terça-feira, 29 de maio de 2012

A ILUSÃO DO MERCADO

O mercado - esse "ser invisível" (com "mãos", diria Adam Smith) - define como produtivo uma pessoa até aos 40 anos. E depois? Ela é descartada como qualquer mercadoria velha (diria Karl Marx). Corinne Maier (p. 64) esclarece que as coisas tornam-se mais complicadas após os 50 anos:
"No plano histórico, a seleção dos empregáveis (...) na área de planos sociais ou dos cortes de empregados atingiu de cara, os assalariados de mais de 50 anos. Fora cinqüentão! (...) O resultado é que hoje [2005] na França apenas um terço dos homens da faixa etária de 55-64 anos trabalha: um recorde mundial! "
Do ponto de vista do indivíduo, o que fazer? Se ele for ex-presidente da República, como o Lula e o FHC, pode criar um instituto para pesquisar "sobre ele mesmo". Mas isso é raro. O indivíduo comum cria uma pequena empresa com o dinheiro da demissão "voluntária" e finge que é empresário. Mais importante: finge que trabalha e que nada mudou. Essa é uma opção. Existe o tipo que insiste em procurar emprego (por anos, por décadas). Nos dois últimos casos, a solução encontrada seria "sair de casa" durante o dia e "parecer" que faz algo, como no filme "Um Dia de Fúria", estrelado por Michael Douglas.
Depois dos 40 anos, a pessoa já se deparou com algumas crises sérias. Além da falência e do desemprego, ela pode ter enfrentado o fim de um casamento, a morte de um familiar, traições de vários tipos, entre outros problemas. No "fantasma" do mercado - sempre ele... -, inventaram um nome para isso: "crise da meia-idade". É interessante perceber que, nesse discurso, a crise seria "do indivíduo", ele seria a "causa" do problema e não o tal mercado que o descartou... Pior do que isso, é que o indivíduo acredita nessa ideologia, pinta os cabelos, faz plásticas, tenta "parecer jovem" para "ser aceito" pelo mercado. Não pretendo repetir as críticas de Karl Marx ao discurso sobre mercado de Adam Smith. Trata-se de um ideologia, é óbvio. "Essa mão invisível" do mercado é uma ilusão. O que impressiona é que um discurso do século XIX ainda seja aceito como uma verdade absoluta nos dias atuais. Patético, para dizer o mínimo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.