sexta-feira, 31 de outubro de 2014

VOODOO LOUNGE

“Dirty Work” é uma obra de Keith Richards. Mick Jagger apresentaria a sua resposta com “Steel Wheels”. O CD não é bom. Mas Jagger mostrou a sua força ao sair em excursão para promover o álbum (o que não aconteceu com “Dirty Work”).
No final, o equilíbrio foi retomado com “Voodoo Lounge”.
É um bom álbum, com canções marcantes, em especial “Love is Strong” e “You Got Me Rocking”.
O vídeo de “Love is Strong” é um dos melhores do grupo.
Foi na excursão deste álbum que vi a banda ao vivo pela primeira vez (na pista, claro, de frente ao palco).
Foram três shows maravilhosos no Pacaembu, em São Paulo. Foi uma experiência e tanto.
Valeu esperar décadas para ver os caras ao vivo. Não decepcionaram.
Três shows no mesmo estádio, na mesma cidade. Se houvesse mais, ficaria por ali esperando e tenho certeza que a energia fantástica seria a mesma das outras noites.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

1964-1985: GUERRA É GUERRA?

Era desigual a luta armada contra a ditadura militar no Brasil. Algumas dezenas de militantes de esquerda contra as Forças Armadas (que contavam como apoio dos Estados Unidos).
Neste período, por parte da esquerda, havia uma estratégia problemática. Tratava-se do justiçamento.
Isso significava basicamente assassinar inimigos (e até ex-companheiros) como forma de implantar uma revolução comunista aqui no Brasil.
Além de polêmico, ainda havia a possibilidade de existirem erros na aplicação do justiçamento.
Um caso famoso foi a tentativa de justiçar Gary Prado que estava no Brasil na década de 1960. O grupo responsável por essa missão era o Comando de Libertação Nacional – COLINA. De acordo com Jacob Gorender:

 
“Gary Prado ganhou citações na imprensa internacional por ter sido o oficial que aprisionou Che Guevara, ferido e incapaz de reação. Também recaíam sobre ele acusações de cumplicidade no assassinato do herói argentino-cubano. O justiçamento do oficial boliviano desafrontaria o movimento revolucionário de toda a América Latina.
No começo da noite de 1º. de julho de 1968, João Lucas Alves, Severino Viana Colon (...) e mais um terceiro integrante do grupo de fogo dirigiram-se, num Fusca cor gelo, à rua Engenheiro Duarte, na Gávea. Ali interceptaram o oficial, abateram-no com dez tiros e levaram sua pasta. Ao abri-la, SURPRESA esmagadora: o oficial justiçado NÃO era Gary Prado, mas Edward Ernest Tito Maximiliam von Westernhangen, major do Exército da Alemanha. O COLINA NÃO podia ASSUMIR o terrível ENGANO e SILENCIOU. O episódio permaneceu misterioso, mas hoje não há razão para deixar de esclarecê-lo. Ao erro do militante responsável pela identificação deveu Gary Prado sua sobrevivência.”

(Combate nas Trevas, p. 130 – os grifos são meus)

Claro que o erro do COLINA não representa o que foi o justiçamento na época do regime militar. A intenção – aqui neste texto – não é julgar o justiçamento (se seria legítimo ou não diante da repressão da ditadura).
O objetivo é apresentar um fato que ocorreu no país e utilizá-lo como exemplo para as gerações mais novas que talvez desconheçam certos fatos da nossa história.

© profelipe ™ 30-10-2014

AMIGOS & COMENTÁRIOS ESPECÍFICOS

Eu realmente estava pensando em voltar para a sala de aula após seis anos de sabático. Fui sincero ao me expressar aqui no facebook e queria, claro, ter uma noção como seria a reação (em geral) das pessoas.
Não me surpreendi com a gentileza do Orlandino Werton Jr. e nem com os seus comentários compreensíveis. Mais do que um ex-aluno, ele tornou-se um amigo do tipo (raro) que recebo no meu apartamento e que saio na noite e sinto confiança de que estamos juntos, como verdadeiros amigos, e que um não deixa o outro na mão e nem usará algo da noite (no outro dia) como forma de chantagem ou algo parecido. Trata-se de um cavalheiro, um altruísta, um sujeito que “não amarela” (coisa muito rara nesta época de interesses imediatos, conspirações e traições).
A Elizabeth Ferreira escolheu – eu nunca soube por que (só “aproveitei” a situação) - ser o meu anjo da guarda. É uma pessoa que confio plenamente. Sabe detalhes da minha vida pessoal, do que passei, que ninguém imagina. Alguém poderia pensar que ela seria uma missionária ou algo assim. Não. Além de minha amiga, ela é, com o meu maior orgulho, a minha advogada. O que ela escreveu, obviamente, já me disse várias vezes. São elogios. Dei aulas (durante anos) no curso de Direito e ela sabe, por colegas, como era a minha postura como docente.
Mr. Gilberto Camargos vinha com a namorada (hoje esposa) ao apartamento que moro (atualmente) quando eu o utilizava só como um lugar para fumar charutos (a minha ex-esposa não gostava de cigarros e charutos). Eu sabia, percebendo a sua atitude em sala de aula, que (como diria o Renato Russo) “ele era diferente”. Pelos comentários e pelas ironias, pela clareza e pela rapidez no raciocínio, pelo bom gosto musical (é rock ‘n’ roll!!!)... Tudo isso o transformava num cara que a pessoa tem prazer em encontrar, ouvir e conversar. Mesmo depois que ele morou nos Estados Unidos e depois que voltou ao Brasil, sempre que me vê (tanto na época que eu saia com várias garotas como na fase “John Constantine” – que para muitos parece mais a versão masculina de Christiane F. rsrs), cumprimenta e conversa um pouco. Isso não é pouco quando a maioria evita ser visto com você porque imagina que você estaria “down & out”. O livrinho do Marighela que ele citou é simplesmente “Minimanual do Guerrilheiro Urbano” de Carlos Marighella. Citava o livro nas minhas aulas de Realidade. Explicava as ideias de Nietzsche nas minhas aulas de política. Além de tudo, Mr. Gilberto Camargos foi um bom aluno e possui uma ótima memória.
A Márcia Tannús foi minha colega de faculdade na UFU, me conheceu muito bem e viu a minha prática ainda quando eu fazia o mestrado na Universidade Federal Fluminense. Ah, tenho orgulho de dizer que ela foi minha namorada também (e tornou-se uma das poucas exs que tenho contato).
Todos vocês foram muito gentis. Agradeço. O fato de escolher continuar mais algum tempo no sabático, obviamente, não tem a ver com gente como vocês. Parte do processo, claro (não precisa ser psicanalista para perceber isso), diz respeito ao prazer de algo que eu gostava tanto de fazer e que me foi tirado (isso eu acho péssimo) por causa de questões financeiras imediatas (o professor com doutorado e livros publicados, depois de 2007, havia se transformado num alvo, em algo negativo, o que justificaria, no período, o que chamavam de “caça aos doutores”). Eu sou um indivíduo estranho (admito) e isso significa que a minha reação não foi a mesma da maioria (diante dos efeitos práticos do neoliberalismo – aplicados, aqui no Brasil, especialmente após a entrada do PT no poder e do “elogio da ignorância” tão propagado pelo então presidente Lula). Tenho, enfim, uma maneira própria de lidar com as adversidades externas e com os conflitos internos. Por tudo isso, amigos, pretendo ficar mais algum tempo na toca.

© profelipe ™ 09-10-2014

terça-feira, 28 de outubro de 2014

APARECER & PROVOCAR

Existem vários truques para APARECER, basta utilizar:
. joias (em excesso);
. decotes maiores e (mini) saias (menores);
. anabolizantes e camisetas apertadas;
. carros maiores (no desespero, obviamente, com cores como o amarelo ou o vermelho);
. palavras incomuns (para dar a impressão que sabe mais do que o outro);
Aparecer não é difícil. O complicado é que trata-se de um ato de provocação. Aqui está o problema.
O que deseja provocar no outro? Inveja, raiva, rancor?
Tais sentimentos voltarão contra quem quis ser o destaque na multidão.
O carro enorme (diferente e importado) chama a atenção dos ladrões e dos sequestradores.
O decote, a minissaia e o salto alto impressionam as amigas, seduzem os “bons partidos” mas também atraem os olhares dos invejosos e estupradores.
Os anabolizantes e camisetas apertadas representam um convite para brigas e agressões.
Em outras palavras, as pessoas são livres e usam o que desejam sem necessariamente ter “segundas intenções”.
Entretanto, existe pouco espaço para ingenuidade no mundo adulto atual.
Se deseja provocar os outros, pelo menos tenha consciência que ocorrerão consequências (essas podem ser bem diferentes das que foram imaginadas inicialmente).

LOUCURA ™

Desde que nasce – isso vale para qualquer pessoa – a principal problemática é como lidar com a morte. Não é só sobre o próprio fim. Trata-se de algo mais complexo. Tem a ver com os instintos de violência, de destruição e de autodestruição.
As regras da civilização servem para tentar controlar estes instintos. Nem sempre conseguem. Em outras palavras, qualquer pessoa é capaz de assassinar ou de suicidar.
Alan Moore, em “The Killing Joke”, apresenta uma teoria interessante a partir da atuação do personagem Coringa. O vilão atira em Bárbara, filha do Comissário Gordon, tira fotos e, posteriormente, mostra-as ao policial no sentido de torturá-lo. O Coringa não mata nem a filha nem o comissário. Com a tortura e os atos, o vilão queria provar uma tese: bastaria um dia ruim para que uma pessoa abandonasse a normalidade e ficasse louca, podendo tornar-se uma psicopata.
Trata-se de uma obra de ficção que apresenta uma problemática importante: o que impede uma pessoa de ficar completamente louca?
É comum utilizar o termo associado ao suicídio: a pessoa, de repente, ficou louca e suicidou. Este discurso, porém, não possui verdade alguma; ele funciona como uma construção lógica de alguém que não morreu e que não soube lidar com aquele imprevisto (ou pelo menos não quis pensar sobre o assunto).
Resgatar a lógica é uma forma de fugir da emoção e das contradições reais da vida. Pode ser saudável. Funciona durante certo tempo. Existe uma espécie de pacto com os outros para usarem a mesma estratégia no sentido de criar a ilusão de que, assim, todos estariam seguros.
No fundo, no entanto, todos sabem que é uma ilusão. É como um mágico que produz fumaça para ganhar tempo no sentido de enganar os outros. A fumaça é temporária (assim como a vida). Cedo ou tarde, alguns cansam de fingir que acreditam no mágico e outros cansam de fingir que a vida teria um sentido lógico com um final feliz.
A loucura e a morte não aparecem necessariamente neste momento. Mas a partir daí a pessoa sente-se mais leve, mais livre e deixa de temer a única certeza que possui desde que nasceu: o seu próprio fim.

NEO IMPERIALISMO RUSSO

Não basta existir a crise do Ebola nem ameaça da guerra promovida pelo Estado Islâmico.
Vladimir Putin, líder de um país com grave crise econômica (mas com forte poderio militar), insiste em provocar o resto do mundo com seus jogos de guerra e ameaças - como se estivesse vivendo na época da “Guerra Fria”.
“Enquanto o mundo assiste o que acontece a Ucrânia, a Rússia apresenta um jogo muito mais importante de poder na região do Mar Báltico. Os números são surpreendentes. Em 2010, apenas um navio militar russo foi flagrado perto das águas da Letônia. Este ano, já foram mais de 40 casos, conforme foi informado pelo Ministério da Defesa da Letônia.”*
A identificação de um submarino russo (sem autorização) em águas da Suécia demonstra ainda que os jogos de Vladimir Putin vão além das ex-repúblicas da antiga URSS.
Ainda não está claro o que efetivamente deseja o líder russo. Para o coronel Jan Mörtberg do Colégio de Defesa da Suécia:
"É parte da arrogância do poder. (...) Ou pode ser um planejamento de contingência para um conflito no Mar Báltico, ou eles estão tentando nos fazer gastar mais dinheiro com a preparação da defesa do país. Preparação militar é caro, mas você tem que responder a provocações.”*
De acordo com a revista Newsweek:
“Existe, na verdade, um consenso entre os pequenos países vizinhos da Rússia na região rica e crucial em torno do Mar Báltico (que seria da antiga superpotência do Oriente): ou existe uma tentativa de intimidá-los, ou tais ações são no sentido de testar a defesa de cada país, ou poderiam ser as duas coisas.”*
De qualquer maneira, tudo não passa de um perigoso jogo de fumaça. Na Rússia, existe uma séria crise econômica. [Um dólar chegou a valer 48 rublos.] Essa crise, aliás, força as lideranças russas a voltar a negociar o que era apresentado como inegociável na crise da Ucrânia.
Os russos, inicialmente, debocharam das sanções impostas pelos líderes da Europa Ocidental e dos Estados Unidos. No entanto, diante do agravamento da recessão e da crise econômica interna, os líderes do oriente tiveram que voltar atrás.
Talvez compreenderam (finalmente) que, no mundo atual, de nada adianta ser uma potência nuclear se o país não for levado a sério economicamente.
Ameaçar não quer dizer ato. Provocar não significa necessariamente resultado.
Em outras palavras, o urso russo mais uma vez, na prática, mostrou-se um tigre de papel.

© profelipe ™ 25-10-2014
 

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

AUTOESTIMA¹²

Existe uma diferença entre autoestima e querer agradar aos indivíduos (...todos, claro).
A autoestima tem a ver com sentir-me bem consigo mesmo. É fundamental.
Olhar no espelho e ficar satisfeito com o que vê. Bem estar. Paz interior.

A ênfase na autoestima pode ser um problema quando serve para disfarçar um egoísmo excessivo.
Pode ser ainda mais problemática quando a autoestima é usada como uma estratégia de mudança não para o próprio bem estar.
É utilizada (como uma estratégia de mudança) para agradar aos outros, para estar “na moda” e, portanto, para ser aceito “por todos”.
Assim, o que era algo saudável torna-se um efeito de alienação quando um indivíduo acredita que (para ser feliz) bastaria seguir os padrões transmitidos pela ideologia capitalista.

Os mais jovens – pela falta de experiência – são o público preferido desta ideologia. Os mais velhos (depois dos 40 anos) não interessam ao processo produtivo e nem são vistos como público preferencial para o consumo – esse discurso, aliás, faz parte de tal ideologia.
Trata-se de um discurso de forte apelo na medida em que está associado ao fato de ser aceito pelos outros ou não (algo importante porque o ser civilizado é, antes de tudo, um “ser social”).
A força da ideologia fica mais clara quando os mais velhos (depois dos 40 anos) – que são descartados – imploram para serem aceitos e
usam várias estratégias para “parecerem jovens” (como, por exemplo, maquiagem, botox, cabelos pintados e cirurgias plásticas).

Sentir-se bem consigo mesmo é uma coisa. O discurso da autoestima é razoável.
O problema começa
quando o indivíduo quer “enganar o espelho” e, posteriormente,
quando acredita enganar os outros.
Torna-se patético quando um indivíduo torna-se “em vida” o que pareceria uma caricatura de si mesmo na juventude.
O exemplo óbvio (e não ocorre por acaso, afinal, o rock ‘n’ roll seria “uma indústria dos jovens”) seria Sir. Mick Jagger.


 © profelipe ™

DROGAS & CONSEQUÊNCIAS

O indivíduo civilizado precisa estabelecer um equilíbrio entre o Id, o Ego e o Superego. Não adianta querer apelar para o seu estado puro de natureza. Isso foi perdido, obviamente, faz bastante tempo. Não dá ainda para obedecer todas as proibições “internas” e nem as “externas” (impostas pelos aparelhos ideológicos de Estado). Resta a busca ao equilíbrio.
É um sinal problemático o uso de drogas legais e ilegais para lidar com a realidade da civilização.
Existem drogas para (quase) todos os casos. Todas trazem consequências.
Em outras palavras, não dá para enganar o exame antidoping da vida.
Para adquirir – rapidamente - mais massa muscular, a estratégia seria apelar para o anabolizante. Para aumentar a produção, a pessoa apela para o uso da cocaína. E por aí vai... Existe uma droga para inibir o apetite, outra para a atividade sexual, outra para dormir, outra para ficar acordado, outra para se sentir feliz...
Não seria razoável imaginar que faria bem (ao indivíduo) o consumo e a mistura de tantas drogas.
Quando “esse zumbi” – ele não consegue agir mais naturalmente e sim só responde - reage - aos impulsos ditados pelas drogas – encontra “outro zumbi”, claro, podem surgir uma identificação e uma simpatia entre os dois que, porém, serão desfeitas por causa dos vários efeitos colaterais das drogas.
Um efeito comum é a irritabilidade. Quanto mais drogas, maior a falta de paciência consigo e com o outro. Para o ser civilizado – que depende do coletivo -, isso é um desastre.

Basta olhar ao redor e perceber o que acontece no cotidiano hoje em dia.
Numa praia ou numa piscina, ocorre um desfile de corpos fabricados pelas drogas e pelas cirurgias plásticas.
Chega a ser repugnante (algumas vezes).
O que falta é o respeito ao outro (e um pouco de educação e cordialidade).
É neste mesmo contexto que as pessoas utilizam barras de ferro para decidir quem tem razão quanto a uma simples vaga de estacionamento!!
O absurdo tornou-se obra comum no século XXI. Nada parece chocar mais.

Existem multidões de “zumbis”
que seguem padrões ditados por modas questionáveis
(na verdade, o que está por trás de cada moda é o velho interesse de produzir lucro para a elite no capitalismo) e
que correm quase sempre para os mesmos lugares e nos mesmos horários (congestionamentos, filas e outros excessos são vistos como “normalidades” do novo século).

Tudo isso é “complementado” pelo desequilíbrio ecológico e as consequentes mudanças de temperatura (excesso de calor ou excesso de chuva ou excesso de frio).
O ser civilizado, em suma, criou o próprio inferno no seu planeta.
Pior: não vê coisa alguma.
Ainda pior: acredita que o desequilíbrio representaria a normalidade e não teria consequências.

O resultado não será percebido no futuro.
O resultado pode ser sentido agora...
no ar...
na esquina...
na piscina...
na hostilidade dos olhares daqueles
que odeiam sem conhecer e
que acreditam que dividir os seres humanos em tribos hostis seria o melhor caminho para construção de uma sociedade.


© profelipe ™

MAX & CAROLINE

“2 Broke Girls” só agora entra na quarta temporada. Tenho o “box” só da primeira. No “making of”, aliás, não pegou bem nem citar Transmetropolitan. A primeira vez que vi a série lembrei imediatamente das assistentes de Spider Jerusalém dos quadrinhos da DC Comics (1997-2002).
“2 Broke Girls” mostra a realidade do Brooklyn em Nova York a partir da visão de duas jovens garçonetes: Max, que sempre foi pobre, e Caroline, que foi criada como milionária, mas o pai quebrou e foi parar na prisão.
Max é o centro de tudo. O mau humor, a ironia e o pessimismo são os primeiros adjetivos que poderiam ser associados à personagem. No fundo, são mecanismos de defesa. Max é gente boa, afinal.
A intenção da série – isso aparece nas entrevistas do “making of” – seria mostrar o ponto de vista de garotas de 20 anos sobre a realidade atual (daí viria o cinismo de Max). A personagem é agressiva e irônica com os clientes – especialmente com aqueles que a tratam de maneira inadequada. Quando é criticada no que diz respeito à sua agressividade, responde algo como: “hey, é assim que as pessoas vivem no século XXI.”
É notória a presença dos imigrantes entre os trabalhadores da lanchonete. Trata-se, aliás, de uma problemática enfrentada no cotidiano das pessoas que vivem nos chamados país ricos.
Tenta ser mostrado (na série) que a vida pode ser divertida mesmo entre aqueles que não possuem dinheiro e moram em metrópoles como Nova York. Existe um fundo de verdade em tudo isso.
Seria ingenuidade (para não dizer má fé) afirmar que a série trata de empreendedorismo. As garotas lutam pela realização de um sonho empresarial, mas isso não é que caracteriza a série e a torna um sucesso de público.
De qualquer maneira, após ver os problemas superficiais dos personagens ricos de “Sex and The City”, “Two and Half Men” e “Gossip Girl”, não deixa de ser interessante assistir ao cotidiano de pessoas pobres em “2 Broke Girls”.

© profelipe ™

LOLITA 2014

Existe a figura da “cougar” (o termo, aqui no Brasil, parece ser “loba”). Trata-se da mulher mais velha que se envolve sexualmente com garotos bem mais jovens.
Parece ser uma espécie de vingança contra a velha imagem do homem na crise da meia idade que, após o divórcio, abandona tudo para ficar com uma garota mais jovem. Alguns chamam o processo de “síndrome de Lolita”.
Pouca importa.

A questão é o que um e outro evitam.
O homem mais velho - que (na sociedade machista) foi quem começou com essa história - foge da mulher mais velha não porque foi inventado que ela não seria mais atraente e sim porque esse homem tem medo da experiência que essa mulher adquiriu ao longo dos anos.
Experiência significa alguma forma de conhecimento e, assim, tal mulher seria mais difícil de ser enganada.
Na figura da jovem garota, o homem mais velho encontraria o que mais precisaria: ingenuidade (ou, pelo menos, falta de experiência).
A “cougar” repete o erro do homem mais velho.

Ambos imaginam que lidar com pessoas jovens e inexperientes, certamente, significaria ausência de grandes problemas. Entretanto, isso não é verdade.
O que esquecem é que o fator emocional (portanto, a falta de controle) existe em todo relacionamento.

Existe outra informação importante. O tédio chega com a repetição das obviedades dos ciclos dos relacionamentos.
Os ingênuos diriam que a atratividade de jovens corpos, claro, resolveria qualquer problema, mas não é assim que funciona.

Uma pessoa de 50 anos que se envolve num relacionamento com outra 20 ou 30 anos mais nova, obviamente, aprende (muito cedo) que a tal repetição das obviedades dos ciclos dos relacionamentos não tem a ver com a idade. Isso tem a ver com a condição humana e com os valores hegemônicos de uma determinada sociedade.
Assim, em algum momento, é levada em consideração a possibilidade de ficar sozinho (a), permanentemente solteiro (a).
O que antes era visto como um fracasso, de repente, torna-se uma alternativa razoável para alguém que ficou diferente da maioria mais jovem em termos de experiências (de vida) e de conhecimentos.


 © profelipe ™

OBJETOS

Deve ser irônico encontrar, num sebo, um livro que um indivíduo emprestou para outra pessoa.
Uma amiga tentava (sem sucesso, é verdade) evitar tal situação. Ela costumava carimbar (com seu nome e outros dados) todo livro que comprava. Era a forma encontrada (por ela) para garantir a propriedade da obra.
Bobagem. Eu escrevo o meu nome nos livros, mas isso funciona mais como um velho hábito do que uma forma de garantir que... se emprestado, certamente, seria devolvido... 

Tenho uma teoria sobre tudo isso.
Antes de emprestar, o dono tem um problema (se emprestaria o objeto ou não).
Depois que optou por emprestar, o problema “passou” a ser da outra pessoa:
ela decidirá se devolverá (ou não) tal objeto.

Já comprei a mesma obra (livro, DVD e CD) mais de uma vez.
O recorde (por vários motivos) foi o “Presence” do Led Zeppelin.
Entre vinil (que volta imprestável) até novas edições da mesma coisa... Bem, perdi a conta de quantas vezes eu paguei pelos direitos autorais do Jimmy Page para ouvir a mesma música.
Não me importo.
O Jimmy Page gosta de dinheiro e eu adoro a sua música.
Parece uma troca justa.

© profelipe ™

TERAPIA

Fiz psicanálise entre 1995 e 2009. Foi importante mas acabou.
Lembro-me de uma antiga citação de Michel Foucault:
“Repito que não sou psicanalista mas surpreendo-me quando ouço dizer que a psicanálise é a destruição das relações de poder.” (A Verdade e As Formas Jurídicas, p. 151)
É, de fato, uma relação desigual. Trata-se, sem dúvida, de uma relação de poder. Entretanto, do ponto de vista de quem precisa de ajuda, não seria algo importante se submeter ao poder do psicanalista (exceto no caso de um profissional antiético).
Não acredito em cura nem pela psicanálise nem por outro método. A morte é a última parada e ponto final.
Antes da chegada da “velha senhora”, porém, a vida pode ser suportável e até agradável.
São válidos todos os esforços neste sentido. Não seriam desafios. Não existem muitas alternativas.
Estar vivo, basicamente, não representa uma vitória e nem deve ser visto como algo especial.
Esta tarefa é realizada por muitos animais de diferentes espécies.
Funciona (nem sempre por grande mérito do animal) até chegar o chamado definitivo da única vencedora neste processo.
© profelipe ™

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

ATRAÇÃO POR MULHER QUE GOSTA DE MULHER: O PONTO DE VISTA DE UM HOMEM

Quem já viveu um “ménage à trois”, obviamente, lidou com uma pessoa bissexual. No caso de um homem e duas mulheres, pode ser bastante complicada a atração por uma garota bissexual.
Esse tipo de garota tende a gostar mais de mulheres. O problema, para o homem, é que ele, diante de uma bela garota, sempre vê uma mulher atraente e sedutora (não importa se ela se interessa só por mulheres).
Aqui a relação fica desigual porque a garota pode usar os seus jogos de sedução mesmo sem a mínima intenção de ficar com o homem. Ele torna-se um alvo fácil.
Quanto maior a impossibilidade da conquista (ela, de fato, não gosta de ter relações sexuais com homens), mais aumenta a atração e a necessidade de “realizar amor”.
O homem, neste tipo de situação, não percebe que entrou numa armadilha. Caso se apaixone pela garota que não gosta de homens, claro, transformará algo ruim em uma coisa bem pior com possibilidades reais de finais trágicos.
Isso significa também que a garota (que gosta de mulheres e seduz homens) não possui tanto poder que imaginava. Não é difícil enganar e manipular um homem apaixonado. O complicado será lidar com a sua ira ao perceber que foi só um fantoche em todo o processo e, pior, que, no final, teria “sido trocado” por uma mulher na batalha pelo amor da garota (que, de fato, sempre gostou mesmo foi das mulheres).