terça-feira, 11 de novembro de 2014

ANÚNCIO NA PLAYBOY

Não dava para imaginar, na década de 1970, que seria possível, um dia, ver filmes em casa.

Veio o VHS e foi uma revolução no cotidiano das pessoas.

Tenho uma grande quantidade de fitas, desde filmes e shows (oficiais) até o que eu gravava na televisão ou mesmo os famosos shows piratas que eram encontrados na Galeria do Rock em São Paulo.

Tenho bastante coisa neste formato.

Com a mudança da tecnologia, veio “a necessidade” de preservar o arquivo em CD-ROM, depois em DVD, que agora (faz tempo já) seria ultrapassado pelo Blu-Ray.

Economizei tempo e as fitas VHS permaneceram como fitas, mas empoeiradas e guardadas em um armário que não ouso abrir. Um dia terei que organizá-las. Nem penso em jogá-las fora porque sei que existem coisas lá que só vi em VHS. Não tenho pressa.

Os livros, de certa forma, sempre estiveram organizados na minha biblioteca. Gosto deste lugar. Passo boa parte do meu dia ali.

Os CDs e DVDs estão bem “encaminhados”.

Comecei, nesta semana, a pensar numa forma de organizar as revistas e não deixar as “torres” espalhadas por tudo que é canto no apartamento (sala, corredor, banheiro, biblioteca...).

Aqui, não sei por que, o desafio parece maior (não tanto quanto ao “universo” VHS). Comecei pelo menos.

O problema é que começo a mexer numa “torre” de Playboy, por exemplo, e quando percebo, sentei (esqueci da organização) e passei simplesmente a ler cada revista.

Essa "pequena introdução" serve para explicar o que encontrei: uma propaganda de um jeans numa Playboy brasileira (tenho números de vários países) de novembro de 1985 (p. 51).

O anúncio tratava de dicas de shows, teatro, cinema, livros e – "a pérola" – das gírias. Vale citar (as palavras em destaque são por minha conta):

“E para os que não abrem mão de um bom LERO com os amigos, lá vão alguns TOQUES preciosos que deixarão o assunto mais INCREMENTADO!

FICAR COM – O envolvimento entre rapazes e GATINHAS que se dá nas festas, indo de abraços e beijos às relações mais íntimas, sem a necessidade se conhecerem ou darem continuidade ao caso.

FILME QUEIMADO – GarotA que abusa demais com 'ficar com'.

PREGO – Rapaz que não dá a mínima a uma garota que está LIGADONA.

CALDÃO – Tudo que está fora de moda.

URUBU – É a pessoa asquerosa, que fica VUDUZANDO nossas vidas, invejando, causando o baixo astral. URUBUZAR é a ação do urubu, que corta a ONDA de todo o mundo.”

Apesar dos erros de português (era sobre gíria, "por favor"...), achei o texto muito interessante e bem datado, assim como “um retrato” de uma época.

O machismo era claro – ao tratar o homem como “rapaz” e a mulher como “gatinha” ou quando diz que “filme queimado” diria respeito só a garota que ousasse ficar com todos (esse seria “um direito” só do rapaz).

O termo “caldão” devia ser mesmo “fora de moda”, tanto que nem ele foi poupado e desapareceu... hehehe... (sinceramente, não lembro de ouvir alguém usar essa palavra).

Outro coisa era a homofobia vista como natural no período, ou seja, quando era definido o que seria “ficar com”, aparece claramente (e somente!) “o envolvimento entre rapazes e gatinhas”... Ops, e as outras variáveis?

Naquela época, não era comum ver jovens garotas bissexuais nem "boites" do tipo GLBT ou mesmo lidar com BDSM ou participar de “ménage à trois”.

O mundo mudou. Melhor assim.

A marca da roupa no anúncio era da “Jeaneration”.

© profelipe ™ 

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