sexta-feira, 22 de julho de 2011

CRACK & COCAÍNA

Para quem mora na rua, sem família e sem qualquer perspectiva de vida, o "crack" aparece com uma alternativa razoável para encarar o cotidiano. É uma forma de autodestruição, claro, assim como o alcoolismo.
O crack foi criado a partir dos restos da cocaína, para ser mais barato e ser consumido pelas massas populares. É mais destrutivo também. A cocaína é muito cara, é a droga de artistas famosos - Charlie Sheen, antes de agredir a esposa e ser preso, havia consumido cocaína - e dos executivos - esses a utilizam para trabalhar. 
Provavelmente, a droga de hoje não é mesma que os índios usavam antes da colonização e nem a que fascinou muitos médicos dos países "desenvolvidos" no século XIX. Em seu artigo "Über Coca", escrito em 1884, Freud escreveu:
"No momento, parece haver nos Estados Unidos indícios de amplo reconhecimento e utilização dos preparativos da coca, enquanto na Europa os médicos mal os conhecem de nome, O fracasso da coca em fixar-se na Europa, fato que, na minha opinião, é imerecido, talvez possa ser atribuído a informes de conseqüências desfavoráveis resultantes de sua utilização e veiculados pouco depois de sua introdução na Europa; ou à qualidade duvidosa dos preparos, sua relativa escassez e preço elevado decorrente." (p. 78)
Sim, Freud foi um dos entusiasta do uso da cocaína, tanto nele como em seus pacientes. Nesse artigo (em 1884) , ele reconhecia que "a pessoa sente um aumento do autocontrole, maior vigor e capacidade para o trabalho." (p. 75) Talvez por isso ela seja a droga mais utilizada pelos executivos até hoje.
Freud estava correto quanto aos efeitos imediatos da droga. Contudo, a cocaína não apresentava somente características positivas. Imagino que, por isso, deve ter sido proibida na maioria dos países. Deve ser considerado ainda que Freud escreveu outros artigos sobre a droga e que as suas experiências ocorreram, basicamente, no final do século XIX e hoje vivemos no século XXI.
Falar do uso livre de drogas na Holanda, atualmente, é óbvio demais. Nos Estados Unidos - um dos grandes líderes na luta contra as drogas -, a maconha é usada, na Califórnia, como forma de remédio para algumas doenças. De fato, o problema é complexo. Lá tentaram proibir as bebidas alcoólicas e não deu certo. Os efeitos práticos do alcoolismo não são tão diferentes do que acontece com os usuários de drogas. Isso não significa, porém, que tudo deve ser livre.
Em suma, não defendo a liberalização do uso das drogas. O que eu sou contra é a hipocrisia dos executivos e dos políticos, que consomem a droga "em particular" e se apresentam como conservadores e moralistas "em público".   

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