quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Dilma Rousseff 2015

Na sua prisão por causa do mensalão, José Dirceu quis ter uma postura de mártir. Já na prisão por causa do petróleo, foi um constrangimento geral, até mesmo para as lideranças do PT, afinal, no meio de inúmeras provas e acusações, aparecia “o enriquecimento próprio”. Ou seja, a corrupção não era “o projeto do partido ou o projeto de Estado.”
Alguém lembra-se... de 2014 (ano passado!!):
. Uma estratégia da campanha petista da candidata Dilma em 2014 era “separar a ‘população entre norte, sul, nordeste, ricos, pobres’.”*
. Os analistas eram pessimistas quanto ao futuro econômico do país em 2015. No entanto, os brasileiros, influenciados pelos discursos de continuidade e de otimismo da candidata Dilma tinham outra postura:
“(...) os brasileiros em geral estão na contramão desse sentimento, o que ajuda a explicar o aumento da aprovação da presidente Dilma Rousseff (PT) e sua reação na corrida pela reeleição.”**
Hoje a realidade é bem diferente das previsões petistas. 
Recessão. Inflação. Desemprego. 
A própria presidenta Dilma admite a crise e afirma que é hora de sacrifício de todos os brasileiros (em 2014 ela fazia piada quanto ao pessimismo de Aécio...).
Hoje os mais otimistas admitem que a realidade do país pode começar a melhorar no final de 2016... 
O debate nas ruas é sobre o impeachment da presidente Dilma...
2014: mentiras, manipulações e ilusões... As consequências estão aí.
Isso é só o começo.

(*) Lilian V S Akel. No rádio Dilma ataca gestão de Aécio MG e explora o aeroporto e, Cláudio. Estado de São Paulo, 13-10-2014. 
(**) Ricardo Mendonça e Mariana Carneiro. Otimismo com economia cresce e bebefia Dilma em nova pesquisa. Folha de São Paulo, 22-10-2014.

Governo Federal 2015

O discurso muda com as circunstâncias. Antes “o selo de bom pagador” era usado pelos governistas para mostrar que o Brasil estava no caminho certo. Agora eles dizem que esse selo não é importante.
Tradicionalmente a única coisa que sobrevive às crises econômicas é 
(por motivos óbvios) o aumento de bebidas alcoólicas. 
Hoje, no país, nem isso. Basta comparar com o mesmo período do ano passado.
Obviedades. OK. A questão seria: como pode piorar mais? A resposta pode começar pelas experiências que apareciam como milagrosas (no início) e tornaram-se desastrosas (depois). Alguns exemplos:
. Censura aos Meios de Comunicação – Lei Falcão (Governo Geisel)
. Congelamento de preços (Governo Sarney)
. Confisco do dinheiro da população (Governo Collor)
. Moratória da dívida externa (Governo Sarney)
. Ameaça de confisco de terras das grandes propriedades (Governo Goulart)
. Renúncia do Presidente da República (Governo Jânio Quadros)
. Golpe de Estado (contra o Governo Goulart)
. Ditadura militar (1964-1985)
. Imposição do parlamentarismo (Governo Goulart)
. Reeleição (Governo Fernando Henrique Cardoso)
. Mensalão (Governo Lula)
. “Milagre Econômico” (Governo Médici)
Essa é uma lista bastante restrita. Existem muitos mais erros. O que existe em comum: 
os erros graves foram cometidos tão em períodos democráticos como ditatoriais.
Já vivemos isso. Daqui para frente, pelo menos, os políticos deveriam diminuir as tais bravatas e as suas pretensões de serem “salvadores da Pátria” e assumir posturas mais responsáveis quanto ao destino do país.
© profelipe ™

Rock in Rio 2015

Age. On the past I saw Rock in Rio live. Today I see (some parts) on television.

Age. The Royal Blood should call The Young Blood. Good sound, bass and drums. Simplicity. Unafraid to play for a crowd of over 80,000 people. The “Iron Man” riff was perfect there.

Age. 34 years as a rock band. Motley Crue. A musician does not support to see the face of another one. Old. Tired. Fat. It was as any cover band.

© profelipe ™

José Guilherme Merquior, Michel Foucault & Karl Marx

Não tenho paciência com gente que deseja parecer superior intelectualmente, esconde-se atrás de termos complexos e longos parágrafos, mas que, de fato, não apresenta originalidade alguma. Também não gosto de “muito barulho por nada”, como quando José Guilherme Merquior quis corrigir os intelectuais brasileiros sobre os termos que seriam corretos associados ao pensador Michel Foucault:

“(...) este antipanegírico de Foucault nasceu de uma constatação irritante: a de que, na maioria esmagadora dos casos, a tribo foucaldiana (entre nós, barbaramente autodesignada como ‘foucaultiana’) tem o hábito de ignorar sistematicamente o volume e a qualidade das críticas feitas às proezas histórico-filosóficas de seu ídolo.” (José Guilherme Merquior, Michel Foucault ou o Niilismo de Cátedra, p. 9)

Apesar da explicação (típica) de José Guilherme Merquior, prefiro utilizar o termo “foucaultiano” nos meus textos opinativos. Não seria para implicar com Merquior, aliás, sempre li os livros dos pensadores brasileiros de direita (como Paulo Francis, Nelson Rodriguez, entre outros). Não concordo com suas teses. No entanto, isso não seria suficiente para impedir qualquer tipo de leitura.

Eu não sou “foucaultiano”. Ele aparece bastante nas citações dos textos opinativos por um motivo óbvio: são textos que tratam do cotidiano e os marxistas (por exemplo) nunca se preocuparam em discutir objetos como sexualidade, loucura ou presídio.

Dito isso, eis a problemática de hoje: o que fazer quando a profissão que escolheu – e após décadas – parece não lhe dar mais prazer? Penso aqui no tipo de indivíduo que acredita que o seu trabalho contribui também para a sociedade (e, portanto, não trabalharia só por dinheiro).

Michel Foucault, após trabalhar (décadas) como professor e ter ficado conhecido como uma dos principais intelectuais do mundo por causa das publicações de seus livros, pensou seriamente em abandonar tudo e começar com outra profissão:

“Foi na época em que queria sair do Collège de France. ‘Uma coisa é certa, não vou recomeçar o meu curso no ano que vem,’ diz no início de 1984 a Pierre Bourdieu (...) Foucault falava também, várias vezes, em parar de escrever. (...) Foucault acha que o preço a pagar pela ‘glória’ é alto demais. Porém o que pode fazer? Como mudar de vida quando se tem quase sessenta anos? Ele pensa no jornalismo. Gostaria de escreve crônicas sobre geopolítica.” (Didier Eribon, Michel Foucault – Uma Biografia, p. 301)

Dar aulas pode tornar-se repetitivo. Faltam, algumas vezes, desafios. Agora escrever deveria ser um prazer. Foucault não pensava assim. A fama e ‘glória’ podem ser, pelo seu discurso, cansativas.

“(...) ‘a gente começa a escrever por acaso e continua pela força circunstâncias.’ Repete que escrever não é uma atividade que realmente ele escolheu.” (Didier Eribon, Michel Foucault – Uma Biografia, p. 301)

Michel Foucault não realizou os seus desejos porque faleceu em 1984.

Um outro autor (mais importante do que Foucault) que viveu em uma época diferente: Karl Marx. Foucault vinha de uma família rica, Marx não. Foucault queria mudar de profissão, Marx não. De fato, apesar de ser nietzscheano, Foucault admitia que as leituras das obras de Freud, Marx e Nietzsche foram fundamentais na sua carreira.

Marx, na velhice, “sentia-se menos capaz das campanhas ativas de sua juventude e anos intermediários; o excesso de trabalho e a pobreza tinham-lhe minado a resistência; vivia cansado, com frequência enfermo, e começou a preocupar-se com a saúde.” (Isaiah Berlin, Karl Marx, p. 246) Além disto:

“A impaciência e irritabilidade aumentaram com a velhice e ele tomou cuidado para evitar a companhia de pessoas que o aborreciam e a quem desagradava com suas opiniões. Tornou-se mais difícil no relacionamento pessoal.” (Isaiah Berlin, Karl Marx, p. 246)

Provavelmente os exemplos citados (principalmente no caso de Marx) não serviram muito para responder o que seria a problemática central deste texto. Contudo, as ideias aqui apresentadas podem servir como reflexão no sentido do que fazer e como se comportar quando a crise da meia idade deixa de ser só um conceito (distante) e torna-se uma realidade.

© profelipe ™ 30-09-2015

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

VICIADO EM SEXO

Algumas coisas despertam a curiosidade das pessoas e, depois de algum tempo, perdem o caráter de novidade e até são aceitas como normais.
Neste sentido, o tema do sexo é o que mais chama a atenção. O ato sexual é uma coisa natural, um instinto óbvio. Ele desperta mais a curiosidade não pelo ato em si, mas pelo que os indivíduos constroem sobre ele, criando regras, proibições, condenações e assim por diante.
O que era algo natural e simples torna-se um instrumento de poder no mundo civilizado (ler Foucault). Entre os vários exemplos, chamou a atenção quando Tyger Woods e Michael Douglas foram internados em clínicas por serem considerados viciados em sexo. De acordo com a revista Galileu:
 
“Apesar do caso de Tiger ter tido repercussão mundial, as consequências na vida de um viciado podem ser ainda mais destruidoras. As relações sociais se desgastam, o desempenho profissional e escolar cai e não existem mais momentos de lazer. ‘Em muitos casos, os compulsivos perdem o emprego e, por pagarem cada vez mais pelo sexo, eles quebram financeiramente’, explica a Dra. Carmitta. Outra sequela é o desgaste físico e a significativa perda de energia causada pela prática excessiva do sexo, o que leva a uma baixa da imunidade. Aliando a isso o fato de toda a preocupação com o sexo seguro perder o significado e o número de parceiras aumentar, o viciado passa a correr o risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis com muito mais facilidade.”*

O vício em sexo, basicamente, é percebido como um desequilíbrio que atrapalharia a vida de um indivíduo civilizado, podendo comprometer até a sua saúde.
Outro caso que chamou a atenção (esse mais recente) foi o do vocalista do Iron Maiden, Bruce Dickinson, que associou o câncer de língua com o sexo oral. Estado de São Paulo:

“Em uma entrevista a uma emissora de rádio americana, Dickinson disse que havia cistos ‘do tamanho de uma bola de golfe’ na região da boca. ‘Todo mundo brinca sobre Michael Douglas [que fez afirmações no mesmo sentido] porque ele fazia sexo oral e era, digamos, tudo bem, nós precisamos superar isso, caras, porque isso é meio sério. Há centenas de milhares de pessoas em risco por isso’, disse (via NME). ‘Caras devem saber que, se você tem um caroço por ali, e tem mais de 40 anos, não apenas imagine que antibióticos vão dar conta. Vá e tenha o caso checado corretamente. É importante’, continuou Dickinson.”**

De fato, na sociedade, sexo é tratado como algo proibido ou como piada. As pessoas ficam constrangidas ao falar desta problemática e utilizam o humor como forma de defesa ou uma estratégia para mudar de assunto.
O ato sexual é um instinto natural que é realizado num cenário civilizado, o que complica bastante em virtude dos diversos valores inventados para lidar com essa questão.
O óbvio sobre sexo: tem a ver com saúde (também) e tem a ver como o indivíduo é aceito na sociedade (devido a sua opção sexual)...
Enfim, dissimular e fingir que sexo é algo simples não resolve a sua complexidade e os riscos que envolvem a sua prática.

© profelipe ™

(*) Érika Kokay. Entenda o vício sexual de Tiger Woods. Galileu. http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI124234-17770,00-ENTENDA+O+VICIO+SEXUAL+DE+TIGER+WOODS.html

(**) Bruce Dickinson, do Iron Maiden, diz que sexo oral pode ter causado câncer na língua. O Estado de São Paulo, 04-09-2015. http://cultura.estadao.com.br/blogs/radar-cultural/bruce-dickinson-do-iron-maiden-diz-que-sexo-oral-pode-ter-causado-cancer-na-lingua/

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Mudança e Frustração

Antes, ir em algum “sex shop” parecia algo estranho, tinha que ser escondido, em alguma madrugada. Parecia que só de estar lá, a pessoa estaria fazendo algo errado.
Foi o tempo. Hoje, existem produtos que eram vendidos em “sex shop” que agora são vendidos em farmácias (em alguns países, pelo menos...).
Parecia bem estranho (até para as amigas), uma garota admitir que usava vibradores. Hoje algo assim pode até ser presente de namorado ou marido.
A internet foi importante no sentido de desmistificar os “brinquedos eróticos”. Acessórios que antigamente eram exclusivos das pessoas do BDSM, agora são adquiridos por casais “normais”.
Tudo isso ajudou a diminuir a velha distância que sempre houve entre o que era considerado “bizarro” e o que era aceito com “normal”.
Nas velhas discussões nos tribunais sobre estupros, é recusado e ridicularizado aquele tipo de discurso machista do policial que afirmaria que “a garota seria a responsável pela situação porque estava vestida como prostituta.” Qualquer garota veste como quer e isso não tem nada a ver com um convite para o sexo.
Os homens, daqueles que ainda sonham com a “Amélia”, têm bastante dificuldade para compreender estas mudanças. Para eles, antes era tudo mais fácil: 
sexo “selvagem” era com a prostituta, casava com uma virgem que seria mãe dos seus filhos e, se necessário, continuaria com os encontros com as prostituas. Esse era um privilégio masculino. A esposa deveria permanecer fiel.
Tal mundo não existe mais e a frustração masculina, algumas vezes, pode ser associada à violência doméstica e até aos assassinatos de namoradas ou esposas. Infelizmente.
Esse tipo de reação, por parte de alguns homens, não tem nada a ver com resistência. É simplesmente caso de polícia. As mudanças nos relacionamentos já começaram e não devem parar tão cedo.
Cresça ou fique isolado do mundo.
© profelipe ™

Uns e os Outros

As coisas perdem as cores, perdem os sabores. O que era fantástico, torna-se repetitivo. O tédio prevalece. Tudo isso poderia ser a descrição de 3 anos de namoro ou 10 anos de casamento. O pior é quando esse tipo de crise aparece e a pessoa está sozinha. Ou seja, nem colocar a culpa no outro indivíduo ela pode.
O chato é olhar para o lado e perceber que o mundo continua “funcionando” como antes, todos fazem as suas coisas e sua crise reforça os sentimentos de impotência e solidão.
O “seu olhar” para os outros é incompleto na medida em que é um olhar de quem está em crise. Em outras palavras, nessa situação, é normal a percepção de que que todos estariam felizes e que as coisas deram errado só na sua vida.
Não é bem assim, claro. Os outros estão aos pedaços também, mas sabem esconder e disfarçar o que de fato acontece no outro jardim. Sentem pena de quem assume a crise como se fossem fortalezas racionais. É mentira. São castelos de cartas. Estão à beiro do abismo. Sabem disto, Dormem mal (quando dormem).
Desconfiam que uma hora a verdade prevalecerá e tudo desabará. Estão certos. Temem a morte por causa da vida que tiveram. Sabem que o arrependimento não resolve mais, aliás, ele sempre foi uma estratégia para enganar “os otários” para poder prejudicá-los novamente.
E pensar que fizeram tudo por dinheiro e que essa premissa não vale coisa alguma quando a vida chega ao fim. A velha senhora não aceita suborno, não acredita em arrependimento. Ela (a morte) faz o que tem que fazer, cumpre o seu papel... na vida de cada indivíduo.
© profelipe ™