segunda-feira, 14 de maio de 2012

A IDEOLOGIA DO DESEMPREGO


A primeira fase da vida - até aos 20 anos -, o indivíduo deve ser cuidado. Na segunda fase, adulto - entre os 21 e os 40 anos -, torna-se independente, possui vários projetos (formatura, emprego, carro, casa própria, casamento, filhos, entre outros) e são apresentadas as oportunidades para realizá-los. Na terceira e última fase - após os 41 anos -, ele entra na fase das perdas até o momento final, a morte, que seria a perda da vida. 

Essa divisão é determinada sobretudo no ocidente por uma visão capitalista de mundo. Nessa perspectiva, o trabalho é fundamental. 
Ao longo dos séculos, foram criadas instituições para excluir da sociedade as pessoas que não eram consideradas aptas para produzir, como o hospício para os loucos, o asilo para os velhos e, no Brasil, a Fundação Casa (antiga Febem), cuja função seria prender as crianças e adolescentes, principalmente os que moravam nas ruas.

Karl Marx, no livro "O Capital", já demonstrava a preocupação dos capitalistas em se livrar dos "vagabundos" com a criação de "uma legislação sanguinária" que previa punições aos desempregados desde a prisão até o enforcamento.   

Na Europa Ocidental, agora em 2012, existem protestos em todos os países, inclusive na Alemanha, contra a política de austeridade para lidar com a crise no continente. O desemprego é grave sobretudo na Espanha e na Grécia.

Em 2011, em outro texto, eu havia tratado do problema, citando exatamente o caso da Grécia:

" De acordo com o Notícias UOL, em 2011, por causa da crise econômica, houve um aumento de 40% no número de suicídios na Grécia. E antes?

  • 'Em 2010, a Organização Mundial da Saúde situava o país mediterrâneo entre os que registravam os níveis mais baixos de índice de suicídios em nível internacional, com menos de 6,5 casos por 100 mil habitantes.' "

Se a questão do suicídio não era um problema grave em 2010, esse quadro mudou com a crise econômica de 2011-2012. Por quê? O que escrevi em 2011 é válido ainda para 2012:

Indiretamente, parece que os defensores do neoliberalismo arrumaram uma forma de resolver problema que surgiu com o avanço das novas tecnologias: o desemprego estrutural. Em outras palavras, desaparecem o emprego e a profissão. O resultado é uma multidão de pessoas sem trabalho e sem perspectiva de emprego.

"Porque a empresa pega e descarta em função de suas necessidades, e todas as classes sociais são afetadas pelo desemprego: aos jovens e os operários sem qualificação que constituíam ontem a massa de desempregados se juntam hoje os operários qualificados, os contramestres, os técnicos, os gerentes." (Maier, Bom-dia, preguiça! p. 55-56)

O que fazer com essa massa de indivíduos sem trabalho? Os grandes empresários não se importam. Como lembra Maier, "para a companhia, o ser humano (...) é um fardo." (p. 71) A solução veio da ideologia, afinal, nesse discurso, o desemprego é um problema pessoal (e não social). Assim, a culpa seria do trabalhador. Se ele não mostrou o seu valor, merece desaparecer, assim como a sua profissão. 

Como desaparecer como um ser humano? Morte. Mas o assassinato em massa não seria algo civilizado. Então, basta transformar um problema estrutural em pessoalcolocar o peso da culpa no indivíduo e induzi-lo ao suicídio. Isso acontece agora na GréciaÉ só o começo.

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