quarta-feira, 3 de outubro de 2012

AS MULHERES SÃO DIFÍCEIS?


Seduzir uma mulher não é fácil. É necessária uma certa paciência para compreender todos aqueles sinais e dissimulações. O que mais irrita, no processo de conquista, é saber que ela também possui o mesmo objetivo: ficar junto. Entretanto, não pode ser fácil.
Algumas mulheres, atualmente, são consideradas "fáceis" pois dizem o "sim" rapidamente ou tomam a iniciativa na sedução. Aqui acontece o oposto: o homem desvaloriza essa relação na medida em que, de fato, houve uma inversão nos papéis, ou seja, ele foi objeto da conquista.
Complicado? Sim. Por quê? Somos todos civilizados, o que significa que precisamos considerar vários fatores além da realização pura e simples do desejo.
Qual seria o principal problema? Dizer que trata-se de uma relação de poder é o óbvio. 
Para Michel Foucault, "mesmo entre os gregos, fazer o papel de passivo numa relação amorosa era um problema." (Dits et Ecrits, p. 1154) Em outras palavras, o jogo de sedução não acontece somente numa relação heterossexual. O foco, portanto, não seria "a mulher que se faz de difícil". 
A questão, na conquista, é que quem assume o papel de "passivo" ("conquistado") aceita, indiretamente, uma posição de inferioridade na relação de poder.
Certamente existem várias significados e possibilidades para a perspectiva de " inferioridade na relação de poder" numa relação amorosa.
A mulher que "se faz de difícil" irrita o homem pois ele é impedido de exercer o seu poder. Ela conta ainda que o fato dele representar o "sexo forte" não significa coisa alguma porque, na civilização, ele não pode utilizar a violência como forma de dominação.
Trata-se de um jogo perigoso, que poderia ser resumido, de uma forma simplificada, em três fases: as estratégias de "resistência" da mulher (na verdade não seria uma resistência, seria apenas uma fase em que ela "poderia exercer o seu poder"...); a realização do ato pelo casal e, finalmente, a vingança do homem, que, após ter conquistado o seu objetivo, desprezará essa mulher dando prioridade às novas conquistas.
Neste estranho jogo de espelhos, ora um domina sabendo que posteriormente será dominado, o que importa é a imagem que cada um passa para a sociedade. A mulher pode ter vários homens desde que os outros não fiquem sabendo e todos jurem que trata-se de uma "pessoa séria". O homem, após a humilhação inicial, controlaria mais a sua imagem pois os valores sociais são machistas, ou seja, se ele espalhar que ficou com fulana, seria ruim para ela que teria cedido ao seu poder de sedução; para ele, mesmo que todos comentem que ele fica toda noite com uma mulher diferente, será considerado sempre um elogio e ele ganhará pontos com os amigos (e muitas mulheres) por causa da sua postura machista que, ideologicamente, seria reconhecida como uma postura de homem heterossexual. 

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