domingo, 30 de novembro de 2014

A Multidão

A maioria gosta de concordar com a maioria.
A maioria vai para o mesmo lado. Ela gosta dos mesmos programas. Ela evita coisas complexas. Ela acredita que o dinheiro é o que dá sentido a vida.
Discordar da maioria significa arrumar confusões, polêmicas, acusações falsas, ser objeto de conspirações e assim por diante.
É difícil discutir com a maioria porque ela não ouve e repete sempre os mesmos dogmas e os mesmos preconceitos.
A maioria funciona como uma massa. Não tem cara. O indivíduo (lá dentro) se sente protegido em sua própria imbecilidade.
Alguns chamam essa maioria de “povo” e aqui vale uma citação de Hegel:
“aquilo a que muitas vezes se chama povo é o que forma decerto um conjunto mas como multidão, quer dizer, como massa informe com movimentos e ações elementares irracionais e selvagens.” (Hegel, Apud, Gramsci)
O indivíduo sozinho pode obedecer as leis e ser discreto. Entretanto, quando está numa arquibancada de um estádio qualquer, no meio de uma torcida organizada, esse mesmo indivíduo acredita que possui poderes e o mais importante deles seria que, naquele momento, ele não teria uma identidade, ela teria ficado invisível e, portanto, poderia fazer qualquer coisa.
Em sua irracionalidade, na ausência de limites e na sua indiferença, a maioria pode causar danos estrondosos. Bastaria citar o nazismo na Segunda Guerra Mundial.

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