sábado, 22 de dezembro de 2012

CONHECER O OUTRO


  • Eu gostava, antigamente, de conhecer as pessoas ouvindo as suas histórias de vida (todos o detalhes da construção de um passado). Agora não mais. 
  • Hoje prefiro conhecer as pessoas com os silêncios, os sorrisos, as lágrimas, os olhares, os gestos, os lapsos, as presenças, as ausências, "as presenças ausentes", as fotos e suas edições para a Internet, os "posts" que são escritos de uma maneira mas querem dizer outra complemente diferente...
  • Acredito que, atualmente, conheço melhor as pessoas do que antes.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

VINGANÇA


Viver é alimentar uma vingança contra si. 

As perdas, as decepções e os fracassos retornarão algum dia, na fase adulta, em várias formas: pesadelos, insônia, falta de apetite, marcas no corpo, desinteresse sexual, entre outras.

A bagagem da vingança contra si é armazenada no inconsciente. 

Não há como fugir. Trata-se do preço de estar vivo e ter tido experiências.

A vingança contra o outro é problema. 

Ela só faz sentido se a vida perdeu o sentido, afinal, o indivíduo gastará o seu presente - aqui e agora - para arquitetar e realizar um plano de destruição do outro.

Na verdade, tal projeto significa não apenas o fim do outro mas ainda a destruição de si mesmo. 

Se realizada, a vingança pode ser vista como uma "obra de arte" pois representa, ao  mesmo tempo, a destruição do outro e de si na medida em que dedicar-se ao outro é, de certa forma, morrer aos poucos, deixar de viver.

Esse dedicar-se ao outro corresponde tanto do ponto de vista negativo - a vingança - como positivo - o amor. 

domingo, 9 de dezembro de 2012

DOMINGO


Muitas pessoas ficam deprimidas no domingo, sobretudo após ouvir a música do final do "Fantástico". 

De fato, essas pessoas não "vivem" o domingo - o aqui e o agora - pelo que ele é: um dia livre, um dia de ócio.

Essas pessoas "vivem" uma representação do domingo, elas "perdem" o presente e focam no futuro, o domingo deixa de existir e torna-se o dia anterior da segunda-feira, que todos odeiam pois ela significa o início da longa semana de compromissos e obrigações.

Deixar de viver o aqui e agora e gastar o tempo do presente pensando no futuro é um fuga. Trata-se sobretudo de uma fuga de si.

Em relação ao domingo, ainda existem outros problemas: 
. "o dia livre": as pessoas não têm tempo para elas durante a semana, são escravas dos compromissos e dos projetos que elas inventaram para não serem livres;
. "o dia do ócio": as pessoas têm medo do ócio... sonham com o "fazer nada"... mas o "sonhar" é projetar no futuro, é um pretexto para não viver o agora... "fazer nada" causa pavor pois essas pessoas terão que se deparar, neste momento, com elas mesmas.

Ah, "mais uma coisa": Bom Domingo!!!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

CINCO ASPECTOS

Em cada indivíduo devem ser considerados cinco aspectos:
. a civilização [racional]
. o inconsciente [emocional]
. a genética
. a ambivalência dos desejos
. as condições externas aleatórias
Dos cinco aspectos, o indivíduo possui algum controle mesmo só quanto ao lado racional...
A razão foi inventada como uma espécie de proteção contra os outros aspectos.
O "saber" genético nasce com a pessoa. Trata-se de uma predisposição, mas, em muitos casos, funciona como um "determinismo"...
Como negar a ambivalência dos desejos? É como o indivíduo dizer ao mesmo tempo "sim" e "não". Ele sinceramente deseja ser monogâmico e, na prática, relaciona-se várias mulheres...
Os fatores externos podem ser definidos como as condições externas aleatórias. É o famoso "e se..." (acontece algo, mas poderiam ocorrer várias outras possibilidades). Aqui o indivíduo não possui controle algum. São fatores externos e aleatórios, ou seja, acontecem sem a sua vontade e sem estar dentro de uma lógica.
O inconsciente... Aquilo que, no fundo, você deseja, porém, não admite nem para si mesmo. 
A emoção é algo que destrói qualquer castelo (racional) de cartas construído pelo indivíduo.




terça-feira, 13 de novembro de 2012

SOLTEIRAS E INDEPENDENTES


Quando eu tinha uns 13 (ou 14) anos, fiquei com uma menina de 15. Foi um sonho. Ela, na minha perspectiva, parecia já uma moça formada, quase adulta, sobretudo porque o (ex) namorado dela tinha mais de 20 anos.

Com 21 naos, fiquei com uma mulher de 33 (ou 35) anos. Além do namoro, a minha intenção, claro, era aprender com ela.
Posteriormente, as coisas inverteram e tornei-me mais velho do que minhas namoradas. Veio o casamento. Veio o divórcio. Assim, diriam alguns, acabei voltando para "o mercado".
Fiquei e namorei garotas (bem mais) jovens. Crise da meia-idade, talvez. "Síndrome de Hugh Hefner"...

Nesta fase percebi um nítida diferença entre as garotas de 18 e as de 25 anos. Imagino que isso ocorra também entre os 15 e os 18. 

O que importa é que, (novamente) na minha perspectiva, é fascinante a rapidez com que as mudanças atingem as garotas. 
Num momento, só querem saber de brincadeiras, "palhaçadas" e paqueras. Em outro, namoram muitos meses (até anos) o mesmo cara. O projeto é o casamento (o que nem sempre acontece).

Depois dos 25, se estiverem solteiras, as relações tornam-se mais complexas. Elas ficam mais críticas, mais seletivas. Parecem que têm pressa. São formadas, responsáveis, trabalham e muitas possuem carros e moram sozinhas. São independentes. Solteiras e independentes. 

O que seria um sonho para os homens, para as mulheres, parece ser um problema. Nas conversas, fica a sensação de que falta algo na vida delas. Existe um falha no lado emocional. Sem a ingenuidade de antes, percebem que não seria tão simples resolver esse problema, principalmente se for levado em conta o fato de que nós, homens, não mudamos na mesma velocidade. Somos lentos quando o assunto é maturidade. 

As mulheres inteligentes e críticas sempre assustam, como se elas fossem descobrir o óbvio: a insegurança disfarçada em infidelidade e machismo. Não é de sentir pena. Entretanto, certamente existe um desequilíbrio (até intelectual) quando pensamos numa mulher de 25 anos e num homem da mesma idade.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

ADMIRADAS

As mulheres precisam ser admiradas pelos homens, por outras mulheres e, sobretudo, por elas mesmas. Se não for para elogiar, os homens devem ficar calados. Mesmo se elas estiverem erradas, os homens nunca podem agredi-las ou insultá-las. Devem, dependendo do caso, simplesmente pedir licença e sair.

A necessidade de serem admiradas pode gerar algumas confusões. Primeiro, isso não significa que elas queiram fazer sexo. Segundo, não quer dizer ainda que, mesmo gostando dos elogios, elas estejam interessadas "naqueles" homens.

Compreender os sinais femininos é um problema. Paciência. Independente da situação, as mulheres jamais devem ser desrespeitadas.

A questão não é "não tem paciência, então vire gay". Bobagem. Toda relação humana é complexa.

O ponto central é: os homens são fisicamente, por natureza, mais fortes do que as mulheres. Por isso, nada justifica uma agressão física. Instinto de violência? OK. Homens brigam com outros homens e não batem em mulheres ou crianças.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

BDSM & NAZISMO


Já escrevi sobre a associação que existe entre o nazismo e o sadomasoquismo (BDSM). Não há como negar. Basta ver as grandes salas de tal prática, com todos aqueles aparelhos - que "parecem" instrumentos de tortura - e as roupas dos praticantes que imitam os uniformes dos oficiais nazistas. As salas, claro, podem ser associadas aos campos de concentração.
Escrevi ainda, em outros artigos, sobre os elogios de Michel Foucault ao sadomasoquismo. Digo isso para que seja possível compreender a sua análise oposta ao que acabei de descrever sobre o BDSM:

"O nazismo não inventou a grande loucura erótica do século XX,  mas ela foi sim criada pelo imaginário pequeno-burguês mais sinistro, chato e nojento.
Himmler era vagamente agrônomo, e ele se casou com uma enfermeira. 
É necessário entender que os campos de concentração nasceram da associação de um hospital e de um criador de galinhas. 
Quintal mais hospital: essa fantasia estava por trás dos campos de concentração." (Dits et Écrits, p. 1688-1689) *

Primeiro, deve ser respeitado o conceito de hospital de Foucault, o que é diferente da concepção da maioria das pessoas. Tanto a medicina como o hospital foram criados mais para controlar do que para cuidar do indivíduo.
Segundo, os campos de concentração funcionavam também como laboratórios na medida em que as pessoas que estavam presas eram consideradas inferiores pelos nazistas.
De qualquer maneira, o imaginário de terror associado ao nazismo tornou-se um referência importante para os praticantes do BDSM.
Diferente do que afirma Foucault, os sadomasoquistas não "apenas inventam novas possibilidades de prazer, utilizando reconhecidamente partes estranhas de seus corpos." (Michel Foucault, Dit et Ecrits, p. 1556-1557)
Na maioria dos casos, o BDSM está associado aos traumas sofridos na infância. Existe, por parte dos sadomasoquistas, uma recusa no que diz respeito ao processo psicoterápico. Isso não ocorre por acaso. Basta lembrar o destaque que Freud dava a infância no desenvolvimento de um indivíduo saudável. Essas crianças chegam à vida adulta com sérios problemas que podem levar ao BDSM, à depressão ou ao suicídio.
Neste contexto, talvez seja positiva a perspectiva de transformar o que era um trauma infantil em prazer sexual na vida adulta. A questão é que essa estratégia serve também para não enfrentar o verdadeiro problema do sadomasoquista. Trata-se de uma forma de esquecer a dor emocional do passado, utilizando, para isso, a dor (sexual) física do presente. 
Em suma, existem "novas possibilidades de prazer" no sadomaquismo, mas trata-se de uma prática complexa e perigosa. Por mais estranho que possa parecer, o essencial no BDSM provavelmente não está relacionado à atividade sexual.

* "Le nazisme n'a pas été inventé par les grands fous érotiques du XX siècle, mais par les petits-bourgeois les plus sinistres, ennuyeux, dégoûtants qu'on puisse imaginer. Himmler était vaguement agronome, et il avait  épousé une infirmière. Il fault comprendre que les camps de concentration sont nés de l'imagination conjointe d'hôpital e d'un éleveur de poulets. Hôpital plus basse-cour : voilà le fantasme qu'il y avait derrière les camps de concentration." (Michel Foucault, Dits et Écrits, p. 1688-1689)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

INSÔNIA


A insônia é um aviso. A máquina (corpo e mente) mudou. A tendência é piorar. Qual seria o problema? Existe um conflito entre os compromissos sociais - estudos, trabalhos e outros - e a necessidade de sono natural de uma pessoa. No conflito entre a natureza e a sociedade, quem perde é o indivíduo. 

A dificuldade de dormir ocorre no momento em que a pessoa está sozinha - ela e o travesseiro. O que acontece? Ela não pára de pensar no que fez no passado e fica anciosa com os compromisso do futuro. Ela sofre com duas coisas que não existem: passado e o futuro. Aquele momento atual pertence à insônia. 

A insônia significa que algo está errado. Falta alguma coisa. A pessoa está infeliz com sua vida. O processo pode não ser consciente. Entretanto, o corpo "diz" que existe algo errado. 

E a resposta? Algumas pessoas preferem os remédios para dormir. Contudo, isso não resolve o problema principal. A causa é emocional. 

Mas essas pessoas não querem conhecer a causa. Elas preferem esquecer o passado. Na verdade, elas tentam esquecer o passado mas não conseguem. 

O que elas querem esquecer, de fato, é o que causa a insônia. Viver na ilusão não é a solução. A alienação tem o seu preço que pode ser desde uma simples insônia até casos mais graves como ataques cardíacos ou derrames cerebrais. 

A insônia não é um mal em si. Ela é, na verdade, uma característica do homem civilizado.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

CONHECER O OUTRO


Pessoas com mentes limitadas conseguem definir o outro com apenas uma característica, normalmente associada ao ponto de vista sexual ou ao status de relacionamento: "ela é noiva", "ela é lésbica" e assim por diante. 
Mas seria só isso? Ela não trabalha, não estuda, não tem religião, não possui hobbies? Ela não pode, pelo menos, ser uma "noiva lésbica"? 
Na verdade, querendo ou não, as pessoas são mais complexas do que as enxergamos (por preconceito, por preguiça ou qualquer outro motivo). 
Já faz algum tempo que só uso camisetas pretas, jeans e tênis. Motivo? Nada de especial. Acho prático. Entretanto, sei de gente que associa a cor preta à depressão ou à morte. Daí, alguém poderia dizer que eu seria "gótico"... Não importo, mas só "gótico" seria o suficiente para definir a personalidade de um indivíduo? Creio que não. 
No meu caso, o que aparece é apenas uma imagem que pode interpretada de diversas maneiras sem, contudo, perceber a realidade. 
Basta ler alguns dos meus textos opinativos. Basta ver algumas imagens. 
Se tiver oportunidade, basta ouvir a minha conversa, avaliar o meu ponto de vista, perceber as possíveis contradições. 
Para quem teria mais curiosidade (e competência), bastaria ler os meus livros, as minhas teses, ir "além dos textos", verificar as notas de rodapé. 
Seria bastante trabalho para conhecer uma pessoa? Provavelmente. É mais fácil inventar um rótulo e usá-lo para reforçar a própria fantasia de como seria o mundo e os outros.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

AS MULHERES SÃO DIFÍCEIS?


Seduzir uma mulher não é fácil. É necessária uma certa paciência para compreender todos aqueles sinais e dissimulações. O que mais irrita, no processo de conquista, é saber que ela também possui o mesmo objetivo: ficar junto. Entretanto, não pode ser fácil.
Algumas mulheres, atualmente, são consideradas "fáceis" pois dizem o "sim" rapidamente ou tomam a iniciativa na sedução. Aqui acontece o oposto: o homem desvaloriza essa relação na medida em que, de fato, houve uma inversão nos papéis, ou seja, ele foi objeto da conquista.
Complicado? Sim. Por quê? Somos todos civilizados, o que significa que precisamos considerar vários fatores além da realização pura e simples do desejo.
Qual seria o principal problema? Dizer que trata-se de uma relação de poder é o óbvio. 
Para Michel Foucault, "mesmo entre os gregos, fazer o papel de passivo numa relação amorosa era um problema." (Dits et Ecrits, p. 1154) Em outras palavras, o jogo de sedução não acontece somente numa relação heterossexual. O foco, portanto, não seria "a mulher que se faz de difícil". 
A questão, na conquista, é que quem assume o papel de "passivo" ("conquistado") aceita, indiretamente, uma posição de inferioridade na relação de poder.
Certamente existem várias significados e possibilidades para a perspectiva de " inferioridade na relação de poder" numa relação amorosa.
A mulher que "se faz de difícil" irrita o homem pois ele é impedido de exercer o seu poder. Ela conta ainda que o fato dele representar o "sexo forte" não significa coisa alguma porque, na civilização, ele não pode utilizar a violência como forma de dominação.
Trata-se de um jogo perigoso, que poderia ser resumido, de uma forma simplificada, em três fases: as estratégias de "resistência" da mulher (na verdade não seria uma resistência, seria apenas uma fase em que ela "poderia exercer o seu poder"...); a realização do ato pelo casal e, finalmente, a vingança do homem, que, após ter conquistado o seu objetivo, desprezará essa mulher dando prioridade às novas conquistas.
Neste estranho jogo de espelhos, ora um domina sabendo que posteriormente será dominado, o que importa é a imagem que cada um passa para a sociedade. A mulher pode ter vários homens desde que os outros não fiquem sabendo e todos jurem que trata-se de uma "pessoa séria". O homem, após a humilhação inicial, controlaria mais a sua imagem pois os valores sociais são machistas, ou seja, se ele espalhar que ficou com fulana, seria ruim para ela que teria cedido ao seu poder de sedução; para ele, mesmo que todos comentem que ele fica toda noite com uma mulher diferente, será considerado sempre um elogio e ele ganhará pontos com os amigos (e muitas mulheres) por causa da sua postura machista que, ideologicamente, seria reconhecida como uma postura de homem heterossexual. 

domingo, 16 de setembro de 2012

ALGUMAS MULHERES


Algumas mulheres precisam ser bajuladas. Atrasam. Só aceitam elogios.
Algumas mulheres acreditam que a bela aparência garante a permanência na área VIP da vida. Esquecem que o tempo passa, voa... para todos.
Algumas mulheres querem paixão, carinho, amor, compreensão, conversa e perdão. Algumas reclamam de tudo o tempo inteiro. Esperam que os homens tenham toda a paciência com elas.
Boa sorte para essas mulheres.
Existem outros tipos. Viva a democracia !!

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

"Espelhadas"

Alguns indivíduos reclamam das fotos estilo "selfshot" ("espelhadas") pois as garotas aparecem com os celulares ou as máquinas fotográficas em frente ao espelho. Imaginam que elas deveriam programar as máquinas, dando a impressão que haveria uma outra pessoa no ambiente. Esquecem, no entanto, que:
. o "ambiente" costuma ser o próprio banheiro e não haveria, assim, espaço para duas pessoas ou uma produção "sofisticada";
. o que interessa no "selfshot" é esse suposto amadorismo, transformando a garota na figura da "desejada vizinha" (girl next door");
. é o tipo de foto que ressalta o lado exibicionista da mulher, ou seja, mesmo sozinha, sem namorado, seria uma forma de dizer que ela é bela e merece ser admirada;
. talvez nesse exibicionismo, além da maquiagem, lingerie ou o corpo "malhado" na academia, a garota queira mostrar também o próprio celular da moda - a maça, logomarca da Apple e do iPhone, é uma figura constante nas fotos;
. o fato de ser no banheiro ou no quarto da garota reforça um clima de cumplicidade, um segredo, a ideia que estaria fazendo algo que não seria aprovado pelos pais.
O "selfshot", portanto, representa um estilo de uma época - máquinas fotográficas digitais e modernos celulares - e de garotas que tiveram mais liberdade quanto ao processo de educação tanto em casa como na escola. 
É bom? É ruim? É difícil dizer. De qualquer maneira, a decisão de realizar todo o processo depende de uma única pessoa: a garota, sozinha em casa ou no seu quarto, que deseja ser admirada.

PALAVRAS E SEXO

As mulheres são sutis. Os homens são explícitos. As mulheres não falam o que desejam, enviam sinais. Os homens são óbvios e não disfarçam o que querem. Barbara De Angelis:

"Muitas pessoas evitam usar palavras durante o sexo, porque as palavras de desejo as fazem sentir-se expostas. 
Eu posso sentir que o toque do meu amante me excita, mas se eu disser a ele, 'o seu toque me excita, agora eu tenho certeza de que ele sabe, e agora estarei mais vulnerável. 
Minhas palavras dão-lhe poder sobre mim, o poder que vem de saber que a sua sedução foi bem sucedida, de saber o que eu gosto."

Barbara De Angelis usa "pessoas" no início, quando deveriam utilizar "mulheres". No resto da citação, ela assume que seria uma mulher diante de um homem e diz que a mulher evita falar pois isso daria poder ao homem na medida em que ele saberia "que a sua sedução foi bem sucedida."

Poder e saber, diria Michel Foucault. O problema é: qual o problema dele saber que ela o deseja? Falar significaria dar ao outro a certeza de seu poder. Mas, o sexo não deveria estar relacionado a algo emocional e a perda da razão?

A questão é que muitas pessoas, não só as mulheres, usam o sexo como um meio para atingir um objetivo (casamento, dinheiro, um carro novo...) e não percebem que o sexo existe em si como algo natural e agradável para os envolvidos.

Sexo é bom porque existe a necessidade biológica da procriação, da preservação da espécie... mas na hora do ato, as pessoas não deveriam pensar nisso (nem em outra coisa) e sim deveriam sentir o que a natureza proporciona na "união de dois corpos." Qualquer reflexão sobre os motivos que levariam aquele casal para a cama, deveria ser feita antes do sexo. Afinal, na hora do amor, "fuck the rest."

* Barbara De Angelis, em 1995, no seu livro: "Real Moments for Lovers" (apud, James R. Petersen, Playboy, September 1996, p. 42).

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Sofisticação e Cativeiro

Não existe novidade no autoflagelo. Nem seria possível dissociá-lo da culpa cristã. Causar dor em si mesmo não é algo novo ao ser humano.
O que é recente é o termo BDSM.* "Bondage", em especial, representa bem esse imaginário quando são alimentadas fantasias numa época predominantemente niilista.
Existem clubes de BDSM. Entretanto, a prática não é ilegal. Muitos são exibicionistas, mas todos sabem que nem sempre os indivíduos ditos "normais" compreendem ou aceitam formas diferentes de prazer sexual. Assim, o segredo torna-se uma opção da maioria.
A prática do BDSM exige certas condições financeiras. Os acessórios não são baratos. Existem salas que mais parecem academias de musculação, com aparelhos grandes e pesados.
Chama a atenção, de um lado, a sofisticação dos participantes - os homens, normamente, vestem ternos escuros e as mulheres calçam sapatos de salto alto e belas lingeries - e, de outro, a existência de ambientes que parecem cativeiros sujos, escuros e empoeirados. Trata-se de uma contradição óbvia. Faz parte da fantasia.
Tratar de BDSM é lidar com o termo ambiguidade. Prazer e dor. "Dominadores" e "dominados". Apesar de existir um "contrato", não há como negar que é um caminho de mão dupla. Quem, na verdade, exerce o poder sobre o outro?
O que existe em comum é o elogio da dor física como forma de desconsiderar - esquecer ou "apagar" - a dor emocional, normalmente sofrida em frequentes abusos na infância. Neste sentido, por mais que pareça uma prática estranha, o BDSM representa, na verdade, um pedido de socorro ou talvez, na maioria dos casos, uma última alternativa de continuar vivo diante de uma existência sem sentido.  

Bondage & Discipline Dominance & Submission Sadism and Masochism.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

SEXO: ATO E DISCURSO


O adultos, em sua maioria, valorizam excessivamente o ato sexual. O "sexo em si" é a realização de um instinto natural. Só isso. Pronto.
Entretanto, muitos colocam um mero instinto como o centro da vida, como a razão de tudo. Parece que, como diria a personagem de Julia Roberts no filme "Closer", têm 12 anos...
A vida adulta, de um indivíduo civilizado, está, teoricamente, associada aos fatos complexos, daqueles que precisam de várias interpretações e apresentam, não raramente, várias possibilidades de resposta.
Neste contexto, o sexo é tratado não como o ato "em si" mas como uma estratégia de poder, um discurso que permite estabelecer regras para controlar o outro.
Quando os religiosos condenam a relação sexual fora do casamento ou o homossexualismo, eles não estão preocupados com o prazer ou não das pessoas e nem o que elas efetivamente fazem entre quatro paredes.
O que importa para eles é utilizar o sexo como uma estratégia de controle ou como uma forma de ser autoridade sobre o outro.
Matar o desejo do outro não gera grande prazer para uma autoridade. A satisfação vem do poder de dizer ao outro o que ele deve fazer.
Trata-se de controle, de manipulação. É, basicamente, uma questão de poder.
E o ato sexual? Quem se importa? Quem acredita? Sexo é só sexo.
E o amor, a moral, a religião, a ética e os outros valores? Esses conceitos representam exatamente isso: outros valores. Associá-los ao sexo é só uma maneira de desviar o foco do essencial e, assim, conseguir controlar o outro.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

INTERNET E CAPITALISMO


Karl Marx já denunciava, no século XIX, as "tendências globais" do capitalismo e a transformação do homem em uma "mercadoria".
A partir da revolução tecnológica proporcionada pelo computador pessoal e pela Internet, tudo isso aparece mais claro aos olhos de todos e muitos pensadores - como Domenico de Masi e Pierre Lévi - tentam explicar o mundo atual. Conseguem? Não. As transformações são muito rápidas.
Alguns intelectuais, mesmo assim, tentam apresentar uma "resposta" para o que estaria ocorrendo no mundo. Na maioria dos casos, porém, aparecem mais palavras de ordem ou expressões gerais que servem para impressionar sobretudos as pessoas da classe média - consumistas e individualistas.
Andrew Keen utiliza termos como: "a superexposição dos usuários, (...) a 'doutrina da multidão' (...) 'geração sem mistério' (...) 'ditadura da ignorância'" *
Interessa aos capitalistas descartar as diferenças individuais e tratar as pessoas como uma "massa de consumo". Doutrina da multidão? Provavelmente... mas sempre foi assim de acordo com os princípios desse sistema.
Para atingir os seus interesses e apresentar os seus objetivos particulares como a vontade da maioria, interessava às lideranças burguesas formar indivíduos alienados, pessoas incapazes de perceber que o que existira por trás desse discurso hegemônico. Ditadura da ignorância? Claro. Entretanto, isso é uma base do modo de produção e não algo criado recentemente.
O problema da 'superexposição dos usuários' da Internet não seria apenas produzir uma 'geração sem mistério'. A questão estaria, provavelmente, na causa de tal exibicionismo. O elogio da ostentação também não é algo novo ao capitalismo. Os indivíduos tentam criar, com seus bens materiais - financiados a longo prazo - uma realidade que não é verdadeira, ou seja, todos querem "parecer" ricos e bonitos. As ferramentas da Internet - como Facebook ou Twitter - somente facilitam esse processo.
Em suma, o capitalismo não mudou. O que aconteceu, com a tecnologia atual, foi um reforço de princípios que duram séculos. 

* http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/twitter-e-facebook-vao-acabar-com-segredos-das-pessoas

domingo, 19 de agosto de 2012

SOZINHO OU SOLITÁRIO

  • Uma coisa é mulher sair sozinha para a 'balada'. 
  • Outro coisa é homem precisar sempre da companhia de um amigo para chegar em bares e boites.
  • Lembrar uma crítica aos Rolling Stones feita por John Lennon:
  • "Quando você tem 16 anos é certo ter companhias e ídolos masculinos. É coisa de tribo, tudo bem. Mas, quando você ainda faz isso aos 40, significa que, na cabeça, você ainda não passou dos 16."
  • Moro sozinho, sou divorciado, chego nos bares sozinho. Converso, algumas vezes, com um conhecido ou uma garota, mas sempre tenho o cuidado em ser o mais objetivo possível para não incomodar a outra pessoa.
  • Saio pouco. Quando isso acontece, pego o carro, chego no bar, bebo, observo o ambiente e as pessoas. Se for o caso, fico no "fumódromo" na "companhia" de um cigarro ou (raramente) de um Cohiba. Depois pego o carro e volto para o meu apartamento. Não enche o saco dos outros e não sou incomodado. Ótimo.
  • É bom lembrar que as pessoas que estão sozinhas nos bares não são necessariamente solitárias ou tristes. Elas querem, algumas vezes, ficar sozinhas. Não desejam conversar. Observam. Fantasiam. Sentem pena do visível tédio de certos casais que estão ali "por obrigação" de serem vistos. Afinal, existem indivíduos que acreditam no tema da série Gossip Girl: "você não é alguém enquanto as pessoas não falarem em você" ou, em inglês: "you're nobody until you're talked about..."

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Sexo Pago e Lições do Caso Matsunaga

1. Os homens em crise da meia-idade são carentes e buscam, com o sexo pago, os elogios que recebiam aos 20 anos; são, portanto, alvos fáceis;
2. Se o sexo é pago, é uma relação profissional, não deveria existir envolvimento emocional;
3. Se namorar uma profissional é algo complicado, casar com ela é inviável;
4. Mesmo pagando (mais) para ter exclusividade, isso nunca acontecerá;
5. Mesmo casada ou namorando, uma profissional, provavelmente, nunca deixará de ser profissional, isso significa que ela sempre fará programas;
6. Ela mente sempre, faz parte da sua profissão "alimentar a ilusão" do cliente;
7. Se, de maneira inconsciente, o cliente deseja a morte, as drogas e o sexo pago representam mecanismos eficientes para realizar tal objetivo.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

NATUREZA

  • Em um artigo, citando os exemplos de "Calígula" e "Império dos Sentidos", disse que as pessoas perdem o foco na história (e nos outros aspectos) de um filme quando aparecem cenas de sexo. 
  • Com "De Olhos Bens Fechados" de Stanley Kubrick não foi diferente. 
  • Trata-se de uma obra-prima, que mostra dúvidas e alternativas dos adultos na atualidade. 
  • A festa - com máscaras e orgias - reflete a falta de perspe
    ctiva (em relação ao sentido da vida) de ricos e poderosos. 
  • Aqui pode ser lembrada a cena de outro filme, baseado no diário de uma das secretárias de Hitler, 
  • "A Queda", que mostra o cotidiano no "bunker" do tirano e que, no final, quando tudo parecia perdido, as mulheres seduziram os homens e todos fizeram sexo como se fosse o último momento da vida deles. 
  • Em suma, tanto num filme como no outro, o "retorno" ao sexo representaria um "retorno" à natureza - a morte faz parte dela - e, ao mesmo tempo, demonstraria a obviedade da falta de sentido da existência.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

MÚSICOS E BELAS MULHERES

A indústria cultural, após as duas grandes guerras mundiais, tornou-se algo fundamental para o capitalismo. Rádio, cinema, televisão, música... A mulher seria admirada como objeto de desejo e associada, na publicidade, com a venda de produtos. 
Após a invenção da pílula anticoncepcional nos anos 1950 e a partir da sua comercialização na década de 1960,  a mulher deixou de ser apenas um objeto e passou a ser sujeito, reivindicando, em movimentos, a igualdade de direitos com os homens.
A criação da Playboy em 1953, com a Marilyn Monroe na capa, representaria um marco na produção da mulher como objeto de desejo. Os filmes de Hollywood serviriam para reforçar o mito do que seria uma bela mulher. A construção dessa imagem mudaria ao longo das décadas seguintes.
Como sabemos, a Geração Beat e a invenção do rock n' roll seriam fundamentais para os movimentos de libertação que aconteceriam nos 1960. 
"Sexo, Drogas & Rock & Roll" seria a síntese de um período histórico, com o movimento hippie e o sucesso de bandas inglesas como os Beatles e os Rolling Stones
Nessa época, os músicos de rock namoravam com as modelos - que não eram famosas e nem milionárias com as supermodelos da década de 1980 - e com as admiradoras que os seguiam por todos os lugares. Essas admiradores seriam rotuladas de "groupies".
As modelos se consideravam diferentes das "groupies". A famosa modelo nos anos 1970, Jerry Hall, que foi noiva de Brian Ferry e depois casou com Mick Jagger, uma vez disse: "eu sou um pouco 'groupie'." Como negar?
O fato é que as estrelas do rock casavam, namoravam ou ficavam, algumas vezes, ao mesmo tempo, com essas mulheres. Jimmy Page teve um caso com Krissy Wood, esposa do guitarrista dos Rolling Stones, sem que isso abalasse a amizade dos dois. No período, Ron Wood ficou com a amante de Page, Bebe Buell, que, em seguida, ficaria grávida de Steven Tyler. 
Anita Pallenberg se envolveu, em épocas diferentes, com Brian Jones, Mick Jagger e Keith Richards dos Stones. Cyrinda Foxe, que seria esposa de Steven Tyler, antes teve casos ou namorou com David Johnasen, Iggy Pop e mesmo Joe Perry. Jimmy Page casaria com Charlotte Martin, que havia ficado com Eric Clapton e George Harrison.
Pamela Des Barres nunca se apresentou como modelo. Era "groupie" e pronto. Fazia parte de uma turma chamada GTOs. Eram garotas fanáticas por música e pelos músicos. Ela teve casos com Robert Plant, Jimmy Page, Mick Jagger, Keith Moon, Jim Morrison, entre outros. Posteriormente, ela escreveu livros sobre as experiências como 'groupie".
Em resumo, os "rockstars" gostavam de belas mulheres. Muitos diziam que aprenderam a tocar guitarra e formaram bandas para poder ficar com as garotas. Mito ou realidade, o fato é que muitos músicos tornaram-se famosos e milionários e realizaram os sonhos dos fãs  - como objetos ou sujeitos, pouca importava - participando da vida de lindas garotas, podendo ser, claro, famosas modelos ou "groupies".

domingo, 29 de julho de 2012

PODER, SEXO E DINHEIRO

Paulo Francis costumava dizer que "quem não tem sexo nem dinheiro, não pensa em outra coisa". Eu acrescentaria uma terceira coisa: poder.
De fato, as pessoas utilizam a busca sexo, dinheiro e poder para evitar o óbvio: pensar em si, na sua própria condição de existência.
Os indivíduos procuram construir uma lógica para justificar uma busca que nunca termina. Conseguiu dinheiro? Precisa procurar mais. Poder? Mais.
E o sexo? Mais... Entretanto, nesse ponto, como conseguir mais?
Em termos de quantidade, bastaria aumentar o número de parceiros. Mas, mesmo assim, pode ficar repetitivo. Faltaria "qualidade" ou para ser mais exato: "novidade". Aqui a invenção da Sex Shop representa uma ajuda.
Limites? É difícil, mas torna-se necessário, exceto se, no fundo, o indivíduo deseja mesmo é a morte.
O início é sempre o mesmo: anos de casamento, novas posições e, depois, conversas sobre as fantasias do casal. Visitas ao Sex Shop. Ménage à trois ("threesome")? Swing (troca de casais)?
Depois da década de 1980, o swing virou "moda" no Brasil. Passou. O swing é um jogo perigoso na medida em que pode representar o fim do casamento.
Para os solteiros, mais recentemente, surgiram as festas em fazendas com bastante álcool, drogas e orgias promovidas, algumas vezes, em "dark room" (uma ideia antiga usada em boites homossexuais desde, pelo menos, a década de 1970).
Nos anos 1990, surgiu o termo BDSM (Bondage Discipline Sadism Masochism). Na prática, tornou-se comum relações que utilizavam os recursos do sadomasoquismo. Para quem se identificava com esse estilo, como no caso do swing, surgiram os clubes especializados. Um fotógrafo famoso da Playboy norte-americana, Ken Marcus, abandonou as fotos "convencionais" e passou a se especializar em BDSM, que ele associava ao termo "exquisite erotica".
Juntamente com o BDSM, tornou-se comum o "sex tape" na Internet assim como o "snuff film" - que mostraria assassinatos supostamente reais.
Onde tudo isso pode parar? A parada final pode ser a morte. Trata-se de um jogo, como seria a "asfixia erótica". Um exemplo: a causa oficial da morte de Michael Hutchence seria suicídio. Entretanto, a sua companheira na época, Paula Yates, insistia que isso não seria verdade, que o amante teria morrido numa auto-axifia-erótica.
Os jogos sexuais podem ser perigosos pois, em sua maioria, escondem inseguranças ou traumas vividos na infância. Entrar nesse "universo" é um risco. Ficar na mesmice e na monotonia de uma vida sexual pode também não ser a melhor solução a ser adotada por um casal. No fundo, é uma questão de escolha. 

sexta-feira, 27 de julho de 2012

BRUXARIA NO SÉCULO XXI?

No dia 14 de julho de 2012, Roseana Collor deu uma entrevista ao Fantástico da Rede Globo com o objetivo de revelar os erros do ex-marido. O que era para ser uma "entrevista bombástica" tornou-se motivo de piada no dia seguinte. O principal motivou foi a entrevistada se dizer evangélica e, ao mesmo tempo, afirmar que não seria justo receber uma pensão de "apenas" 18 mil reais. 
Outro ponto que chamou a atenção na entrevista da ex-primeira dama foram os rituais de magia negra praticados pelo ex-marido enquanto estava na presidência da República.
Em linhas gerais, haveria uma "magia negra" em que o indivíduo faria rituais visando o benefício próprio ou o ataque aos seus adversários. Existiria ainda uma "magia branca", que defenderia o oposto, que seria, portanto, altruísta. 
Na série de "Charmed", por exemplo, aparece uma distinção entre as bruxas do "bem" e aqueles que seriam do "mal" - os chamados "warlocks". "Charmed" é ficção mas existem muitas pessoas que defendem uma perspectiva bastante diferente do cristianismo. É o caso do Jimmy Page - guitarrista do Led Zeppelin - que, em 1974, numa entrevista ao Melody Maker, tratou do assunto:

"No crepúsculo, (...) o amanhecer de uma Nova Era, você sabe, Lúcifer será o portador da luz, e não Satã, como querem os termos cristãos. (...) Olha isto, quando a igreja se iniciou, ela eliminou tudo, e não foram só os deuses pagãos, mas qualquer coisa que estava no seu caminho. 
Você conhece as atrocidades cometidas cometidas pela igreja. E o poder da igreja hoje está igual. Quero dizer, eles tentam incutir no pensamento das pessoas: 'obrigado Senhor Deus', e ficam batendo e nos importunando com isso." *


Outras pessoas famosas se apresentam como bruxos, como Alan Moore e o o escritor brasileiro Paulo Coelho. No filme "Código do Vinci", baseado no livro de Dan Brown, é citada a diferença entre o paganismo e o cristianismo: 


"Os pagãos encontram a transcendência através da união de masculino para feminino. No paganismo, as mulheres eram adoradas como uma rota para o céu, mas a igreja moderna passou a ter um monopólio sobre isso... dizendo que a salvação seria com Jesus Cristo. 
E aquele que guarda as chaves do céu garante o domínio sobre as regras do mundo. 
As mulheres, então, tornaram-se uma enorme ameaça para a igreja. A Inquisição Católica logo publicou o que pode ser o livro mais sangrento na história: 'Malles Maleficarum' - 'O Martelo das Bruxas'. Esse livro instruía o clero a localizar, torturar e matar todas as mulheres que pensavam livremente. Em três séculos de caça às bruxas, 50.000 mulheres foram capturadas e queimadas vivas na fogueira."


Qual seria o sentido de falar em bruxaria no século XXI? Primeiro, muitos defendem tal concepção sem saber direito do que se trata. Seria como mais uma "moda". De qualquer maneira, fazem isso porque "podem", ou seja, em países democráticos, não existe uma censura explícita e, muito menos, ocorre uma perseguição ao indivíduo que se diz "bruxo".
Em segundo lugar, além das divisões do cristianismo ao longo da história, não é mais segredo o que os líderes religiosos fizeram durante o período da Inquisição.
Finalmente, nesse século, após as desilusões com as práticas associadas ao catolicismo e, no campo político, ao comunismo "real", não sobraram muitas alternativas para as pessoas acreditarem num grande projeto como resposta para a incerteza do futuro. O cinismo e o niilismo são hegemônicos atualmente.


* Jimmy Page, entrevista feita por Michael Watts, Melody Maker, 07/09/1974. Tradução: Selmane Felipe de Oliveira. The Rover - Boletim Zeppelin-Maníaco, n° 3 Nov. Dez. e Jan. 1984 e 1985.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

NORMAIS E LOUCOS

Quem, a partir de uma viagem de avião, vê uma cidade, lá embaixo, algumas vezes, percebe que aquilo que parece ser "tudo", como um metrópole, na verdade, poderia ser comparado a um formigueiro.
É interessante que mesmo assim muitos indivíduos chamados de "normais" acreditam que todo o universo existiria a partir deles. Claro, os alienados não se percebem como alienados, eles realmente acreditam que a ilusão corresponderia à realidade. 
Lendo um depoimento do Salvador Dalí - constantemente ele tinha que explicar que não era louco -, entendi que o "verdadeiro louco" também não se percebe como tal.
No caso da loucura, o conceito e o contexto histórico devem ser considerados (ler o livro o Foucault sobre o tema).

FOGO AMIGO

  • Enquanto estão vivas, algumas pessoas são importunadas constantemente, em nome do "amor", por familiares e amigos. Trata-se do chamado "fogo amigo".
  • É difícil lutar contra isso pois os ataques, organizados em verdadeiras conspirações, aparecem normalmente como atitudes normais de indivíduos que, alguns se dizem religiosos, "só querem o bem do próximo".
  • Utilizar a religião como uma aliada daria um caráter de "imparcialidade" aos agressores.
  • O suposto objetivo - "o bem do próximo" - garantiria a "superioridade" dessas pessoas.
  • Isso lembra um depoimento de Freud:
  • "selvagem pode cortar a sua cabeça, comê-lo, torturá-lo, mas ele vai poupá-lo das pequenas provocações que, às vezes, tornam a vida em um comunidade civilizada quase insuportável." (A Arte da Entrevista, p. 95)
  • Além de lidar com as contradições "internas" e os inimigos "externos", o ser humano ainda precisa ficar atento ao "fogo amigo". E, para alguns, isso seria uma "evolução"...

sábado, 21 de julho de 2012

PERVERSÃO

BDSM não é crime. É considerado, por muitos, uma perversão. Problema? Basta pensar nas questões freudianas. 
Neste contexto, Jacques André afirma: 
"A culpabilidade evoca a falta e, assim, a 'sequência de Édipo': desejo - proibição - transgressão." (Préface, FREUD, La malaise dans la culture, p. XVI)
Em outras palavras, a transgressão é uma forma de resistência aos limites impostos pela civilização. A perversão poderia ser vista também como resistência?
Do ponto de vista geral, da civilização, é interessante perceber que a centralização de poder da igreja na Idade Média reforçou a tese da culpa - o indivíduo "nasce no pecado" -, as técnicas de tortura - na Inquisição - e o autoflagelo como forma de tentar "limpar os pecados" a partir da dor.
O sentimento de culpa persegue o sadomasoquista. Essa culpa está associada aos abusos sofridos na infância. Trata-se, basicamente, da culpa de "não ser amado".
Nas guerras e nos regimes ditatoriais e totalitários, os militares "inovaram" criando várias e novas técnicas de tortura. O nazismo, em especial, tornou-se um símbolo nesse sentido. Não foi por acaso, aliás, que o uniforme nazista passou a ser utilizado nas práticas de BDSM.
O autoflagelo usado por religiosos, com o cilício, por exemplo, ainda deve ser associado ao pecado. No BDSM, a utilização do autoflagelo representa algo diferente: o recurso da dor física torna-se uma forma de tentar "apagar" uma dor emocional - normalmente um trauma sofrido na infância.
Em suma, apesar de ser visto como uma "aberração", o BDSM é resultado das contradições criadas pelos ditos "homens civilizados". Prazer e dor fazem parte da chamada condição humana.

ELEIÇÕES [21-07-2012]

  • Criticar a democracia [e não os políticos atuais] é um jogo perigoso e abre espaço para "alternativas" e ações totalitárias, como:
  •   os políticos da extrema direita na Grécia;
  •   o atentado na Noruega e
  •   a experiência alemã com Adolph Hitler. 
  • As pessoas devem compreender que existe, no Brasil, uma crise dos partidos políticos e NÃO da democracia ou da política. Na verdade, os líderes políticos atuais confundem o eleitor. Exemplo: o PT é aliado do PP em São Paulo e é adversário do mesmo PP em Uberlândia... Depois os políticos ainda reclamam que os eleitores não votam nos partidos políticos e sim nos candidatos... 
  • Ainda sobre as eleições... O partido dos Democratas pediu explicações sobre as acusações feitas contra Demóstenes. O senador não soube explicar. Foi expulso.
  • Por que os líderes do PSDB não fizeram a mesma coisa com o Perillo?  
  • O Lula, na sua chantagem contra o ministro do STF, disse que tinha "o controle da CPI do Cachoeira". Deve ser verdade. 
  • Provavelmente essa CPI foi criada para desviar a atenção sobre o julgamento do "mensalão". Se isso é correto ou não tornou-se secundário diante de uma pergunta simples: como negar que existia "a quadrilha do Cachoeira" e que o governador do PSDB e os políticos do PT faziam parte dela? 
  • Aliás, com a CPI do Cachoeira, o Lula, mais uma vez, "sacrificou" companheiros petistas em nome de um suposto projeto nacional.
  • Ele fez isso na época do "mensalão" e os companheiros petistas aceitaram tudo em nome do partido e agora, provavelmente, serão condenados. E o Lula? 
  • O advogado de Marcos Valério, o "operador do mensalão", lembrou do ex-presidente para defender o seu cliente:
  • "mandantes e beneficiários em segundo plano, alguns, inclusive, de fora da imputação, como o próprio presidente Lula." *
  • Chantagear um ministro do STF apresentou o resulto oposto do que esperavam os petistas. E agora? Uns ficarão contra os outros [como fez o advogado de Marcos Valério]? E os ministros do STF, apresentarão o resultado final ainda em agosto, antes das eleições? Logo essas questões serão respondidas.

* http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/valerio-pede-ao-stf-foco-nos-protagonistas-politicos

quarta-feira, 11 de julho de 2012

AUTORIDADE, PERDA & CULPA ² (citação em português e em francês)

A "influência externa" (que reflete o superego) não é mais aquela do pai que diz "não" e da castração, mas trata d o mais arcaico "domínio d o outro" (...) "da autoridade incontestável" (...), "os pais" ao invés do pai sozinho. A ansiedade não é mais da castração, mas d a perda do amor. O sentimento de culpa, "variedade tópica de ansiedade" (...), está associado ao tópico : então é culpado pelo amor perdido, é culpado de não ser amado. A neurose de compulsão é o horizonte do caminho do superego em sua primeira expressão, a melancolia (mas também a histeria e o seu núcleo de passividade) está associada ao cenário que corresponde ao seu segundo momento.
Jacques André, Préface, Freud, Le malaise dans la culture, p. XVIII.

L' " influence extérieure " (que reflete le surmoi) n'est plus celle du père qui dit " non " et de castration mais celle plus archaïque de " l'autre surpuissant " (...), " l'autorité inattaquable " (...), " les parents " plutôt que le pére seul. L'angoisse n'est plus de castration, mais devant la perte d'amour de la part de l'objet. Le sentiment de culpabilité, " varieté topique de l'angoisse " (...), ne demande qu'à suivre : on est alors coupable de l'amour perdu, coupable de ne pas être aimé. La névrose de contrainte est l'horizon du surmoi première manière, la melancolie (mais aussi l'hystérie et son noyau de passivité pulsionnelle) se profile en toile de fond de second.
Jacques André, Préface, Freud, Le malaise dans la culture, p. XVIII.

AUTORIDADE, PERDA & CULPA ¹

A CENSURA que o indivíduo impõe a SI MESMO estaria associada:

1. " 'a AUTORIDADE incontestável' dos pais;

2. a PERDA do amor e

3. o sentimento de CULPA (relacionado à ansiedade) estaria associado ao tópico:

então o indivíduo é culpado pelo amor perdido, ele é culpado de não ser amado." *

(Eu fiz algumas adaptações na citação original.)

* Jacques André, Préface, Freud, Le malaise dans la culture, p. XVIII.

terça-feira, 10 de julho de 2012

ESSAS & AQUELAS

ESSAS:
Eu gosto muito de algumas pessoas. Elas são inteligentes, sensíveis e éticas. 

AQUELAS:
Muitas outras, a maioria, valorizam coisas superficiais, são falsas, convencidas, agressivas, óbvias, preconceituosas e se consideram melhor do que as outras por causa do dinheiro, da religião, da raça, do conhecimento ou do sexo. Essas pessoas adoram subestimar a inteligência dos outros. Acreditam que enganam. Adoram autoelogio. Elas fingem ser felizes. São alienadas. São, basicamente, pessoas que evito o contato.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

POLÍTICA: JOGO DE XADREZ?

O ex-presidente Lula acredita que realmente é especial e que a sua popularidade lhe daria poderes especiais, como pressionar e chantagear um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) no sentido de adiar o julgamentos dos seus amigos no processo do "mensalão".
Parece que Lula acredita ainda que as pessoas não lembram da sua oposição radical ao Paulo Maluf. A aliança com o ex-governador de São Paulo - com direito a uma foto histórica - deveria constranger qualquer petista que conhece a história do partido.
A crença em "poderes especiais" pode ser explicada pelo poder que Lula exerce no Partido dos Trabalhadores, mas não há como negar também o papel dos dirigentes dos meios de comunicação de massa que insistem em não mostrar os grandes erros do seu governo.
O mais óbvio e que não é debatido é o aumento no número de funcionários públicos, inclusive na ampliação de unidades do ensino superior. Ampliar, contratar e criar novas despesas era uma tarefa fácil para o ex-presidente - que conseguia a simpatia dos trabalhadores, sindicalistas e, portanto, obtinha um aumento em termos de votos nas eleições. O problema, claro, seria do seu sucessor, que teria que pagar os salários e cuidar da manutenção adequada das novas e das antigas unidades do governo federal.
Esse é o problema da presidente Dilma. A greve nas universidades federais é justa, mas o problema não foi criado pela presidente atual. O mentor do projeto foi p ex-presidente Lula e a presidente Dilma não pode denunciá-lo não apenas por ser do mesmo partido político mas sobretudo por vê-lo como seu "padrinho político". É o que, entre alguns pensadores da esquerda, chamam de "complexo da dívida".
Em 2009, no portal Terra aparecia uma matéria com o título: "Número de funcionários públicos cresce 11,75% no governo Lula". Os dados eram claros:
"O Executivo federal tem hoje 542.843 servidores civis ativos, um acréscimo de 11,75% em relação aos 485.741 servidores no início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. De acordo com o secretário de Gestão do Ministério do Planejamento, Marcelo Viana, houve a contratação de mais 57.102 servidores de 2003 até agora. Deste total, mais de 29 mil contratações ocorreram na área de educação, sendo 14 mil professores." *
No Valor Econômico, em 09/07/2012, diante de uma "ameaça de greve geral", Lula era lembrado:
"O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a sua experiência de sindicalista, certa vez comparou a greve dos funcionários públicos a férias remuneradas. Por isso, no Brasil de hoje, existem trabalhadores de primeira e de segunda categoria: os servidores públicos, com todas as suas vantagens e um direito de greve especial; e os trabalhadores da iniciativa privada." **
A greve geral seria algo justificável, de acordo com o presidente da CUT, Artur Henrique:
" 'Não dá para retroceder em relação aos oito anos de governo Lula (...) Não dá para esticar essa corda', diz, cobrando uma resposta rápida do governo, o que, segundo ele, poderia evitar uma greve geral dos servidores." ***
Seria uma luta dos petistas contra petistas? O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, na mesma matéria do jornal Estado de São Paulo, afirma que trata-se de
"um jogo de xadrez bem complexo." ***
Complexo? Por quê? O problema seria como resolver uma crise iniciada pela liderança do PT sem "manchar a imagem" do Lula? O "jogo de xadrez" contará com novas "peças" do STF no julgamento do "mensalão" em agosto. Nesta nova etapa, provavelmente será mais difícil manter "limpa" a história política do ex-presidente Lula.


* Número de funcionários públicos cresce 11,75% no governo Lula.
06/10/2009. http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4024735-EI7896,00-Numero+de+funcionarios+publicos+cresce+no+governo+Lula.html
** Ameaça de greve geral reaviva velhas discussões. Valor Econômico, 09/07/2012. http://www.valor.com.br/impresso/ Apud http://servidorpblicofederal.blogspot.com.br/
*** Marta SALOMON e Tânia MONTEIRO Sem Lula no Planalto, CUT aumenta pressão sobre Dilma por salário maior. O Estado de S.Paulo, 09/07/2012. http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,sem-lula-no-planalto-cut-aumenta-pressao-sobre-dilma-por-salario-maior-,897828,0.htm  

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Por que um homem de 50 anos namora com uma garota de 18?

Primeiro, porque ele pode, ou seja, consegue ser atraente, de várias maneiras, para uma garota tão nova.

Segundo, esse homem, muitas vezes, não tem filhos. Isso é importante pois ele não tem o limite de que "essa garota é da idade da minha filha".

Terceiro, com 50 anos, é divorciado, tem sua própria casa e seu próprio carro. Possui uma independência. Em outras palavras, não precisa dar satisfações aos outros.

Quarto, com 50 anos, ele vive aquilo que chamam de "crise da meia idade", ou seja, ele parou de subir e começou a descer "a ladeira". O ponto final, claro, é a morte.

Assim, depende de cada caso, um prefere comprar um carro vermelho e usar medalhas de ouro, outro pinta os cabelos, outro namora com ninfetas e assim por diante. Em suma, cada um tenta recuperar algo de bom que teve na vida.

TRADUTOR

O Caetano Veloso, em uma de suas músicas, diz que só seria possível filosofar em alemão. Essa idéia, se eu não me engano, era defendida originalmente por Martin Heidegger.

Eu fiz o curso básico de alemão, na época que fazia faculdade. Fui na Alemanha três vezes e, especialmente em Berlim, não era fácil encontrar alguém que falasse em inglês. Assim, não havia alternativa a não ser utilizar a língua original. Fiz isso. Contudo, não significa que eu fale alemão. É difícil encontrar algum brasileiro que realmente fale essa língua. O Jô Soares, que estudou na Suíça e diz que fala alemão, na hora que foi entrevistar o Beckbauer, "preferiu" que a entrevista fosse em inglês.


Eu não sou tradutor, nem de inglês nem de alemão.Também não sou daqueles que odeiam tecnologia e rejeitam as suas facilidades. Eu sei que cada vez fica mais fácil traduzir um texto "automaticamente" de uma língua para outra, mesmo considerando que a tradução não seja lá essas coisas. Não sou do tipo implicante que acredita que você só pode ler um texto na língua em que ele foi escrito.


Assim, quando posso, leio o original, mas não me importo em ler também as traduções. Naturalmente, algumas vezes eu comparo os textos e aqui realmente surge um problema: assim como nos filmes, algumas vezes, o que é traduzido não representa o original. Trata-se da imaginação do tradutor.


Posso dar um exemplo: o texto "Fausto" de Goethe - Original: Faust: Eine Tragödie, Wien, Tosa Verlag, 2003, p. 14 e Tradução: Alberto Maximiliano, São Paulo, Nova Cultural, 2003, p. 19. Numa das falas da personagem "Lustige Person", é dito:

"Wenn mit Gewalt an deinen Hals / Sich allerliebste Mädchen hängen." 

Isto é traduzido por: "Ou quando em teu pescoço apóiam-se amorosas / As jovens que tanto gostas." 

Apesar da tradução do "se" (wenn) por "ou", o sentido original da frase permanece.


Agora em seguida aparece trecho:

"Wenn nach dem heft'gen Wirbeltanz

Die Nächte schmausend man vertrinket,

Doch ins bekannte Saintenspiel

Mit Mut und Anmut einzugreifen,

Nach einem selbstgesteckten Ziel

Mit holdem Irren hinzuschweifen."



A "tradução" do trecho para o português:

"Ou se ficas em danças loucas, violentas,

Toda noite a comer e beber em alegria,

Entregue a orgia.

Hoje, a música de outrora podes lembrar,

Fazê-la ressoar com vigor, sem parar

Para um fim almejado

Por suas atalhos alcançados."



Como seria possível tal "liberdade" do tradutor? 

Não digo apenas no sentido das palavras, mas no contexto das frase e de todo o parágrafo. 

Onde o tradutor foi encontrar, por exemplo, no texto original, a frase: "toda noite a comer e beber em alegria, entregue a orgia." (?!)



Imagino que esta não deve ser uma profissão fácil, sobretudo, se for levado em consideração o ponto de vista da consciência do próprio profissional, claro. 

Afinal, a maioria lê pouco e praticamente apenas as traduções, sem se preocupar, muitas vezes, com o sentido do texto... 

Imagino se este tipo de leitor questionaria se o autor alemão queria realmente dizer aquilo...



De qualquer maneira, quando você resolve pesquisar um pouco mais, questionar, acaba descobrindo ou lidando com tais dúvidas ou polêmicas. Isso não é ruim. 

Como em quase tudo, saber mais é sempre útil, na medida em que ajuda o indivíduo a ver melhor a realidade das coisas e das pessoas, podendo, assim, separar as cópias superficiais dos originais.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

SONO & SONHO

David Grant, num artigo sobre depressão, afirma que:

"if you have trouble sleeping, turn on the radio or watch TV"

Sempre faço isso. Nunca durmo "com o silêncio".

Normalmente, ouço a discografia do Led Zeppelin enquanto durmo.

Por algum motivo, o som do Led Zep não causa pesadelos (diferente de outras bandas).

Isso leva ao problema do sono: algo externo pode interferir no conteúdo do sonho?

Freud: "Le dormeur peut réagir de plusieurs manières à l'égard d'un stimulus sensoriel venu de l'extérieux." (Sur Le Rêve, p. 128)

Em outras palavras, algo externo pode interferir no sono mas não pode determinar o conteúdo do sonho.

Nada controla o conteúdo do sonho. Existe uma linguagem própria quando as noções de tempo, espaço e lógica desaparecem.

Trata-se do "reino do inconsciente", diria Freud. E tinha razão.

INDIRETAS

É impossível ao "civilizado" ser direto.

Tudo o que ele diz ou faz... É PENSADO ANTES...

Mesmo quando tal fala e tal ato aparecem aos ingênuos como algo "espontâneo" e "verdadeiro".

O chato do jogo é quando insistem em subestimar a sua inteligência.

A manipulação faz parte da "maravilhosa" condição humana.

Seria interessante, porém, que as pessoas, sobretudo aquelas nos meios de comunicação de massa, fossem mais inteligentes e utilizassem estratégias mais sofisticadas.