segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

CONSIDERAÇÕES ÓBVIAS SOBRE CASAS NOTURNAS


√ Diante de qualquer problema, o funcionário costuma dizer "é assim e quem manda é o dono".

√ Então... Imagino que o dono de um bar ou boite deveria saber que o funcionário mais importante da sua casa seria justamente o primeiro que teria contato com o cliente, na entrada, na portaria.

 ♥ Algo como "boa noite"... educação, bom humor, cordialidade... essas coisas fazem muita diferença e, de certa forma, "convida" mesmo o cliente a entrar no ambiente.

† Portanto, não entendo lugares que colocam (em suas portarias) seguranças terceirizados, mal humorados... com aquela cara fechada como que dizendo que odeia o seu trabalho e o lugar onde trabalha...

† Trata-se, normalmente, de um lugar que "se acha" acima de todos e que ali estariam fazendo um grande favor em deixar algumas pessoas entrarem e consumirem o que poderia existir de melhor no nosso planeta. Existem algumas casas noturnas assim em Uberlândia. Chega a ser risível.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

FASE

Uma amiga me disse no último fds: "olha, não é porque você não tem compromisso que todo mundo vive assim..."
Ela está certa.
As pessoas, no geral, correm bastante [para onde mesmo?], atrasadas, com muitos compromissos em nome de planos que se realizarão no .f.u.t.u.r.o.
Ou seja, elas perdem a vida no .a.q.u.i. e .a.g.o.r.a. [o que acontece, de fato, no presente] em nome de algo que .n.ã.o. .e.x.i.s.t.e. [o futuro].
Pode ser [uma fuga] interessante. Mas já passei da fase.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

PROFISSÃO & REFLEXÃO

O que fazer quando a profissão que escolheu – após décadas – parece não lhe dar mais prazer?
Penso aqui no tipo de indivíduo que acredita que o seu trabalho contribui também para a sociedade (e, portanto, não trabalharia só por dinheiro).

Michel Foucault, após trabalhar (décadas) como professor e ter ficado conhecido como um dos principais intelectuais do mundo por causa das publicações de seus livros, pensou seriamente em abandonar tudo e começar com outra profissão:

“Foi na época em que queria sair do Collège de France. ‘Uma coisa é certa, não vou recomeçar o meu curso no ano que vem,’ diz no início de 1984 a Pierre Bourdieu (...) Foucault falava também, várias vezes, em parar de escrever. (...) Foucault acha que o preço a pagar pela ‘glória’ é alto demais. Porém o que pode fazer? Como mudar de vida quando se tem quase sessenta anos? Ele pensa no jornalismo. Gostaria de escrever crônicas sobre geopolítica.” (Didier Eribon, Michel Foucault – Uma Biografia, p. 301)

Dar aulas pode tornar-se repetitivo. Faltam, algumas vezes, desafios. Agora escrever deveria ser um prazer. Foucault não pensava assim. A fama e ‘glória’ podem ser, pelo seu discurso, cansativas.

“(...) ‘a gente começa a escrever por acaso e continua pela força das circunstâncias.’ Repete que escrever não é uma atividade que realmente ele escolheu.” (Didier Eribon, Michel Foucault – Uma Biografia, p. 301)

Michel Foucault não realizou os seus desejos porque faleceu em 1984.

Um outro autor (mais importante do que Foucault) viveu em uma época diferente: Karl Marx. Foucault vinha de uma família rica, Marx não. Foucault queria mudar de profissão, Marx não. De fato, apesar de ser nietzscheano, Foucault admitia que as leituras das obras de Freud, Marx e Nietzsche foram fundamentais na sua carreira.

Marx, na velhice, “sentia-se menos capaz das campanhas ativas de sua juventude e anos intermediários; o excesso de trabalho e a pobreza tinham-lhe minado a resistência; vivia cansado, com frequência enfermo, e começou a preocupar-se com a saúde.” (Isaiah Berlin, Karl Marx, p. 246)

Além disto:

“A impaciência e irritabilidade aumentaram com a velhice e ele tomou cuidado para evitar a companhia de pessoas que o aborreciam e a quem desagradava com suas opiniões. Tornou-se mais difícil no relacionamento pessoal.” (Isaiah Berlin, Karl Marx, p. 246)

Provavelmente os exemplos citados (principalmente no caso de Marx) não serviram muito para responder o que seria a problemática central deste texto. Contudo, as ideias aqui apresentadas podem servir como reflexão no sentido do que fazer e como se comportar quando a crise da meia idade deixa de ser só um conceito (distante) e torna-se uma realidade.

© profelipe ™ 30-09-2015

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

CASTELO DE CARTAS

Você foi uma pessoa interessante até chegar na faculdade...

Aprendi muito com você...

Depois você "parou" no que imaginou que seria o "auge"...

Não percebeu que não existe o "auge" na vida...

A vida não acontece numa "linha evolutiva"...

É engraçado como que quando as pessoas estão naquilo que chamam de "auge" desconsideram as velhas amizades e acreditam [investem] nas relações equivocadas...

Algumas pessoas precisam de décadas para compreender isso...

A "conta" chega e o preço é emocionalmente [bastante] alto para quem se recusou a lidar com a realidade e preferiu a ilusão...

Não sinto pena. Não sinto satisfação. Pior. Não sinto coisa alguma.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

VIVER

...algumas pessoas da minha idade afirmam que eu "chutei o balde" ou desisti da vida...porque vou em boites, bares, ouço heavy metal, ando de skate...enfim, faço o que eu quero...
...essas mesmas pessoas passam o fds trancadas em casa, vendo TV, tomando seus remédios controlados e engordando numa rapidez que causaria inveja a um filhote de elefante...
...e eu que desisti de viver??! ok ok...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O PREÇO DA ILUSÃO

você esconde atrás da ilusão... 
você foge dos seus verdadeiros traumas como o diabo foge da cruz...
isso tem um preço...
um dia, porém, eles, os traumas, serão revelados (para você)...
neste momento, você encontrará as suas verdadeiras companhias: loucura, alzeimer, morte... 
todo o processo será lento, muito lento...
é o tal preço...
a velha culpa que sempre criou uma mal estar na sua noite reinará absoluta...
o seu sofrimento parecerá eterno...
diante do que você fez, isso seria o mínimo que poderia acontecer...

sábado, 12 de janeiro de 2013

CRISE DE IDENTIDADE

"Uma menina sabe quando ela se torna uma mulher quando fica menstruada." (Camille Plagia)
O problema vem depois de alguns anos, quando ela tem uma crise de identidade. Ela sabe disto quando um homem heterossexual não quer fazer sexo com ela. Ele se torna seu amigo, só isso. Ela sente como se ela não fosse mais atraente do ponto de vista sexual.
Todo homem heterossexual é obsessivo com sexo. Ele é um "voyeur" e ele quer fazer amor com toda garota do mundo.
A mulher precisa se sentir sexualmente desejada. Se isso não acontece, significa crise. Ela se sente feia ou gorda. Ela acha que perdeu o seu lugar no mundo.
Normalmente isso acontece quando ela tem 25 anos de idade ou mais. Ela não se casou e o seu trabalho é a coisa mais importante em sua vida. Ela tem seus amigos - a maioria das mulheres. Mas alguma coisa está faltando.
A idade não é a melhor amiga de uma mulher. Ela sabe disto em sua primeira crise de identidade. A partir daí, a tendência é que as coisas piorem ...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

PSICOPATA

Um agente do FBI disse que ninguém nasce psicopata. Os traumas sofridos na infância deveriam o perfil do indivíduo. Trata-se de um perspectiva freudiana. Entretanto, as afirmações do agente são feitas a partir de várias experiências nos Estados Unidos. 
Como colocar um psicopata na prisão? Primeiro, é necessário admitir que o psicopata é um pessoa inteligente. Faz planos. Nada acontece ao acaso. 
Segundo, o foco do psicopata, a partir do seu passado, é a repetição de uma fantasia. Existiria um "gatilho" que detonaria todo o processo da fantasia. Ela funcionaria como "um CD em seu cérebro". Entretanto, a fantasia nunca seria completa. Por isso é necessário a repetição. Isso significa que o psicopata estará sempre caçando novas vítimas. 
Portanto, em terceiro lugar, seria importante admitir que nunca seria possível controlar a mente de um psicopata. 
A teoria é razoável mas ela é feita por um policial que quer respostas práticas. As relações humanas são complexas. Não seria possível definir tudo a partir de uma teoria de causa e efeito. 
Contudo, pensar como o agente do FBI seria admitir que todo machista teria uma perspectiva de um psicopata: a infância, a fantasia, a repetição e a busca por novas vítimas. Nada mal. 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

INSIGNIFICÂNCIA

Calvin diz num quadrinho: "a realidade continua arruinando a minha vida". 

Eu mudaria uma palavra "a emoção continua arruinando a minha vida." 

Tal "monstro" é sem controle, surge de dentro, como um dragão, cuspindo fogo, gerando calafrios, dores de cabeça, ansiedades, entre outras coisas.

Heidegger dizia que com a angústia poderíamos ver efetivamente a realidade. Trata-se de um preço alto demais.

Entretanto, quando o assunto é sentimento, qualquer ser humano torna-se um refém.

A única vantagem, talvez, é que nesse momento ele se dá conta de sua insignificância.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

A VELHA FORTALEZA

A pessoa tem 30 anos.

Está formada. Boa universidade.

Possui estabilidade no emprego.

Sempre viaja nas férias e nos feriados prolongados.

O roteiro, nos fins de semana, são bares... O objetivo: diversão e diferentes mulheres / homens. Não namora.

Não quer uma relação estável.

Possui o seu próprio carro.

Frequenta motéis. Mora com os pais.

O seu verdadeiro espaço é o seu quarto...

Aquele, que ao longo dos anos, foi pintado algumas vezes, os "posters" mudaram de acordo com a idade...

Entretanto, é o mesmo quarto. 30 anos depois.

Representa a velha fortaleza da criança que tinha medo do mundo lá fora.

A criança ainda permanece no quarto. Talvez nunca cresça.

ALIENAÇÃO OU CONSCIÊNCIA NA SEDUÇÃO

 As revistas de nudez nunca atraíram os olhos femininos. Tanto em casos como a Playboy (mulheres nuas) ou a Playgirl (homens nus) o público é o mesmo: homens (heterossexuais ou homossexuais).

De fato, a perspectiva feminina é diferente do olhar masculino. A fêmea precisa ser admirada. O macho gosta de ver, seduzir e caçar.

O homem heterossexual é, antes de tudo, um "voyeur". A mulher possui o poder da atração. Ela conhece os truques, as dissimulações e os acessórios:

"Engano possível sobre o  corpo que os enfeites escondem e que se arrisca a decepcionar quando é descoberto; ele é rapidamente suspeito de imperfeições habilmente mascaradas; teme-se algum defeito repelente; o segredo e as particularidades do corpo feminino são carregados de poderes ambíguos."*

A mulher, normalmente, sabe utilizar essa ambiguidade a seu favor. Quando isso acontece, torna-se, nas palavras de Neslon Rodrigues,

"uma potência fantástica, devido à atração sexual. Isso lhe dá o instrumento de domínio, todo sujeito que tem grande atração por uma mulher está liquidado. Ela exerce o poder e ele a submissão."**

Mas... será que toda mulher tem consciência do seu poder de sedução? O corpo humano é importante e pode provocar várias reações.

"A estética está no coração da natureza humana. Quando se fala em estética, é necessário falar da estética do corpo humano."***

Para Camille Paglia, nem sempre as mulheres estão conscientes do que provocam nos outros, especialmente nos homens:

"Vejo mulheres fazendo 'cooper' na rua com os seus seios para cima e para baixo e eu acho que elas estão loucas. Elas realmente não vêem que são um alvo de provocação ao correr."³*

A falta dessa consciência pode criar problemas para as mulheres, entre eles, um dos mais graves seria o estupro. Trata-se de um tema bastante polêmico. Por um lado, "as mulheres, em sua maioria, precisam ser seduzidas e consideradas atraentes."³* Por outro lado, não se pode afirmar que a própria mulher seria a responsável por um estupro. A alienação, nesse caso, pode causar conseqüências imprevisíveis:

"uma garota toma 12 tequilas numa festa de faculdade e um rapaz a chama para subir para o seu quarto e, então, ela fica surpresa quando ele a ataca?"³*

Esta relação de poder entre duas pessoas pode ser associada ainda em outro contexto. Na Grécia Antiga, a relação amorosa considerada "nobre" era entre um homem e um rapaz:

"O amor pelos rapazes não pode ser moralmente honrado, a não ser que ele comporte (...) os elementos que constituem os fundamentos de uma transformação desse amor num vínculo definitivo e socialmente preciosos, o de 'philia'."¨*

A sedução no que diz respeito aos rapazes poderia ser interpretada atualmente como casos de pedofilia:

"Eu endosso, ou defendo, o 'garoto-amante' em meu livro. Isto era racional e honroso na Grécia Antiga, no auge da civilização. Pornografia infantil? Metade da carreira de Caravaggio não é nada além de pornografia infantil, ou seja, meninos expondo os órgãos genitais. Eu posso entender o por que, na atualidade, da proibição de filmes de crianças sendo expostas à pornografia, mas eu defendo as pinturas que apresentam pornografia com crianças ou o sexo nos quadrinhos (que eu realmente gosto). Existe um incrível mercado para os 'sex comics'. Eu acredito que eles são mais criativos do que os orgasmos simulados das mulheres."³*

A mulher e o "garoto-amante" aparecem como objetos de sedução. Entretanto, trata-se de uma relação mais complexa. Primeiro, o que foi dito no caso da mulher aqui refere-se à atualidade e o que foi citado do "garoto-amante" está associado ao período da Grécia Antiga. Segundo, colocar mulher e "garoto-amante" como seres somente "passivos" é polêmico, sobretudo no caso da mulher, adulta, que, muitas vezes, uso o poder de seu corpo como forma de dominação. Dizer que as alienadas são vítimas é desconsiderar que "cada um deveria ser pessoalmente responsável pelo que acontece em sua vida."¨²*

Em suma, a relação entre um adulto e uma criança é uma relação desigual. No entanto, a relação entre dois adultos (homem e mulher, homem e homem ou mulher e mulher) é diferente, ou seja, a alienação não pode servir de justificativa para o fracasso numa relação de poder. Todos nós, conscientes ou alienados, somos responsáveis por nossas escolhas e pela maneira que nos apresentamos aos outros, com os olhares, gestos, sorrisos e, claro, a maneira como nos vestimos.

* Michel Foucault, O Cuidado de Si, p. 220.
** Nelson Rodrigues, Playboy, Novembro de 1979.
*** Camille Paglia, Playboy, October, p. 133.
³* Camille Paglia, Playboy, October, p. 170.
¨* Michel Foucault, O Uso dos Prazeres, p. 198.
¨²* Camille Paglia, Playboy, October, p. 171.