segunda-feira, 30 de abril de 2012

AMOR DOENTIO E EGOÍSTA


Não existe como saber se o amor de uma pessoa é verdadeiro ou não. A questão está na maneira como ela demonstra o seu amor. O que é esperado é carinho, solidariedade e outras formas afetivas de mostrar a emoção.
Entretanto, existe gente que confunde amor com ciúme e diz que ama e agride (tanto física como psicologicamente), grita e até mata. No Brasil, na década de 1970, as mulheres ainda eram assassinadas pelos maridos em nome da honra ou do amor.
A violência (física e mental) não significa que o indivíduo não ame. Ele acredita que a sua ação é provocada pela pessoa amada. Mais do que isso, ele se coloca na condição de "protetor" e de "educador", assume, portanto, como diria Freud, a figura do pai. Acredita que bater, humilhar e até matar seria algo legítimo pois ele faria isso pelo "bem" da pessoa amada. É uma forma doentia e egoísta de amar.
O ser amado, em situações como essas, prefere manter relações com supostos inimigos do que receber o amor daqueles que se colocam como os seus "íntimos" e "verdadeiros" companheiros. 

terça-feira, 24 de abril de 2012

Dúvidas e Respostas


A vida poder ser divertida. Mas, se for pensar seriamente, estar num lugar sem saber por que, não compreender a sua origem e não saber o que acontecerá após a sua morte, parece mais uma punição do que um prêmio.


O homem é condenado a existir e, ao mesmo tempo, não suporta a ideia de não existir (como se tivesse exisitdo desde sempre).


Freud já dizia:


"É possível (...) que a morte em si não seja uma necessidade biológica. Talvez os homens morram porque queiram morrer." (A arte da entrevista, p. 91)


O indivíduo não é criador de si mesmo. Isso não significa que a resposta estaria em alguma religião e, muito menos, se exisitira uma resposta. "A religião é o ópio do povo." Marx estava certo.


Jean-Paul Sartre lembrava ainda que "mesmo se Deus existisse, nada mudaria. (...) é necessário que o homem se encontre e se convença que nada pode salvá-lo dele mesmo."


Qualquer construção racional de uma resposta é destruída pela irracionalidade da emoção. Ela, a emoção, "explode" qualquer perspectiva de estabilidade, de segurança e de certeza.


Como conviver com tantas dúvidas e sem respostas? O indivíduo é "jogado" no mundo exatamente com essa mensagem: "se vira, essa é a sua condenação."

VIDA & MEMÓRIA


No filme "Blade Runner", o que diferenciava o ser humano do andróide era o passado, a memória de ter vivido uma infância, por exemplo.


Questionado sobre a imortalidade, Freud destacou, indiretamente, a importância da memória:


"A vida, movendo-se em círculos, ainda seria a mesma. (...) que utilidade isso poderia ter sem a memória? Não haveria ligação entre o passado e o futuro." (A arte da entrevista, p. 91)


Sem a memória, o ser humano torna-se raso. Ele vira, por exemplo, uma espécie de planta que decora uma sala - ela está ali mas não faz diferença.



Esquecer o passado é uma forma de fuga. Esquecer o conteúdo de um sonho é outra forma de censura:



"(...) o esquecimento dos sonhos é tendencioso e serve aos propósitos da resistência." (Freud, A interpretação dos sonhos, p. 501)


Em suma, esquecer é uma maneira de fugir do passado e do sonho. Por quê? Medo de si. Trata-se de uma fuga da auto-crítica. 


O problema é que apagar a memória é uma forma de não existir. Se, por exemplo, houve uma vida antes desta (ou não) perde a importância por causa da memória. O mesmo processo ocorre com o futuro: existe vida depois da morte? Pode existir ou não... mas resolveria o quê se a pessoa chega nessa "vida futura" sem a memória da vida atual? (É o provável na medida em que o indivíduo chega na vida atual sem a memória de uma outra vida antes dessa.)


Não adianta lembrar algo sem ter a capacidade de interpretá-lo. Isso significa fazer perguntas: por que a pessoa escolheu pensar em tal fato do passado? O que significa sonhar algo para a vida atual? 


Problematizar o passado ajuda o indivíduo a não cometer os mesmos erros. Quanto ao sonho, de uma forma bastante distorcida, ele pode revelar aquilo que o escudo racional não quer admitir para a própria pessoa.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

SEXO E REPRESSÃO

Não lembro, nas minhas leituras das obras de Domenico de Masi, de ver a teoria de filósofo francês Hebert Marcuse ser citada como algo favorável ao ócio criativo, que seria proporcionado pela revolução tecnológica do computador, que reduziria o trabalho do homem na produção e lhe daria mais tempo livre. 
Roger Kennedy, em seu texto sobre a libido, por outro lado, demonstra que a filosofia de Marcuse teria muito a ver com as teses defendidas por Domenico de Masi. Kennedy, destaca, primeiro, a perspectiva freudiana: 
"Freud afirmou que a civilização exigia a repressão das pulsões sexuais para que os seres humanos trabalhassem com eficiência." (Kennedy, Libido, p. 75) 
Seguindo essa linha de raciocínio, Roger Kennedy percebe uma continuidade nas hipóteses do filósofo francês: 
"Marcuse argumentou que isso pode ter sido necessário enquanto os produtos básicos eram escassos, mas se tornou desnecessário quando a tecnologia moderna passou a satisfazer as nossas necessidades sem repressão. O trabalho desagradável poderia ser reduzido, de modo que não precisávamos mais conter a sexualidade." (Kennedy, p. 75) 
De fato, a base da argumentação de Marcuse seria utilizada posteriormente por Domenico de Masi. Quanto ao resumo de Kennedy sobre Freud, pode ter ocorrido um exagero, na medida em que a sua afirmação não valeria para toda história da humanidade. A sua tese (atribuída a Freud na primeira citação) não seria verdadeira quanto ao discurso da sexualidade na Grécia Antiga. 
Numa perspectiva bem diferente do socialista Domenico de Masi e do marxista Marcuse, o nietzscheano Michel Foucault analisa a sexualidade como uma estratégia discursiva no exercício do poder. 
Se para Marx a luta pelo poder teria uma perspectiva "geral" na sociedade, a partir da contradição entre a classe dominante e a classe dominada, para Foucault não existiria essa "oposição binária e global entre os dominadores e dominados." (A Vontade de Saber, p. 90). 
Michel Foucault defende uma microfísica do poder:
"o poder está em todo lugar; não porque englobe tudo e sim porque provém de todos os lugares." (p. 89) 
Para Foucault, portanto, a repressão geral ao sexo não representa o ponto central do debate na medida em que existem "correlações de forças múltiplas que se formam e atuam nos aparelhos de produção, nas famílias, nos grupos restritos e instituições." (p. 90)
Em nenhum momento, na perspectiva dos outros citados, é negado o uso repressivo que pode ser ao sexo. A questão seria perceber essa problemática como uma repressão geral sobre toda a sociedade ou enfatizar as estratégias de repressão e de resistência espalhadas por todo o corpo social.

sábado, 7 de abril de 2012

LED ZEPPELIN, GROUPIES & SM

  • Os músicos do Led Zeppelin eram os que mais se relacionavam com as "groupies", em orgias e namoros (apesar de serem casados na Inglaterra). Jimmy Page, por exemplo, se envolveu com Lori Maddox quando ela tinha apenas 14 anos.
  • Sobre esse período e o guitarrista do Led Zeppelin, Pamela Des Barres afirmou:
  • "Jimmy carregava chicotes e gostava de infligir algum dano nas meninas. Ele também desenvolveu um hábito de visitar clubes de travestis, vestido em uniforme nazista e aplicava heroína cercado por drag queens. Se brincadeira saísse de controle, Page seria levado de volta para o hotel pelo tour manager e acorrentado num 'toilet' até que ele se acalmar."
  • No livro "Hammer of Gods" aparece a opinião de Jimmy Page sobre as "groupies":
  • “As garotas aparecem e posam de starlets, provocando e agindo de maneira arrogante. Se você as humilha um pouco, costumam voltar numa boa. Todo mundo sabe para o que elas vieram.”
  • Dizer "se você as humilha um pouco", de certa forma, confirma a depoimento de Pamela de Barres. Mais do que isso, como afirmei em outro texto, Jimmy Page gostava de usar um "Nazi SS Storm Trooper Hat" em shows do Led Zeppelin - acessório usado ainda em práticas de sadomasoquismo (SM).
  • Sobre estas problemáticas, numa entrevista com Tony Barrell em 2010, o guitarrista afirmou: 
  • "Eu tenho certeza que alguns de seus leitores podem ter flertado com o SM.
  • (...) Eu tenho um apetite voraz por todas as coisas desse mundo ou não ('unworldly')." 
  • Em uma resposta bastante vaga, de fato, Jimmy Page não negou o seu interesse pelo SM. Como ele mesmo disse, todos "sabiam para o que elas vieram", ou seja, os músicos se sentiam livres para fazer qualquer coisa com as "groupies".
  • Tudo ocorreu na década de 1970. Hoje, certamente, com tantas restrições à liberdade do indivíduo, seria difícil ver músicos e "groupies" agirem daquela maneira. Claro que muitos tentaram copiar o Led Zeppelin nas décadas seguintes, tanto em relação à música como no que dizia respeito ao comportamento. Entretanto, a maioria falhou.