segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Infantilidade

A crise faz parte da condição humana. Quem não percebe claramente isso? Uma criança. Tudo, para ela, é novidade e costuma ser algo agradável pois ela tem a sensação de segurança proporcionada pelos pais.
Esse processo não acontece com um adulto, primeiro, óbvio, ele deixou de ser criança, segundo, no seu desenvolvimento, aprendeu que, em muitos momentos, seria contrariado, e, terceiro, espera-se que ele seja independente em relação aos pais. 
O adulto que possui uma perspectiva de criança estaria, como ironizou um filósofo, na "infantilidade da razão". Em outras palavras, ele seria um alienado, alguém que acredita em ilusões e cria uma fantasia sobre a sua vida (e a dos outros), e vive de acordo com ela. 
Esse indivíduo, para "cair na real", precisaria de um "trigger", algo como um "gatilho", ou seja, seria necessário a existência de algum acontecimento grave - como uma forte desilusão amorosa, a morte de um parente, a falência da empresa ou o desemprego - para que ele fosse despertado para o que seria a vida: algo sem sentido e que necessitaria de dor e sofrimento para compreender e dar continuidade ao próprio ser. 

sábado, 29 de outubro de 2011

Lendas

Faz meses que não vou ao Praia Clube, em Uberlândia. Entretanto, quando perguntam algo a meu respeito, certas pessoas dizem que me vêem, algumas vezes, no clube. Dão a impressão que têm contato pessoal comigo. Outras afirmam que me viram no Center Shopping ou no Flamboyant. Por algum motivo - que nem eu sei -, não freqüento shopping mais (desde julho 2010). Ainda existem aqueles que me vêem nos "boites", acompanhado por várias garotas...
Eu não estou morto, mas essas histórias lembram aquele menino do filme "Sexto Sentido", com a sua famosa frase: "I see dead people" ("eu vejo pessoas mortas"). Eu não sou invisível, mas raramente tenho contato real com as pessoas. Normalmente, troco informações pela internet, sobretudo pelo facebook e pelos meus blogs. Acredito que talvez isso explique a minha "presença" na mente de uma ou outra pessoa. 
Fico feliz em ser lembrado. Contudo, soa meio estranho certas histórias que colocam o meu nome sem eu ter estado efetivamente naquele lugar, naquele momento, com aqueles indivíduos. Eu tenho histórias maravilhosas com várias pessoas, sobretudo na noite, mas existem coisas que quando são contadas, parecem ser exageradas ou, em alguns casos, são falados fatos que não existiram. Tudo isso, creio, faz parte das lendas dos indivíduos que gostam da noite.
Não existe algo errado nas "lendas noturnas". Elas fazem partem dos papos em bares, com amigos e amigas alcoolizados, naquelas madrugadas que parecem mais frias do que realmente são. É isso. Se tiverem sorte, essas mesmas pessoas, nestas madrugadas, estarão criando as suas próprias lendas. Coisas para os outros comentarem ou para contar aos netos, provavelmente de uma forma "romanceada" e exagerada, afinal, são todos humanos, como diria Nietzsche (em outro contexto), "demasiado humanos". 

domingo, 23 de outubro de 2011

9 Semanas & Meia de Amor

Na época em que foi lançado nos cinemas, muitos não entenderam o sucesso, sobretudo entre as mulheres, do filme "9 Semanas & Meia de Amor". Mickey Rourke era uma galã em ascensão, o modelo de Hollywood no período. No entanto, isso não era suficiente para explicar o sucesso de um filme supostamente erótico. Aliás, cenas sensuais nunca atraíram a maioria das mulheres - tanto é verdade que o público de filmes pornográficos é basicamente masculino.
Assim, o que existiria de especial em "9 Semanas & Meia de Amor"? Não existia um final feliz como em uma "Linda Mulher" ("Pretty Woman"), mas o filme tratava de símbolos do ato sexual. Não era explícito. Não Precisava. O que importava era a representação das fantasias. Uma comum seria encontrar uma pessoa estranha, ao acaso, e viver uma intensa paixão. Essa fantasia estaria associada ao medo do desconhecido, na medida em que o objeto da paixão poderia ser qualquer coisa, inclusive um assassino ou um psicopata. 
Outra fantasia seria o "príncipe" ser bonito, elegante - sem exageros, o que explicaria a barba mal feita -, rico e excêntrico. O personagem de Rourke era uma síntese dessas características. Havia os jogos eróticos, como vendar os olhos diante da geladeira aberta e aceitar o que era colocado na boca: comida e sexo, dois desejos num único ato!
Vestir-se de homem e aparecer em público, com o apoio do namorado. Viver cenas homossexuais "masculinas" num restaurante, chocando os outros clientes... Fugir por becos, correr perigo, fazer sexo na chuva... Precisaria mais?
Ser presenteada com roupas caras numa loja, quando o seu amante paga tudo em dinheiro sem conversar sobre o preço da mercadoria. Menáge à trois... O simbolismo do relógio associado à obsessão de ser lembrado sempre.
Havia ainda a atenção e o carinho do namorado em cuidar dela quando estava doente. Tudo parecia perfeito no ponto de vistas das fantasias, mas, no final, a personagem iria embora e abandonaria o romance após um curto período de tempo (daí o nome do filme). Por quê? 
Aparentemente, paixão e fantasia não existem para durar. São chamas intensas e talvez por isso desapareçam rapidamente. Seria como se a vida cotidiana parasse o seu ritmo e existisse um "flash" de puro prazer, quando só haveria tempo para o casal viver a sua paixão! Quem já passou por algo assim, sabe que seria como uma doença, a obsessão de pensar e querer ficar com a pessoa amada vinte e quatro horas, o tempo todo. O resto - família, trabalho, estudo - perderia sentido. 
Mas... como viver assim durante toda a vida? Não é possível. Elizabeth - a personagem  do filme - sabia disto e foi embora antes da decadência da paixão. Seguiu, a sua maneira, a velha premissa do poeta Vinícius de Moraes: "que seja eterno enquanto dure".

PIRÂMIDES

A construção das pirâmides no Museu do Louvre foi muito criticada na época. Imagino que as principais questões diziam respeito à perspectiva arquitetônica e à problemática histórica.
Fui ao museu algumas vezes. De fato, nunca me incomodei com as pirâmides. Sempre me interessou o que havia dentro do museu, mesmo considerando a importância de sua fachada.
Talvez o grande mérito de "Código da Vinci" seja associar as pirâmides do museu, o quadro de Mona Lisa e a temática religiosa. Alguns afirmam - como no documentário "Zeitgeist" - que a teoria do cristianismo seria uma plágio da religião do Egito Antigo, baseada na figura de Hórus, que encontrou nas pirâmides o símbolo chave de sua civilização.
Especificamente nesse ponto, seguindo a ficção de "Código da Vinci", haveria uma associação entre as pirâmides do Louvre e do Egito. Trata-se de um ponto de vista polêmico e sem fundamentação histórica. Talvez tenha sido exatamente isso a razão do sucesso da obra de Dan Brown.

INDIVÍDUOS E FORMIGAS

Observe, por algum tempo, um (grande) formigueiro... tudo parece organizado (pelo menos, parece que tudo funciona como deveria)... as formigas sempre correndo, fazendo algo (trabalhando?!)...
Agora observe (de cima) o centro de uma grande cidade... tudo parece organizado (pelo menos, parece que tudo funciona como deveria)... os indivíduos sempre correndo, fazendo algo (trabalhando?!)...
Imagino que cada um (indivíduo ou formiga) se considere importante e que os seus fazeres são fundamentais para o funcionamento do ...planeta? ...universo?
Parece ser uma questão de perspectiva... você observa o quê e a partir de que lugar? Aqui a pessoa se depara, primeiro, com a temática do espaço, que certamente interfere na reflexão sobre a sua existência.
Em segundo lugar, o indivíduo deseja entender (e ocupar "adequadamente") o tempo.
Espaço e tempo são inventados, produzidos e "observados" pelos homens. Esses conceitos parecem ser fundamentais, mas mudam de acordo com cada época histórica e cada sociedade.
Basicamente, no Brasil, por exemplo, a pessoa mora num apartamento, num condomínio, e todo dia, de segunda a sexta, sai no mesmo horário para trabalhar (ou estudar). No final do dia, volta, chega no seu lar e para descansar, assiste a sua novela diária (para fantasiar um pouco). O maior desejo dessa pessoa seria a chegada do final de semana, sábado e domingo, o que significaria prazer, festa, clube, shopping center, futebol, entre outras coisas. Todo o esforço de cinco dias deveria ser recompensado em dois. Contudo, raramente isso acontece.
A frustração não seria só com "a desigualdade da matemática" (sofrer em 5 e prazer em 2). Ela ocorre pois o tão esperado prazer no final de semana nem sempre acontece. De fato, existe sempre uma fantasia que um dia será diferente, que deve existir algum tipo de justiça que confirme que tanto sofrimento leva necessariamente ao prazer. Trata-se de uma ilusão, claro. Mas já é segunda-feira e tudo deverá ser corrido e difícil, como sempre, e toda a expectativa (fantasia?) será depositada no próximo final de semana, no próximo namoro, no próximo emprego, na próxima cidade. no próximo país... na próxima vida. 

sábado, 22 de outubro de 2011

O SENTIDO DA VIDA


Até a invenção da pílula anticoncepcional, na sociedade burguesa, a sexualidade feminina era bastante censurada. Havia o mito da virgindade. Após o casamento, a função do sexo era a procriação. A mulher não poderia ter prazer ou ter experiências diferentes no ato sexo, pois isso seria coisa de prostituta.
A passividade da mulher na relação sexual era reproduzida na sociedade. O homem era ativo no sexo e, portanto, o dominador na relação social.
Na verdade, a aplicação do modelo ativo - passivo do ato sexual nas relações da comunidade não era algo novo. Na Grécia Antiga, esse modelo era utilizado na relação entre um homem e um jovem (rapaz). Enquanto o homem era o sujeito e o dominador, o jovem assumiria o outro papel.
"Mas (...) o rapaz, posto que sua juventude deve levá-lo a ser homem, não pode aceitar assumir-se como objeto nessa relação, que é sempre pensada sob a forma de dominação: ele não pode nem deve se identificar com esse papel. Ele não poderia ser de bom grado, a seus próprios olhos e para si próprio, esse objeto de prazer, ao passo que o homem gosta de escolhê-lo, naturalmente, como objeto de prazer. Em suma, experimentar volúpia, ser sujeito de prazer com um rapaz não constitui problema para os gregos, em compensação, ser objeto de prazer e se reconhecer como tal constitui, para o rapaz, uma dificuldade maior." (Michel Foucault, O uso dos prazeres, p. 195)
Na sociedade capitalista, com pílula anticoncepcional, a mulher passou a ter a mesma liberdade, em termos da prática sexual, que o homem. Assim, vieram os movimentos de libertação na década de 1960. O feminismo deixava de ser apenas uma bandeira e tornava-se uma prática cotidiana. O velho modelo ativo - passivo era rompido na relação sexual e também na sociedade. A partir desse momento, a mulher colocava-se em condições de igualdade com o homem.
Na década de 1960, as mulheres não foram as únicas agentes de transformações. Houve outros movimentos, como o dos jovens, dos homossexuais e dos negros. Foi uma década "revolucionária", impulsionada pelo "sexo, drogas e rock n' roll". O mundo não foi mais o mesmo.
Décadas depois, o que ficou? Nada. Niilismo. Falta de perspectiva. Como diria Corinne Maier, "não existe nada em que acreditar. É inútil arriscarmos a vida em combates, sejam eles econômicos ou não." Então, o que fica? Alguns afirmam: "mas a vida continua..." Outros questionam: "mas que vida? Qual seria o sentido de tudo isso?"
Os indivíduos trabalham bastante para obter dinheiro e riqueza. Imaginam que realizando o objetivo, finalmente, serão felizes. Entretanto, e aqueles que já possuem tudo em termos materiais, poder, dinheiro e riqueza? O que resta? Não existem ideologias. Não existem limites. Não existe futuro. O que fazer? A personagem de Nicole Kidman, no filme "De Olhos Bens Fechados" de Stanley Kubrick, apresenta uma resposta: "fuck".
Em outras palavras, basta lembrar, nesse filme, a cena de uma festa - com máscaras e orgias - que poderia representar a falta de perspectiva (em relação ao sentido da vida) dos ricos e poderosos. Aliás, isso pode ser associado a cena de outro filme, baseado no diário de uma das secretárias de Hitler, "A Queda", que mostra o cotidiano no "bunker" do tirano e que, no final, quando tudo parecia perdido, as mulheres seduziram os homens e todos fizeram sexo como se fosse o último momento da vida deles. Em suma, tanto num filme como no outro, o "retorno" ao sexo representaria um "retorno" à natureza - a morte faz parte dela - e, ao mesmo tempo, demonstraria a obviedade da falta de sentido da existência.

sábado, 15 de outubro de 2011

INTERNET E MOVIMENTOS SOCIAIS

Não é possível entender a realidade atual sem problematizar o papel da Internet.
As transformações no norte da África foram possíveis na medida em que as pessoas trocavam informações pelas chamadas "redes sociais". Na Espanha, elas também foram utilizadas nas manifestações. Nos Estados Unidos, os indivíduos se reuniram para protestar em Wall Street sobretudo a partir do uso do Tumbr.
No Brasil, as passeatas contra a corrupção não foram organizadas pelos partidos políticos. Ao contrário, os militantes que apareciam com suas bandeiras eram vaiados. A comunicação era feita principalmente pelas "redes sociais".
As lideranças tradicionais estão desgastadas com a população. Antes, essas lideranças, ligadas ao Partido dos Trabalhadores (PT), faziam oposição ao Estado. Quando o PT tornou-se governo, elas passaram a ser questionadas pela população, como se tivessem sido cooptadas pelo Estado. De fato, a partir do governo Lula, houve uma queda na atuação dos movimentos sociais, o que gerou uma desconfiança quanto à legitimidade dos seus líderes frentes às classes sociais. A conseqüência está aí.
Só recentemente o usuários brasileiros adotaram o Facebook (FB) como ferramenta principal. Como muitos perceberam (e falaram), ele era mais interessante pois reunia num único lugar as funções do Orkut, do Twitter e do MSN. Nos Estados Unidos, pelos menos nas manifestações em Nova Iorque, o FB perde espaço para o Tumbr, que deverá ocupar o seu lugar, assim como o FB assumiu a posição que antes era do Orkut.
Certamente, a Internet é só uma ferramenta. Ela não faz coisa alguma. Os indivíduos são os sujeitos das mudanças sociais. Contudo, não há como negar que ela, usada de maneira consciente, tem sido importante na mobilização da população.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

CRÍTICAS

Alguém já disse que o crítico é um artista frustrado. Pense. Quem seria mais importante: o crítico de literatura ou o autor da obra?
Antes de escrever textos opinativos (desde 2010), os meus principais trabalhos foram aprovados por duas bancas, uma no mestrado e outra no doutorado. Pesquisei e publiquei livros e artigos.
Tenho a impressão, algumas vezes, que certas pessoas passam boa parte do tempo na Internet só para falar mal de tudo que aparece na tela do computador. Sem dúvida, criticar é mais fácil do que produzir.
Não sou contra cada um expressar a sua opinião, pelo contrário, basta ver a quantidade de blogs que possuo. O problema é que essas pessoas insistem em destacar o lado negativo de tudo. Parecem ser frustradas por não terem produzido algo relevante ou realizado algum projeto pessoal. Assim, acreditam que tornam-se importantes falando mal de tudo e de todos. A imagem que fica, não percebem, é o exatamente a oposta do que gostariam.
Posso estar errado, mas antes de criticar publicamente uma obra, procurei pesquisar e sistematizar as minhas próprias idéias. Os meus livros e artigos são públicos, estão por aí para serem lidos e criticados. 

domingo, 9 de outubro de 2011

LUGAR ALGUM

Você lembra de todas as pessoas com quem fez sexo? Estava assistindo "Two and Half Men" e apareceu essa pergunta.
Se for tentar lembrar, acredito que recordo do rosto (e outras partes do corpo, claro) mas não do nome.
Existem alguns casos antigos que tentei de todas as formas lembrar os nomes das garotas e nada.
Imagino que isso não aconteça só comigo. Claro que se você foi casado ou namorou muito tempo, não há como esquecer.
Por outro lado, você gostaria de esquecer as experiências ruins, mas essas nunca desaparecem.
Pensar no passado é bom para não cometer o mesmo erro novamente. Se o assunto for sexo, pode ser agradável e até excitante.
Onde quero chegar? Lugar algum. Estive pensando nestas coisas, só isso.

sábado, 8 de outubro de 2011

LIVROS NA INTERNET

OLIVEIRA, Selmane Felipe de (2006) Política, turismo e outros ensaios. http://profelipego.weebly.com/ensaios.html

___. (2005) Turismo em Minas Gerais: os casos de Araxá e Uberlândia. http://profelipego.weebly.com/turismo.html


___. (2007) Uberlândia, Triângulo e Minas Gerais: uma coletânea de artigos.
 http://profelipego.weebly.com/minas-gerais.html



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