segunda-feira, 18 de junho de 2012

Aleister Crowley: magia e originalidade


  • Antes do cristianismo, havia várias e diferentes religiões tanto no ocidente como no mundo oriental. Uma delas era o Taoísmo, descrita por Charles Guignon [(ed.) The Good Life, p. 1] como:
  • "(...) uma antiga escola de pensamento, (...) defendeu o 'deixa-estar' como abordagem de assuntos mundanos, um modo de vida caracterizado pela sintonia com a natureza e o cultivo de quietude e paz interior."
  • Jacques Lacan (Mais, Ainda, p. 156-157), em um dos seus seminários lembrava da associação do taoísmo com o sexo:
  • "No taoísmo, por exemplo – vocês não sabem o que é isto, muito poucos sabem, mas eu, eu o pratiquei, pratiquei os textos é claro – o exemplo patente na prática mesma do sexo. É preciso reter a esporra, para ficar bem. O budismo, este é o exemplo trivial por sua renúncia ao próprio pensamento.”
  • Aleister Crowley (1875-1947), ficou "famoso por algo chamado 'sexo mágico', ou seja, manter uma relação sexual indefinidamente sem ter orgasmo para produzir êxtase e intoxicação." (Stephen Davis, Hammer of gods, p. 86) Basicamente, tratava-se da concepção do taoísmo.
  • Crowley tinha 25 anos quando Freud publicou "A Interpretação dos Sonhos" em 1900. Teoricamente, deveria saber sobre as obras do Marquês de Sade (1740-1814).
  • Sade e Crowley sempre foram vistos como autores pornográficos. Crowley ainda tinha interesse pela magia misturada ao sexo, o que, de certa forma, remetia os seus ensinamentos aos rituais pagãos que existiam antes do cristianismo.
  • Freud, apesar de tratar da temática sexual, era um pensador sério, médico, pesquisador, cientista e inventor da psicanálise. Na sua análise sobre o comportamento humano, estava o debate sobre o sexo, mais precisamente o que estaria por trás do desejo sexual. Décadas depois, em "História da Sexualidade", o filósofo Michel Foucault trataria o sexo basicamente como estratégia de poder.
  • O sexo, a religião e a filosofia estavam presentes naquilo Aleister Crowley acreditava. Uma questão que surge é saber a influência de concepções tão distintas - como as defendidas por Freud, Sade e taoísmo - em sua obra. Ele vinha de uma família de classe média, com boa situação financeira. Os seus poemas tinham sido publicados em Oxford. Portanto, como negar a importância de tais teorias?
  • Existe uma possibilidade. O "bruxo" Paulo Coelho é muito criticado por vários motivos. O que chama a atenção no escritor brasileiro é, aparentemente, a crença de que ele não precisaria saber sobre as outras teorias, pois o seu conhecimento, publicado em seus livros, viria da "magia". Seria como admitir que a história do pensamento começasse com ele, Paulo Coelho, o que seria um absurdo.
  • Paulo Coelho foi parceiro do músico Raul Seixas. Ambos, influenciados pela teoria de Crowley, defendiam uma "Sociedade Alternativa". Na música aparece:
  • "Faz o que tu queres / Pois é tudo / Da Lei! Da Lei!"
  • Trata-se de um frase literal de Crowley - "Do what thou will, so mete it be" - citada no "The Book of The Law (Apud Stephen Davis, p. 85) Antes de Raul Seixas e Paulo Coelho, músicos do rock internacional já tinham resgato os ensinamentos de Crowley, como o guitarrista do Led Zeppelin, Jimmy Page.
  • Parece que a questão da originalidade não é algo levado muito a sério por aqueles que se dizem "bruxos". Isso, porém, não justificaria, por exemplo, a defesa do cristianismo, que, de acordo com o documentário "Zeitgeist", também não era original. 

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