sexta-feira, 4 de novembro de 2011

† MORTE, RELIGIÃO, POLÍTICA & SEXO /\\/ 

Existe uma associação entre o autoflagelo religioso com cilício, as torturas sob regimes autoritários ou totalitários, as práticas sexuais do sadomasoquismo (SM)  e o instinto de morte que cada indivíduo possui.
A morte representa o desejo íntimo, como diria Freud, do "descanso eterno". O que mais se aproxima da sua realização são os riscos das  práticas sadomasoquistas. Poucas pessoas admitem serem adeptas do SM. De fato, não é para qualquer um. É necessário um trauma de infância e a coragem para repeti-lo na vida adulta. Existe um custo financeiro, na medida em que o processo não é barato, seja para participar dos clubes, seja para comprar os acessórios e as roupas. O SM como escolha de prática sexual, controlada, é para poucos.
A violência doméstica, descontrolada, punida pela lei, talvez seja uma forma marginalizada de lidar com os maus tratos na infância. Mais uma vez, a informação (o nível de educação) e a situação financeira parecem diferenciar aqueles que, por exemplo, participam de clubes de SM daqueles que simplesmente chegam em casa, revoltados com os baixos salários e com a vida miserável, e espancam as mulheres e os filhos.
Outra questão seria a religião. A base de sua dominação está na culpa. A pessoa "nasce em pecado". Existe um dívida que nunca será paga, pois o indivíduo continuará pecando. O cilício não representa só a reprodução da dor que Jesus sofreu ao ser crucificado. Ele é uma forma de autopunição, de tentar "limpar" os pecados.
A culpa também está na base do comportamento sadomasoquista, pois ela está relacionada aos abusos da infância. Normalmente, as crianças sofrem essa violência dos pais e isso gera um sentimento confuso porque, teoricamente, elas deveriam amá-los mas, ao mesmo tempo, eles são os responsáveis pelas seus piores dores físicas e psicológicas que elas sofrem.
A tortura como prática foi sistematizada, provavelmente, pela igreja na Idade Média. Vários métodos e aparatos, daquela época, são utilizados pelos sadomasoquistas. A tortura tornou-s algo comum nos modernos regimes totalitários e autoritários. O exemplo mais importante seria o nazismo, com o uso de técnicas horríveis nos campos de concentração. Mais uma vez, na fantasia dos rituais do SM, aparecem, algumas vezes, por parte do sádicos, cópias dos uniformes nazistas.
No mundo ocidental, existe uma visão negativa da morte. Ela aparece associada sobretudo aos processos da dor, da culpa e da perda. Ela não é vista como algo natural. Ela é mostrada, muitas vezes, como uma punição - como se ela fosse uma alternativa e não algo que necessariamente ocorre com toda pessoa.
Essa visão da morte está relacionada de forma importante com concepções aparentemente tão distintas como as práticas religiosas, políticas e sexuais. Poderia ser diferente, claro. Mas naquilo que é a condição humana, essa opção acabou sendo hegemônica.

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