segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

PODER E CRISE

As pessoas percebem nos outros (nunca nelas mesmas) o óbvio: todos envelhecem... e rápido. Poucos admitem. Raros assumem realmente.
Para garantir o “visual da temporada” vale qualquer coisa para homens e mulheres: botox, anabolizantes, cirurgias plásticas... Existem inúmeros truques para disfarçar a aparência tanto no mundo real como na “realidade virtual” (photoshop, etc). Um exemplo claro desta problemática seria o Mick Jagger,o  vocalista dos Rolling Stones.
O envelhecimento, por mais que falem em igualdade, ocorre de maneira diferente para o homem e a mulher. Desde a adolescência, o poder feminino vem da aparência. Neste período, a garota tende a acreditar que aquela sedução acontecerá para sempre. Não vai.
Muitas querem só “curtir” desde cedo e se recusam a “namorar sério”. Outras acreditam que seria possível “curtir” e “namorar sério” ao mesmo tempo. De fato, quando “engatam” um namoro, esquecem as amigas, “se fecham” nos relacionamentos e o que antes era rir, dançar, beber... torna-se rapidamente em programas de rodízios em churrascarias e pizzarias em pleno sábado.  No domingo vem o pior: almoçar na casa da sogra, dormir durante aquela tarde quente e ir ao cinema quando a noite chega e... pronto, o final de semana acabou.
Piora, claro. Algumas namoram durante longos anos no que representaria o auge de sua juventude, beleza e sedução – entre os 15 e os 25 anos. Depois de tanto tempo, o tédio piora, o casamento não chega e o namoro acaba. Assim, quando procuram as amigas e “o tempo perdido”, é óbvio, percebem que muita coisa mudou. A tal dignidade a impede de reatar o namoro e quanto mais o tempo passa o “ex” vira somente um fantasma que torna-se motivo das lamentações e choros nas madrugadas.
Essas garotas querem algo que não existe mais. Sentem saudades do tempo em que quando passavam, em pleno verão, numa praia ou mesmo piscina, transformavam-se automaticamente no centro das atenções. Percebem que foram substituídas. Os homens (de todas as idades) não conseguem desviar o olhar das... “outras”.
As crises começam e não param mais. Insônia. Neurose com a balança (a geladeira é a grande “amiga da madrugada”). Rejeição. Frustração.
E com os homens? Acontece algo parecido. Entretanto, esse processo começa só algumas décadas depois.
As mulheres, sem dúvida, amadurecem antes. Os homens, aparentemente, para o imaginário social, envelhecem posteriormente.
É justo? Não sei. As certezas tanto para um como para o outro sexo seriam as crises e o ponto final, o “descanso eterno”, a velha senhora – que muitos dizem evitar mas, no fundo, a desejam - a morte.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

MERCADO DE TRABALHO: OBVIEDADES E "PÉROLAS"

Os supostos “mandamentos” – que circulam pela internet - de Bill Gates (para os estudantes) dariam arrepios ao Domenico de Masi e a sua perspectiva de um futuro mais feliz e com menos trabalho para as pessoas. 
Apesar de ser "a cara do Bill Gates", tais palavras, de fato, são atribuídas "ao autor Charles J Sykes."*
Entre as obviedades e as “pérolas”, encontram-se:

“A vida não é fácil. 
O mundo não está preocupado com a sua autoestima.
(...) Se você acha seu professor rude, espere até ter um chefe. Ele não terá pena de você.
(...) Se você fracassar, não é culpa de seus pais.
(...) Sua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim.
Em algumas escolas você não repete mais de ano e tem quantas chances precisar até acertar.
Isto não se parece com absolutamente NADA na vida real.
 (...) é pouco provável que outros empregados o ajudem a cumprir suas tarefas no fim de cada período.
(...) A vida não acontece como na televisão. Na vida real, as pessoas têm que deixar o barzinho e ir trabalhar.”

Esses “mandamentos” poderiam fazer parte do discurso de qualquer gerente, numa reunião particular com os seus funcionários (em público, ao contrário, o tal gerente falaria em “inteligência emocional”).

Os tais “mandamentos” não representam algo novo. O que surpreende é ler “normas” assim no século XXI.

Claro que essas ideias têm a ver com a hegemonia da ideologia neoliberal. Entretanto, elas parecem ser de outro contexto, quando ainda não havia as teorias de Freud, Paul Lafargue, Viviane Forrester, Domenico de Masi e Corinner Maier

(*) http://www.creativeteachingsite.com/gates.htm

MULHERES PROBLEMÁTICAS

Um “problema” seria um “erro”, algo que precisaria de um conserto. “Problemático” seria algo complicado, que pressupõe debates, e não seria necessariamente algo totalmente equivocado. [Fiz essa distinção agora em função do que pretendo escrever.]

Partindo desta distinção bastante simples, pode ser dito que os homens, no geral, representam um “problema” e algumas mulheres seriam “problemáticas.
Não é necessariamente a idade que define se uma mulher seria “problemática” ou não. Entretanto, trata-se de um critério que não pode ser (de todo) descartado.

Essas mulheres precisam de autoafirmação. Necessitam provar que são adultas. As solteiras sempre procuram ter respostas prontas (e agressivas) para explicar as suas frustrações:
. não conseguiram sair da casa dos pais;
. não tiveram filhos;
. não conseguem arrumar um namorado;
. não estão satisfeitas com a profissão, entre outras características.

Elas não são difíceis de serem identificadas:
. costumam ter mais de 25 anos;
. fazem uma segunda graduação;
. são autoritárias;
. o outro, na visão delas, sempre seria o culpado;
. acham que o universo conspira contra elas;
. fingem que não têm inveja das amigas casadas, com filhos e que obtiveram sucesso na profissão;
. tentam (desesperadamente) parecer felizes, entre outras características.

Os homens são piores, diriam algumas (ou todas). É verdade. São “o” problema e por mais perfeitos que pareçam (elas querem acreditar nisto), as mulheres ficam com a sensação de que, numa hora qualquer, “pisarão na bola.” Estão certas. Pisarão mesmo. Talvez seja a “natureza masculina”... Entretanto, esse discurso serve mais como justifica para os erros e para conseguir o perdão das mulheres.

domingo, 22 de dezembro de 2013

VIDA: LÓCIGA E SENTIDO

O que você procura ?  Dizem que a vida seria uma estrutura de escolhas.

No filme “Trainspotting” (1996), o personagem principal ironiza todo o processo:

“Escolha a vida. Escolha um emprego. Escolha uma carreira. Escolha uma família. Escolha uma imensa televisão (...). Escolha os seus amigos. (...) Eu prefiro não escolher a vida.”

Em outro filme, “The Dark Knight” (2008), Alfred diz:

“Alguns homens não estão procurando algo lógico, como o dinheiro. Eles não podem ser comprados, intimidados. Alguns homens querem ver o mundo pegar fogo.”

Kafka ironiza o cotidiano do ser humano, por exemplo, em “Metamorfose”. Seríamos insetos. Descartáveis. Mais do que isso: seríamos insetos que os outros, inclusive os familiares (que sempre procuramos apoiar e ajudar), desejam descartar.

Tudo isso lembra Nietzsche, no livro “Humano, Demasiado Humano”, quando afirma que os “indivíduos fracos deveriam ser descartados como insetos desagradáveis.”

Insensibilidade. Talvez. Irreal. Não. Basta olhar ao seu redor. Basta olhar no espelho (da sua vida). Com o outro, claro, não seria diferente. Jogos de Imagens. Jogos de Espelhos... Distorcidos. Repetidos. Envelhecidos.

Se a vida não faz sentido, o que fazer aqui? Alfred responde: Some men just want to watch the world burn.”

Alguns homens não são somente “observadores sociais entediados”. Eles gostam de ações que, se possível, despertem o apocalipse que daria alguma lógica a uma existência sem sentido.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

EXCLUSÕES

Existe um mito comum que associa algumas instituições ao processo de cura do indivíduo.

A pessoa, na teoria, vai ao hospital quando passa mal, sofre algum ferimento, enfim, está doente. A estrutura física do hospital seria uma forma de protegê-la dos outros riscos do mundo externo. Entretanto, isso não é verdade. Ocorre o contrário: o espaço fechado do hospital representa uma forma de defender e de separar os indivíduos saudáveis da sociedade dos doentes daquele lugar. Não é aceito, mas o hospital é um lugar que também produz doença. Trata-se do tradicional caminho antes da morte.

É dito que a prisão seria um lugar para recuperar o preso para o convívio na sociedade. Na prática, porém, lá a pessoa aprende novas modalidades de crimes e torna-se mais perigosa diante dos outros. O objetivo de deixá-la trancada numa prisão é também proteger as pessoas da sociedade, que, de fato, não se interessam pelo que acontece “lá dentro” (desde que os criminosos continuem presos).

Antes havia o hospício e a clínica. O hospício, atualmente, é visto com várias restrições em muitos países. Não importa. A intenção nos dois casos é excluir indivíduos considerados “diferentes” (mesmo que eles não sejam criminosos) do convívio social. Trancar alguém num hospício ou numa clínica seria como colocar esse alguém (normalmente é um parente) embaixo do tapete para não causar constrangimentos às visitas ou aos vizinhos. Seria como passar a borracha em alguém para que a tal família mantivesse a aparência de normalidade.

Objetivos similares podem ser associados aos asilos e às instituições de recuperação de menores de 18 anos.
Em regimes democráticos, estas instituições servem para dar um caráter “civilizatório” à crueldade humana.

Em regimes totalitários, como o nazismo, nem isso era necessário: bastava colocar os excluídos em campos de concentração, torturá-los, utilizá-los como “objetos de experiência” ou simplesmente assassiná-los. Neste caso, não havia muito debate não só pela repressão dos nazistas mas também e principalmente por causa da superioridade da raça ariana. Ou seja, o que era “descartado”, enfim, não era considerado “humano”.

Freud dizia, na época, que “se antes ele seria queimado vivo, agora [no nazismo] eles se contentavam em queimar os [seus] livros.”
O “antes” que Freud se referia, claro, era o período da Idade Média, quando a Igreja Católica tinha o monopólio do poder ideológico e condenava a morrer (nas fogueiras) as pessoas (sobretudo as mulheres) que discordavam dos seus dogmas.

O Brasil é considerado um país “jovem”. Contudo, em seu período republicano, as pessoas sofreram muito sob duas ditaduras: a do Estado Novo de Getúlio Vargas e a Ditadura Militar. Apesar de não existir uma ideologia tão sofisticada como o nazismo (por isso essas ditaduras eram classificadas como regimes autoritários), os instrumentos de repressão física (prisões ilegais e torturas, por exemplo) funcionavam “normalmente”.

Em suma, caberia ao Estado “limpar” a sociedade e deixar somente um padrão de indivíduo: aquele que não questiona, que faz o que todo mundo faz e acredita no que todos acreditam. Existe uma música do Pink Floyd que trata deste tipo de pessoa: “Comfortably Numb”.

PAIS E FILHOS

O indivíduo nasce e o primeiro contato que ele tem, obviamente, é com a família. Ela é o seu núcleo básico para a sobrevivência. Não foi por acaso que Freud deu tanta importância para a figura do pai.
O clã representaria a reunião de indivíduos ligados pelo parentesco, por um ancestral comum.
A tribo seria a reunião de várias famílias e uma cidade-estado significaria a reunião das tribos (houve, como exemplos, Atenas e Esparta).

A realidade atual, com a delimitação de um território associado a uma nação e a um Estado, apareceu lentamente após a Idade Média (quando os indivíduos se organizavam em feudos autônomos e havia a unificação ideológica feita pelo cristianismo, representado pelo poder da Igreja Católica).

Esta síntese (bem simples) serve para mostrar que a realidade de hoje (com suas leis instituições, entre outras coisas) não existiu desde sempre. Houve outras formas de organização de indivíduos durante a história da humanidade. Serve ainda para mostrar um “olhar” sobre o passado, que é o ponto de vista da Europa Ocidental. Serve também para ressaltar a relevância da família em todo o processo.

Os pais exercem um grande poder na família. Não poderia ser diferente. Este poder não vem só de uma forma autoritária. As ideias e sobretudo os atos dos pais influenciam bastante a formação dos filhos. Os pais, de certa forma, influenciarão os comportamentos dos filhos na vida adulta.
Os filhos tornam-se uma representação distorcida e complexa das atitudes dos pais. O que acontece hoje na sociedade, na verdade, foi “plantado” e produzido, anteriormente, no período da infância.
Em outras palavras, os pais não podem simplesmente reclamar dos filhos ou de uma sociedade violenta e sem valores, afinal, os seus atos (20 anos atrás) contribuíram para isso.
Os pais, ironicamente, sofrem as consequências do que “plantaram” (de uma maneira consciente ou não). Não são vítimas. Não adianta culpar a ideologia “geral” do Estado que existe para defender os interesses de uma elite. Não resolve falar em “destino” nem em religião. De fato, os pais podem querer ser qualquer coisa exceto vítimas deste processo.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

RELIGIÃO E PREVISIBILIDADE

Algo inesperado aconteceu em 2013, sendo gravado a partir de vários carros:
“No amanhecer de 15 de fevereiro de 2013, uma imensa bola de fogo --um meteoro-- assustou os moradores de Tcheliabinsk, na Rússia. (...) a explosão do asteroide ao adentrar a atmosfera teve a força de 500 mil toneladas de TNT. (...) [Foi afetada] uma área com uma população superior a 1 milhão de pessoas.” *
Apesar de toda a tecnologia que supostamente garantiria a segurança do planeta, o que chamou a atenção foi a imprevisibilidade do acontecimento. Em outras palavras, não existe, de fato, estabilidade ou segurança tanto no âmbito individual como do ponto de vista coletivo.
A indefinição quanto ao futuro leva muitos a buscar abrigo numa religião. Ela promete aquilo que a ciência não pode garantir.
A religião aparece como uma verdade apresentada fora da humanidade, logo as suas leis não podem ser questionadas. Essas leis determinam as ações das pessoas. Elas se subordinam às essas leis na medida em que “descobrem” qual caminho deveriam seguir e, como as leis são dogmas (não podem, teoricamente, mudar), as consequências dos atos (bons ou ruins) seriam “previsíveis”.
As pessoas, neste processo, não decidem sobre as suas vidas, tornam-se quase robôs pré-programados a agir desta ou daquela maneira. As suas escolhas não são escolhas porque ocorrem dentro do universo da religião e dos seus dogmas. A liberdade é limitada pela religião, ou seja, ela não existe. Assim, como “não há mais lugar algum para a justiça ou a responsabilidade (seja ela jurídica, política ou ética). **
Optar por uma religião significa abrir mão de si em nome de uma verdade determinada pelo outro. A fé é o principal instrumento no conhecimento teológico. Neste caso, como quase tudo na democracia, a opção deve ser respeitada.


(*) Salvador Nogueira. Cientistas desvendam origem de meteoro que explodiu na Rússia. Folha de São Paulo, 07/11/2013.
(**) Jacques Derrida, Filosofia em tempo de terror, p. 144.
 

"ROLEZINHO"

Existe um novo uso das redes sociais. Trata-se do chamado “rolezinho”, encontro marcado por dezenas de jovens em shopping centers em São Paulo. O ato gera pânico e mesmo saques em lojas, com correrias e prisões.
É irônico na medida em que sempre foi dito que o shopping  center seria “a praia do paulistano”. Lembra, claro, os arrastões nas praias do Rio de Janeiro.
Ocorre ainda o reforço da desmistificação do shopping center como um lugar seguro para compras e diversão. Os assaltos e até assassinatos já aconteciam nestes lugares. Agora com os “rolezinhos”, a velha imagem parece estar bastante “manchada”.
Outra questão seria a soma de fatores que podem levar a resultados desastrosos: jovens desempregados, impunidade e o uso inadequado das redes sociais. Tudo isso pode ser associado ainda as ações dos “Black Blocs”.
Em suma, a aplicação das políticas neoliberais no país, ressaltando especificamente a falta de investimento em educação e a ausência de perspectivas para o futuro, associada a popularização da tecnologia (celulares modernos, tablets e Internet) desmascara a ideia de que a espera pública seria um lugar seguro por causa da atuação do Estado.

sábado, 14 de dezembro de 2013

JUVENTUDE TRANSVIADA EM 2013

As pessoas costumam dizer que os jovens, atualmente, são mais liberais e radicais: Piercing, Tatuagem, bissexualismo, sadomasoquismo, automutilação, entre outras coisas. Eles começam cada vez mais cedo, 12, 13, 15 anos... Bebem muito, claro, alguns gostam de feitiçaria e outros até participam de orgias em cemitérios (como foi noticiado o caso de Curitiba no ano passado).
Muitas pessoas que criticam os jovens são os pais que foram omissos na educação ou foram responsáveis diretamente por tais “desvios”, sobretudo os padrastos que molestaram (até com abusos sexuais) meninas (filhos de outro homem) quando tinham menos de 10 anos. Contavam com as mães (que supostamente precisavam estar casadas) como aliadas.
Os traumas da infância são negados ou “esquecidos” na adolescência. Entretanto, no início da vida adulta, tudo aparece claramente. Para fugir dos traumas, os jovens buscam alternativas nas drogas ou no excesso de bebida ou sexo. Valeria tudo para não pensar no que ocorreu na infância. Isso explicaria muitos casos de prostituição, homossexualismo, bissexualismo, sadomasoquismo e automutilação – que são tão comuns hoje em dia.
Existiram mudanças sociais que propiciaram também este quadro, como os mitos do cinema associados à “juventude transviada” nos anos 1950 (James Dean e Marlon Brando),  os movimentos da década de 1960 (pela liberdade sexual e pelo feminismo) e ainda a ideia de “produção independente” tão comum depois dos anos 1980, que defendia a tese de que o homem seria “descartável” e, de certa forma, rompeu com o modelo de família “tradicional”.
Muitos podem discordam, mas a crise de autoridade atual tem a ver com a ausência da “figura paterna” na criação destes jovens. O resultado, além do que já foi citado, veio também na forma do aumento da violência e do egoísmo excessivo. Falta, para muitos jovens, o altruísmo, ou seja, a percepção das relações também sob a visão do outro.
O quadro social hoje é este. A tendência é piorar na medida em que muitos jovens tiveram filhos e não saíram das casas dos pais. Em outras palavras, as pessoas que criaram a situação que se vive atualmente, estão cuidando, na família, da próxima geração, dos netos. Pode ser considerado pessimismo, mas se o resultado foi ruim uma vez, dificilmente dará certo com a outra geração.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A ATENÇÃO DO OUTRO

O homem, dizem, é um animal social. Depende do outro. Mais do que isso, precisa da atenção do outro. Simples assim? Talvez... não...
Como alguém chamaria a atenção do outro?
Bastaria dirigir uma Ferrari vermelha (a cor em si conta muito).
Impressiona também possuir iate, helicóptero e avião.
Poderia ainda morar numa mansão, possuir belas casas na praia e no exterior.
Tornar-se celebridade, aparecer constantemente na mídia, ser fotografado e filmado em todas as festas famosas. Tudo isso seria possível se a pessoa for bastante atraente fisicamente ou ter fama de possuir muito dinheiro.
No caso da mulher, conta parecer jovem, roupas caras, microssaias, decotes, saltos altos e sorrisos fáceis.
No caso do homem, basicamente, bastaria parecer ser rico (com o que foi citado anteriormente).
Chamar a atenção do outro intencionalmente significa manipular, como o trabalho de um mágico, ou seja, com um brilho ou um truque, o olhar do outro é desviado, ele fica vulnerável e torna-se presa fácil para o ataque (uma mulher que deseja casar, utilizando um exemplo antigo).
Existem riscos no ato de chamar a atenção do outro, como infidelidades conjugais, roubos, sequestros, assassinatos, impostos e investigações dos órgãos do governo (sobretudo a Receita Federal). Estupros e cantadas vulgares são riscos do universo feminino.
Poderia ser dito que tudo isso seria “muito barulho por nada” e que, na verdade, chamar a atenção do outro seria somente algo associado aos carentes ou aos indivíduos que desejam ostentar. Será?

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

CIVILIZADOS E APARÊNCIAS


O civilizado é, por definição, um dissimulado. Começa pela aparência. As mulheres, antigamente, tinham o monopólio desta “arte”. Trata-se daquela “velha” citação do Foucault:
"Engano possível sobre o  corpo que os enfeites escondem e que se arrisca a decepcionar quando é descoberto; ele é rapidamente suspeito de imperfeições habilmente mascaradas; teme-se algum defeito repelente; o segredo e as particularidades do corpo feminino são carregados de poderes ambíguos." (Michel Foucault, O Cuidado de Si, p. 220)
Os homens, atualmente, em sua maioria, parecem também querer parecer algo que, de fato, não são. Inventaram até o conceito de “metrossexual”. Isso sem falar no uso de anabolizantes para inchar artificialmente o corpo. Botox? Cirurgias plásticas? Vale tudo para que o homem seja aceito como “atraente” na sociedade.
O que os homens e as mulheres querem esconder com tantas estratégias para “disfarçar” a aparência? Desejam omitir o que são: seres humanos imperfeitos, inseguros, impotentes, carentes, frágeis e solitários.
Hannah Arendt já dizia que o uso da violência era um sinal de impotência (leia em “A Condição Humana”).
O resultado de tanta dissimulação é um jogo de aparências, quando todos fingem que acreditam em todos. O homem finge que os seios da mulher são naturais (e não de silicone) e ela finge que aqueles músculos foram adquiridos naturalmente, com anos de exercícios em academias e com dietas adequadas.
Alguém um pouco sensato perguntaria: como chegamos neste ponto? Karl Marx falaria: todos tornaram-se mercadorias. Se isso for verdade, a aparência e o “makerting pessoal” seriam fundamentais para quem quer ser aceito numa sociedade de consumo.
O que nem sempre é lembrado em relação às mercadorias - no capitalismo – é que elas são descartáveis. As pessoas só são interessantes quando atendem o mercado, caso contrário, são desconsideradas, deixadas de lado, como se fossem invisíveis. Só não são sacrificadas porque “somos civilizados”.
Nós – os civilizados - necessitamos respeitar o outro, mesmo que isso seja o oposto do nosso desejo. Nós negamos nossos instintos naturais. As consequências, como destacava Freud, aparecem com as neuroses, os conflitos internos, os pesadelos e as doenças.
Alguns ainda tratam todo esse processo como uma “evolução” ou um “progresso” da humanidade...

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Lulu (04-12-2013)

O relativo sucesso do website Lulu está associado ao vazio de temas na mídia e ao cinismo de alguns machistas que viram a sua privacidade violada e, por isso, desejam indenizações. Não existe novidade na ideia.

Não digo isso porque fui (e sou), na perspectiva feminina, pessimamente avaliado (isso não é novidade para mim).
Explicarei o motivo (sem fazer pesquisas, afinal, trata-se de um texto opinativo).

Existe um episódio de Two and Haf Men* que trata basicamente deste assunto, quando é criado  o charlieharpersucks.com e o personagem principal da série passa a ter problemas nas suas conquistas na medida que os seus truques estavam todos na Internet, revelados pelos depoimentos de suas exs.

Não vi ainda a “vingança” dos homens com o website www.tubbyapp.com. Entretanto, pelos dados iniciais, parece que o nível das avaliações não ficará muito longe de uma conversa de bêbados num madrugada qualquer num “WC Masculino” – daqueles com as paredes pichadas e aquele cheiro “maravilhoso”.

Além da falta de assunto, o que revela este (“impressionante”) debate é a insegurança de cada um diante da opinião do outro, seja ela verdadeira ou não.
Presidentes de vários países, recentemente, reclamaram da espionagem do governo dos Estados Unidos. Se um presidente da República não tem privacidade na sua Internet nem no seu celular, o que dirá o cidadão comum.

Com a tecnologia que existe hoje, não dá para falar sério em segredo - seja no nível das relações dos chefes de Estado seja nas relações entre adolescentes com seus modernos celulares e tablets.  Não é só "o rei está nu".  Não existe privacidade. A velha diferença entre a esfera pública e a esfera privada desapareceu na realidade atual. 

 (*)www.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3DIUCTqEVSlEw&ei=KaKfUt-aC9SuqwGGrYGYDA&usg=AFQjCNGgfRh8ZBpD3JQtaezoP07QGTG3KA&sig2=GOjFmz9pmXzrV6ytGY_rQw&bvm=bv.57155469,d.aWM

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

QUEM NECESSITA DE QUEM?

A pessoa NECESSITA de algo e não possui? Essa é a questão central. Neste contexto, ela fica com falta de apetite,  irritada, frustrada, não dorme direito, enfim, assumindo ou não, de fato, ela está em crise.
Necessidade é a palavra chave. Quem necessita de quem?

A pessoa que finge que não necessita do outro, na realidade, exerce o poder. Ela controla, domina e humilha o outro. Trata-se de um jogo, no qual algumas pessoas – que são verdadeiros castelos de cartas – conseguem disfarçar a fragilidade e as outras – as “sinceras” – entregam quase que imediatamente que necessitam do outro.

Quem são essas pessoas “sinceras”? Alguns exemplos:

. a pessoa tem medo da solidão e necessita de amigo(s);

. a pessoa necessita de um emprego – envia currículos, faz entrevistas, cursos, torna-se cada vez mais qualificada – mas é rejeitada e humilhada pelo mercado;

. a pessoa é formada - tem um bom emprego, carro, apartamento próprio – quer casar mas não consegue pretendente pois está com mais de 30 anos;

. a pessoa quer um filho e não encontra um parceiro.  

Solução? Basta lembrar que é um jogo de frágeis castelos de cartas. O outro não é melhor nem tem poderes especiais. É, como qualquer um, nas palavras de Nietzsche, “humano, demasiado humano.”
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Une personne à besoin de quelque chose et ne pas avoir ? C'est la question centrale. Dans ce contexte, il n'y a pas d'appétit. Le personne ne dort pas bien. Il y à une crise. La nécessité est le mot clé dans la societé.
Une personne qui prétend pas besoin d'un autre exerce effectivement le pouvoir . Il contrôle , domine et humilie  l'autre . Il n'est pas un « superman ». En fait,il est un château de cartes. Mais l’autre est «sincère» (il reconnaît tout de suite qu'il faut une autre personne).
Qui sont ces gens sincères? Types :
. peur de la solitude ;
. quelqu'un a besoin d'un emploi  mais est rejeté et humilié par le marché ;
. une femme est formé mais ne peut pas se marier parce que elle a plus de 30 ans ;
. une femme veut un enfant (tomber enceinte), mais elle ne peut pas trouver un homme pour accomplir sa volonté.
Solution ? Rappelez-vous juste que c'est un jeu de maisons fragiles de cartes.
L'autre n'est pas mieux. Oui, les mots de Nietzsche :  il est "humain, trop humain ."
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Se você pegar o texto em português e colocar no Tradutor do Google, verá que a tradução sairá um pouco diferente pois « a máquina de tradução » ainda comete mais erros do que os seres humanos... rs...
Com as censuras aos meus textos (nos blogs) em inglês, agora tento escrever algo inédito (ou traduzir o que já escrevi) para o francês.
Apesar de reconhecer que escrever em inglês seria bem mais fácil, de que adiantaria publicar algo que seria censurado logo em seguida?

profelipe.10-12-2013.

leia textos inéditos do profelipe no outro blog...

http://flertar.blog.com/