Chega a ser engraçada a história de que a crise atual seria “invenção
da mídia”. Em março de 2015, Renato Janine Ribeiro, professor de
filosofia e ex-ministro da educação do governo Dilma, afirmou:
“Eu me pergunto qual seria a lógica de trocar Joaquim Levy por uma
convulsão social. Ele já responde a uma parte substancial das demandas
do mercado. Ele talvez seja o único ministro indemissível desse governo.
Não apenas porque ele é forte. Se ele se demitir, todos saberão que Dilma não apoiou seu projeto de recomposição da economia.”*
Dilma demitiu Joaquim Levy, mesmo correndo o risco de uma convulsão
social. Já ocorreram manifestações contra o aumento da tarifa do
transporte coletivo, ainda que seja verão, logo após as festas de fim de
ano e antes do carnaval, período em que as pessoas evitam tratar de
“temas sérios”.
Dilma, aparentemente, demitiu Joaquim Levy para
ter mais “liberdade” para lidar com a economia do país de uma maneira
imediatista, visando evitar o processo de “impeachment”. Trata-se de uma
opção política, que significa, na prática, entre outras coisas, perder o
controle da inflação e o selo de bom pagador (no mercado
internacional), permitir a desvalorização da moeda nacional e o aumento
da dívida pública.
Não será fácil recuperar a estabilidade
econômica após o Plano Real e a imagem que o Brasil conquistou neste
período. É algo muito sério e tem a ver diretamente com o cotidiano das
pessoas. Contudo, parece que a maioria está mais preocupada com as
férias de verão e com o carnaval, seguindo o imediatismo da presidente
da República e a crença de que a crise não existiria (seria só mais “uma
invenção da mídia”).
© profelipe ™
(*) Luiza Villaméa e Márcia Pinheiro. A política e a perda do discurso ético. Brasileiros, 16-03-2015. http://brasileiros.com.br/2015/03/politica-e-perda-discurso-etico/
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