quarta-feira, 6 de novembro de 2013

ASSÉDIO SEXUAL


Dizem que as pessoas, especialmente as mulheres, são esnobes em Uberlândia. É verdade no caso da maioria. No que diz respeito ao sexo feminino, no entanto, seria interessante fazer algumas considerações.

Uma boa parte, entre as mulheres, não se enquadra no padrão de beleza atual. Assim, antes de sair, existe toda uma produção para que ela fique bela, isso sem falar nas cirurgias plásticas. Diante de tanto investimento, seria pouco provável que uma mulher se entregaria ao ouvir a primeira cantada vulgar de um homem bêbado com cheiro de cigarro e cerveja.

Por outro lado, toda essa produção pode provocar desconfianças diante dos outros:

"Engano possível sobre o corpo que os enfeites escondem e que se arrisca a decepcionar quando é descoberto; ele é rapidamente suspeito de imperfeições habilmente mascaradas; teme-se algum defeito repelente; o segredo e as particularidades do corpo feminino são carregados de poderes ambíguos." (Michel Foucault, O Cuidado de Si, p. 220)

Outro fato inegável é que as mulheres sofrem assédio sexual. Existe "(...) um 'olhar masculino', a forma como homens por sua obsessão voyeurista procuram manter as mulheres na posição de objetos sexuais que são passivos ao seu olhar." (Camille Paglia, Playboy, October 1991, p. 133)

Não é simples lidar com tal realidade. Por exemplo, “as anoréxicas defendem-se do olhar masculino refreando o desenvolvimento do próprio corpo.” (Kalu Singu, Sublimação, p. 61)

Outro problema é a alienação: uma coisa é admitir que "as mulheres, em sua maioria, precisam ser seduzidas e consideradas atraentes,"* outra é saber se elas têm consciência do que provocam nos outros. Camille Paglia cita exemplos:

"Vejo mulheres fazendo 'cooper' na rua com os seus seios para cima e para baixo e eu acho que elas estão loucas. Elas realmente não vêem que são um alvo de provocação ao correr.
(...) uma garota toma 12 tequilas numa festa de faculdade e um rapaz a chama para subir para o seu quarto e, então, ela fica surpresa quando ele a ataca?" *(Camille Paglia, Playboy, October, p. 170)

Isso não justificaria o estupro, afinal, toda mulher tem o direito de se vestir de uma maneira sensual sem ser atacada. O problema é se ela tem consciência do que provoca, de quais sinais ela estaria enviando aos outros? Se ela não for alienada, saberá certamente lidar com os olhares e as abordagens masculinas, sejam elas discretas ou não.

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