A cena é simples: bebidas em excesso e um celular (por perto)... O estrago está feito.
Não precisa o envolvimento de outra pessoa. Mesmo sozinho, o indivíduo
alcoolizado é capaz de causar danos a si mesmo que nem o seu pior
inimigo poderia ser capaz de planejar (e executar).
O processo normalmente começa com um desequilíbrio interno.
De um lado, existe uma censura interna, que o impede de fazer quase tudo que deseja.
Por outro lado, revoltado e vendo a vida passar na sua frente (sem
vivê-la), o indivíduo pode radicalizar e querer fazer “tudo ao mesmo
tempo agora”.
Como ainda não tem coragem para liberar o seu
“lado selvagem”, usa o álcool como pretexto para realizar os seus
instintos. A noite serve como cenário perfeito. No escuro e alcoolizado,
tudo parece possível (e permitido).
A noite termina. O efeito do
álcool também... O que sobra?! Ressaca “moral”? Arrependimento? Como
explicar (racionalmente) atos que foram motivados pelo instinto, pela
emoção?
O pior é perceber que ser livre e realizar os instintos
sem qualquer forma de censura, claro, pode gerar consequências que não
serão resolvidas de um dia para o outro. Em outras palavras, ser
verdadeiro (consigo mesmo e com os seus desejos) pode significar ser
punido no mundo civilizado.
A alternativa não seria ser falso ou
dissimulado. Na civilização, os extremos são descartados em nome do
“adequado e saudável” equilíbrio. Se isso é correto ou não, aos olhos da
grande maioria, seria algo totalmente sem propósito.
... Influenciado por um depoimento de Henry Miller - "mas eu não vou parar de escrever, pelo menos vou querer me divertir com isso; estou cansado de fazer coisas longas, sombrias e sérias" - e pela leitura de "Mitologias" de Roland Barthes, comecei a escrever textos opinativos sobre vários temas ... © profelipe ™
quinta-feira, 25 de junho de 2015
segunda-feira, 1 de junho de 2015
APARÊNCIA FÍSICA
A aparência física é, inicialmente, o que
motiva alguém a conhecer outra pessoa. Entretanto,
ela não é suficiente para manter um longo relacionamento (o que é evitado por
muitos, principalmente os homens).
Neste contexto, utilizando só a aparência física como critério, é possível ficar com mais de uma pessoa numa noite. Não existe conversa. Não existe interesse em conhecer a “beleza interior” do outro, basta usufruir a beleza proporcionada pelo corpo.
O problema é que agir desta maneira gera uma sensação de vazio no outro dia na medida em que o ser humano não se limita ao seu corpo, aquilo que é visível.
É difícil, porém, conhecer alguém de fato sem passar pelo teste da aparência física. Ela aparece quase como um cartão de visitas.
Mas ela é
mais complexa do que isso. Ver alguém pela primeira vez pode despertar desconfiança ou repulsa e isso pode ter
a ver mais com quem está vendo do que com o possível objeto de desejo.
A imagem
da pessoa, por exemplo, pode ser
associada a algum trauma do passado e isso impossibilitaria o desenvolvimento
de um relacionamento saudável.
Na verdade, a aparência física é só a ponta do “iceberg”. Ela apresenta sinais do que pode ser a pessoa. No entanto, existem muitos truques que podem disfarçar ou esconder quem verdadeiramente estaria por trás daquela imagem.
Não dá
para conhecer a pessoa sem ir além da aparência física. Isso não se faz numa noite.
Depende de tempo.
Depende de um relacionamento
longo que nem sempre as pessoas estão dispostas a viver porque (1) preferem o superficial e o prazer imediato ou (2) simplesmente porque não têm nada
mais a oferecer do que a aparência física.
Talvez
isso ajude a explicar porque muitos investem
mais na própria imagem do que no
lado intelectual.
Para muitos homens, qualquer sinal de conversa séria deveria ser entendido como uma DR (Discutir a Relação), uma coisa negativa que deveria ser evitada a todo custo.
Sem conversa, a comunicação ficaria bastante restrita,
o que dificultaria ir além da aparência física. Chega um momento, porém, que todo ser humano precisa compreender o que
acontece nos seus relacionamentos.
Mesmo na televisão, quando são mostrados
personagens masculinos que adoram o estilo de vida do “solteirão”, eles, mesmo
“contrariados”, são obrigados a conversar, de fato, com alguém. Se não seria possível fazer isso com suas
parceiras, eles procuram as psicoterapeutas – um exemplo seria o Charlie de
“Two and a Half Men” e o outro seria o personagem Thomas Crown (Pierce Brosnan)
do filme “A Arte do Crime”.
Em suma, o que cada um vê, claro, são imagens, bonitas ou não, atraentes ou não. É necessário, no entanto, ir além das imagens.
As pessoas procuram destacar as qualidades
e esconder os defeitos. Não são perfeitas. Longe disto. São como castelos de cartas.
Ou seja, atrás daquela beleza que aparece como
absoluta, imponente e superior, escondem
figuras frágeis e inseguranças, cujo maior medo seria que a sua
insignificância fosse revelada.
São, na
verdade, ingênuas porque acreditam que os truques que existem para melhor a imagem física podem esconder os
defeitos da alma.
© profelipe ™
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