“No
amanhecer de 15 de fevereiro de 2013,
uma imensa bola de fogo --um meteoro-- assustou os moradores de Tcheliabinsk, na Rússia. (...) a explosão do asteroide ao adentrar a
atmosfera teve a força de 500 mil
toneladas de TNT. (...) [Foi
afetada] uma área com uma população superior a 1 milhão de pessoas.” *
Apesar de toda a tecnologia que supostamente garantiria a segurança do planeta, o que chamou a atenção foi a imprevisibilidade do acontecimento. Em
outras palavras, não existe, de
fato, estabilidade ou segurança tanto no âmbito individual como do ponto de vista coletivo.
A indefinição quanto ao futuro leva muitos a buscar abrigo
numa religião. Ela promete aquilo que a ciência não pode garantir.
A religião
aparece como uma verdade apresentada
fora da humanidade, logo as suas
leis não podem ser questionadas. Essas leis determinam as ações das pessoas. Elas se subordinam às essas leis na medida em que “descobrem” qual caminho deveriam seguir e, como as leis são dogmas (não
podem, teoricamente, mudar), as consequências
dos atos (bons ou ruins) seriam “previsíveis”.
As pessoas, neste
processo, não decidem sobre as suas
vidas, tornam-se quase robôs pré-programados a agir desta ou daquela maneira.
As suas escolhas não são escolhas
porque ocorrem dentro do universo da religião e dos seus dogmas. A liberdade é limitada pela religião, ou
seja, ela não existe. Assim, como “não há mais lugar algum para a justiça ou a responsabilidade (seja ela jurídica, política ou ética). **
Optar por uma religião significa abrir mão de si em nome de
uma verdade determinada pelo outro. A fé é o principal instrumento no
conhecimento teológico. Neste caso, como quase tudo na democracia, a opção deve
ser respeitada.
(*) Salvador Nogueira. Cientistas desvendam origem de meteoro que
explodiu na Rússia. Folha de São Paulo, 07/11/2013.
(**) Jacques Derrida, Filosofia
em tempo de terror, p. 144.
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