domingo, 18 de setembro de 2016

Dilemas do Rock

The Sisters of Mercy tocam hoje no Rio. Dei uma olhada no YouTube e percebi que o show não mudou muita coisa desde que vi a banda ao vivo no Circo Voador (em 2006).
Agora, em 2016, ainda acontecem alguns shows interessantes: Aerosmith (vi no extinto Hollywood Rock em 1994), Guns n’ Roses (vi no Rock in Rio II em 1991) e Black Sabbath (vi o Ozzy no Rock in Rio I em 1985).
O principal problema não é a repetição de nomes na agenda de shows internacionais. A questão é que existe muito grupo fazendo “tour” sem lançar material inédito.
Aqui aparece o que “a tecnologia” tem feito com a indústria da música. Em outras palavras, quem realmente lança um álbum de inéditas hoje em dia (após, por exemplo, o surgimento do “spotify”)?
Parece que o próprio conceito de músico mudou. Keith Richards dizia (algumas décadas atrás) que “tocar discos” não transformava um DJ em músico. Ironicamente, os DJs são (hoje em dia) as atrações dos festivais de música eletrônica (que parecem bastante com os festivais de rock).
O rock morreu? Talvez não...
O problema é que muitos músicos envelheceram - começaram a morrer (Lemmy, David Bowie, Prince...) - e, no cenário atual, não existiriam grupos capazes de substituir as chamadas “bandas clássicas”.
Antes era fácil definir os principais representantes do rock - Elvis, Beatles, Rolling Stones, The Who, Led Zeppelin, Yes, Pink Floyd, David Bowie, Sex Pistols, Nirvana, U2...
Hoje os grupos não duram para lançar o segundo álbum (se é que lançaram o primeiro), Muitos músicos de bandas importantes se orgulham quando suas músicas aparecem em propagandas (para venderem outros produtos). É irônico, claro, na medida em que trata-se de um estilo musical, o rock n’ roll, que antes era associado aos rebeldes.
Não parece existir uma solução para o rock hoje em dia. O grupo que melhor representa os dilemas atuais talvez seja mesmo o Who. A banda começou na década de 1960. Eram quatro músicos. Dois morreram. Os outros dois – Roger Daltrey e Pete Townshend – fazem “tours” com o nome da banda. O público comparece aos shows. Entretanto, as pessoas não vão ver The Who por causa dos seus “clássicos”. Elas vão por causa do sucesso das séries de televisão C.S.I. (que usam músicas do grupo como “temas de abertura”). O lado comercial de tudo isso não parece incomodar Daltrey e Townshend. Aliás, o guitarrista do Who encara tudo com muito humor e fala que o Who atual não passa de uma banda "cover" que não representaria o que o grupo foi um dia.
Talvez seja isso. O rock morreu faz muito tempo. O que sobrou foi a repetição. Todo ano as principais atrações (do calendário de shows) são as mesmas do ano anterior... da década anterior... e assim por diante... É possível se divertir nos shows e não existe nada de errado nisto. O que não dá é fingir que, por alguma mágica, seria possível viver novamente o que aconteceu nas décadas de 1960 e 1970.
© profelipe 

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