domingo, 10 de fevereiro de 2013

SOLTEIRAS²³

Sábado. Noite. As pessoas saem. Algumas por opção outras por obrigação (sim, diversão, para elas, seria mais uma forma de confirmar a sua suposta normalidade). Quem fica em casa? Casais. Pessoas com mais de 40 anos. Obviedades.

Um grupo chama a atenção: as meninas que eram musas, modelos, entre os 15 e 21 anos. Elas eram adoradas onde chegavam. Todos olhavam. Elas eram desejadas pelos homens e, claro, invejadas pelas mulheres. Tudo, para elas, parecia perfeito. Namoravam. Estudavam em faculdades. Festas. Praias no verão.

E depois? Formadas, trabalhando, carro próprio. Seria a segunda parte do sonho? Não. Estavam mais velhas. Aquele namoro de anos havia terminado. Muitas ainda moravam com os pais. Algumas tiveram filhos, não casaram e também moravam com os pais. Deixaram de ser as musas. Foram trocadas por garotas mais novas.

Deixaram de ser o foco principal dos homens. Solteiras - após anos de uma relação monogâmica - não conseguem mais arrumar um namorado. No máximo, na noite, conseguem ficar com um rapaz que no dia seguinte estará com outra mulher. Precisam, nesta fase, pagar as próprias contas.

Começa aqui, para algumas, um ciclo "perigoso". Diante da realidade, param de sair em plena noite de sábado. Ficam em casa e a sua companhia preferida é a geladeira. Engordam. Muito. Não lembram mais aquele corpo perfeito de adolescente.

A auto-estima desaparece quase completamente. Se sentem feias. Se saem, são rejeitadas. Se ficam em casa, as coisas pioram.

Comer, beber (sozinha), ver televisão e navegar na internet não são exatamente formas eficientes de conseguir um corpo desejável.

Uma saída seria chamar as amigas que estariam na mesma situação - solteiras e rejeitadas. Claro que, oficialmente, isso seria uma "opção" na medida em que ficar com as amigas seria melhor do que ficar num "longo e tedioso namoro". A opção pelo grupo, na prática, confirma a fragilidade da pessoa. Os adolescentes precisam de grupo. Agora, como diria John Lennon, seria razoável permanecer assim na vida adulta? Ou, pior, aquela pergunta na música da Legião Urbana: "o que você vai ser quando você crescer?"

Ser adulto é um saco. A vida não é melhor para os casados. Aliás, um lado - os solteiros - possuem a imagem que o ideal seria ser casado e o outro lado acredita na imagem de que a felicidade só existiria no mundo dos solteiros. Imagens. Ilusões. São desculpas utilizadas, na verdade, para justificar um cotidiano que não faz sentido. O foco no estilo de vida do outro serve para desviar o foco de si mesmo. Trata-se da velha fuga de si, ou seja, da fuga da vida.

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