Não é novidade a história de garotas que dormem na primeira noite com patrões (ou chefes) e depois reclamam que o tratamento do dia seguinte não seria o mesmo da noite anterior.
Durante o dia, havia uma
relação de trabalho, algo profissional. Se houve alguma coisa depois do expediente, isso teria sido
opção dos dois que resolveram fazer algo em comum no tempo livre que tinham.
Público. Privado. Duas esferas distintas.
O
que deveria ser claro para os dois, na prática, não funciona desta maneira.
O
patrão (ou chefe), normalmente bem mais velho,
não se envolveria com uma bela jovem caso não possuísse também o poder econômico. Por outro lado, nem
sempre uma bela garota teria acesso
a lugares exclusivos e caros (mais viagens e belos presentes), se continuasse a
sair só com gente da sua idade.
Isso,
obviamente, não representa uma lei universal.
Mais
uma vez, no caso dos adultos,
haveria pouco espaço para ingenuidade.
Tanto
de um lado como do outro, no entanto, pode ocorrer algum “mal entendido”.
É
comum a garota se sentir usada ou o velho se apaixonar e, posteriormente, ficar indignado ao
compreender que sem o poder econômico não haveria relação alguma com a garota.
Existe
um complicador nos dois casos. Trata-se do que chamam de emoção.
Qualquer
cenário em que a razão deveria
predominar pode ser completamente comprometido quando a emoção entra em jogo.
O
cinismo, a ironia, a omissão, a mentira e os jogos de poder, claro, fazem parte dos jogos que existem entre os civilizados.
De imediato, ninguém
reclama.
Ao contrário, quando o vento está a favor, parece bem divertido utilizar tais
mecanismos.
Neste momento, não é levado
em conta que a máquina do jogo não é uma máquina, ao contrário, trata só de um
ser humano.
Em outras
palavras,
as falhas logo entrarão em cena. Os castelos de cartas desabarão.
Aqui, para muitos,
chegaria o momento de evitar a autocrítica e encontrar um culpado por tudo: o velho ou a bela
jovem.
Bobagem. Eram adultos no início do jogo e deveriam permanecer assim no final também.
Não dá... por causa do
elemento que foi desconsiderado durante toda a partida: a emoção.
A
partir dela e da derrota na relação amorosa, outra personagem entra
em cena: a loucura.
O
perdedor, em sua vingança, pode fazer qualquer coisa
(até matar quem antes era o ser mais amado do planeta).
Se
o perdedor foi abandonado por um concorrente, fica pior, porque outra personagem
invadiria o cenário: a inveja.
Alguém
poderia lembrar do ciúme.
Contudo,
ele nunca precisou entrar no palco do jogo amoroso porque nunca deixou de estar
ali desde o primeiro momento.
A
diferença seria que, inicialmente, o
ciúme aparecia como algo que
produzia excitação. Era bem-vindo. Depois,
porém, ele vem como uma arma que justificaria a morte do outro (tanto no plano
simbólico como no mundo real).
Como
diriam alguns pensadores, sim, a relação amorosa é
antes de qualquer coisa uma relação que um
morre para o outro seguir em frente.
Pode parecer
exagero.
Mas,
nos dias atuais (quando a sutileza
raramente aparece), bastaria ler os
jornais e identificar as reações daqueles que não aceitam perder e carregar para si a
condição de rejeitados.
São
ingênuos em sua violência e no seu instinto de destruição. Afinal, não há como
existir e não ser rejeitado. Ou seja, ao nascer, isso vale para todos, o ser
humano é colocado cara a cara com a primeira e mais importante rejeição: nasceu
para morrer, nasceu para saber que, algum dia, necessariamente, não existirá
mais. E, muito importante, não existe nada que possa fazer quanto a essa
realidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.