sábado, 21 de julho de 2012

PERVERSÃO

BDSM não é crime. É considerado, por muitos, uma perversão. Problema? Basta pensar nas questões freudianas. 
Neste contexto, Jacques André afirma: 
"A culpabilidade evoca a falta e, assim, a 'sequência de Édipo': desejo - proibição - transgressão." (Préface, FREUD, La malaise dans la culture, p. XVI)
Em outras palavras, a transgressão é uma forma de resistência aos limites impostos pela civilização. A perversão poderia ser vista também como resistência?
Do ponto de vista geral, da civilização, é interessante perceber que a centralização de poder da igreja na Idade Média reforçou a tese da culpa - o indivíduo "nasce no pecado" -, as técnicas de tortura - na Inquisição - e o autoflagelo como forma de tentar "limpar os pecados" a partir da dor.
O sentimento de culpa persegue o sadomasoquista. Essa culpa está associada aos abusos sofridos na infância. Trata-se, basicamente, da culpa de "não ser amado".
Nas guerras e nos regimes ditatoriais e totalitários, os militares "inovaram" criando várias e novas técnicas de tortura. O nazismo, em especial, tornou-se um símbolo nesse sentido. Não foi por acaso, aliás, que o uniforme nazista passou a ser utilizado nas práticas de BDSM.
O autoflagelo usado por religiosos, com o cilício, por exemplo, ainda deve ser associado ao pecado. No BDSM, a utilização do autoflagelo representa algo diferente: o recurso da dor física torna-se uma forma de tentar "apagar" uma dor emocional - normalmente um trauma sofrido na infância.
Em suma, apesar de ser visto como uma "aberração", o BDSM é resultado das contradições criadas pelos ditos "homens civilizados". Prazer e dor fazem parte da chamada condição humana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.