sexta-feira, 23 de maio de 2014

CENSURA E POLÊMICA


Algumas pessoas gostam de afirmar que não lidam com o próprio passado porque “não vivem mais lá.” Trata-se de uma ilusão.
Não existe como fugir do passado, nem tentar “apagar” as experiências negativas da memória. As marcas (do passado) aparecem no corpo da pessoa e em seus sonhos. Basta lembrar do conceito de inconsciente de Freud.
Stalin, o ditador da ex-União Soviética, foi um exemplo (bem antes do photoshop) de quem tentou “retocar” o passado de acordo com os seus interesses. Numa foto original da Revolução Russa, Trotsky aparecia ao lado de Lênin, (que fazia um discurso).
Ao chegar ao poder e expulsar Trotsky do país (e depois mandar assassiná-lo no México), Stalin mandou “retocar” a foto original que havia se transformado em um importante documento da revolução. Neste processo, claro, Trotsky desapareceu da foto ao lado do Lênin num importante momento da história russa.
O cantor Roberto Carlos, aqui no Brasil, deveria lembrar disto quando tentou censurar as biografias dos pesquisadores (quando conseguiu o apoio, inclusive, de músicos censurados na ditadura militar, como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque).
Quando a apresentadora Xuxa deu entrevista afirmando que havia sido abusada na infância, muitos falaram que ela só queria chamar a atenção. Molestar crianças, quase todos sabem, significa criar adultos problemáticos (e até doentes). Portanto, esse não seria um tema adequado para piadas e ironias.
Ontem, no congresso, ao apoiar a chamada “Lei da Palmada”, que visa punir os agressores de crianças e adolescentes, Xuxa foi criticada por um parlamentar:
“(...) o deputado Pastor Eurico hostilizou a apresentadora e disse que sua presença era ‘um desrespeito às famílias do Brasil’. ‘A conhecida Rainha dos Baixinhos, que no ano de 82 provocou a maior violência contra as crianças’, disse, referindo-se ao filme Amor Estranho Amor, daquele ano, em que Xuxa aparece numa cena de sexo com um adolescente de 12 anos.”*
 A apresentadora deu uma resposta diplomática (com um gesto em forma de coração).
O problema é que, como Roberto Carlos, Xuxa quis proibir cenas do seu passado porque, na sua opinião, elas comprometeriam a sua imagem pública. Ela quis censurar tudo que dizia respeito ao filme de 1982. Não conseguiu e teve que enfrentar a polêmica no congresso ontem.  (Não cabe aqui, neste momento, discutir se o conteúdo do filme era ou não adequado, afinal, deveria ser considerado o contexto histórico em que o filme foi feito, entre outras coisas.)
A questão central é que não deve existir censurar. Quanto ao passado, cada um deve lidar com seus próprios fantasmas (com a ajuda ou não de psicoterapia). No que diz respeito ao espaço público, as ditas celebridades gostam de se expor e esquecem que isso gera consequências, intrigas, fofocas e ainda reforçam as lendas em torno delas, o que garantiria mais fama. Talvez esse seja o preço. Elas deveriam lembrar, como todo cidadão comum, que fofocas no espaço público são só isso: fofocas. Não são verdades. É necessária muita insegurança para sair por aí desafiando todos que ousam falar ou inventar algo a nosso respeito. Melhor do que isso, como no caso “clássico” do Roberto Carlos, seria tratar das neuroses no lugar adequado, ou seja, num divã de um psicanalista.

domingo, 18 de maio de 2014

WEBSITES


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ISCAS, PRAZER & CRÍTICA


No dia do show do Mudhoney, cheguei cedo e fiquei na área de fumantes até liberar a entrada para poder ver os shows (o outro grupo era o Leave Me Out).
Ali, experimentei uma bebida, de graça, servida num copinho por duas belas garotas. Associei tal passagem a uma fala do Toscani:
“(...) enquanto beldades decotadas, de saias curtas, ficam zanzando ali sem dizer mais do que três palavras, como nos anúncios.” (A publicidade é um cadáver que sorri, p. 169)
A estratégia, portanto, é antiga e é usada em eventos ou em shows de televisão. As garotas apareceriam como “iscas” no sentido de chamar a atenção. Depois, aparecia a bebida de graça (isca número 2). Assim, o indivíduo conhecia a bebida (neste caso, era Jägermeister”) e ainda a associava ao momento, quando foi abordado pelas duas mulheres.
Nada contra. Gostei da Jägermeister” (era a minha primeira vez mesmo) e as meninas eram muito bonitas. Essa sensação agradável, porém, não foi suficiente para me colocar só na posição de um objeto alienado que deveria beber apenas aquela bebida (tanto que, durante o show, bebi cerveja). Em outras palavras, no mundo da publicidade, existem cores, fantasias e “promessas” que nunca são cumpridas. Não existe novidade nisto. Penso... Será que seria possível apresentar algo realmente novo ainda vinculado ao modo de produção capitalista?