Uma criança associa, inicialmente, o amor aos pais, aos familiares e aos amigos. Ela, depois, aprende que existe uma relação diferente, pela qual chama de namoro. Nesta fase, não parece agradável descobrir que os beijos “de verdade” teriam o contato das línguas dos envolvidos. O pior, posteriormente (quando a história da cegonha deixou de fazer sentido), seria descobrir que existiriam “beijos” ainda nos órgãos sexuais.
Uma afirmação pode ser problematizada
neste contexto:
. uma amiga gay,
recentemente, disse que se uma vagina não fosse totalmente depilada, isso seria
um sinal de falta de higiene.
1. Ela, muito
provavelmente, estava vendo a vagina como um lugar para beijar, colocar a boca
(por causa de sua opção sexual).
2. Não via a vagina
como um órgão que seria parte do sistema reprodutor da mulher (portanto, a sua
função primordial não seria “receber beijos”).
A mulher (como animal)
possui pelos. Antes da função estética, os pelos fazem parte da dinâmica de preservação e proteção do próprio
corpo. Como fêmea, ela possui menos pelos do que o homem.
Trata-se de uma
percepção
cultural associar o excesso de pelos
à higiene. Em cada época, aliás, é aceita uma forma específica do corpo
como objeto de desejo valorizado na sociedade.
No caso da mulher, nas
últimas décadas, houve o tempo em que
eram valorizadas as curvas e as
mulheres mais “cheias”.
Depois veio a ênfase do
estilo modelo “cabide”, ou seja, o
elogio da mulher bem magra.
Neste período, foi
criticado bastante o “heroin chic”
(década de 1990) porque resultaria em doenças graves como anorexia e bulimia.
Era confirma, aqui, a terrível pressão contra as mulheres no sentido de perder
peso.
Além da associação com
o consumo de drogas e uma visão niilista da vida, o “heroin chic” estava associado ainda ao incentivo da androginia
(que pode ser associada ao exemplo do
início deste texto).
A questão, basicamente, estaria além do debate entre o que seria
“natural” e o que seria “social”. O problema
seria a criação de doenças e sofrimentos em função de regras inventadas na sociedade que não teriam como objetivo contribuir com o bem estar da
pessoa (ao contrário, a meta, por
exemplo, nos modismos, quase sempre, é vender e produzir lucro para uma
minoria).
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