sábado, 5 de novembro de 2011

E O FUTURO?

Adoro o título do livro de Louis Althusser: "O futuro dura muito tempo" ("L'avenir dure longtemps"). Num dos meus livros publicados na Internet*, fiz a seguinte observação sobre esse livro:
"Avaliar uma obra a partir da vida cotidiana do autor não seria um caminho adequado. Isso não significa separar autor e obra, apenas quer dizer que devemos ter cuidado em associar automaticamente as duas coisas, ou pior, utilizar uma contra a outra. Um exemplo disso foi o caso de Louis Althusser. Diferente de Michel Foucault, que rejeitou qualquer possibilidade de publicação póstuma - mesmo tendo o quarto volume da "História da Sexualidade" pronto e que até hoje permanece inédito -, o que Althusser deixou em suas gavetas, análises, desabafos e confissões - feitos em clínica psiquiátrica após o marxista ter assassinado a esposa e julgado incapaz de ser responsável por seus atos - veio a público na forma do livro 'O futuro dura muito tempo'. Querer avaliar o pensamento de Althusser a partir daí, seria uma injustiça com o filósofo."
De qualquer maneira, acho o título do livro fantástico na medida em que o futuro incomoda todo indivíduo. O futuro, claro, não existe, é apenas um conceito inventado pelo homem para lidar com os problemas do seu cotidiano.
O que efetivamente incomoda qualquer um é a certeza da morte. Ela é o futuro. "Demora muito tempo"? Talvez. Até nisto, o indivíduo coloca altas doses de ansiedade - não é para menos, afinal, ninguém sabe o seu significado real. Alguns evitam pensar nessa possibilidade e outros acham que a morte "demora muito" para chegar. 
Faço parte do segundo grupo. Entretanto, lido com a ansiedade usando a própria certeza: ela demora, mas ela chega.
Imagino se os jovens teriam problemas com isso. Vi uma reportagem que dizia que os dois principais problemas no primeiro emprego estariam relacionados a pressa (ansiedade) e a falta de respeito com a hierarquia. Em suma, os jovens querem tudo "agora" e não respeitam as autoridades. Isso seria conseqüência, aparentemente, da educação que recebem (na família, na escola e em outros "aparelhos"). Seria assim também diante da morte? É difícil responder. Se o foco é o "agora", o que poderia acontecer no futuro não deve ser algo importante para eles. Provavelmente.
(*) Http://profelipe.weebly.com/lenda.html 

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