domingo, 15 de setembro de 2013

O HOMEM E O SELVAGEM

Priscilla Roth faz uma afirmação polêmica no seu livro "O Superego"  (p. 20-21):

"Muitas são as recompensas da vida civilizada; acima de tudo, a vida é mais segura numa sociedade civilizada."

Trata-se, de fato, de um erro na medida em que tal segurança não existe. O civilizado reprime os seus desejos - instintos naturais para atender as expectativas dos outros (família, amigos, igreja, escola, mercado, entre outros). Para tanto, ele ocupa o seu cotidiano com bastante trabalho para acumular bens materiais e, devido a ansiedade e o estresse desse processo, pode morrer com um ataque cardíaco.
Não existe, na condição humana, algo como segurança (ou estabilidade). O que existe é morte e os bens materiais em nada ajudam nesse momento.
Quanto ao estilo de vida do civilizado, Freud fez uma observação interessante :

"O selvagem, assim como o animal, é cruel, mas ele não tem a maldade do homem civilizado. A maldade é a vingança do homem contra a sociedade pelas restrições impostas a ele. É essa vingança que dá vida ao reformista profissional e as pessoas intrometidas. O selvagem pode cortar a sua cabeça, comê-lo, torturá-lo, mas ele vai poupá-lo das pequenas provocações que (...) tornam a vida em uma comunidade civilizada quase intolerável." (A arte da entrevista, p. 95)

Mais uma vez, Freud estava certo.

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