A primeira fase da vida - até aos 20 anos -,
o indivíduo deve ser cuidado. Na segunda fase, adulto - entre os 21 e os 40
anos -, torna-se independente, possui vários projetos (formatura, emprego,
carro, casa própria, casamento, filhos, entre outros) e são apresentadas as
oportunidades para realizá-los. Na terceira e última fase - após os 41 anos
-, ele entra na fase das perdas até o momento final, a morte, que seria a perda
da vida.
Essa divisão é determinada sobretudo no
ocidente por uma visão capitalista de mundo. Nessa perspectiva, o trabalho é
fundamental.
Ao longo dos séculos, foram criadas
instituições para excluir da sociedade as pessoas que não eram consideradas
aptas para produzir, como o hospício para os loucos, o asilo para os velhos e,
no Brasil, a Fundação Casa (antiga Febem), cuja função seria prender as
crianças e adolescentes, principalmente os que moravam nas ruas.
Karl Marx, no livro "O Capital", já
demonstrava a preocupação dos capitalistas em se livrar dos
"vagabundos" com a criação de "uma legislação
sanguinária" que previa punições aos desempregados desde a prisão até
o enforcamento.
Na Europa
Ocidental, agora em 2012,
existem protestos em todos os países, inclusive na Alemanha, contra a política
de austeridade para lidar com a crise no continente. O desemprego é grave
sobretudo na Espanha e na Grécia.
Em 2011, em outro
texto, eu havia tratado do problema, citando exatamente o caso da Grécia:
- 'Em 2010, a Organização Mundial da Saúde situava o país mediterrâneo entre os que registravam os níveis mais baixos de índice de suicídios em nível internacional, com menos de 6,5 casos por 100 mil habitantes.' "
Se a questão
do suicídio não era um problema grave em 2010,
esse quadro mudou com a crise econômica de 2011-2012. Por quê? O que
escrevi em 2011 é válido ainda para 2012:
Indiretamente,
parece que os defensores do neoliberalismo arrumaram
uma forma de resolver o problema que
surgiu com o avanço das novas tecnologias: o
desemprego estrutural. Em outras palavras, desaparecem
o emprego e a profissão. O resultado é uma multidão de pessoas sem
trabalho e sem perspectiva de emprego.
"Porque
a empresa pega
e descarta em função de suas
necessidades, e todas as classes
sociais são afetadas pelo
desemprego: aos jovens e os operários sem qualificação que constituíam ontem a
massa de desempregados se juntam hoje os
operários qualificados, os contramestres, os técnicos, os gerentes."
(Maier, Bom-dia, preguiça! p. 55-56)
O
que fazer com
essa massa de indivíduos sem trabalho? Os grandes empresários não se
importam. Como lembra Maier, "para a companhia, o ser
humano (...) é um
fardo." (p. 71) A solução veio da ideologia, afinal, nesse discurso,
o desemprego é um problema pessoal (e não social). Assim, a culpa seria do
trabalhador. Se ele não mostrou o seu valor, merece desaparecer, assim como a
sua profissão.
Como
desaparecer como um ser humano? Morte. Mas
o assassinato em massa não seria algo civilizado. Então, basta transformar um problema
estrutural em pessoal, colocar o
peso da culpa no indivíduo e induzi-lo ao suicídio.
Isso acontece agora na Grécia. É
só o começo.
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