sexta-feira, 23 de setembro de 2011

HISTERIA

Atualmente, as pessoas fazem piadas com o termo "bipolar". Na verdade, trata-se de uma doença séria, que acabei aprendendo algo a partir de outra doença, a depressão. Só recentemente ouvi o a expressão "Personalidade Borderline" e fui ler a respeito. As características dessa doença parecem muito com algo, que na época de Freud, era chamado de "histeria".
Apesar de ser uma doença mental e hereditária, o contexto social pode influenciar nos momentos de crises dos pacientes. Neste sentido, acredito que a histeria "desenvolveu" para algo mais complexo como a Personalidade Borderline devido sobretudo as várias transformações ocorridas na sociedade nas últimas décadas.
Uma das características da Personalidade Borderline é a automutilação. O paciente se corta, por exemplo, e diz não sentir dor. De certa forma, Freud havia percebido isso no caso da histeria:
"Os distúrbios da sensibilidade são os sintomas nos quais é possível basear um diagnóstico de histeria, mesmo nas suas formas mais rudimentares. Na Idade Média, a descoberta de áreas anestésicas e não hemorrágica (sigmata Diaboli) era considerada prova de feitiçaria." (Freud, Histeria)
Se a Personalidade Borderline aparece claramente no início da vida adulta do paciente, no caso da histeria não era diferente:
"Conforme se sabe, a juventude, dos quinze anos em diante, é o período no qual a neurose histérica, na maioria das vezes, se mostra ativa em pessoas do sexo feminino." (Freud, Histeria)
Hoje em dia, existem tratamentos e remédios modernos para as doenças mentais, que são necessários aos pacientes pois os seus distúrbios têm origem no sistema nervoso. Trata-se de uma causa biológica, a pessoa nasce com aquilo. Entretanto, mesmo tomando os medicamentos corretamente e seguindo todas as orientações do médicos, alguns pacientes não melhoram. Por quê? Primeiro, cada caso é diferente do outro e nem sempre um tratamento que foi eficaz para um paciente será para o outro. Mas, em segundo lugar, existe outro fator que pode ser fundamental: a causa social. Em outras palavras, as contrariedades e os traumas vividos pelo paciente, causados por outras pessoas, podem ser determinantes na avaliação do seu quadro. Freud era claro neste aspecto:
"O trauma é uma causa incidental freqüente da doença histérica, em dois sentidos: primeiro, porque a disposição histérica, anteriormente não detectada, pode manifestar-se por ocasião de um trauma físico intenso, que se acompanha de medo e perda momentânea da consciência; em segundo lugar, porque a parte do corpo afetada pelo trauma se torna sede de uma histeria local." (Freud, Histeria)
Sim, as pessoas ditas normais têm responsabilidade no tratamento de pessoas com doenças mentais. Não levar isso em consideração, é criar um conflito desleal com um paciente que não possui as mesmas armas para se defender. Não há como negar, como lembrava Freud, que "as causas acidentais de histeria (...) são importantes na medida em que desencadeiam o início de ataques histéricos, de histerias agudas." (Freud, Histeria)
Sim, somos todos responsáveis. Colocar na vítima a culpa pela violência que sofreu é, sem dúvida, uma das piores características dos seres humanos.   
2011© profelipe /\ http://flertar.blogspot.com/ \/ 

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