quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

UMA OPINIÃO SOBRE AS GAROTAS

Envelhecer faz parte do desenvolvimento do ser humano, mas algumas garotas perdem cedo demais tanto a naturalidade e a beleza do sorriso assim como os brilhos nos olhos.
Isso fica claro ao olhar dos homens (que foram educados no sentido de apreciar a beleza feminina).
Não existe uma única explicação para o processo.
Alguns diriam que as meninas amadurecem cada vez mais cedo. Parece ser verdade. Incentivadas pelo consumismo, elas querem parecer (e ser) adultas antes do tempo.
Existe um alto preço ao “pular” uma etapa da vida (como a infância ou a adolescência).
Trata-se, portanto, de uma hipótese razoável.
Algumas garotas tornam-se mães antes mesmo de viver plenamente a adolescência. Não casam, continuam morando com os pais, e os seus filhos e suas filhas, na prática, são criados com múltiplas figuras de autoridade (o que pode significar exatamente a ausência de autoridade).
Filhas criadas em ambientes assim podem ficar confusas quanto ao seu lugar na família e no que diz respeito ao seu papel diante da sua mãe biológica.

Em outras palavras, muitas vezes, mãe e filha parecem mais irmãs. Isso é complicado porque não é verdade. Só faz aumentar a confusão quando existe a necessidade de se ter uma mãe verdadeira e, no lugar, o que existe seria a figura de “uma irmã” (ou de “uma amiga”).
A ausência do pai biológico (que não participa daquele ambiente familiar) não facilita as relações entra “as meninas”. A mãe não é casada e, portanto, tem o direito de namorar (como qualquer adolescente). Ela tem o direito de mudar de namorado. O problema é como tudo isso seria percebido emocionalmente pela filha que mora com a mãe na casa dos avós.
Em relações aos homens, existem mães “tradicionais” (casadas, com maridos e assim por diante) que enxergam as filhas como rivais no processo de sedução. Esse processo pode ocorrer também nos casos das filhas que são criadas (junto com as mães) no ambiente familiar dos avós.
Tudo isso não quer dizer que existam brigas e conflitos explícitos. Os danos emocionais são feitos e percebidos inconscientemente. Nas aparências, nos olhares de uns e dos outros, tudo parece normal, compreensível e aceitável.
Entretanto, com o tempo, as pessoas (que convivem num mesmo ambiente familiar) podem apresentar sintomas de dores que não aparecem nos exames médicos.
Torna-se difícil explicar a falta de apetite ou a insônia. Por outro lado, aparece um caminho no sentido de compreender a perda da motivação, da beleza do sorriso ou dos antigos brilhos nos olhos.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Sorria¹²



As promessas tradicionais das profissões não funcionam mais após a última revolução tecnológica. As pessoas não acreditam mais no velho planejamento de estudar bastante e ter como consequência um bom trabalho numa empresa na qual teria acesso às promoções de acordo com os cursos de qualificação e o aumento da produtividade.
Esse mundo não existe mais. Muitas pessoas, neste contexto, apelam para os concursos e acreditam que a aprovação significaria um bom salário e, principalmente, a estabilidade no emprego e até uma boa aposentadoria no futuro. Elas esquecem, porém, da crise de 2008. Na Grécia, houve demissões e diminuições de salários (inclusive dos funcionários públicos). Para cumprir as metas impostas pela crise, os governantes reduziram os valores das aposentadorias. Ou seja, tudo que antes parecia certo e estável, obviamente, desapareceu. Houve cortes importantes e mudanças nas leis quanto aos salários e aos empregos em outros países europeus. A desconfiança tornou-se a norma no continente (sobretudo do lado ocidental).
Não existem empregos para todos. Isso é um problema numa sociedade em que as pessoas eram formadas em função do mundo do trabalho. O mais grave é que sem ter um emprego, claro, o indivíduo carrega em si uma culpa. Acredita que é um problema só dele (quando trata-se de um crise estrutural).
A culpa foi produzida pela ideologia da sociedade do trabalho. Ela traz consequências negativas como aumento da agressividade, da negatividade e da criminalidade. É criado um clima de caos quando a sensação é de que não existe ordem. A desordem reina em todos os lugares. Todos sentem-se desprotegidos e agredidos no cotidiano. Não existe mais confiança no Estado porque ele não cumpre o que promete e até as leis que antes eram consideradas “sagradas” (quanto aos salários ou às aposentadorias) são alteradas de acordo com “os interesses do mercado”.
A mudança é global. O mal estar é geral. Existem países em piores situações. Existem propostas simplistas – como as leis contra os imigrantes na Europa – que beiram ao fascismo. Existem ditaduras de todos os tipos. A intolerância e o egoísmo tornaram-se hegemônicos (como se, de fato, representassem verdadeiras soluções para os problemas sociais).
Esse sentimento geral é vivido também no Brasil. Apesar do otimismo dos brasileiros, todos percebem que houve alterações (no sentido negativo) nas coisas mais simples do cotidiano. As pessoas parecem mais ansiosas, mais apressadas e mais agressivas. As reações, muitas vezes, são desproporcionais – desentendimentos que seriam resolvidos com um pedido de desculpas acabam gerando brigas violentas e até mortes (os motivos, na maioria dos casos, são bem banais).
É como se existisse uma revolta particular (e até silenciosa) contra o mundo como ele se apresenta hoje em dia. A maioria parece sentir-se traída e enganada. A reação acontece. Não contra os poderosos ou contra a pequena minoria que acumula a maior parte da riqueza. A reação vem generalizada, desorganizada, contra si e contra todos.
Tudo isso pode parecer um exagero. Basta, porém, ler os jornais, utilizar os transportes públicos, frequentar os bares, os clubes e as praias. Em todos os lugares, em todos os momentos, podemos ver cenas chocantes e desagradáveis de injustiças. O pior é que também corremos o risco de fazer parte destas cenas.
É lamentável. É difícil compreender tudo o que ocorre. É péssima a sensação de que as coisas ainda vão piorar.
Viver não é fácil. A questão é como lidar com tudo isso de uma maneira saudável (e ética).

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

A solidão

Acho fantástica a música escolhida pelos torcedores do Liverpool: "You'll Never Walk Alone" (“Você nunca caminhará sozinho”). Ela reforça a ideia de união, de grupo e de clube. Mais do que isso, ela dá a impressão que o indivíduo nunca estará sozinho (na vitória ou na derrota).
Na sociedade, de fato, o indivíduo, desde o nascimento, é “protegido” por grupos inventados pelos homens no sentido de combater a solidão: os familiares, os amigos, os colegas da igreja, as turmas nas escolas, entre tantos outros exemplos.
A solidão, implicitamente, é vista como inimiga. Ela deve ser evitada. O indivíduo necessita estar protegido por outros indivíduos.
Trata-se de uma ilusão. O indivíduo nasce e morre sozinho. A companhia de várias pessoas no seu quarto de hospital não altera o que seria a sua passagem para “a outra dimensão”. Essa é uma tarefa que será feita só por ele.
O indivíduo comum, pela sua própria formação, evita a solidão. Ele prefere estar no meio dos grupos e das multidões. Não importa se a sua solidão torna-se mais clara mesmo quando está com inúmeras pessoas em sua volta. Ele prefere assim. Acredita que isso evita o pior: pensar em si mesmo.
O irônico é que participar dos tais grupos (familiares, amigos, colegas da igreja ou turmas nas escolas) significa se submeter a regras. Existem listas do que se pode fazer ou não, por exemplo, em um grupo de adolescentes.
Este processo, na fase de desenvolvimento do indivíduo, pode ser rompido quando chega o namoro. O que era um grupo torna-se um casal. Muitas vezes, esse casal fecha em si mesmo. Dispensa ou é dispensado pelo grupo que participava. Pouco importa.
A emoção predomina no casal, naquele tipo que namora verdadeiramente, que é fiel, que não consegue imaginar o futuro um sem o outro.
Se o namoro demora anos, ocorre, obviamente, o distanciamento do antigo grupo.
Esquecem os amigos e são esquecidos por eles.
O problema aparece com o fim do namoro. O indivíduo (pode ser pela primeira vez) encontra-se sozinho. Bate o desespero. A solução, normalmente, seria começar (o mais rápido possível) outro namoro. Isso funcionaria até que um dia o que era namoro vira casamento e (muitas vezes) com filhos.
O divórcio é quase uma certeza, mas (neste contexto) parece ser secundário porque o indivíduo terá que lidar sempre com a ex e com os filhos, enfim, não ficará sozinho.
Não ficar sozinho, envolver-se com os problemas dos filhos nas escolhas (entre outras coisas), não significa não viver na solidão.
No final, alienado ao longo da vida pelos aparelhos ideológicos do Estado, o indivíduo, a qualquer momento, mesmo no meio de uma multidão, se dá conta da própria solidão. Ele olha em sua volta e não reconhece coisa alguma exceto falsidades, traições e conspirações.
O indivíduo, neste momento, pensa se realmente valeu a pena sacrificar o seu desejo para obedecer as regras impostas por todos os grupos pelos quais passou. Ele percebe que deixou de viver a sua vida em nome dos outros para não ficar sozinho e, no final, o que ele efetivamente sente é a solidão, algo que não sabe explicar e que os outros não querem saber.
O chato não é sentir a dor da solidão ou saber que a morte é a única certeza. O complicado é ter deixado de ser ele mesmo, é ter deixado de fazer as próprias escolhas, é ter deixado de ter vivido os seus verdadeiros desejos (tudo em nome de leis e normas ditadas por pessoas - de grupos – que, na primeira oportunidade, o deixariam sozinho, irreconhecível, sem uma identidade).

domingo, 30 de novembro de 2014

Fora do Lugar

Frequento as noites de várias cidades desde a época em que não era obrigatório ter 18 anos para entrar em casas noturnas (na prática, porteiros, seguranças e fiscais não davam a mínima importância para esse tipo de lei).
Vivi coisas fantásticas em cidades como Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Goiânia, Uberlândia e até Paris. Bares, boites, shows e quase todo tipo de loucura que faz parte do “lado selvagem” das noitadas.
Com o tempo, claro, as coisas mudam.
As pessoas mudam.
Casamentos. Filhos. Famílias.
Algumas dessas pessoas ainda insistem em aparecer nas “velhas casas noturnas”, mas com marido e filhos, tudo parece ficar fora do lugar. Tenho essa impressão.
Com o tempo, eu também fiquei fora do lugar. Acho que até demorou. No entanto, consegui. Fico “invisível”, num canto, bebendo e fumando charuto sem chamar (muita) a atenção.
Não participo mais daquelas conversas de bar. Evito os olhares. Nem de longe penso em me envolver com alguém da noite.
Eu saio para não ficar em casa. Óbvio, não? De fato, passo a maior parte do tempo na minha biblioteca, com meus livros, minhas bebidas, meus charutos e meus incensos. No entanto, em algum momento, aparece aquela vontade de ver o mundo mais de perto (e não só da sacada). Assim, resolvo e saio.
Normalmente me arrependo e sinto saudades da minha biblioteca, mas como decidi ficar em algum bar, então fico.
Eu sou de outra época e, portanto, fico impressionado com a maneira agressiva que as pessoas lidam umas com as outras.
Não existe respeito. Não existe autoridade. Não existe hierarquia. Tudo ficou bastante confuso (em todos os sentidos).
Evito participar.
Só observo.
Se possível, na tabacaria, atrás de um vidro (que me separa da praça, da rua, do posto de gasolina; e de tudo que fica envolvido nestes lugares).
Quando canso de ver, chamo um táxi e vou embora, afinal, os meus livros me esperam. Sempre.

Alienação³²

Problematizar a alienação não é algo simples. O pressuposto, basicamente, seria que as pessoas são adultas e, portanto, seria possível discutir e desmistificar a realidade. Mas não é tão simples assim. Se o que mantém um indivíduo vivo seria a ilusão proporcionada pelos dogmas de uma religião, se isso for tirado dele, o que sobra? Gente mais esclarecida usa drogas legais (Lexotan, Prozac, Lithium, Zoloft, Rivotril, entre outros) e ilegais (cocaína e maconha, por exemplo) quando acham necessário no sentido de suportar as contradições da realidade. Mas e uma pessoa das chamadas classes populares? Karl Marx estava certo: a religião "é o ópio do povo." Trata-se de acreditar que tudo pode melhorar no futuro (que não existe) e aceitar o sofrimento do cotidiano (que é real). Novamente, Karl Marx: "O sofrimento religioso é, ao mesmo tempo, a expressão do sofrimento real e um protesto contra o sofrimento real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração e a alma de condições desalmadas." Aceitar que a dor seria necessária ao ser humano, de certa forma, seria como ter fé num "futuro perfeito". Alguns podem argumentar que o próprio Marx acreditou nisto ao defender o comunismo e o socialismo. Talvez. A minha sugestão é que, ao ler Marx, não deva ser confundida a sua prática política com a sua filosofia. Em outras palavras, trata-se de um pensamento sofisticado que não pode ser confundido com as práticas dos ditos comunistas desde a Revolução Russa até os dias de hoje.
© profelipe ™

A Multidão

A maioria gosta de concordar com a maioria.
A maioria vai para o mesmo lado. Ela gosta dos mesmos programas. Ela evita coisas complexas. Ela acredita que o dinheiro é o que dá sentido a vida.
Discordar da maioria significa arrumar confusões, polêmicas, acusações falsas, ser objeto de conspirações e assim por diante.
É difícil discutir com a maioria porque ela não ouve e repete sempre os mesmos dogmas e os mesmos preconceitos.
A maioria funciona como uma massa. Não tem cara. O indivíduo (lá dentro) se sente protegido em sua própria imbecilidade.
Alguns chamam essa maioria de “povo” e aqui vale uma citação de Hegel:
“aquilo a que muitas vezes se chama povo é o que forma decerto um conjunto mas como multidão, quer dizer, como massa informe com movimentos e ações elementares irracionais e selvagens.” (Hegel, Apud, Gramsci)
O indivíduo sozinho pode obedecer as leis e ser discreto. Entretanto, quando está numa arquibancada de um estádio qualquer, no meio de uma torcida organizada, esse mesmo indivíduo acredita que possui poderes e o mais importante deles seria que, naquele momento, ele não teria uma identidade, ela teria ficado invisível e, portanto, poderia fazer qualquer coisa.
Em sua irracionalidade, na ausência de limites e na sua indiferença, a maioria pode causar danos estrondosos. Bastaria citar o nazismo na Segunda Guerra Mundial.

Anos Dourados 1968-1980

A morte de John Bonham mais do que o fim do Led Zeppelin, ela significou o fim de uma época, os famosos anos setenta.
A concepção do que viria ser o Led Zeppelin veio do guitarrista Jimmy Page e do empresário Peter Grant – a partir das cinzas do Yardbirds.
John Bonham foi fundamental para a escolha do estilo do grupo: peso, agressividade e profissionalismo.
Com a sua morte, o Led Zeppelin não poderia continuar mesmo. Na época, isso ficou claro na nota oficial divulgada na imprensa:
“A perda de querido amigo, e o profundo sentimento de harmonia que existia entre nós mesmos e nosso empresário, nos levaram a decidir que não poderíamos continuar como éramos.” (Hammer of Gods, p. 210)
Era para ser o fim da história. E foi. Entretanto, ao longo das décadas seguintes, a maioria não poderia aceitar o fim do símbolo dos anos 1970.
Apareceram, inicialmente, as inúmeras especulações da imprensa. Depois, com o tempo, os próprios músicos originais do grupo começaram a tocar as músicas do Led Zeppelin em shows de suas carreiras solos.
O inevitável veio a acontecer, pela primeira vez, em 1985. A reunião dos músicos, sem usar o nome da banda, para tocar no Live Aid. Foi o grande momento do festival. No lugar de John Bonham, tocaram dois músicos: Phil Collins (que era o baterista da excursão do Robert Plant) e o ótimo músico Tony Thompson. Não houve tempo para ensaio. Valeu pela importância histórica da reunião dos ícones da década de 1970.
Outra reunião aconteceria em 1988. Era o aniversário dos 40 Anos da Atlantic. Mais uma vez, sem ensaios adequados, a apresentação não ficou no nível do que era a música do Led Zeppelin. Jason Bonham estava na bateria.
Em abril de 1990, mais uma reunião. Essa foi informal porque aconteceu no casamento de Jason Bonham.
Em junho deste mesmo ano (Classic Rock, January 2001, p. 42), Plant, Page e Jones ensaiaram com o baterista do Faith No More (Mike Bordin) no sentido de voltar com o Led Zeppelin. Não deu certo. Jimmy Page não aprovou a performance de Mike Bordin.
Page e Plant ainda fizeram o projeto “No Quatter” para a MTV, mas sem usar o nome do Led Zeppelin na medida em que não houve a participação de John Paul Jones.
Em 2014, em suas entrevistas para promover as novas edições dos álbuns do Led Zeppelin, Jimmy Page costuma deixar claro que gostaria de voltar a tocar com a banda, mas que a resistência viria do Robert Plant.
Jimmy Page explica ainda que o sucesso da reunião em 2007 (“Celebration Day”) foi possível por causa das semanas de ensaios e porque os músicos queriam apagar as impressões ruins deixadas pelas improvisadas apresentações em 1985 e em 1988.
Conseguiram. Basta ver o show ou ouvir os CDs. Mesmo assim, não seria possível seguir adiante como Led Zeppelin, afinal, não havia mais Peter Grant, os anos mudaram, os músicos envelheceram (especialmente no que diz respeito ao potencial da voz de Robert Plant).
O Led Zeppelin existiu entre 1968 e 1980. Foi perfeito. Foi isso.

home sweet home

Deixei de interessar-me por certas pessoas, por certos lugares e por certas situações.
Quando isso acontece, a melhor coisa a fazer é:
“be at home...
home sweet home…”

programa de auditório

Não existe, de fato, “um padrão FIFA” para a produção de imagem e de vídeo para a televisão no mundo. Os povos e os criadores adotam estilos específicos de acordo com a “cultura” de cada país.
Os brasileiros insistem em copiar, no geral, aquele estilo de programa de auditório da televisão italiana, aquela coisa bem exagerada (e falsa). Essa é a minha impressão (pelo menos).
Não vejo Faustão ou coisas do gênero. Vejo os comerciais avisando o que de melhor seria apresentado em tais programas (o que já é motivo de um certo, digamos, constrangimento).
O modelo parece ser o mesmo do Chacrinha: cores fortes, bordões, mulheres seminuas, imagens dos outros em situações ridículas e assim por diante.
Quando eu via o Chacrinha, eu gostava das mulheres seminuas (para época, claro, atualmente as mulheres andam com muito menos roupas no cotidiano).
No período do Chacrinha, obviamente, era a ditadura militar, tudo era censurado. Não podia mostrar nudez total nem em filme estrangeiro. Quem viu Laranja Mecânica no cinema (com certeza) lembra daquela bolinha preta que os censores inventaram para perseguir a “perseguida” (“sorry...”) da personagem.
O programa do Chacrinha era horrível, as músicas eram péssimas e os jurados eram uns malucos. Em uma entrevista (na revista Playboy), a atriz Vera Fischer confessou que fez sexo com o diretor do programa do Flávio Cavalcanti para poder ser jurada no auditório.
Parece (quase) justificável pensar que tudo aquilo acontecia na época de uma ditadura militar.
Agora... o que justificaria a existência de um programa de auditório hoje, no século XXI?
Para piorar, ainda existem as novelas e inventaram os “reality shows”.
É... definitivamente não sou deste planeta.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

aqui e agora

Algumas relações foram maravilhosas na vida. Elas, porém, pertencem ao passado. Repeti-las seria um erro.
Outras relações foram desastrosas, merecem ser esquecidas e as pessoas devem ser evitadas para sempre.

© profelipe ™

polícia e foucault

Ontem voltei para as minhas caminhadas noturnas.
Não deu certo.
Aliás, não sei por que insisto.
Antes eram os caras chamando para pedir dinheiro ou cigarro.
Ontem foi a polícia: “mãos para o alto, encoste na parede (eram umas 23 horas!!).
Mexeram nos meus bolsos e encontraram livros e incensos (eu já havia passada na Be Happy Tabacaria Uberlândia para fumar charutos, beber algo e comprar algumas coisas).
Um policial falou: “é Foucault!!” E eu: “você já leu?” Resposta: “Não.” Então falei: “você deveria ler "Vigiar e Punir: nascimento da prisão”.
O outro policial perguntou me no meio da conversa: “você fuma maconha?”
Antes de falar algo, o policial foucaultiano disse: “eu já fumei”.
E me deixaram ir.
Surreal.


 © profelipe ™ 26-11-2014

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

falsidade e dissimulação

É risível iniciar uma conversa com um assunto e em seguida afirmar que aquilo não seria importante.
Muitas pessoas dizem que não prestam atenção no que aparece nas redes sociais. Trata-se de uma mentira.
Outras dizem que só se interessam pelas fotos. Mentira.
Elas dizem que não “perdem tempo” com textos que aparecem no facebook ou em algum blog ou em outro website.
Entretanto, são essas mesmas pessoas que copiam as ideias que estão lá e insistem em divulgar que seriam elas as verdadeiras autoras.
É muita falsidade e dissimulação.
Essas pessoas acreditam ingenuamente que enganam todos (inclusive elas mesmas).
Não é triste. Não é patético.
É má fé mesmo.

sedução feminina © profelipe ™

Os seios caracterizam a feminilidade. Os travestis colocam silicones. Muitos não querem perder os seus falos. Querem ter a atratividade feminina sem perder a ereção (símbolo da masculinidade).
Depois de algum tempo, as mulheres passaram a usar também o silicone. Queriam confirmar a feminilidade e reforçar a atratividade.
Os seios hipnotizam os homens. Eles, numa conversa, perdem a concentração diante de um belo decote. As mulheres sabem disto. Elas usam isso como mecanismo “de argumentação” (ou, pelo menos, “de distração”). Algumas se dizem ofendidas com os olhares insistentes que procuram os belos decotes. É uma contradição. É, ao mesmo tempo, um direito delas de se sentirem indignadas.
Lembra a velha teoria do estupro: não é porque uma mulher veste uma mini-saia bastante curta, com generosos decotes e ainda seduz com danças que envergonharia uma profissional de strip-tease, que tudo isso justificaria a violência sexual.
A mulher tem o direito de se vestir e se comportar como quiser, obviamente, sem que isso signifique um convite ao sexo com o outro ou com a outra.
A sedução feminina é um algo maravilhoso.
É algo que faz a vida ter algum sentido.

SEDUTORAS: MÃES E FILHAS

É comum um homem na crise da meia idade tentar “recuperar a juventude” namorando uma garota muito jovem.
Algo parecido acontece com garotas novas, entre 30 e 40 anos, mas que casaram, tiveram filhos (e filhas) e, portanto, sentiram as mudanças no corpo (das escolhas feitas e da própria idade).
Elas eram lindas e costumavam atrair todos os olhares.
Após o casamento, filhos (e filhas), ainda são atraentes, mas percebem as mudanças.
Não estão mais “no primeiro plano” dos olhares.
As abordagens (cantadas) ficaram diferentes.
Serem casadas reforçavam as intenções masculinas de resumir tudo ao sexo.
Os maridos, normalmente apaixonados por elas e pelas famílias, não representavam sérios obstáculos aos casos de infidelidade.
Para elas, o que parecia incomodar mesmo era o fato de ter perdido “o brilho da adolescência”, o fascínio associado ao mito da “Lolita”.
Com os casos de infidelidade (assim como os homens nas crises de meia idade), tentavam “ter a antiga vida de volta”. Tentavam recuperar “os anos dourados” da própria história de vida.
As coisas pioravam quando as suas filhas tornavam-se adolescentes e passavam a ser vistas (pelas mães) como concorrentes.
Já ouvi (sem perguntar) amigas dizendo que sentiam-se mais atraentes e sedutoras do que as suas filhas de 18 anos.
Elas, na verdade, continuavam, na prática, jovens, entre 30 e 40 anos, mas, ao mesmo tempo, mostravam-se tão frustradas, tão tristes e ainda tão ingênuas.

sábado, 22 de novembro de 2014

IDADE & DILEMA

Depois dos 40 anos, é impossível evitar os “olhares moralistas”.

Quando o tema é amizade, com mais de 40, a situação torna-se bizarra.
Primeiro, aparece “a recusa de crescer”, o que leva a viver na mesma turma eternamente. O caso clássico é o do grupo Rolling Stones.
Segundo, vem o foco na família constituída a partir do casamento aos 20 anos: filhos, sogros, tios, cunhados e assim por diante. O auge (aqui) é o natal. O que acontece todo ano nesta data representa uma síntese do que a vida daquela pessoa tornou-se. O sentimento de tristeza no fim de ano não ocorre por acaso. Terceiro, aparece a escolha de ser sozinho. A maioria não compreende tal opção assim como acredita nos discursos dos governantes e nos telejornais brasileiros.

Além dos familiares e amigos, o indivíduo precisa conviver ainda com as pessoas no trabalho. Não importa se ele é eficiente, possui bastante experiência e uma ótima formação intelectual. Neste ambiente, os “olhares moralistas” são impiedosos: o consideram velho demais e o suportam ali quase como um favor.

Existe algo pior que ser excluído aos 40 anos numa “sociedade do trabalho”. Não bastam coisas como os “olhares moralistas”, as demissões, as falências, as traições e os divórcios (para citar alguns exemplos). É necessário ir além em termos de “civilização”.

O indivíduo não é “sacrificado”, jogado ao rio (com os membros das antigas tribos faziam com as crianças que não nasciam em perfeitas condições físicas) ou algo parecido. Ele é “mantido vivo” como uma espécie de punição. Ele é mostrado como um exemplo do que deveria ser evitado. É irônico porque todos necessariamente passarão dos 40 anos e viverão tais experiências.

As coisas podem ficar piores. O indivíduo pode querer disfarçar a idade e fingir que não possui 40 anos. Ele mistura-se aos jovens e acredita que passa despercebido. Não passa. Ninguém o acusa diretamente (isso é raro), mas falam mal longe dele e diante do indivíduo não conseguem disfarçar os seus “olhares”.

Além de toda essa humilhação, o indivíduo insiste em trabalhar, se humilha, implora para continuar sendo explorado pela empresa que sempre o desprezou. Não importa em receber salários menores do que os outros. Não importa com os risos e as piadas a seu respeito. Ele deseja ficar ali, naquele lugar em que não é desejado (que não é necessário mais).

O indivíduo evita reclamar porque as pessoas “normais” não gostam de negatividade. Crítica seria algo do passado.

Não dorme adequadamente. Acorda cedo. Vai ao trabalho. É desprezado nas conversas (como se não pertencesse aquele grupo).

No fim do expediente, é evitado pelos colegas. Se insistir em participar do “happy hour”, jamais poderá sair da mesa com o risco de tornar-se automaticamente “o assunto do momento” com críticas de todos os tipos e sem um pessoa ali para defende-lo.

Pode parece triste passar dos 40 anos, mas todos chegarão lá e não serão poupados porque fizeram cirurgias plásticas ou possuem bastante dinheiro.

É o início (do que a maioria) acredita ser a decadência cujo ponto final seria a morte.

Como sair disto?

Basta ser sincero.
Assumir que não deseja trabalhar numa empresa medíocre e nem que deseja ser tratado como um funcionário de segunda categoria.
Recusar os convites de familiares que desejam a sua presença só para confirmar a falsa tese da união familiar.
Não puxar conversar com os desconhecidos.
Quer saber algo novo e interessante, leia um bom livro, ali no bar mesmo.
E a solidão?! Todos sabem que todos nasceram e morrerão sozinhos. Sabem ainda que a pior forma de solidão é aquela quando se está invisível numa ambiente cheio de familiares e amigos.
Não dá para ser sozinho o tempo inteiro. O indivíduo é também um ser social. Para isso, existem alternativas e técnicas para lidar com os outros (quando achar que for necessário).

insônia & fantasma © profelipe ™

Diante de situações complicadas, as pessoas tendem a fazer escolhas radicais.
Tal atitude deve estar associada ao instinto.
As escolhas radicais, com o tempo, demonstram ser equivocadas.
As escolhas não existem em si. Elas geram consequências.
Essas pessoas, assim, após um certo tempo, estarão piores do que antes.
Surgem, neste momento, alguns sentimentos.
O arrependimento é um deles (“se não tivesse feito aquelas escolhas radicais”).
O rancor também aparece, afinal, os indivíduos (especialmente os familiares e os amigos) contribuem bastante para tornar algo ruim numa coisa bem pior. Eles dizem que fazem tudo pensando no bem do próximo, mas esse papo é furado e é usado por qualquer ditador de quinta categoria.
A culpa nunca é esquecida, porém, num momento de angústia e alienação, ela tende a ser associada aos outros (como ninguém me avisou que poderia dar errado?).
A inveja “marca” presença porque ao olhar ao redor, equivocadamente, a tendência é imaginar que todos vivem bem e sem problemas sérios.
A desilusão é instalada. Ela, na verdade, “fica entalada”.
A vontade é de sumir, de desaparecer.
O desejo é dormir e não acordar mais.
Aqui surge outro grave problema.
Em virtude de tudo o que aconteceu, o sono nunca chega.
Toda noite é o mesmo desespero.
A insônia é o cenário ideal para o ataque de todos aqueles pensamentos desagradáveis que foram evitados ao longo da vida.
Em sua cama, toda noite, ao fechar os olhos, o indivíduo não dorme. A velha amiga, a insônia, o espera, e com ela aparecem todos os fantasmas das escolhas erradas, das injustiças sofridas, das traições, das manipulações e dos fracassos.

APARÊNCIAS & JOGOS © profelipe ™

As pessoas gostam de aparecer. Elas precisam disto. Elas não existiriam sem os olhares dos outros. Muitas acreditam nisto.
Não importa se são olhares “moralistas”. Não importa se são condenadas pelos conhecidos e pelos desconhecidos. É necessário aparecer.
A existência, neste sentido, só seria confirmada pelos outros.
A existência só seria confirmada pela visibilidade.
Se aparecer é tão importante, cuidar da aparência do corpo seria fundamental. Todos os recursos e truques (maquiagem, tatuagem, botox, silicone, entre tantos outros) seriam válidos.
Tudo, no final, vira um jogo de aparência.
O primeiro contato, neste contexto, é feito pela aparência, Na medida em que ela é produzida, ela não é verdadeira, ela não representa o corpo como ele é (ou era originalmente).
Em um segundo momento, existindo interesse, vem a conversa. Aqui surgem novos truques: olhares, gestos e sorrisos são mecanismos para disfarçar (ou reforçar) aquilo que foi dito (ou não). A conversa não é verdadeira. Não pode ser. Assim como a produção da aparência, a conversa é “preparada” antes, quase ensaiada, com o uso de expressões e a repetição de palavras.
As pessoas sentem-se como personagens de novelas ou de filmes. Esquecem, algumas vezes, quem são. Misturam-se tanto com os seus personagens que acreditam que são verdadeiramente as máscaras que aparecem nos espelhos.
Culpam os outros quando algo dá errado. Esquecem que os outros também são personagens, são figuras produzidas para aparecer e possuem falas e poses prontas para o contato social.
No meio de tanto ensaio e produção, o que se perde é a vida real. Aquela… do aqui e do agora... Aquela... que não possui “replay”...
Talvez seja essa mesma a intenção deste “circo social”.
Em outras palavras, apesar dos esforços, no fundo, essas pessoas fogem de si e não querem saber dos outros.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

MEDO & ANSIEDADE

Eu não acredito, apesar do capitalismo “se alimentar de carne humana”, que o último modelo econômico chamado de “neoliberal” será duradouro na medida em que se antes as pessoas eram exploradas sobretudo com longas jornadas de trabalho manual nas fábricas – ver séculos XIX e XX -, atualmente os indivíduos são simplesmente expulsos do processo produtivo, o que gera uma grande mão-de-obra ociosa.
O grande problema nem seria a falta de um salário mensal. A questão central seria esse número cada vez maior de gente sem ter o que fazer numa sociedade que associava o trabalho a uma necessidade humana, tratava-o como algo bom, como uma forma de identificar o cidadão honesto e isso era passado ideologicamente por todos os “aparelhos” - incluindo religião, família e escola.
Multinacionais demitem até mais de 5.000 trabalhadores de uma única vez. Isso é mais complicado pois significa 5.000 famílias que dependeriam daqueles indivíduos. O que acontece com toda essa gente?
“Atualmente, quase metade das profissões (47%) pode ser substituída por máquinas no futuro, segundo um levantamento realizado pelos americanos Carl Benedikt Frey e Michael A. Osborne.” *
Sim, uma característica do neoliberalismo seria o “desemprego estrutural” – a pessoa perde o emprego e a profissão, mas qual seria o resultado prático disto?
De imediato, ocorrem as manifestações coletivas públicas ou mesmo dentro em lugares privados como shopping centers. Tudo é tratado equivocadamente como caso de polícia. A repressão é a estratégia dos governos tanto no Brasil como no Egito ou na Ucrânia ou na Tailândia. São países diferentes mas que possuem algo em comum: o modo de produção capitalista.
Além de não ter sido educado para lidar com o “tempo livre”, os indivíduos, hoje em dia, lidam com outro grave problema: não acreditam em projetos quanto ao futuro.
Os dirigentes da mídia não convencem mais na sua tentativa de associar um manifestante de rua ao marginal, ao criminoso.
Os políticos estão mais desacreditados do que nunca. Não é por acaso, afinal, que os governos utilizam táticas do século XIX para lidar com os indivíduos no século XXI. Eles, em ditaduras (como a Síria) ou em países democráticos, tratam as pessoas como números, estatísticas, como se não tivessem rostos, crenças, desejos e frustrações; ou tentam ainda falar que seria um problema individual – o mau caráter de um indivíduo especificamente – e não admitem que seria uma crise coletiva, social.
Admitir um problema é um passo para compreender o processo e para, depois, buscar uma solução. Isso não tem sido feito na crise atual, o que agrava a sensação de que o pior está por vir. Esse tipo de sentimento ocorre até com os alienados que não entendem o que acontece no mundo mas “desconfiam” que existe “algo errado no ar”. Medo e ansiedade “saem” dos consultórios dos psicólogos e psiquiatras e “invadem” as ruas. Pessimismo? Basta olha ao redor ou, talvez, no espelho.
(*) Derek Thompson. Here Are The 47% Of Jobs At High Risk Of Being Destroyed By Robots. Business Insider. Apud, Mercado Fechado. Yahoo, 28-01-2014. http://br.financas.yahoo.com/…/profiss%C3%B5es-que-n%C3%A3…/#

NEOLIBERALISMO, FUNDAMENTALISMO & DITADURA

O que acontece no mundo – neoliberalismo – é um erro. Voltar ao passado como se não tivesse ocorrido uma recente revolução tecnológica seria também um equívoco. Isso sem falar em opções totalitárias ou autoritárias.

As duas grandes opções na prática política do Egito, por exemplo, parecem ser entre o fundamentalismo e a ditadura militar.

O fundamentalismo (que, muitas vezes, é utilizado, de forma inadequada, como sinônimo de islamismo) ocorre “(...) quando os guardiães e representantes da verdadeira fé ignoram a situação sistêmica de uma sociedade pluralista e insistem – chegando até à violência – no caráter universalmente basilar de sua doutrina e na aceitação dela.” (Jürgen Habermas, Filosofia em Tempo de Terror, p. 43)

A ditadura militar não é um fenômeno estranho na América Latina, basta lembrar os casos (recentes) como: Brasil, Argentina e Chile, entre outros. É um erro ainda, por aqui, a opção pelo populismo, a busca de um “salvador da pátria”.
Muitos escolhem a “ilusão individual”, ou seja, ficar rico e conviver com as ameaças dos miseráveis ao seu redor. Não funciona. Como diria uma antiga música do Ultraje a Rigor: “[eles] vão invadir a sua praia.”

Quem faz a opção pela “ilusão individual” acredita ingenuamente em estabilidade e segurança. Acredita que bastaria construir muros altos para não permitir a invasão. Lembram-se do Muro de Berlim? Apesar deste exemplo histórico, foi tomada a iniciativa, recentemente, nos Estados Unidos e em Israel, de construir grandes e longos muros para proteger as suas fronteiras. O erro se repete.

Pode não existir uma única solução para a realidade atual, mas as alternativas apresentadas (até o momento) parecem agravar mais a situação do que se aproximar de uma resposta satisfatória para essa crise que é vivida cotidianamente por todos.

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Sir. Michael Philip Jagger © profelipe ™

Em relação aos Rolling Stones, Stephen Thomas Erlewine, na sua crítica sobre Hyde Park Live, afirmou:
“atualmente, a banda parece ser comandada por Mick [Jagger].”*
De fato, em um show das últimas excursões do grupo na Europa (antes da última feita para promover Grrr!), Keith Richards estava tão bêbado que quase caiu do palco. A maioria (do público) nem percebeu porque o show seguiu normalmente sob o comando de Jagger e (da guitarra) de Ron Wood.
Apesar de terem com a mesma idade (71 anos), Jagger parece muito mais saudável do que o companheiro de longa data de rock ‘n’ roll.
Particularmente, no que diz respeito aos Rolling Stones (e sobre esse assunto), tive duas experiências distintas no Rio de Janeiro.
A primeira aconteceu na “Bridges To Babylon Tour”.
Quem entrava sozinho no palco (no início do show) e era a base de tudo, sem dúvida, era o Keith Richards. Aliás, talvez esse tenha sido o melhor show do grupo que vi.
Por outro lado, em outro momento, no show de Copacabana, a liderança foi toda do Mick Jagger. Ele “segurou” o show diante de uma milhão e meio de pessoas na praia. Nesta noite, Keith Richards simplesmente desapareceu. Não fez falta.
Não foi por acaso, neste contexto, que chegou a sair um boato se o Keith Richards teria condições físicas para as comemorações dos 50 anos dos Rolling Stones (gravações e excursões).
No final, Keith Richards provou que tinha condições de trabalhar. Saiu das gravações de sua carreira solo o que viria ser o material inédito da coletânea Grrr! (Doom & Gloom e One More Shot).
No entanto, não dá para negar que, como foi dito anteriormente, mais do que nunca, pode se dizer que hoje em dia os Rolling Stones seriam a banda de um único líder: Sir. Michael Philip Jagger.

(*) “These days, the band seems driven by Mick.” Stephen Thomas Erlewine. Hyde Park Live. http://www.allmusic.com/album/hyde-park-live-mw0002564012

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

É NATAL © profelipe ™

É natal. Não existem mais limites no conflito entre israelenses e palestinos: agora invadem igrejas e matam as pessoas enquanto rezam.
É natal. “It sucks, of course.” Os comerciantes vibram e acreditam que as vendas serão como sempre.
É natal. O governo federal tenta dar um caráter político as prisões (e as confissões!!) na Operação Lava Jato. O ministro da Justiça tenta “inibir” as ações da Polícia Federal.
É natal. Trata-se daquela época do ano em que os familiares se encontram e que as pessoas pensam naqueles que não podem viver o clima dessa “bela época do ano” (tanto que regravam “Do They Know It’s Christimas?”).
É natal. É uma época, na prática, de hipocrisia, bebedeira e comilança. É uma época, basicamente, de cometer mais pecados.
O natal faz sentido para as crianças. Isso deve ser respeitado. Não é correto maltratar ou desprezar os sonhos das crianças. Isso não tem a ver com essa babaquice comercial da data.
O natal é também um dia religioso e isso deve ser respeitado também (independentemente da religião de cada um).
As festas de fim de ano trazem (em si) um clima de melancolia, de autoavaliação, daquela coisa rara (para a maioria) de pensar na vida. Os familiares (distantes) insistem em fazer aquelas reuniões harmoniosas que sempre acabam em baixarias com ofensas graves que buscam coisas (num passado longínquo) que todos acreditavam que já teriam sido resolvidas.
As festas de fim de ano representam uma época (na prática) de elogio ao sofrimento do ser humano. É tudo tão óbvio. A bomba relógio vem disfarçada com presentes, bebidas e bastante comida. Trata-se de um roteiro para garantir (no final) a infelicidade dos envolvidos. Só não vê quem não quer.
Em seguida vem a celebração do verão. Anabolizantes, bronzeamento artificial e photoshop. Começa o reino da felicidade forçada. È verão, logo, é preciso ser feliz. É a época do ano do elogio do prazer. Isso vai até aquele momento que seria considerado o auge, a síntese de tanta falsidade, banalidade e superficialidade: o carnaval.
Depois a vida volta ao normal. Ou começa. Ou termina. Tanto faz. Essa lógica do ser humano (algumas vezes) enche o saco.

 19-11-2014

domingo, 16 de novembro de 2014

IDADE & ROCK

O rock ‘n’ roll foi construído a partir do mito da juventude.
Isso significava vitalidade, beleza e protesto.
Velhos grupos de rock tornaram-se empresas.
Tudo seria vendido com o nome e a marca da banda. Neste contexto, os músicos e os seus empresários ficaram milionários. O dinheiro não deixaria de entrar nas contas.
A questão que insistiria em incomodar seria: por que continuar com shows ao vivo e longas excursões após os 60 anos de idade?
Vários shows dos Rolling Stones na Austrália e na Nova Zelândia, em 2014, tiveram que ser adiados (para novembro) por causa do suicídio da namorada de Mick Jagger. Apesar do transtorno da mudança das datas, a banda voltou (em novembro) para cumprir os contratos.
No meio na “nova” excursão, deixaram de fazer outro show, ou seja, não fizeram na data marcada e cancelaram o show na data adiada. Pelo menos não prometeram (mais) tocar em Hanging Rock (Austrália). De acordo com a imprensa, o cancelamento teria ocorrido “por conta de uma infecção na garganta do cantor Mick Jagger. (...) Segundo um comunicado oficial, ele tem ordens médicas para descansar as cordas vocais com o objetivo de conseguir terminar a turnê no país.”*
Apesar de cuidar da saúde – com exercícios físicos (e também para as tais cordas vocais), o vocalista dos Rolling Stones está com 71 anos. Pintar os cabelos (fazendo ainda inúmeras cirurgias plásticas) não significa congelar o tempo. Os músicos tornam-se caricaturas do que foram no passado. Por tratar-se do rock ‘n’ roll, as coisas pioram na medida em que precisam manter a imagem de jovens e rebeldes.
Outro caso em 2014 foi o Deep Purple. Vi vídeos do show da banda em Brasília e a aparência física do vocalista Ian Gillan representa a síntese da decadência. Para complicar ainda mais a situação, ele utiliza o suporte do microfone com uma bengala e a sua voz só aparece em alguns momentos das músicas (o que predomina, não por acaso, são os solos dos músicos). Lucas Esteves escreveu sobre esse show em Brasília:
“Para além do fato de que a grande banda iniciou o show com a quase desconhecida ‘Apres Vous’, do novo ‘Now What?!’, o que realmente causou surpresa foi o estado físico lamentável do vocalista IAN GILLAN. Totalmente sem voz e apoiado no pedestal aparentando estar às portas do desmaio, o Silver Voice assustou seriamente a plateia, que o via puxar o fôlego com grande dificuldade, exibir expressões de dor e grande cansaço. Foi praticamente incapaz de cantar a nova composição. A cada parada na voz, seguia para trás do palco.
(...) ‘Está bêbado?’ ‘Está drogado?’ foram algumas das questões feitas pelo público que estava na plateia. Entretanto, com o histórico de moderação assumido pelos vovôs já há algum tempo devido à idade, não parecia ser o caso. Com o tempo, e a chegada de “Hard Loving Man” e “Strange Kind Of Woman”, sofríveis nos vocais e excelentes no instrumental, foi possível perceber que a possibilidade mais óbvia era de que Ian Gillan estava bastante doente e que corria para a coxia em busca de nebulização. Ao voltar, aguentava alguns segundos a mais e logo voltava a convalescer intensamente."
A situação do Deep Purple “como empresa” é problemática no mundo do rock, afinal, do grupo original só restaram o vocalista, o baixista e o baterista. Para muitos, não existiria Deep Purple sem o excelente guitarrista Ritchie Blackmore. Os empresários não pensam desta maneira e os músicos que ainda “carregam o piano” para “manter” o nome da banda vestem-se como jovens e se arriscam bastante (em termos de vexames) em suas exposições públicas.
Em comparação, pelo menos em termos de (aparente) vitalidade (com base nos shows que aparecem no You Tube), os Rolling Stones estão bem melhores do que o Deep Purple. Entretanto, essa não é a questão chave. O problema é por que esses velhos senhores ainda insistem em parecer jovens e repetir o que, um dia, foram no passado? Não possuem autocrítica (ou espelhos)? Não admitem que o tempo passou? Não aceitam que as coisas mudam e que os papéis não são sempre os mesmos (em termos de aparência e de saúde mesmo) nas diferentes fases da vida?
O envelhecimento é um fato e a morte é certa para todos. Com o tempo, aliás, não se expor (em excesso) pode ser um boa alternativa. Isso não quer dizer desistir de viver. Isso significa só admitir que, diferente de quando se tem 20 anos, depois dos 50 não dá mais para querer ser o centro das atenções a partir da aparência física.

(*) Com infecção na garganta, Mick jagger cancela show de turnê na Austrália. Folha de São, 07-11-2014. http://www1.folha.uol.com.br/
(**) Lucas Esteves. Resenha - Deep Purple (Net Live, Brasília, 07/11/14) http://whiplash.net/materias/shows/213739

HISTÓRIAS EM QUADRINHOS & DRs

Uma vez, numa entrevista, o Frank Miller afirmou que não compreendia por que um super-herói namoraria uma garota simples (deu o exemplo do casal Superman e Lois Lane).
Achei razoável a argumentação de Miller e gostei mais ainda da criação de Elektra Natchios – com os seus poderes de ninja – e o interesse que causou no Daredevil.
Entretanto, pretendo (aqui) escrever sobre outra história: “Planejamento A Longo Prazo” (Marvel 108, Dezembro 2010) ou como aparece na capa da edição brasileira: “Sorte no Amor com a Gata Negra!”
Após enfrentar crises amorosas e brigas com duas garotas ao mesmo tempo (uma terceira chega no final mas evita entrar no tumulto), o Homem Aranha descobre que estaria vivendo toda a confusão por causa da Gata Negra, com quem teria tido um caso. Os dois precisam se unir para resolver um grande plano do vilão Diablo. O melhor, contudo, são os diálogos, as ironias e as explicações do caso amoroso durante a aventura contra o Diablo. A Gata Negra massacra o Homem Aranha assim como qualquer mulher inteligente (e ressentida) faria com qualquer homem.
Em uma de suas falas, a Gata Negra constata: “você também costuma fugir de mulheres fortes.”
Mais na frente, aparece o que poderia ser uma justificativa do Homem Aranha: “se você está brava por qualquer coisa que eu fiz... Desculpa, eu sou um canalha. Todos os homens são.”
As duas observações são verdadeiras: os homens são canalhas e não gostam de lidar com mulheres fortes. São obviedades, mas elas ganham “um tom especial” no meio da aventura de uma história em quadrinhos.
Diante do Diablo, numa daquelas lutas fantásticas, a pergunta que o Homem Aranha faz para a Gata Negra é: “eu fui bom de cama contigo?” A resposta vem na hora: “se você não fosse tão bom de cama, seria um idiota completo.” Na prática, no meio da briga dos dois contra o Diablo, tratou-se, claro, de um elogio.
Um pouco depois, já num momento de “Discutir a Relação” (DR) – andando sobre os prédios de Manhattan -, o Homem Aranha desabafa:
“A mulherada enlouqueceu! Ou é só impressão minha? Fala sério!! Porque todas as mulheres da minha vida surtaram...
[Para a Gata Negra] você me deu um é na bunda porque não gostava do que tinha embaixo da máscara. Você queria que tudo fosse um joguinho enquanto eu estava a fim de dar o próximo passo! ‘Cumé’ que virei o vilão da história?”
O Homem Aranha revela (aqui) por que todo homem foge de DR. É simples. É por incompetência mesmo. Primeiro, ele revela que não se envolve só com uma mulher (“todas as mulheres da minha vida surtaram”). Em segundo lugar, ele reclama que ela queria só sexo e só o deseja “com a máscara”, ou seja, ela não estaria interessada no verdadeiro homem que existiria por trás do super-herói. Ele ainda, em terceiro lugar, reclama que ele desejava que a relação fosse algo sério e não só mais um “joguinho”. Por último, quase como em toda DR, o Homem Aranha tenta se apresentar como vítima com a tal pergunta de como tornou-se “o vilão da história”.
Todo discurso do super-herói caiu no vazio diante da sedução da Gata Negra. Ao invés de dar seguimento a DR, a Gata Negra o toca, seduz... até que eles terminaram a primeira parte da história com um apaixonado beijo na boca.
E pensar que existe gente que acredita que histórias em quadrinhos seriam só para crianças...

Pink Floyd: Live at Pompeii © profelipe ™

Nem sempre “a versão do diretor” de um filme é melhor do que a versão original. Um exemplo claro é o “Live At Pompeii” do Pink Floyd.
A versão original não possui o velho apelo comercial. É justamente por isso que ela representa melhor o que era a música do grupo naquele momento.
A versão do diretor (aparentemente) teria a pretensão de transformar “aquela música” do Pink Floyd em algo mais “aceitável” para o grande público.
Para tanto, foram editadas e adicionadas imagens e cenas de gosto extremamente duvidoso (isso sem falar que não teriam a ver com a concepção original da obra).
Além disto, foram acrescentadas cenas dos músicos em estúdio, com entrevistas e depoimentos que lembram mais falas de músicos (“sem cérebro” no estilo dos personagens Beavis & Butthead) de heavy metal do que daqueles que se identificavam com o chamado “rock progressivo”.
Os ingleses acreditam que possuem um humor especial (e talvez até sofisticado).
Os músicos de rock (pelo menos) acreditam nisto e apresentam frases e histórias constrangedoras (como é tanto comum ver nas autopromoções do Robert Plant, após o fim do Led Zeppelin).
Em “Live At Pompeii”, “na versão do diretor”, descobrimos que “esse dom” não é exclusivo do antigo vocalista do Led Zeppelin.

sábado, 15 de novembro de 2014

Bomba Atômica Emocional

Todo indivíduo desenvolve, inconscientemente, dentro de si, uma espécie de Bomba Atômica Emocional (BAE). Ela fica escondida dentro do ser humano e é “alimentada” por “coisas” como fracassos, rejeições, traições decepções, rancores, invejas e assim por diante. Tudo piora com o passar do tempo e, assim, a BAE ganha mais complexidade e aumenta o seu poder de destruição.
O indivíduo utiliza o mecanismo da lógica para proteger-se de si mesmo e para, obviamente, não saber sobre a BAE. É um jogo perigoso. Ele, eventualmente, em algum momento da vida, terá que lidar com a BAE. Aliás, ela “ganha vida” nos piores momentos, como a morte de um parente, a falência da empresa, a demissão, o fim do casamento, entre outros.
A BAE lembra a história do indivíduo que deixa de procurar os monstros embaixo da cama quando descobre que eles estão dentro dele mesmo. É verdade.
Não existe solução. Viver é correr riscos e quanto mais experiências, claro, maior será o número de fracassos, rejeições e traições.
Só complica todo o processo quando o indivíduo insiste em fugir de si mesmo e prefere a facilidade da ilusão do que encarar a realidade como ela, de fato, se apresenta.
O indivíduo pode acreditar que exerce o controle sobre os seus filhos ou funcionários ou eleitores. Ele pode acreditar na segurança do planejamento quanto ao futuro. Ele pode sentir-se seguro com as estratégias proporcionadas pela racionalidade.
Tudo isso, porém, vira fumaça quando a emoção entra em cena. Tudo que parecia tão sólido não passava mesmo de um castelo de cartas. A emoção não pede licença e não escolhe a hora. Quando decide aparecer, não sobra espaço para qualquer outra coisa. Se ela vier “acumulada” na forma de uma BAE, não sobrará muita coisa do indivíduo (que, neste momento, já foi abandonado pelas ilusões e fantasias – construídas cuidadosamente ao longo dos anos). Se for o fim mesmo do indivíduo (a morte), ele poderá ser considerado “alguém de sorte”, afinal, em momentos deste tipo, coisas bem piores podem acontecer.

ROCK & EMPRESÁRIOS

Quando eu era adolescente, costumava ver a série dos Monkees na TV. Tratava-se de um grupo criado pela indústria cultural para aproveitar o sucesso de bandas como os Beatles.
The Monkees era uma cópia dos rapazes de Liverpool. O simulacro ainda ganhou "vida" em discos e shows.
O pior foi que, na época, o Jimi Hendrix foi escalado para abrir os shows dos garotos. Como isso seria possível? Seria algo como o AC/DC ou o Megadeth abrir um show para grupos como New Kids on The Block ou Backstreet Boys... Certamente o empresário de Hendrix deve ter achado que daria certo. Não deu. Em 29 de julho de 1967, saiu a notícia no New Music Express:
"Problemão com as garotinhas. Hendrix ligou para o NME para dizer que deixou a tour dos Monkees nos Estados Unidos. (...) Ele disse que os pais das jovens fãs dos Monkees o acusavam de ser vulgar."
Certamente você já ouviu falar de Jimi Hendrix e sabe a sua importância na história do rock. E os Monkees? Foi uma moda passageira como seriam os outros grupos criados pela indústria fonográfica, como Menudo, Bros (sucesso só na Europa), New Kids on The Block, Backstreet Boys, entre tantos outros.
Uma vez, vi um show de um grupo de mulheres, Go Go's, que eram acusadas de não tocar os próprios instrumentos. No show, atrás da meninas, dava para ver os verdadeiros músicos fazendo o trabalho. Isso foi em 1985. Atualmente, é comum cantores, cantoras e grupos que tocam "playback" em shows que deveriam ser ao vivo. Britney Spears não é a única. Patético.

CAMINHADAS

As madrugadas eram ideais para as minhas caminhadas. Sem o calor forte do dia, sem as multidões apressadas. Tudo era perfeito demais. Além do mais, no meu “itinerário”, havia bares. Conhecia todos. Conhecia os donos e o tipo da clientela (evito conversar). Era óbvio, agradável, fácil e saudável.
Ultimamente, porém, os problemas apareceram. Não consigo caminhar por duas ou três quadras sem ser incomodado por um rapaz qualquer. Quer dinheiro, o tal do “um real” ou quer cigarro ou qualquer outra coisa. Dá a impressão que ele precisa “tirar algo” para ele.
Acontecer uma vez, OK. Duas, parece algo normal. Entretanto, quando vira algo bastante comum, perde a graça.
É um fenômeno interessante. Primeiro, te chamam: “ou”, “brother”, “amigo”, “doutor”, “parceiro” ou qualquer outra palavra que faça você dar atenção ao sujeito.
Eu tenho uma metodologia simples: na rua, se quiser a minha atenção, precisa chamar pelo meu nome. Caso contrário, esquece, não olho, não dou atenção e continuo a minha caminhada.
Aqui aparece a segunda parte do fenômeno. Se antes o sujeito teria sido gentil – “o doutor” -, na medida em que não aparece a resposta, a cordialidade torna-se rapidamente em agressividade: “filho da puta, eu odeio esse povo de Uberlândia” (essa eu ouvi no último domingo de madrugada).
O que era (basicamente) um prazer – caminhar pelas ruas vazias da cidade e, eventualmente, “descansar” num bar ou em outro ou em todos – tornou-se uma coisa chata.
Preciso pensar em outra alternativa para a minha atividade física cotidiana.
(*) O clube pode ser uma opção (desde que seja longe da academia). O shopping center é uma ideia horrível porque a minha intenção é “caminhar de bar em bar” e não de loja em loja vendo aquelas caras esnobes e “maravilhosas” dos vendedores deste tipo de estabelecimento.
© profelipe ™

terça-feira, 11 de novembro de 2014

AMOR, SEXO & "STALKER"

O filme “Vanilla Sky” não deu certo. Muita pretensão e pouco resultado. Pareceu interessante, porém, a ideia inicial, ou seja, a relação complexa existente entre o mundo real e o mundo dos sonhos.

No filme, o personagem “David” tem um caso com uma bela garota – que é apaixonada por ele -, “Julie”. Ele não assume a relação e a trata como “fuck buddy”. Quando parte para outra relação, ela, com ele no carro, tenta (no caso dela, consegue) o suicídio. Antes, ela afirma:

“Don't you know that when you sleep with someone, your body makes a promise whether you do or not.”

Ele a trata como “stalker”. Interessante.

Quando uma mulher é apaixonada por um homem e ele aproveita a situação para, sem assumir coisa alguma, fazer sexo; ele a trata como “stalker”, doida, “aquela com quem eu só faço sexo” e assim por diante.*

O homem acredita que ele pode fazer sexo com uma garota apaixonada (quantas vezes ele quiser) e, sem retribuir o amor, pode ainda sair da relação quando quiser, sem problema algum. Ingenuidade.

O homem é “educado” para ficar com todas, fazer sexo sem envolvimento, e, mesmo depois de casado, praticar a infidelidade como “um direito natural do universo masculino”.

Neste contexto, ele não percebe que uma mulher não gosta de “one night stand” e que quando faz sexo, quer fazer amor. Essas são duas palavras que mudam tudo: sexo e amor.

Seguir o instinto egoísta de um animal selvagem não livra o homem de sofrer as consequências dos atos numa sociedade civilizada, quando o que seria “natural” passa a ser usado para fins de dominação, manipulação e poder.

Em outras palavras, o homem pode ser naturalmente mais forte, mas isso faz pouca diferença numa sociedade do ato e da palavra.

Insistir no instinto selvagem, além das consequências de uma relação “amorosa” mal sucedida, pode levar o homem a ser excluído do jogo social com a punição da exclusão (cadeia mesmo).

É um risco. É um preço. Ou aprende as regras da civilidade (se isso é bom ou não, pouca importa) ou não pode “brincar” de conviver na sociedade.
Parece razoável.

Sobre o filme e a “stalker”, as dicas são óbvias: evite fazer sexo com uma pessoa apaixonada se a intenção não for um comprometimento verdadeiro numa relação a dois.

(*) Quem conhece o meu cotidiano, claro, sabe que já tive algumas “stalkers” e que as consequências destas relações podem gerar crises bem sérias para todos os envolvidos.

UMA NOITE DE QUARTA-FEIRA EM SETEMBRO

Calor infernal. Sempre questiono se o mal estar aconteceria só comigo. Umidade do ar abaixo de 20%. OK, não sou só eu.

Numa quarta-feira, depois de ver futebol, uma hora da manhã, tenho que sair de casa em busca de comida (o micro-ondas pifou). Isso numa cidade do interior. OK²

Acho um Mc Donalds aberto (não ia num lugar assim faz bastante tempo).

Todo o processo foi irritante (para dizer o mínimo), sem contar que na mesa do lado estava sentado um candidato a deputado (com seus assessores). Mais alguma coisa para tornar a noite em algo próximo do “maravilhoso”.

“Esse humor” e “esse mal estar” não podem acontecer com todos (imagino), afinal, estaríamos vivendo uma época de muita violência nas ruas.

Ligo a televisão novamente. Pelo jornal, confirmo novamente que não seria só eu e que, sim, vivemos “essa época” mesmo.

A noite será longa (imagino²). Foi mesmo.
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Quinta-feira. Bebo cerveja desde as dez horas da manhã na sacada.
Penso: seria melhor ir ao clube...
Rio, piscina, bastante água por perto.
Bipolar, responde: boa ideia.
Então, fui.
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© profelipe ™ 17-07-2014

REUNIÕES DO COLÉGIO

Não gosto da ideia de festa do tipo “reencontro da turma” do colégio ou da faculdade ou algo assim.

Existem as festas no final de cada ano – quando o reencontro com os familiares distantes é quase uma obrigação – para demonstrar (com todas aquelas brigas e cenas constrangedoras) que esse tipo de evento não pode dar certo.

Por que alguém gostaria de reencontrar colegas de 10 ou 20 anos atrás?

Não existem boas intenções por trás de algo assim.

É mais ou menos como, depois de um certo tempo (meses, na verdade), retomar um namoro. Fica a impressão de que o período de “afastamento” teria sido estratégico do tipo “experimento algumas frutas na rua para avaliar o que tenho na minha geladeira”, ou seja, “brinco” com as novidades a partir da segurança do que teria em casa.

O problema é que as pessoas não são geladeiras. Algumas até parecem com frutas, mas nem por isso...

Enfim...

© profelipe ™

ANÚNCIO NA PLAYBOY

Não dava para imaginar, na década de 1970, que seria possível, um dia, ver filmes em casa.

Veio o VHS e foi uma revolução no cotidiano das pessoas.

Tenho uma grande quantidade de fitas, desde filmes e shows (oficiais) até o que eu gravava na televisão ou mesmo os famosos shows piratas que eram encontrados na Galeria do Rock em São Paulo.

Tenho bastante coisa neste formato.

Com a mudança da tecnologia, veio “a necessidade” de preservar o arquivo em CD-ROM, depois em DVD, que agora (faz tempo já) seria ultrapassado pelo Blu-Ray.

Economizei tempo e as fitas VHS permaneceram como fitas, mas empoeiradas e guardadas em um armário que não ouso abrir. Um dia terei que organizá-las. Nem penso em jogá-las fora porque sei que existem coisas lá que só vi em VHS. Não tenho pressa.

Os livros, de certa forma, sempre estiveram organizados na minha biblioteca. Gosto deste lugar. Passo boa parte do meu dia ali.

Os CDs e DVDs estão bem “encaminhados”.

Comecei, nesta semana, a pensar numa forma de organizar as revistas e não deixar as “torres” espalhadas por tudo que é canto no apartamento (sala, corredor, banheiro, biblioteca...).

Aqui, não sei por que, o desafio parece maior (não tanto quanto ao “universo” VHS). Comecei pelo menos.

O problema é que começo a mexer numa “torre” de Playboy, por exemplo, e quando percebo, sentei (esqueci da organização) e passei simplesmente a ler cada revista.

Essa "pequena introdução" serve para explicar o que encontrei: uma propaganda de um jeans numa Playboy brasileira (tenho números de vários países) de novembro de 1985 (p. 51).

O anúncio tratava de dicas de shows, teatro, cinema, livros e – "a pérola" – das gírias. Vale citar (as palavras em destaque são por minha conta):

“E para os que não abrem mão de um bom LERO com os amigos, lá vão alguns TOQUES preciosos que deixarão o assunto mais INCREMENTADO!

FICAR COM – O envolvimento entre rapazes e GATINHAS que se dá nas festas, indo de abraços e beijos às relações mais íntimas, sem a necessidade se conhecerem ou darem continuidade ao caso.

FILME QUEIMADO – GarotA que abusa demais com 'ficar com'.

PREGO – Rapaz que não dá a mínima a uma garota que está LIGADONA.

CALDÃO – Tudo que está fora de moda.

URUBU – É a pessoa asquerosa, que fica VUDUZANDO nossas vidas, invejando, causando o baixo astral. URUBUZAR é a ação do urubu, que corta a ONDA de todo o mundo.”

Apesar dos erros de português (era sobre gíria, "por favor"...), achei o texto muito interessante e bem datado, assim como “um retrato” de uma época.

O machismo era claro – ao tratar o homem como “rapaz” e a mulher como “gatinha” ou quando diz que “filme queimado” diria respeito só a garota que ousasse ficar com todos (esse seria “um direito” só do rapaz).

O termo “caldão” devia ser mesmo “fora de moda”, tanto que nem ele foi poupado e desapareceu... hehehe... (sinceramente, não lembro de ouvir alguém usar essa palavra).

Outro coisa era a homofobia vista como natural no período, ou seja, quando era definido o que seria “ficar com”, aparece claramente (e somente!) “o envolvimento entre rapazes e gatinhas”... Ops, e as outras variáveis?

Naquela época, não era comum ver jovens garotas bissexuais nem "boites" do tipo GLBT ou mesmo lidar com BDSM ou participar de “ménage à trois”.

O mundo mudou. Melhor assim.

A marca da roupa no anúncio era da “Jeaneration”.

© profelipe ™ 

HITLER

Ter sido batizado como católico e ter encontrado pessoalmente o Papa em 1993, certamente, não transformava Hitler num militante cristão.
O líder alemão, no que diz respeito à religião, quis passar para a história uma imagem associada ao anti-semitismo.
Aliás, foi divulgado, só depois de 40 anos, o plano de Hitler para eliminar também os líderes cristãos.
Hitler não poderia admitir um salvador judeu, o que o levou a várias manobras para tratar publicamente do cristianismo.
O que não seria adequado, claro, seria apresentar Hitler como cristão.

A PERFORMANCE DO VOCALISTA DO LED ZEPPELIN (GRUPO QUE ACABOU EM 1980)

Robert Plant foi excepcional como vocalista do Led Zeppelin. A sonoridade não seria a mesma sem ele, assim como não seria a mesma coisa sem os outros músicos (Page, Jones e Bonham).

O show de 2007 ficou muito bom mas foi um erro vir sob o título de Led Zeppelin. Afinal, John Bonham não estava lá. Seria um erro sair em "tour" e pior ainda se houvesse um álbum de estúdio com o título de Led Zeppelin.

Robert Plant continua como bom cantor na sua carreira solo. Entretanto, fora a bela voz, o resto ficou bem comprometido com o visível (e cada vez mais constrangedor) incômodo do vocalista com o seu passado com a banda
(ele gosta de afirmar - ironicamente - que foi vocalista de outro grupo - Band of Joy - mas o seu foco nas letras da carreira solo e em suas entrevistas sempre são o Led Zeppelin, o que demonstra, aliás, que ele usa a banda liderada por Jimmy Page para se promover...).

Eu vi o Robert Plant três vezes ao vivo aqui no Brasil. Não arrebento. Ele estava na fase de retomar o passado glorioso do Led Zeppelin, o que eu achava razoável (apesar das suas ironias, em entrevistas, com John Paul Jones).

Hoje, sinceramente, não sei se teria interesse em ver um show solo do Robert Plant e ter que ouvir, entre uma música e outra, a sua ironia (coitado... ele jura que possui o velho dom de antigos ingleses para o humor) contra o Zeppelin - mesmo sabendo que ele estaria usando o grupo (inclusive naquele exato momento) para se promover.

Enfim, na crítica do New York Times sobre o seu novo show aparece:

“A letra de ‘Turn It Up’ inclui um aceno para a sua imagem fixa na cultura pop – ‘A estrada continua a mesma’, ele ‘ronrona’, ironicamente, jogando no título de um hino do Led Zeppelin e também parece reconhecer os perigos de fazer isso na medida em que o Sr. Plant continua a fazer manchetes por recusar uma reunião com a sua antiga banda. Trata-se de um subtexto inquieto na música e funciona como uma demonstração de autoconsciência.”*

O crítico, Nate Chinen, não deve ser um grande conhecedor da trajetória do Led Zeppelin e deve ainda desconhecer os conceitos básicos da psicanálise.

Apesar do título óbvio do artigo (o que já demonstraria a fragilidade do Robert Plant nos dias atuais, afinal, o Led Zeppelin acabou em 1980!!) – “Buscando o novo, ainda o balanço do seu passado”, Nate Chinen mostra-se contido ao falar do vocalista.

Com um pouco mais de informação, ele poderia ser um pouco ousado quanto ao “subtexto inquieto” na música de Robert Plant.

(*) Nate Chinen. Seeking Out the New, Still Rocking His Past. The New York Times. Sept. 26, 2014. http://www.nytimes.com/2014/09/27/arts/music/robert-plant-with-led-zeppelin-hits-and-more.html?_r=0

A ARTE DE SER RIDÍCULO

Faz tempo que o troféu "eu uso o meu passado para promover a minha carreira solo" deixou de ser do Paul McCartney.

Robert Plant tornou-se desagradavelmente "o cara".

Jamais pensei que defenderia McCartney, ainda mais comparando qualquer coisa entre os Beatles e o Led Zeppelin, mas deve ser reconhecido que

(1) o vocalista era também músico (coisa que Plant não é) e

(2) quando usava o passado, não colocava a carreira solo como algo superior a sua antiga banda (bem diferente do velho vocalista do Zeppelin).

ONTEM Robert Plant insinuou que Jimmy Page e John Paul Jones eram músicos limitados!! Como ele pode afirmar com tanto certeza já que nem músico ele é?!!

É sempre bom ver o "fantástico" solo do Robert Plant (ele tinha dificuldade de ligar a guitarra e foi prontamente assessorado por um "roadie") no Rock n Roll Hall of Fame: https://www.youtube.com/watch?v=1aFqjP1iuzY

Alguns poderiam dizer que Plant trabalhou com Page e Jones durante muito tempo...

- É verdade. Sair do completo anonimato, conviver e aprender (durante mais de 10 anos) com músicos de estúdio que tocavam para grupos como The Rolling Stones e The Who (na década de 1960) deve ter sido uma experiência "razoável" para o Robert Plant... ou não...

Implicância??! Leia:

Robert appeared on BBC Breakfast to promote the new album. And once again he seems to have said something casually insulting, and totally ludicrous, about his former bandmates.

Listen from 1'48" .
We're told that Page and Jones "liked to play in E" - fair enough so far - but "now I'm with people who can change key. There's a little bar that you can put across the guitar" .

Yes I know, he's being facetious and "lighthearted" again... except that he's on live TV with a mainstream audience, and any quirky sense of humour would go right over their heads. All the average viewer would hear is the startling suggestion that two incredibly proficient guitarists could only play in E.

He never ceases to amaze.
…………………
I'm sure both Jones and Page would shake their heads and laugh at the comment, despite the veiled insult. Whether they "liked" to play in E is besides the point. I'm sure either of them could play in Q or Klingon if they wanted.

Plant's humor in this instance is a little off, and it's just his way in which he likes to give the I've-moved-on answer to any Zep question.

=> http://forums.ledzeppelin.com/index.php?%2Ftopic%2F21981-robert-plant-interviewed-on-bbc-breakfast%2F

© profelipe ™ 11-09-2014

Bill Gates & Steve Jobs

Bill Gates veio depois. Mais capitalista e menos revolucionário. Passou a perna em Steve Jobs.

A pirataria da Apple que poderia ser justificada em nome da “revolução tecnológica” e da perspectiva “computers for the masses”,

com o “nerd” e mau caráter Bill Gates

(não por acaso, com o seu dinheiro, depois de aposentado, queria o Prêmio Nobel da Paz – aliás, neste contexto, não deve parecer estranho que o Lula, quando presidente da República, tenha tido as mesmas pretensões),

tornou-se só pirataria mesmo, no velho e desonesto jeito de fazer negócios no mundo capitalista.

SO WHAT??!

Acho normal o uso de gírias. Não sou purista. Não suporto as reformas da língua portuguesa (como odiava as “novas” normas da ABNT).

A gíria pode ter uma função social e talvez até cultural. Não participarei deste debate.

Algumas gírias, porém, não pareceram razoáveis para mim, como o “néé” ou o antigo “vazou”.

Em inglês, sempre estranhei o uso cotidiano de uma palavra como “motherfucker”.

Num DVD dos Rolling Stones, querendo demonstrar intimidade com um convidado do show, Mick Jagger o chamou desta maneira.

Fiquei chocado. Sir Mick Phillip Jagger, com mais de 70 anos, se referir a outro senhor, com idade avançada, como “motherfucker” e isso deveria ser entendido como elogio...

"Sorry" periferia (como diria um antigo colunista social aqui no Brasil),
trata-se do fim dos tempos.