segunda-feira, 9 de julho de 2012

POLÍTICA: JOGO DE XADREZ?

O ex-presidente Lula acredita que realmente é especial e que a sua popularidade lhe daria poderes especiais, como pressionar e chantagear um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) no sentido de adiar o julgamentos dos seus amigos no processo do "mensalão".
Parece que Lula acredita ainda que as pessoas não lembram da sua oposição radical ao Paulo Maluf. A aliança com o ex-governador de São Paulo - com direito a uma foto histórica - deveria constranger qualquer petista que conhece a história do partido.
A crença em "poderes especiais" pode ser explicada pelo poder que Lula exerce no Partido dos Trabalhadores, mas não há como negar também o papel dos dirigentes dos meios de comunicação de massa que insistem em não mostrar os grandes erros do seu governo.
O mais óbvio e que não é debatido é o aumento no número de funcionários públicos, inclusive na ampliação de unidades do ensino superior. Ampliar, contratar e criar novas despesas era uma tarefa fácil para o ex-presidente - que conseguia a simpatia dos trabalhadores, sindicalistas e, portanto, obtinha um aumento em termos de votos nas eleições. O problema, claro, seria do seu sucessor, que teria que pagar os salários e cuidar da manutenção adequada das novas e das antigas unidades do governo federal.
Esse é o problema da presidente Dilma. A greve nas universidades federais é justa, mas o problema não foi criado pela presidente atual. O mentor do projeto foi p ex-presidente Lula e a presidente Dilma não pode denunciá-lo não apenas por ser do mesmo partido político mas sobretudo por vê-lo como seu "padrinho político". É o que, entre alguns pensadores da esquerda, chamam de "complexo da dívida".
Em 2009, no portal Terra aparecia uma matéria com o título: "Número de funcionários públicos cresce 11,75% no governo Lula". Os dados eram claros:
"O Executivo federal tem hoje 542.843 servidores civis ativos, um acréscimo de 11,75% em relação aos 485.741 servidores no início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. De acordo com o secretário de Gestão do Ministério do Planejamento, Marcelo Viana, houve a contratação de mais 57.102 servidores de 2003 até agora. Deste total, mais de 29 mil contratações ocorreram na área de educação, sendo 14 mil professores." *
No Valor Econômico, em 09/07/2012, diante de uma "ameaça de greve geral", Lula era lembrado:
"O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a sua experiência de sindicalista, certa vez comparou a greve dos funcionários públicos a férias remuneradas. Por isso, no Brasil de hoje, existem trabalhadores de primeira e de segunda categoria: os servidores públicos, com todas as suas vantagens e um direito de greve especial; e os trabalhadores da iniciativa privada." **
A greve geral seria algo justificável, de acordo com o presidente da CUT, Artur Henrique:
" 'Não dá para retroceder em relação aos oito anos de governo Lula (...) Não dá para esticar essa corda', diz, cobrando uma resposta rápida do governo, o que, segundo ele, poderia evitar uma greve geral dos servidores." ***
Seria uma luta dos petistas contra petistas? O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, na mesma matéria do jornal Estado de São Paulo, afirma que trata-se de
"um jogo de xadrez bem complexo." ***
Complexo? Por quê? O problema seria como resolver uma crise iniciada pela liderança do PT sem "manchar a imagem" do Lula? O "jogo de xadrez" contará com novas "peças" do STF no julgamento do "mensalão" em agosto. Nesta nova etapa, provavelmente será mais difícil manter "limpa" a história política do ex-presidente Lula.


* Número de funcionários públicos cresce 11,75% no governo Lula.
06/10/2009. http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4024735-EI7896,00-Numero+de+funcionarios+publicos+cresce+no+governo+Lula.html
** Ameaça de greve geral reaviva velhas discussões. Valor Econômico, 09/07/2012. http://www.valor.com.br/impresso/ Apud http://servidorpblicofederal.blogspot.com.br/
*** Marta SALOMON e Tânia MONTEIRO Sem Lula no Planalto, CUT aumenta pressão sobre Dilma por salário maior. O Estado de S.Paulo, 09/07/2012. http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,sem-lula-no-planalto-cut-aumenta-pressao-sobre-dilma-por-salario-maior-,897828,0.htm  

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