domingo, 26 de fevereiro de 2012

PROZAC, ZOLOFT & DESEJO SEXUAL

Quem tem depressão e está em crise, vai ao médico e é comum o paciente ser orientado a tomar regularmente medicamentos como Prozac ou Zoloft. O que normalmente o médico não diz no momento - o paciente nem estaria interessado pois o objetivo seria se livrar da depressão - é que um dos efeitos colaterais dos anti-depressivos atingiria a sexualidade. 
Existe o bem estar proporcionado, por exemplo, pela "pílula da felicidade", o Prozac, mas, ao mesmo tempo, haveria um desinteresse quanto ao sexo. Esse tema é discutido num dos episódios da série "Sex and The City".
No que diz respeito ao Zoloft, ele também traz o bem estar mas dificulta a ejaculação durante uma relação sexual. Alguns homens sempre tiveram pânico da ejaculação precoce e, portanto, de decepcionar as suas parceiras. O Zoloft resolve esse problema. 
A questão é que o controle é definido pelo medicamento e não pela mente do homem - como defende, por exemplo, o Taoísmo - e isso faz toda a diferença. Na prática, significa que o homem em 20 relações sexuais, ele teria ejaculação em uma e não seria ele, racionalmente, que decidiria qual e nem o momento do gozo.
Em relação ao Taoísmo, Jacques Lacan apresenta uma análise interessante:
"No taoísmo, por exemplo – vocês não sabem o que é isto, muito poucos sabem, mas eu, eu o pratiquei, pratiquei os textos é claro – o exemplo patente na prática mesma do sexo. É preciso reter a esporra, para ficar bem.” (Lacan, Mais, Ainda, p. 156-157)
Ou seja, enquanto nos animais a ereção e o gozo são a realização de um instinto natural, nos seres humanos, o processo civilizatório possibilita uma leitura que não se restringe à natureza, o que pode levar, como aparece na citação de Lacan, a “reter a esporra, para ficar bem.”
De fato, o "Taoísmo defende o 'deixa-estar' ['let-it-be'] (...) e um estilo de vida caracterizado (...) pelo cultivo da tranqüilidade." [Charles Guignon (ed.) The Good Life] O oposto disto seria a ansiedade que no sexo pode ser traduzida, entre outras coisas, na ejaculação precoce.
Em suma, como sempre, não existe uma solução mágica que resolve tudo. Cabe aos indivíduos fazer as suas escolhas e saber lidar com as conseqüências. Isso é o óbvio, claro, mas parece que é assim mesmo que as coisas funcionam.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

COVARDIA E PUNIÇÃO


Odeio, como a maioria, o pedófilo. Ninguém deve atacar quem não pode se defender. Até numa guerra, existem limites.
Torço que para alguém que abusou de uma criança tenha uma vida longa e não sofra de Alzheimer.
É necessário que toda noite, ao dormir, quando está no reino do inconsciente, se depare com a sua culpa.
No sonho, as suas auto-justificativas racionais valem zero. O pseudo-apoio de amigos e familiares é inexistente.
Toda noite existe um encontro marcado com a sua culpa e num lugar que não há para onde correr ou esconder.
Pouco importa se tal pessoa lembre do sonho no outro dia. É irrelevante.
No fundo, ela sabe que existe o mal-estar toda noite.
O ser humano passa um terço da vida dormindo.
Trata-se de uma condenação e tanto. Esse tipo de indivíduo merece.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

JOGOS NA NOITE OU ENCONTRAR O PAR PERFEITO?

Encontrado bêbado na porta de casa, o personagem Charlie Harper fala para o irmão: "a noite foi ótima, é essa manhã que está me matando." Sim, as noites são maravilhosas. Tudo fica bonito e divertido. Claro que para isso acontecer, as boites utilizam muitos efeitos de luzes e música bastante alta. Tudo deve ser embalado com doses de vodka, whisky, tequila e/ou cerveja. Alguns tomam (mais) energético para agüentar a "balada". Outros ainda usam drogas. 
O objetivo, no fim da noite, além de ficar "wasted", é que tudo terminar em sexo. Os homens assumem isso - para eles, pelo menos. As mulheres acham que encontrariam a sua cara metade nestas noitadas. O que faz lembrar aquele velho ditado: "eu não entraria num lugar que me aceitasse como sócio." Em outras palavras, estes ambientes são propícios para qualquer coisa, exceto para uma garota encontrar o seu "príncipe encantando". No final das contas, elas que gostariam de achar o amor, acabam fazendo sexo mesmo.
O filme "Tudo para ficar com ele" ("The sweetest thing"), com a atriz Cameron Diaz, discute de forma bem humorada algumas temáticas deste "jogo" - elas usam esse termo mesmo. De um lado, a garota seduz, beija o rapaz, dá o número do telefone errado e depois vai embora. Do lado do homem, ele fará qualquer coisa para levar a moça, que encontrou na boite, para a cama. Ele falará qualquer coisa e fingirá que está ouvindo tudo o que ela disse, com aquela cara de interessado nos problemas femininos. 
No filme, depois de ouvir a personagem da Cameron Diaz desabar, o rapaz fala: "esquece... o que um cara não tem que passar para poder transar?" É esse o jogo, noite após noite. No filme, elas cansam e decidem encontrar "Mr. Right". No fundo, é o que todo mundo deseja, encontrar a sua cara metade e ser feliz. Contudo, as relações de sedução não são simples. Ao invés de encontrar um príncipe, normalmente, no outro dia a mulher se depara com uma ressaca do excesso de bebidas e com um arrependimento de ter ficado com aquele cara - que depois nem a cumprimentará nos lugares. No entanto, novamente, junto com a noite, chega a esperança que desta vez será diferente. Ela acredita nisto pelo simples fato de que não tem outra alternativa, a não ser ficar sozinha.
As pessoas esperam que as noitadas sejam apenas uma fase, que iria até encontrar o seu amado (a), casar, ter filhos e ser feliz para sempre. Entretanto, a vida não funciona assim, pelo menos para a maioria das pessoas. As noitadas podem levar ao alcoolismo e ao vício em drogas. É um risco. O ator Robin Williams passou por isso - alcoolismo e drogas - e, sobre as "baladas", concluiu: "você percebe que se visse as pessoas com as quais sai à noite durante o dia, elas te matariam de susto. Existem insetos que parecem melhor do que isso."
Afinal, a noite pode seduzir, é o momento perfeito para fantasiar, mas a manhã sempre chega. Fantasia e realidade são coisas diferentes. O próprio ator, Charlie Sheen, que faz o sortudo Charlie Harper - no seriado, mesmo com o alcoolismo e o excesso de mulheres, ele sempre se dá bem -, na vida real, passou por sérios problemas por tentar levar esta vida, inclusive, sendo condenado por uso de drogas e violência contra a mulher.
Em suma, não existem grandes novidades nesta área: as noitadas embaladas com excessos de vinhos e mulheres não são invenção recente. Não são também equivocadas e nem devem ser condenadas. Existem riscos, obviamente. Mas, viver não seria exatamente isso, arriscar até acertar? 

sábado, 18 de fevereiro de 2012

FACULDADE: ESTILO DE VIDA?

Existe um mito (ou seria verdade?) associado a idéia de que o período da faculdade seria a melhor época na vida de um indivíduo. Eu vivi intensamente a fase da minha graduação: festas, bebidas, ficantes/namoradas (tanto colegas como professoras), militância política, viagens e, claro, estudos (eu era o que se chamava de "rato de biblioteca").
Foi uma ótima fase, mas não posso dizer que foi a melhor, pois não acredito neste tipo de hierarquia na vida. De qualquer maneira, muitos acreditam neste mito e é comum ver junto com os calouros nas salas de um curso universitário, pessoas com mais de quarenta anos, a maioria casada (ou divorciada) e com filhos.
O que leva uma pessoa, depois dos 40 ou 50 anos, a fazer uma graduação? Existem duas possibilidades: pode ser realmente a primeira vez do indivíduo, que antes não teve oportunidade de fazer uma faculdade ou pode ser a tal da crise da meia-idade, quando a pessoa não sabe para onde ir ou quer "recuperar o tempo perdido" ou reviver "a melhor fase da sua vida".
Qualquer uma destas opções leva a um risco para os casados: o divórcio, claro. É muito comum, aliás. Apesar de ter sido um período ótimo, eu não faria outra graduação. Já disse antes que não sou do tipo que gostaria de viver novamente os momentos de sua vida. 
Sem, necessariamente, sair da crise da meia-idade, existe uma outra maneira de viver a "fase da faculdade": basta ser professor universitário. Quando eu era casado, evitava participar de festas ou ir para bares com alunos. Após o divórcio, mudei de atitude. Voltei a ser solteiro e, apesar de algumas décadas mais velho, comecei a freqüentar esses ambientes. O motivo inicial era que, diferente das pessoas da minha idade, gosto de festas com música alta, andar de skate, rock... diversão, basicamente. Não sou do tipo que faz cara fechada o tempo todo e quer passar uma imagem de sério. Dificilmente, com o meio perfil, eu seria feliz, por exemplo, num baile da terceira idade no SESC.
Pago as minhas contas e os bares ou festas têm idade mínima para entrar - 18 anos -, mas não existe uma idade máxima - algo como: não pode entrar maiores de 30 anos - para ir nesses lugares. Pronto, tenho liberdade de escolha: prefiro ir numa "rave" que num baile de terceira idade. O engraçado é, na portaria, os seguranças insistirem para ver a minha identidade, como fazem com os adolescentes. É irônico, pois quando eu tinha 15 anos e ia em "boites", não me pediam documentos.
Enfim, acredito que as pessoas escolhem "os seus lugares da noite" com base no que gostam e não na idade que possuem. Cada escolha, porém, deveria ser analisada especificamente. Uma menina de 14 anos, por exemplo, que vai numa "rave" com carteira de identidade falsa, quer afirmar e mostrar alguns valores para os outros (inclusive os pais) e para si mesma. O mesmo acontece com um homem de 50 anos que frequenta a mesma festa. Os motivos são diferentes, obviamente, mas, no essencial, os dois querem, sobretudo, uma coisa só: diversão.  

Carrie: por que existem tantas mulheres maravilhosas solteiras e não existem tantos homens assim?

No primeiro episódio de "Sex and The City", a personagem principal - Carrie - pergunta: por quê existem tantas mulheres maravilhosas solteiras e não existem tantos homens assim? Talvez entre os 15 e 20 anos, a mulher viva seu "auge" no ponto de vista da beleza e da atração em relação aos homens. Lolita é um dos livros que trata do tema: o fascínio que uma adolescente desperta no homem.
Antigamente, com os 15 anos, a menina era apresentada à sociedade em um baile de debutantes. A preocupação da moça era arrumar um bom casamento. As mulheres de "Sex and The City" sonham com isso também, com a diferença que são mais velhas, críticas e independentes do ponto de vista financeiro. A escolha pela carreira profissional dificultaria a realização do sonho do casamento? 
Talvez exista muita expectativa em relação ao papel do homem, tradicionalmente apresentado como "um príncipe encantado"... Sobre este tema, a atriz Marília Pêra disse, uma vez, em uma entrevista: "Ele transa bem? Leva você para comer bons queijos e vinhos? É seu amigo? Então fica com ele. É o máximo que você vai conseguir de um homem."
Os homens passam pela crise da meia-idade, quando chegam aos 50 anos. Querem, de certa forma, fazer o impossível: recuperar a juventude. Assim, compram carros esportes, freqüentam academias, namoram mulheres jovens e, atualmente, contam com o viagra como aliado. Claro que nada disso resolve o inadiável: a velhice... e em seguida, a morte. 
As mulheres são lembradas aos 30 anos. Mário Prata, numa crônica na revista Época (Edição 298), cita Balzac - "uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis. A mulher jovem tem muitas ilusões, muita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer tudo aprender e acredita ter dito tudo despindo o vestido" e conclui: "são fortes as mulheres de 30. E não têm pressa para nada. Sabem aonde vão chegar. E sempre chegam."
Os elogios, contudo, não resolvem o essencial: a crise aos 30, para as mulheres, ou aos 50 anos, para os homens. Certamente, os problemas graves de dúvidas pessoais não acontecem apenas nestes momentos. A vida é marcada por dilemas e, como diria Freud, por neuroses. Só não percebe quem é alienado, quem insiste acreditar em fantasias, deixando a realidade de lado. Lembra, claro, o filme Matrix: o indivíduo escolhe entre a pílula azul, a ilusão colorida, ou a pílula vermelha, o real, aquilo que está além das aparências. O real está associado também ao sofrimento. A dor faz parte da vida. As crises existem e pronto. A questão é saber se o indivíduo consegue percebê-las ou não. O mito da caverna de Platão permanece.

O FRACASSO DA RELAÇÃO AMOROSA

Sexo é óbvio e necessário para a preservação das espécies. Sim, somos animais (também). O amor é escolha - consciente ou não. Na civilização, o amor está associado ao poder, é uma relação de destruição e de morte. A relação romântica é impossível de ser realizada. É uma ilusão. É uma fantasia para fugir de si mesmo. 
No entanto, como ela é diferente de outras "fugas do ser", como, por exemplo, o trabalho, o consumismo, a política e a religião. Essas últimas são racionais. Trata-se de usar as bobagens do cotidiano como uma espécie de traição do ser. Basicamente, seria a recusa de se ver e se analisar seriamente. O indivíduo olha no espelho e não consegue se ver, como se fosse um vampiro... O que ele não vê é o que ele não tem - uma alma -, é o que ele não é: um "ser". O que ele vê no espelho são os móveis do quarto, as etiquetas das roupas, os sapatos, as jóias... Como uma fantasma, ele vê o que é material e não percebe que aquilo efetivamente não tem utilidade para ele.
Quanto ao amor, seria uma fuga diferente pois estaria relacionada ao lado emocional. Aqui está o risco de "quebrar o gelo do cotidiano" e de perder o controle das coisas. O risco representa a possibilidade da angústia e ela significa o encontro do indivíduo com ele mesmo. Isso é interessante. O amor não pode ser realizado, não depende da própria pessoa, ao contrário, ela deposita a sua confiança no outro. Viver um romance é depender do outro e é também ter a certeza do fracasso. Então, para quê arriscar?
O sofrimento causado pelo amor pode levar a pessoa a verdadeiramente olhar para ela mesma. Ela não sabe disto. Para a maioria, seria um ato inconsciente. Não importa. Num romance, você arrisca e perde o que mais acredita: a segurança das idiotices repetitivas do cotidiano. Para uma pessoa fria, calculista e consumista, a falta de controle causada pelo fracasso da relação amorosa pode representar um encontro com a sua existência. Nada mal. Se o sexo em si é uma necessidade biológica realizada por qualquer animal, o fracasso do romance entre civilizados não apresenta novidade, mas pode ser uma possibilidade de, com o sofrimento, ir além das aparentes estabilidades proporcionadas pelas fugas inventadas pelos seres auto-denominados racionais. 

DILEMA: VIDA OU ALIENAÇÃO?

O que diferencia o homem dos outros animais? Alguns diriam: o poder ou a política. Outros escolheriam características como amor, dominação, amizade, solidariedade ou religião. 
No filme "Blade Runner", o que diferencia os humanos dos que não são seria a memória, o fato de se ter um passado. Em outro filme, "Les Invansions Barbares", diante das dúvidas do personagem diante da morte, a filha de sua amiga diz: "não é a sua vida atual que você não quer deixar; é a sua vida passada; e essa já está morta." Aqui, mais uma vez o passado aparece como uma característica do ser humano.
O que diferencia os homens dos outros homens? A diferença mais óbvia é a questão das classes sociais: uns são ricos e outros são pobres. É uma diferença objetiva e material. Marx acreditava, pelo menos num momento da sua vida, que a criação de uma ideologia tornaria essa diferença social possível. Ricos e pobres acreditam na "ideologia do capitalismo". 
Então, o que poderia diferenciar uns dos outros? Nietzsche acreditava que a maioria da humanidade não seria capaz de entender a própria existência. Haveria poucos capazes de ir além das obviedades do cotidiano. No filme "Red Dragon", o personagem - e "psicokiller" - Dr. Lecter diz para o investigador: "você me pegou pois somos parecidos (...) o que nos diferencia dos demais é nossa imaginação." Alguns filósofos diriam que seria a capacidade de pensar sobre a metafísica e sobre o niilismo. 
Refletir sobre temas complexos gera ansiedade em muitas pessoas. Não refletir significa alienação. São dois caminhos. São duas opções. Na medida em que você realmente pensa sobre a condição humana, você fez uma escolha e não há caminho de volta. Não seria possível ser superficial novamente e acreditar num mundo perfeito e colorido. 
Você, agora, vê além do imediato e da aparência. Por um lado, é bom, pois não te enganam mais tão facilmente como antes. Por outro, porém, você percebe o lado "real" dos indivíduos e de suas relações. O mundo aparece, assim, como um lugar sombrio e sem sentido, o que, de fato, ele é. Você percebe ainda que poucos ao seu redor enxergam aquilo que você vê. Você sente solidão. Você sente saudade do tempo em que acreditava em fantasias e não vivia. Diante do dilema vida ou alienação, você fez sua escolha. Cabe, portanto, saber tirar o melhor dela, mesmo sabendo que sentimentos negativos fazem parte da formação do ser humano.   

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

ALGUMAS CONDIÇÕES PARA O SUICÍDIO


Ninguém nasce, conscientemente, com a intenção de suicidar. Se a depressão está na genética da pessoa, provavelmente o mesmo ocorre com a predisposição ao suicídio. Entretanto, nesse último caso, a questão é mais complexa. Em outras palavras, dificilmente um único fator define a morte do indivíduo.
Existem condições que, juntas, podem resultar no suicídio. A primeira delas, claro, é orgânica, ou seja, a pessoa que nasce com a doença da depressão tem maior possibilidade de cometer esse ato.
Em segundo lugar, as condições externas são fundamentais. É preciso avaliar sobretudo como os familiares tratam esse indivíduo. É importante perceber como ele é aceito pelas pessoas de uma forma geral, seja na escola, no trabalho, na igreja, entre outros lugares. Trata-se do ambiente social.
Em terceiro lugar, seria necessário um tratamento específico para a depressão, como medicamentos e psicoterapia. Isso está associado à condição sócio-econômica da pessoa. Cuidar custa caro. Indiretamente, os familiares, por exemplo, podem passar a idéia que aquele indivíduo seria um "peso" na vida deles (isso contribuiria para a opção pelo suicídio).
Em quarto lugar, o ambiente natural pode apresentar alguma influência. Os lugares frios e chuvosos, como a Inglaterra, favoreceriam a prática do suicídio. Sobre esse país, Michel Foucault afirmou:
"Na era clássica, explica-se de bom grado a melancolia inglesa pela influência do clima marinho: o frio, a umidade, a instabilidade do tempo, todas as finas gotículas de água que penetram os canais e as fibras do corpo humano e lhe fazem perder a firmeza, predispõem à loucura." (História da Loucura, p. 13)
Em quinto lugar, pode ser citada a associação entre a depressão, a loucura e o suicídio. Esses aspectos são apresentados como negativos e, portanto, necessitariam de cuidados médicos. Essa idéia atrapalha o diagnóstico ou mesmo a procura por uma ajuda de um profissional feita pelo indivíduo, pois qualquer pessoa se considera "normal" e a psiquiatria e a psicologia seriam direcionadas aos loucos.
Além desses cinco fatores, devem ser considerados os três pontos citados por um médico que analisou o caso do filósofo Louis Althusser:
. "o inconsciente,
. a ambivalência dos desejos e
. as condições externas aleatórias."
Tudo isso junto pode colocar a pessoa numa situação que a morte seria a única saída. É uma decisão dramática. Não é para qualquer e não depende de um único fator.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

DEZ SUGESTÕES


É necessário saber :
1. "daí você não depende de outra pessoa..."
Essa frase é uma ilusão. Você vive em sociedade, portanto, não importa a classe social, o sexo ou a idade, você sempre dependerá de alguém.
2. Evite as pessoas que te enchem o saco e só vêem o lado negativo das coisas, só te colocam para baixo.
Os amigos e os familiares que se enquadram neste perfil devem ser eliminados do seu convívio.
Não explique, simplesmente afaste-se destas pessoas.
Você não pode mudá-las e indivíduos assim sempre existiram e continuarão perturbando os outros. A condição humana possui vários lados negativos. Esse é um deles.
3. Lembre-se: a vida não é linear e muito menos evolutiva. São altos e baixos. Não existe decadência.
4. Cada indivíduo representa em si um conjunto de contradições: Id, ego e superego. Além disto, ele já nasce com informações na sua genética, com certas tendências... Ainda existe o inconsciente de cada um.
Agora, imagine uma sociedade que cada indivíduo desse fosse representado por um bola num jogo de bilhar. Repetindo: cada bola em si já é contém vários conflitos.
A sociedade é a "reunião" desses indivíduos.
De fato, ocorre um constante choque entre eles, que afeta cada um e todos ao mesmo tempo.
É o caos. É imprevisível. É o que eu chamo de chamado "efeito bilhar".
Isso é um movimento "interno" que ocorre numa sociedade de indivíduos cuja unidade é complexa e contraditória.
5. A noção de tempo do homem é diferente do que seria o tempo no universo.
O tempo do homem foi inventado a partir dos movimentos do planeta terra (sobretudo diante do sol).
6. Cada indivíduo pensa a sua própria condição a partir de três perspectivas:
A) "Inside" ou "por dentro", a sua saúde, o seu humor, a influência do inconsciente, entre outros fatores.
B) As micro-relações, ou seja, a avaliação das relações com familiares e amigos.
C) A sociedade... É necessário avaliar com os outros vêem e avaliam esse indivíduo pois isso o afetará emocionalmente.
Além destes três níveis, existem as relações com o próprio planeta e com o universo, mas essas relações podem ser consideradas "distantes" no sentido de avaliar o seu bem-estar no cotidiano.
7. Não é novo, mas vale repetir: a base da relação entre o indivíduo e a sociedade é o conflito. Trata-se de uma escolha: ou a PESSOA realiza o seu desejo OU realiza a vontade dos OUTROS.
Essa é a contradição: por sua condição, o indivíduo é CARENTE, precisa do outro... por relações de poder, o outro REJEITA o carente... A confusão está instalada sobretudo porque a base de tudo isso é a EMOÇÃO.
Em outras palavras, a pessoa inventar uma justificativa RACIONAL para explicar uma REJEIÇÃO, mas internamente aquela DERROTA não foi processada... Com o tempo, torna-se RANCOR ou VINGANÇA.
8. Não existe paz. Não existe segurança. Não existe estabilidade.
Não adianta reclamar.
Aprenda a conviver com as dúvidas e a certeza da morte ou escolha uma ilusão qualquer para se esconder da vida.
Alcoolismo, paixões, drogas, religiões e radicalismo na política fazem grande sucesso entre os alienados.
9. Escolher uma ilusão é montar uma bomba-relógio.
O mundo cor-de-rosa precisa apenas de um "gatilho" ("trigger") para detoná-lo.
Esse "gatilho" pode ser "externo" ou "interno".
Os ditadores são os melhores exemplos na medida em que se mostram como intocáveis (e o pior é que muitos acreditam nesta imagem).
Aspecto "Externo": Apesar de ter o controle do Iraque, Saddam Hussein foi retirado do poder por uma força estrangeira (Estados Unidos) e depois foi enforcado.
Aspecto "Interno": Mesmo controlando a população do seu país, a Venezuela, mudando a constituição e sendo continuamente reeleito, Hugo Chavéz descobriu que o seu principal recentemente: o câncer.
Contra a "natureza do corpo" não existem muitos argumentos... Não adianta "amar a vida, o poder e os bens materiais" e dizer "não quero morrer"... Morrerá. Como qualquer pessoa.
10. Duas maneiras básicas para lidar com os chatos: ironia e reação.

VIDA OU ALIENAÇÃO


O alienado adora dizer que ama a vida e que é otimista, afinal, o futuro trará só coisas boas. O futuro do alienado - e de qualquer um - é a morte.
Escolher a ilusão é escolher não viver. É "passar" pela vida como se fosse um papel de parede ou para utilizar a expressão do Pink Floyd: "another brick on the wall".
Não importa se o indivíduo - "o código de barras" - existiu antes de nascer ou se viverá após a morte.
Essas questões não lhe dizem respeito. Não saber as respostas faz parte da sua condição de insignificância.
A única coisa que ele sabe (mal) é o que acontece entre o seu nascimento e a sua morte. Isso pode interessá-lo ou não - é a tal da escolha: viver ou não.

É AGORA !!


Sem dramas, sejamos claros: chega de imaturidade e de reclamar. Em que ponto da vida você está? Como aproveitar esse momento AGORA? Use passado a seu favor para não errar novamente e esqueça o futuro, ele não existe, pensar nele só gera ansiedade e você sofre por uma coisa que nem existe e, pior, deixa de ter prazer AGORA.
Em que ponto da vida você está? Afinal, qualquer pessoa vive em média uns 80 anos, um pouco mais ou um pouco menos. A questão é, objetivamente, em que "ponto" você está, 20, 28, 40, 50 ou 60 anos?
Pense: você tem zero de autonomia nos 10 primeiros anos da vida. Sobram 70. Até os 20 anos, a adolescência, mudança do corpo, hormônios, primeiro beijo, tudo parece novidade e divertido mas a insegurança o obriga a andar e viver em turma.
Entre os 20 e os 30, termina a faculdade e começa trabalhar, mas ainda mora com os pais. Ou seja, não tem uma independência verdadeira... No fundo, você ainda não saiu para a vida ! Ainda está fingindo para si mesmo e para os outros que finalmente chegou na vida adulta. Não. Você não chegou.
Nessa fase, deve pensar o que quer ou, no mínimo, NÃO ACEITAR o que não quer. Por exemplo, pode se recusar a participar daquela hipócrita reunião familiar no Natal.
Pense: imagine que você tenha 28 anos, está formado, trabalha, mora com os pais, sai com os mesmo amigos da faculdade MAS ainda NÃO saiu para a VIDA.  
Você sabe, no fundo, que existe algo errado. Os seus amigos sempre te elogiam e seus pais dizem que você é a pessoa mais inteligente e bonita do universo. Entretanto, você tem dificuldade para dormir. Algumas vezes, falta apetite ou você come demais.
Para não enfrentar a si mesmo, faz o que qualquer um faria nessa idade: bebe muito para esquecer da sua vida e para poder suportar os mesmos lugares, as mesmas pessoas, as mesmas reclamações e... você ainda não saiu para a vida. Finge. Mas a insônia diz que existe algo errado. O inconsciente é implacável, você não pode fugir. A partir dessa idade, ou você vive efetivamente a sua vida ou pagará um preço muito alto ao lidar com o seu próprio inconsciente.
O tempo não espera. As oportunidades (inclusive as amorosas e as sexuais) não se repetem. Não existe "replay' na vida. É ao vivo. Pegar ou largar. Viver ou reclamar. Ser feliz ou lamentar. Arrepender é focar no passado, é não viver. Ter esperanças é focar no futuro, é não viver.
Você pode dar "unfollow" no profelipe que sempre diz "coisa nada a ver", pode fingir que a demissão de 15.000 funcionários no governo da Grécia e a demissão de 12.000 trabalhadores na American Airlines seriam fatos normais e não irão atingi-lo. Pode ter visto o Bom Dia Brasil de hoje, 14-02-2012, e nem percebeu que uma das chamadas das matérias jornalísticas era "Por que o Brasil não cresce mais e não gera emprego?"
Você escolhe. A vida é sua. O outro não pode e nem quer fazer algo por você exceto o que cause algum prazer para ele também.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

DOIS MESES DE NAMORO

Todo homem enfrenta alguns dilemas após dois meses de namoro:
1. putz, como vim parar nessa situação?
[essa pergunta normalmente ocorre quando ele está num aniversário de 5 anos da sobrinha da namorada NUM SÁBADO A NOITE, no meio de correrias e gritarias de crianças e ainda tendo que ser cordial com tios, primos, etc]
2. Como sair dessa sem magoar os sogros e os cunhados e ainda manter a imagem de "bom rapaz"?
Os dilemas desaparecem automaticamente quando ela mostra, desfilando para você, a nova coleção de lingerie que ela comprou para "apimentar" a relação.
Mais uma armadilha? Foda-se. Quem se importa? Você ainda pensa: "porra, sou o cara mais sortudo do mundo!!!"

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O SOGRO

  1. O estilo "Barbie" - "Polyana" não me atrai... Gosto mais das "bad girls"... Claro, no final elas arrebentam com os homens... Mas as ditas "santas" também...
  2. Aparentemente, de acordo com Sex and The City, as mulheres pensam assim. Ou seja, se o homem for certinho demais, os sogros o adoram, fala sempre o que elas querem ouvir... Logo desconfiam que ele é gay... Ou, em todo caso, abandonam o coitado e se envolvem com o primeiro "bad boy" que aparecer.
  3. Talvez seja por isso que eu tenha tido tantas namoradas e "ficantes"... e meus namoros tenham durado tanto.
  4. Todo sogro, repito, todo sogro me odiava. Isso era claro na hora que ele me via. Sabia que eu não seria uma boa influência para a sua filha. Pior: ele sabia que eu iria realizar todos os desejos "freudianos" .d.e.l.e. Parece que ele não achava justo criar uma menina desde pequena, ser o homem mais importante da vida dela, e quando ela resolve descobrir a sexualidade, ela procura outro cara.
  5. Em resumo, o sogro não tem saída: quanto mais for contra o namorado mais a filha aumenta o interesse. O que ele normalmente faz é "procurar não saber" o que acontece realmente na vida da jovem filha. É um erro. Não ver não quer dizer que não acontece.  

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

EUROPA, BRASIL E ILUSÃO

O desemprego é grave na Europa. Muitos brasileiros, antes, sonhavam em trabalhar e viver nos países do continente. A situação inverteu. Quem foi, volta agora. Se não existe trabalho para o europeu, imagine a situação do imigrante.
Entre 2000 e 2006, fiz algumas viagens para conhecer países como Portugal, Espanha, Itália, França, Inglaterra e Alemanha. Era outra época. Fiquei surpreso ao ver, na televisão, a quantidade de pessoas que estavam morando nas ruas de Lisboa - situação bem diferente quando estive na cidade.
A situação na Espanha é pior. O desemprego atinge metade da população, sobretudo os mais jovens. Apareceu, na reportagem, uma família em Madri, que oito pessoas viviam da aposentadoria do mais velho. Entre elas, três jovens que antes eram bem empregados e tinham bons salários, inclusive um chefe de cozinha.
Na Grécia, existem tantos problemas na economia, que o  país se vê ameaçado de ser expulso da União Européia. A crise é grave. O futuro da moeda, o Euro, é incerto.
Algo que surpreende é que o desemprego atinge principalmente os jovens formados e qualificados. Já se fala em uma "Geração Perdida". O velho pretexto de colocar a culpa nos imigrantes não funciona mais. O modelo neoliberal é questionado abertamente nos inúmeros protestos que acontecem nas ruas e praças.
O ocorre na Europa faz parte de um modelo econômico que gera o "desemprego estrutural". Elimina vagas de trabalho e profissões. Milhares são excluídos das empresas privadas e públicas. Perdem os empregos e as suas profissões não existem mais. Neste contexto, a questão fundamental é: o que fazer com essas pessoas?
Na Espanha, as pessoas vão morar nas ruas pois não conseguem pagar os financiamentos de suas casas. Aqui no Brasil, agora em 2012, os indivíduos que compraram carros em várias parcelas estão com dificuldades para honrar os seus compromissos.
Em suma, se no presente alguém possui emprego, ela é incentivada a acreditar no futuro e a investir em projetos a longo prazo como casas e carros novos. Se perder o trabalho ou ocorrer uma mudança na economia, tudo pode ser comprometido.
Os resultados? Perdem as casas e os carros.
E a ideologia que criava a ilusão de estabilidade no emprego e que mostrava o futuro como uma evolução?
Os neoliberais tratam o sucesso como resultado do seu modelo econômico e o fracasso como uma incompetência individual. Mesmo que esse fracasso acabe atingindo milhares de indivíduos ao mesmo tempo.
Não é justo, diriam alguns. Claro que não, diriam outros, por isso que é uma ideologia... Quem mandou acreditar na ilusão?