terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Invenção da mídia

Chega a ser engraçada a história de que a crise atual seria “invenção da mídia”. Em março de 2015, Renato Janine Ribeiro, professor de filosofia e ex-ministro da educação do governo Dilma, afirmou:
“Eu me pergunto qual seria a lógica de trocar Joaquim Levy por uma convulsão social. Ele já responde a uma parte substancial das demandas do mercado. Ele talvez seja o único ministro indemissível desse governo. Não apenas porque ele é forte. Se ele se demitir, todos saberão que Dilma não apoiou seu projeto de recomposição da economia.”*
Dilma demitiu Joaquim Levy, mesmo correndo o risco de uma convulsão social. Já ocorreram manifestações contra o aumento da tarifa do transporte coletivo, ainda que seja verão, logo após as festas de fim de ano e antes do carnaval, período em que as pessoas evitam tratar de “temas sérios”.
Dilma, aparentemente, demitiu Joaquim Levy para ter mais “liberdade” para lidar com a economia do país de uma maneira imediatista, visando evitar o processo de “impeachment”. Trata-se de uma opção política, que significa, na prática, entre outras coisas, perder o controle da inflação e o selo de bom pagador (no mercado internacional), permitir a desvalorização da moeda nacional e o aumento da dívida pública.
Não será fácil recuperar a estabilidade econômica após o Plano Real e a imagem que o Brasil conquistou neste período. É algo muito sério e tem a ver diretamente com o cotidiano das pessoas. Contudo, parece que a maioria está mais preocupada com as férias de verão e com o carnaval, seguindo o imediatismo da presidente da República e a crença de que a crise não existiria (seria só mais “uma invenção da mídia”).

© profelipe ™

(*) Luiza Villaméa e Márcia Pinheiro. A política e a perda do discurso ético. Brasileiros, 16-03-2015.  http://brasileiros.com.br/2015/03/politica-e-perda-discurso-etico/

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