As pessoas gostam de aparecer. Elas precisam disto. Elas não existiriam sem os olhares dos outros. Muitas acreditam nisto.
Não importa se são olhares “moralistas”. Não importa se são condenadas
pelos conhecidos e pelos desconhecidos. É necessário aparecer.
A existência, neste sentido, só seria confirmada pelos outros.
A existência só seria confirmada pela visibilidade.
Se aparecer é tão importante, cuidar da aparência do corpo seria
fundamental. Todos os recursos e truques (maquiagem, tatuagem, botox,
silicone, entre tantos outros) seriam válidos.
Tudo, no final, vira um jogo de aparência.
O primeiro contato, neste contexto, é feito pela aparência, Na medida
em que ela é produzida, ela não é verdadeira, ela não representa o corpo
como ele é (ou era originalmente).
Em um segundo momento,
existindo interesse, vem a conversa. Aqui surgem novos truques: olhares,
gestos e sorrisos são mecanismos para disfarçar (ou reforçar) aquilo
que foi dito (ou não). A conversa não é verdadeira. Não pode ser. Assim
como a produção da aparência, a conversa é “preparada” antes, quase
ensaiada, com o uso de expressões e a repetição de palavras.
As
pessoas sentem-se como personagens de novelas ou de filmes. Esquecem,
algumas vezes, quem são. Misturam-se tanto com os seus personagens que
acreditam que são verdadeiramente as máscaras que aparecem nos espelhos.
Culpam os outros quando algo dá errado. Esquecem que os outros também
são personagens, são figuras produzidas para aparecer e possuem falas e
poses prontas para o contato social.
No meio de tanto ensaio e
produção, o que se perde é a vida real. Aquela… do aqui e do agora...
Aquela... que não possui “replay”...
Talvez seja essa mesma a intenção deste “circo social”.
Em outras palavras, apesar dos esforços, no fundo, essas pessoas fogem de si e não querem saber dos outros.
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