domingo, 24 de junho de 2012

CULPA & SUICÍDIO

A tentativa de suicídio é uma forma de chamar a atenção, de denunciar que existe algo errado.
A realização do suicídio na próxima tentativa torna-se uma acusação: a ajuda necessária para impedir o ato não veio.
O suicídio de uma pessoa denuncia, em primeiro lugar, o ambiente em que ela vive: a família, a escola, a religião, o hospício, o presídio, o exílio,  entre outros.
Os indivíduos que convivem com a pessoa com tendências suicidas são fundamentais para que ela realize o ato ou não.
Em segundo lugar, aparece o fato interno: a depressão. Ela pode ser biológica, pode ser influenciada por fatores externos, mas o que importa é que essa dor insuportável pode levar a morte.
A pessoa que tem depressão, no momento da crise, deseja estar morta - o que é diferente de tentar se matar. Ela deseja qualquer coisa que a livre daquela dor.
Na realidade em que ela vive, não aparecem soluções imediatas. A dor não espera. A pessoa, então, imagina que "sair dessa realidade" significaria, no mínimo, se livrar daquela dor.
Existe um recusa ao mundo real que tornou-se sinônimo de depressão.
Neste sentido, o suicídio não é uma opção pela morte. É o contrário: o suicídio representa uma falta de alternativa para viver nesse mundo.
Em terceiro lugar, lidar com a depressão e o suicídio leva ao debate sobre a culpa. O erro comum é colocar na vítima a culpa pelo ato: ela suicidou porque era fraca. É um erro usado pelo tipo de indivíduo que se omite diante de qualquer situação e sempre procura no outro a responsabilidade por uma falha que, algumas vezes, foi ele que cometeu.
O suicídio não é resultado de um único fator, nem acontece de uma vez, sem ser pensado antes. A pessoa com tendências suicidas costuma ter um plano de como poderia cometer o seu ato. Isso não quer dizer que o ato irá necessariamente acontecer.
A pessoa pensa em suicídio, na morte, quando a vida não aparece como algo bom e agradável para ela. Se o ambiente for favorável, mesmo com um histórico familiar, com uma influência biológica na depressão, a pessoa consegue viver normalmente com a ajuda de antidepressivos, de terapia e, sobretudo, com o apoio de familiares e amigos.
Em países ricos, é comum ver pessoas que assumem as depressões, as tendências suicidas e até mostram as marcas de automutilação. Nada disso, porém, impede que elas estudem, trabalhem e obtenham sucesso nos seus projetos.
Em países pobres, como o nosso, a realidade é outra:

"(...) no Brasil, os pobres que padecem de depressão raramente são tratados e sofrem e morrem como moscas." *

Ou seja, dependendo da classe social (e, portanto, do nível de escolaridade e informação dos familiares) ou mesmo do país que o indivíduo vive, ele pode não apenas ser aceito pela sociedade como ter uma vida longa e normal. Quanto mais atrasado o país e pior as condições sócio-econômicas da pessoa, mais difícil fica a sua luta contra a doença.


* SOARES, Gláucio. jb on line. http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2011/06/07/a-doenca-invisivel/

sexta-feira, 22 de junho de 2012

AS PRINCESAS MAIS LINDAS DO MUNDO

A garota é educada para dizer "não", para rejeitar. Deve ser divertido, imagino. Ela não é criada para ouvir "não". Ser rejeitada não faz parte do plano. Quando isso acontece, a reação é imediata: "ele deve ser gay."


Isso não funciona comigo. Rejeitei, algumas vezes, propostas de garotas na noite e ouvi em seguida: "você é gay?" A pergunta estratégica não teve efeito: eu não fiquei com elas para provar a minha masculinidade. Não tinha nada contra as meninas. A conversa era interessante. Só não queria beijá-las ou algo mais. Eu não queria "especificamente" com elas, se fossem outras, poderia ser diferente.


As garotas mais jovens, aparentemente, parecem se revoltar mais quando um homem rejeita esse tipo de iniciativa. Elas acreditam nos discursos das mães de que seriam "as princesas mais lindas do mundo." Algumas não são, mas ainda acreditam na fantasia. 


Essas garotas acreditam que não precisam ler nem ter uma boa conversa. São lindas, gostosas e, portanto, o sucesso estaria garantido. Como diria Mário Prata "acreditam ter dito tudo despindo o vestido." Seriam de "ter pena". Mas nem isso. Enfim, merecem ser rejeitadas. Não adianta tentar explicar para essas garotas os motivos de tal atitude. Elas não entenderiam mesmo.


As garotas gostam de dizer: uma conversa é só uma conversa, "sou legal não estou te dando moral" ou um "não" é "não" e pronto. É isso. Trata-se de algo que vale para todos, inclusive para elas.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Aleister Crowley: magia e originalidade


  • Antes do cristianismo, havia várias e diferentes religiões tanto no ocidente como no mundo oriental. Uma delas era o Taoísmo, descrita por Charles Guignon [(ed.) The Good Life, p. 1] como:
  • "(...) uma antiga escola de pensamento, (...) defendeu o 'deixa-estar' como abordagem de assuntos mundanos, um modo de vida caracterizado pela sintonia com a natureza e o cultivo de quietude e paz interior."
  • Jacques Lacan (Mais, Ainda, p. 156-157), em um dos seus seminários lembrava da associação do taoísmo com o sexo:
  • "No taoísmo, por exemplo – vocês não sabem o que é isto, muito poucos sabem, mas eu, eu o pratiquei, pratiquei os textos é claro – o exemplo patente na prática mesma do sexo. É preciso reter a esporra, para ficar bem. O budismo, este é o exemplo trivial por sua renúncia ao próprio pensamento.”
  • Aleister Crowley (1875-1947), ficou "famoso por algo chamado 'sexo mágico', ou seja, manter uma relação sexual indefinidamente sem ter orgasmo para produzir êxtase e intoxicação." (Stephen Davis, Hammer of gods, p. 86) Basicamente, tratava-se da concepção do taoísmo.
  • Crowley tinha 25 anos quando Freud publicou "A Interpretação dos Sonhos" em 1900. Teoricamente, deveria saber sobre as obras do Marquês de Sade (1740-1814).
  • Sade e Crowley sempre foram vistos como autores pornográficos. Crowley ainda tinha interesse pela magia misturada ao sexo, o que, de certa forma, remetia os seus ensinamentos aos rituais pagãos que existiam antes do cristianismo.
  • Freud, apesar de tratar da temática sexual, era um pensador sério, médico, pesquisador, cientista e inventor da psicanálise. Na sua análise sobre o comportamento humano, estava o debate sobre o sexo, mais precisamente o que estaria por trás do desejo sexual. Décadas depois, em "História da Sexualidade", o filósofo Michel Foucault trataria o sexo basicamente como estratégia de poder.
  • O sexo, a religião e a filosofia estavam presentes naquilo Aleister Crowley acreditava. Uma questão que surge é saber a influência de concepções tão distintas - como as defendidas por Freud, Sade e taoísmo - em sua obra. Ele vinha de uma família de classe média, com boa situação financeira. Os seus poemas tinham sido publicados em Oxford. Portanto, como negar a importância de tais teorias?
  • Existe uma possibilidade. O "bruxo" Paulo Coelho é muito criticado por vários motivos. O que chama a atenção no escritor brasileiro é, aparentemente, a crença de que ele não precisaria saber sobre as outras teorias, pois o seu conhecimento, publicado em seus livros, viria da "magia". Seria como admitir que a história do pensamento começasse com ele, Paulo Coelho, o que seria um absurdo.
  • Paulo Coelho foi parceiro do músico Raul Seixas. Ambos, influenciados pela teoria de Crowley, defendiam uma "Sociedade Alternativa". Na música aparece:
  • "Faz o que tu queres / Pois é tudo / Da Lei! Da Lei!"
  • Trata-se de um frase literal de Crowley - "Do what thou will, so mete it be" - citada no "The Book of The Law (Apud Stephen Davis, p. 85) Antes de Raul Seixas e Paulo Coelho, músicos do rock internacional já tinham resgato os ensinamentos de Crowley, como o guitarrista do Led Zeppelin, Jimmy Page.
  • Parece que a questão da originalidade não é algo levado muito a sério por aqueles que se dizem "bruxos". Isso, porém, não justificaria, por exemplo, a defesa do cristianismo, que, de acordo com o documentário "Zeitgeist", também não era original. 

MITOS: COELHO, MOORE & PAGE


Li entrevistas de Paulo Coelho, Alan Moore e Jimmy Page. Eles sentem simpatia pelo ocultismo.
Não gostei do perfil do Paulo Coelho na medida em que ele insistia no autoelogio e se dizia melhor que os outros por causa dos seus bens materiais. Alan Moore se mostrava mais discreto, mesmo sendo considerado o melhor escritor de quadrinhos para adultos - "graphic novels" ou "comic books". Jimmy Page, mesmo sendo um dos melhores guitarristas do rock e líder de uma das principais bandas - Led Zeppelin -, não citava bens materiais e discutia assuntos gerais, sobretudo no que dizia respeito a sua música.
Para mim, o Led Zeppelin foi o melhor grupo de rock. A primeira história que li do Alan Moore foi "A Piada Mortal" ("The Killing Joke") sobre o Batman e o Coringa. Fiquei impressionado. Depois li sobre John Constantine e outras histórias. Tornei-me fã do seu trabalho. Considero MooreFrank Miller as principais referências no universo dos quadrinhos. Não me interessei pelos livros de Paulo Coelho.
Na década de 1970, me incomodava ser fã de uma banda que seus músicos eram associados ao ocultismo. Depois, separei as coisas. Eu sou fã do trabalho de Jimmy Page, o que ele acredita ou não, na sua vida pessoal, era, claro, de interesse só dele. Vi o filme "Exorcista" no cinema, quando era adolescente e fiquei muito assustado na época, principalmente porque conhecia várias pessoas que acreditavam em religiões, superstições e mitos.
Após algumas décadas, essas preocupações ficaram sem sentido. Se antes o rock era "música do diabo", atualmente existe vertente evangélica no heavy metal. Filmes como "Exorcista" não assustam mais. As pessoas têm medo de assaltos e não de coisas sobrenaturais. Antes os indivíduos acreditavam em grandes projetos, religiosos ou políticos. Hoje predomina o ceticismo e o cinismo.
Nos anos 1970, eu não sabia inglês, não podia ler em alemão, não tinha viajado para a Europa, não conhecia os autores clássicos da filosofia, da história, da economia ou da ciência política. O ano 2000 parecia algo distante na minha adolescência.
Anda lidamos com mitos. Muitos se recusam a pensar na própria morte. Outros temem o fim do mundo. Para esses últimos, 2012 será interessante por causa das profecias de Nostradamus e dos Maias. Contudo, acredito que a maioria possui uma visão crítica e a mentalidade das pessoas das décadas anteriores aparece, na atualidade, associada a uma certa ingenuidade.

domingo, 10 de junho de 2012

HOMOSSEXUALISMO, BDSM & ROCK & ROLL

  • Eu vi o show do Judas Priest no Rio em 1991. Bom show... Som pesado... A cena inesquecível do vocalista Rob Halford entrando de moto no palco... Na época, ninguém imaginava que ele era gay.
  • A polêmica foi assumir a homossexualidade num universo "só de machos" (na primeira noite do heavy metal no Brasil, por exemplo, em 1985 - sim, eu estava lá... -, o Rock in Rio parecia mais um "pátio de prisão", com um público basicamente masculino e com roupas negras).
  • Neste contexto, ficaram famosas as fotos do Robert Plant beijando o Phil Collins na boca e outras dele com vestido e sapatos de salto alto. O ex-vocalista do Led Zeppelin, diferente de Halford, nunca foi gay, casou algumas vezes e sempre se envolveu com as "groupies".
  • Ainda sobre o Led Zeppelin, Jimmy Page, quando usava heroína, gostava de se envolver com "drag queens" em boite gay. Ele também foi casado algumas vezes, gostava de BDSM e "groupies".
  • BDSM era uma prática do Michael Hutchence do INXS. A sua imagem ficou associada aos namoros com belas mulheres, como a supermodelo Helena Christensen e a vocalista "pop" Kylie Minogue. Ele gostava de elogiar os excessos do "Sexo, Drogas & Rock & Roll":
  • "Até agora, tudo bem. Eu não quero parecer um 'cliché'. (...) Fico surpreso ao perceber que sobrevivi a tanta coisa...e os meus amigos também. (...) Essa é a indústria. Bem vindo a festa. Jimi Hendrix está lá em cima. Mas passar por isso é fantástico." (Vox, November 1995, p. 36)
  • Uma crise séria, que envolveu Bob Geldof e a sua esposa, na época, Paula Yates, levou Michael Hutchence ao suicídio em 1997:
  • "Tanto que, ao revistar o quarto de hotel onde o cantor morreu, a polícia encontrou um frasco do antidepressivo Prozac. Há pelo menos uma razão para essa depressão. Paula Yates enfrentava uma batalha judicial com seu ex-marido, o também cantor de rock Bob Geldof, pela custódia dos três filhos que tiveram juntos. Geldof sabia que não tinha muita chance de conseguir a custódia mas fazia isso para se vingar, já que havia sido vítima de adultério. Essa situação também deixou Hutchencefurioso. Horas antes do suicídio, ele chegou a telefonar para o cantor irlandês que lhe bateu o telefone na cara. Ao saber da morte do parceiro, Paula, que se encontrava em Londres, não hesitou em culpar Geldof."*
  • O ambiente do rock, mais do que em qualquer setor da sociedade, ficou associado aos excessos, imagens e poses. Em algumas bandas, por exemplo, muitos nem sabiam tocar os instrumentos musicais. Depois da década de 1980, com a MTV, isso seria mais comum.
  • No final, o que fica? Depressão, homossexualismo, droga, alcoolismo, BDSM... Quem se importa? No caso do rock, se a música for realmente boa - Beatles, The Rolling Stones, Led Zeppelin, The Jimi Hendrix Experience, entre outros -, o resto não seria tão importante. 
  • *Celso Masson. Instinto de morte. Veja. 03/12/1997. http://veja.abril.com.br/031297/p_131.html
  • **As citações utilizadas aqui foram usadas antes em outro artigo (Michael Hutchence & Bob Geldof). 

sábado, 9 de junho de 2012

MULHERES & COBRANÇAS

Gosto, algumas vezes, de observar as mulheres. Vê-las passeando entre as mesas dos bares, lindas, orgulhosas e com todo aquele poder de sedução. Entretanto, algumas dão sinais de que não estão tão bem. Até nas fotos das redes sociais, colocam a famosa foto do perfil com "os olhos" contando que estão em crise. Por quê?
Se antes, eu, como qualquer homem, poderia ficar intimidado com o poder da sedução, depois, como num passe de mágica, vem uma sensação de (quase) pena daquelas garotas.
O que teria saído errado com elas? São formadas, trabalham, lindas, mas... Namoraram vários anos, algumas desde a adolescência, o mesmo rapaz e, depois dos 25 anos, o namoro acabou, o casamento não aconteceu, a crise chegou.
Insônia. Alcoolismo. Drogas. Fanatismo religioso. Cobrança dos pais para casar... Pressão da sociedade... O pior é a sensação dos olhares dos homens como se elas fossem "as garotas para levar para os motéis e não cumprimentar no dia seguinte"...
Pode ser que esses pensamentos ocorram somente no meu caso, no meu canto, bebendo sozinho e desejando que uma daquelas garotas em crise, pelo menos uma, fosse a minha companhia por uma noite. Claro, eu a cumprimentaria no dia seguinte, mas ela não seria a minha namorada.