sexta-feira, 30 de setembro de 2011

VIOLÊNCIA E CONSCIÊNCIA

Marquês de Sade elogiava a arte da dor física, que estaria associada ao prazer sexual. Não foi por acaso que seu nome influenciou o conceito de "sadismo".
Prazer é dor? Existe satisfação em ver o sofrimento físico do outro?
Os praticantes do sadomasoquismo aceitam qualquer coisa exceto o auto-conhecimento. O que existe é uma fuga de si, do passado e/ou de algum trauma grave (normalmente vivido na infância). Em outras palavras, a ênfase do prazer na dor física esconde o medo da verdadeira dor.
A violência revela mais coisas do agressor do que da vítima. Ela revela insegurança, fragilidade e medo de si. Mais importante, ela não resolve coisa alguma.
O excesso de violência não é capaz de apagar o mal-estar consigo mesmo, a sensação que fez algo errado com o outro e que isso nunca poderá ser resolvido.
Nesta perspectiva, a verdadeira vingança, por exemplo, não seria tentar fazer justiça com a próprias mãos, usando a violência, causando a dor física. O melhor seria a indiferença, o que significa, na prática, deixar aquele que errou enfrentar a sua consciência, em noites frias e escuras, quando a insônia e a memória serão as suas únicas companhias.
O desejo de vingança em si já é um erro. No entanto, em muitos casos, não há como o ser humano não se revoltar.
A solução, porém, não seria se apegar a sentimentos negativos como raiva, rancor, vingança, inveja, entre outros.
A resposta também não estaria numa espécie de crença numa justiça divina ou na idéia de que toda pessoa sofre as conseqüências de seus atos.
O melhor seria focar em si mesmo, ser correto mesmo que o ambiente seja desfavorável.. Quanto ao outro... talvez seja divertido lembrar, algumas vezes, que em virtude dos seus atos, em algum momento, ele terá de enfrentar, como foi dito antes, a própria consciência... em noites frias e escuras, quando a insônia e a memória serão as suas únicas companhias...
Lembrar disto pode não ser um ato nobre, mas, no final das contas, você também é humano...

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

CASAMENTO E SOCIEDADE


Houve uma época que o casamento servia para "unir" as propriedades ( e não os noivos). 
Durante o período que se esperava que a mulher casasse virgem - ou ela seria "devolvida" à família -, o casamento poderia ser usado ainda como um pretexto para se fazer sexo com a pessoa amada (que, naquele momento, era jovem e atraente). 
Foi inventada a associação entre casamento e amor.
Havia uma confusão entre realizar um instinto biológico (portanto, do "corpo material") - o sexo - e viver plenamente um sentimento (óbvio, "invisível") chamado amor. Associar os dois fenômenos - sexo e amor - ao casamento não esclareceu coisa alguma. Serviu apenas como uma estratégia para alienar e manipular os envolvidos, visando a satisfação dos interesses materiais de outras pessoas.
De fato, o que seria "o reconhecimento social do casamento"? Para Claude Lévi-Strauss, trata-se simplesmente da "transformação do encontro sexual baseado na promiscuidade em contrato, cerimônia e sacramento." (O problema do Incesto,  In.: Massimo Canevacci, Dialética da Família, p. 194) 
O casamento, assim, permite a continuidade da sociedade. Ele diz respeito mais aos interesses coletivos de uma comunidade do que das fantasias individuais dos seus membros.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

SOBRE A VIDA

Biografia?! Não. Primeiro, porque tentei passar as minhas experiências no exercício da minha profissão de docente. Em segundo lugar, eu publiquei livros e artigos. Se alguém quiser saber mais a meu respeito, basta, portanto, pesquisar, associando os meus textos com a época que vivi. Para um bom leitor, rapidamente as coisas ficarão claras e ele poderia se aproximar bastante do que eu fui, do por que das minhas escolhas e até das dificuldades enfrentadas para a realização dos meus projetos. Finalmente, em terceiro lugar, com a invenção da internet, atualmente os indivíduos podem encontrar quase tudo sobre as pessoas - e as coisas - pesquisadas.

O QUE VOCÊ FEZ NA VIDA?


Fico constrangido quando encontro um amigo da minha adolescência e ele conversa e brinca como se ainda estivéssemos jogando futebol na rua. Fica a impressão que, após décadas, o sujeito não mudou mentalmente, continua no interminável modelo: novela, Jornal Nacional, Sílvio Santos e Fantástico. O indivíduo casou, teve filhos, mas ainda deixa a televisão decidir o que ele deve pensar. Vive a aquela rotina - trabalha, toma cerveja e conversa com os amigos, assiste televisão e dorme - todos os dias. Uma vez a cada 30 ou 40 dias, faz sexo com a esposa (na maioria dos casos, eles dormem abraçados como irmãos).
Como alguém consegue viver décadas da mesma maneira?
Quando dei aulas no ensino fundamental, olhava para os meus alunos e alunas, que tinham um grande potencial do ponto de vista intelectual, e imaginava que, infelizmente, eles cairiam na rotina dos pais. Foi o que aconteceu.
Neste quadro, fico parecendo um vampiro - que não morre nunca e ainda vai em bares de rock n' roll - e que sempre esteve incomodado, entrando e saindo de fases - desde a religião até a militância política. É claro que não cheguei a lugar algum. Nem chegaria. Como qualquer um, o meu fim será a morte. Nada de novo. Nada mal. Só não dá para continuar assistindo novela, Jornal Nacional, Sílvio Santos e Fantástico. Aliás, se for isso que acontece após a morte, o temido inferno realmente existe.

BLOGS DO PROFELIPE

http://flertar.blogspot.com/

http://flertar.blog.com/

http://educando.blog.com/

http://lzfilmes.blogspot.com/

http://lzrock.blogspot.com/

http://lztecno.blogspot.com/

http://smclub.blog.com/

http://profelipehd.blogspot.com/


2011© profelipe /\ http://flertar.blogspot.com/ \/ 

HISTERIA

Atualmente, as pessoas fazem piadas com o termo "bipolar". Na verdade, trata-se de uma doença séria, que acabei aprendendo algo a partir de outra doença, a depressão. Só recentemente ouvi o a expressão "Personalidade Borderline" e fui ler a respeito. As características dessa doença parecem muito com algo, que na época de Freud, era chamado de "histeria".
Apesar de ser uma doença mental e hereditária, o contexto social pode influenciar nos momentos de crises dos pacientes. Neste sentido, acredito que a histeria "desenvolveu" para algo mais complexo como a Personalidade Borderline devido sobretudo as várias transformações ocorridas na sociedade nas últimas décadas.
Uma das características da Personalidade Borderline é a automutilação. O paciente se corta, por exemplo, e diz não sentir dor. De certa forma, Freud havia percebido isso no caso da histeria:
"Os distúrbios da sensibilidade são os sintomas nos quais é possível basear um diagnóstico de histeria, mesmo nas suas formas mais rudimentares. Na Idade Média, a descoberta de áreas anestésicas e não hemorrágica (sigmata Diaboli) era considerada prova de feitiçaria." (Freud, Histeria)
Se a Personalidade Borderline aparece claramente no início da vida adulta do paciente, no caso da histeria não era diferente:
"Conforme se sabe, a juventude, dos quinze anos em diante, é o período no qual a neurose histérica, na maioria das vezes, se mostra ativa em pessoas do sexo feminino." (Freud, Histeria)
Hoje em dia, existem tratamentos e remédios modernos para as doenças mentais, que são necessários aos pacientes pois os seus distúrbios têm origem no sistema nervoso. Trata-se de uma causa biológica, a pessoa nasce com aquilo. Entretanto, mesmo tomando os medicamentos corretamente e seguindo todas as orientações do médicos, alguns pacientes não melhoram. Por quê? Primeiro, cada caso é diferente do outro e nem sempre um tratamento que foi eficaz para um paciente será para o outro. Mas, em segundo lugar, existe outro fator que pode ser fundamental: a causa social. Em outras palavras, as contrariedades e os traumas vividos pelo paciente, causados por outras pessoas, podem ser determinantes na avaliação do seu quadro. Freud era claro neste aspecto:
"O trauma é uma causa incidental freqüente da doença histérica, em dois sentidos: primeiro, porque a disposição histérica, anteriormente não detectada, pode manifestar-se por ocasião de um trauma físico intenso, que se acompanha de medo e perda momentânea da consciência; em segundo lugar, porque a parte do corpo afetada pelo trauma se torna sede de uma histeria local." (Freud, Histeria)
Sim, as pessoas ditas normais têm responsabilidade no tratamento de pessoas com doenças mentais. Não levar isso em consideração, é criar um conflito desleal com um paciente que não possui as mesmas armas para se defender. Não há como negar, como lembrava Freud, que "as causas acidentais de histeria (...) são importantes na medida em que desencadeiam o início de ataques histéricos, de histerias agudas." (Freud, Histeria)
Sim, somos todos responsáveis. Colocar na vítima a culpa pela violência que sofreu é, sem dúvida, uma das piores características dos seres humanos.   
2011© profelipe /\ http://flertar.blogspot.com/ \/ 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

HARVARD, CNN E... O TRIÂNGULO MINEIRO

O leitor já percebeu a minha implicância com as pessoas da minha cidade que insistem em morar com os pais mesmo depois de formadas. Algumas continuam na casa dos pais mesmo com os próprios filhos. Outras continuam estudando, pós-graduação ou outro curso na graduação, mas permanecem no "lar doce lar".
Por quê? As pessoas fazem esta opção pois existe um recusa (ou medo) de "crescer", algo como a Síndrome do Pequeno Príncipe. 
Mas o meu "por quê" foi um espécie de auto-crítica: por que o "profelipe" insiste neste discurso?
Imagina a cena: a crítica (repetida) sendo falada e o "ouvinte" diz como no filme "As Invasões Bárbaras":
"Bom, isso é melhor que mofar em uma universidade medíocre em uma província atrasada!!!"
Essa cena não aconteceu. Além do mais, não dou aulas faz mais de três anos, o que comprometeria (um pouco) a crítica do "ouvinte". De qualquer maneira, trata-se de um argumentação interessante de um aluno diante da chateação de um professor.
Quando eu trabalhava nas faculdades e os alunos me perguntavam sobre o que eu iria fazer no futuro, sempre dizia que eu já era adulto, que eu era "aquilo": um professor-doutor que dava aulas em faculdades particulares no interior do Brasil. 
Um caso especial me chamou a atenção: uma aluna do jornalismo, em 1993, teve essa conversa comigo. Ela ficou com uma cara meio decepcionada com a minha resposta, como se eu fosse um "acomodado". Em 2011, essa mesma aluna, formada, naturalmente, trabalha na sua área numa cidade do interior de Minas Gerais. Em 1993, eu já sabia que não seria professor em Harvard. Provavelmente, agora em 2011, ela deve ter percebido que não será uma jornalista na CNN ou na BBC.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

INFIDELIDADE

Existe uma propaganda de carro que um rapaz fala para o amigo:


"você lembra da sua ex-namorada? Tô pegando..."


Depois ele continua afirmando coisas que as pessoas não gostariam de ouvir, mas, por estarem impressionadas com o carro, não prestam atenção no que é dito e ainda afirmam: 


"você está me escondendo algo..."


Basicamente, tanto para o homem como para a mulher, ficar o com o ex do (a) outro (a) cria uma certo mal estar na amizade.


No ponto de vista do homem, muitas vezes o amigo namora aquele tipo de garota que seduz todo mundo e fica com muitos rapazes. Por quê não... você? O amigo costuma dizer:


"Eu sei que ela é 'piriguete', mas, poxa, existem tantas por aí... e você tem logo que pegar a minha ex!"


É complicado. Na minha adolescência, o comum era um aprontar algo com o outro. É assim no caso dos homens. Nunca dava para confiar. Se o amigo falava que tinha visto um filme ótimo e que você deveria assisti-lo, você ficava na dúvida, pensando se não seria "outra" que ele estaria planejando contra você.


Bom, pelo menos era assim na minha adolescência, não havia muito respeito um pelo outro, era algo implícito e natural. Falar em ética era dar margem para ser questionado em sua masculinidade. 


Neste clima, as exs e nem as namoradas atuais dos amigos eram respeitadas. Se elas tivessem algum interesse, era infidelidade na certa. Naquela época, os amigos até entendiam pois se tivessem naquela situação fariam o mesmo. Em outras palavras, as garotas pegavam a má fama.


Não é uma confissão e muito menos uma justificativa, mas fiquei com namoradas de amigos naquele período. Não sei se faria isso hoje. Mas se fiz antes, imagino que eu não seja do tipo muito confiável...


De qualquer maneira, reconheço que é uma postura inadequada e que deveria ser evitada. Não sei como as novas gerações lidam com o tema, mas essa é a minha opinião.


Claro que não participo de grupos e nem tenho amigos como acontecia na adolescência. Acho que cheguei naquele fase de "Two and Half Men", quando o personagem Charlie Harper pergunta para o seu padrasto: "mas você não tem os seus amigos?" e ouve como resposta: "Charlie, quando você chega na minha idade, os seus amigos, na maioria, estão casados ou mortos."


O problema, hoje, nem é sair sozinho, o difícil é saber diferenciar os casados dos mortos...


2011© profelipe /\ http://flertar.blog.com \/ 

REGRAS DA BOA CONVIVÊNCIA

. não seja politicamente correto (falsidade tem limite...);
. o whisky deve ter, no mínimo, 12 anos (a companhia, no mínimo 18... se o whisky também for acima de 18, melhor ainda...);
. a cerveja deve ser gelada (a companhia... não!);
. charuto é cohiba;
. não veja indireta em tudo... ninguém é tão importante assim;
. beleza é bom, mas burrice mata qualquer relacionamento;
. finalmente: "do not talk about fight club".

FIM DE NAMORO

Existem "websites" que dão dicas sobre o que fazer com aquele rancor que o indivíduo sente pela ex-namorada. Entre as dicas, estão conselhos como "sair com a amiga dela, contar aos pais as coisas ruins que ela fez, (...) dizer para ela que foi infiel durante o namoro e que não se importa com o fato e colocar fotos e vídeos dela fazendo sexo" na internet, mais especificamente no próprio "website" que apresenta as sugestões: "get revenge on her".
Claro que estas atitudes não poderiam ser consideradas éticas. Mas quem nunca ficou sabendo de uma história com algum destes componentes?
Colocar as fotos e vídeos na internet pode não ter exatamente o efeito esperado (pelo menos nos casos das celebridades). Pamela Anderson e Paris Hilton souberam tirar proveito dos "sextapes" divulgados na "web". Aliás, as celebridades, algumas vezes, passam a impressão que são elas que divulgam as imagens que deveriam ser privadas.
As outras dicas podem gerar um certo ódio na ex-namorada, como o fato de, após o fim da relação, o indivíduo fica com a amiga dela. Ela pode dizer que não se importa, mas não seria verdade. Incomoda.
Falar para os pais sobre os erros da filha pode parecer apenas intriga de um ex.
Revelar que foi infiel durante o namoro e que se orgulha disto reforçaria o caráter do ex e a decisão correta da garota em não estar mais com ele. Se isso for feito, a possibilidade do retorno do namoro torna-se quase impossível.
Em suma, todas as dicas focam num ponto equivocado: a vingança. Irritar a ex-namorada não fará que exista a volta do namoro e demonstrará somente a fragilidade e desespero do ex, que, com atitudes assim, revelaria exatamente o contrário do que parece, ou seja, no fundo, ele ainda seria apaixonado por ela.
Todo namoro apresenta a mesma tendência: a fase boa, da sedução; a fase da felicidade, da estabilidade da relação; a fase neurótica, com destaque para os ciúmes, críticas e brigas; e, claro, o fim.
Todas as pessoas sabem disto, mas, por algum motivo, acreditam que com um "novo" namoro a história será diferente. Não será.
Teoricamente, tudo deveria ser resolvido de uma maneira educada e civilizada. Teoricamente. Na prática, contudo, "a emoção fala mais alto" e o barraco é armado... Poderia ser diferente? Poderia... mas não é.


2011© profelipe /\ http://flertar.blog.com \/ 

terça-feira, 6 de setembro de 2011

MATADOURO

mente e corpo, homens menores...
sonham com a riqueza material e
aprendem com mulheres que
de aprendizes... tornaram-se mestres,
como numa saudável relação sadomasoquista...
homens menores...
não percebem a importância da dor...
são apenas bestas naturais (nunca civilizadas)
a caminho do matadouro.

TEMPO

Os homens inventaram o conceito de "tempo" e os capitalistas inventaram a "pressa", ou, como dizem: "tempo é dinheiro". Mas... o que seria o tempo? Ou melhor, como "perceber" o tempo?
Para uma revista alemã, o universo teria 13,7 bilhões de anos:
"A energia tornou-se matéria. E mais tarde surgiram as estrelas, galáxias e os planetas." (Monika Weiner, Wie aus dem nichts das Universum geboren wurde. P.M. History, p. 23)
Ainda de acordo a com P.M. History, "as primeiras formas de vida em nosso planeta apareceram por volta de 3,5 bilhões de anos." (p. 25)
O saber do homem como conhecemos foi sistematizado, primeiramente, com as teorias religiosas e filosóficas. Os princípios do "I Ching", por exemplo, foram criados no ano 5.000 a.C. (a Bíblia seria de 1.500 a.C.). 
Em suma, o homem dito civilizado teria em torno de uns 7.000 anos... só isso !!!
Basta comparar os 7.000 com os 3,5 bilhões de anos, quando surgiu a vida na Terra... isso sem falar na história do universo.
Dá para imaginar? E o indivíduo ainda acha que ele é o centro de tudo... Hilário.  

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

DOR DE CABEÇA


Entre os textos de Freud, "Sobre o Sonho" nunca foi um dos meus preferidos. Tenho só a edição francesa - "Sur Le Rêve" (Gallimard), que comprei, em 2000, em Nice. Cheguei, inclusive, a discutir um capítulo dele numa disciplina optativa que trabalhei no curso de Turismo e Hotelaria.
A obra mais importante de Freud é "A Interpretação dos Sonhos" ("Traumdeutung"). Possuo duas edições desse livro, uma em português e a outra, original, em alemão.
Lendo novamente "Sur Le Rêve", passei a dar mais importância ao texto e a entendê-lo melhor no contexto da produção de Freud.
Apesar de serem analisados outros casos de sonhos, as temáticas do livro já tinham sido trabalhadas por Freud em outras obras. De qualquer maneira, é interessante perceber como ele sintetizava algumas idéias, como no caso a seguir:


"Toute une série de phénomènes de la vie quotidienne de gens bien portants - oubli, 'lapsus linguae', méprises, et une cerraine classe d'erreurs - doivent leur naissance à une mécanisme analogue à celui du rêve et des autres membres de la série." ("Sur Le Rêve", p. 112)


Ou seja, o processo que "distorce" o sonho é análogo aos supostos esquecimentos, lapsos e erros da vida cotidiana. Existe um censura que impede o indivíduo de perceber e aceitar a mensagem contida num sonho assim como o verdadeiro significado de um esquecimento no seu dia-a-dia. Ele tem medo. Não quer compreender nem aceitar a sua frustração. Entretanto, há algo, nos processos citados, que ele não controla e que afeta diretamente o seu corpo, complicando ainda mais a sua fuga. Trata-se do inconsciente.
É comum ouvir uma pessoa falar diariamente "estou com dor de cabeça, fiz exames e não existe algo errado - mas... estou com dor de cabeça". Apesar do incômodo, ela evita um processo de auto-crítica que poderia indicar uma hipótese para o problema. Ela conclui: "é normal". Tenta acreditar que não existe algo errado com ela, apesar do seu corpo mostrar o contrário. Ela usa os exames "científicos" para reforçar a "verdade" que deseja aceitar: "eu sou normal".
Casos assim podem evoluir para doenças mais graves - como AVC (Acidentes Vasculares Celebrais) ou Mal de Alzheimer. Em outras palavras, processos supostamente invisíveis, que não aparecem nos exames, resultam em doenças "reais".
Basicamente, insistir na alienação pode ser uma alternativa, mas o preço a ser pago pode ser alto demais.


2011© profelipe /\ http://flertar.blogspot.com/ \/