quinta-feira, 30 de outubro de 2014

AMIGOS & COMENTÁRIOS ESPECÍFICOS

Eu realmente estava pensando em voltar para a sala de aula após seis anos de sabático. Fui sincero ao me expressar aqui no facebook e queria, claro, ter uma noção como seria a reação (em geral) das pessoas.
Não me surpreendi com a gentileza do Orlandino Werton Jr. e nem com os seus comentários compreensíveis. Mais do que um ex-aluno, ele tornou-se um amigo do tipo (raro) que recebo no meu apartamento e que saio na noite e sinto confiança de que estamos juntos, como verdadeiros amigos, e que um não deixa o outro na mão e nem usará algo da noite (no outro dia) como forma de chantagem ou algo parecido. Trata-se de um cavalheiro, um altruísta, um sujeito que “não amarela” (coisa muito rara nesta época de interesses imediatos, conspirações e traições).
A Elizabeth Ferreira escolheu – eu nunca soube por que (só “aproveitei” a situação) - ser o meu anjo da guarda. É uma pessoa que confio plenamente. Sabe detalhes da minha vida pessoal, do que passei, que ninguém imagina. Alguém poderia pensar que ela seria uma missionária ou algo assim. Não. Além de minha amiga, ela é, com o meu maior orgulho, a minha advogada. O que ela escreveu, obviamente, já me disse várias vezes. São elogios. Dei aulas (durante anos) no curso de Direito e ela sabe, por colegas, como era a minha postura como docente.
Mr. Gilberto Camargos vinha com a namorada (hoje esposa) ao apartamento que moro (atualmente) quando eu o utilizava só como um lugar para fumar charutos (a minha ex-esposa não gostava de cigarros e charutos). Eu sabia, percebendo a sua atitude em sala de aula, que (como diria o Renato Russo) “ele era diferente”. Pelos comentários e pelas ironias, pela clareza e pela rapidez no raciocínio, pelo bom gosto musical (é rock ‘n’ roll!!!)... Tudo isso o transformava num cara que a pessoa tem prazer em encontrar, ouvir e conversar. Mesmo depois que ele morou nos Estados Unidos e depois que voltou ao Brasil, sempre que me vê (tanto na época que eu saia com várias garotas como na fase “John Constantine” – que para muitos parece mais a versão masculina de Christiane F. rsrs), cumprimenta e conversa um pouco. Isso não é pouco quando a maioria evita ser visto com você porque imagina que você estaria “down & out”. O livrinho do Marighela que ele citou é simplesmente “Minimanual do Guerrilheiro Urbano” de Carlos Marighella. Citava o livro nas minhas aulas de Realidade. Explicava as ideias de Nietzsche nas minhas aulas de política. Além de tudo, Mr. Gilberto Camargos foi um bom aluno e possui uma ótima memória.
A Márcia Tannús foi minha colega de faculdade na UFU, me conheceu muito bem e viu a minha prática ainda quando eu fazia o mestrado na Universidade Federal Fluminense. Ah, tenho orgulho de dizer que ela foi minha namorada também (e tornou-se uma das poucas exs que tenho contato).
Todos vocês foram muito gentis. Agradeço. O fato de escolher continuar mais algum tempo no sabático, obviamente, não tem a ver com gente como vocês. Parte do processo, claro (não precisa ser psicanalista para perceber isso), diz respeito ao prazer de algo que eu gostava tanto de fazer e que me foi tirado (isso eu acho péssimo) por causa de questões financeiras imediatas (o professor com doutorado e livros publicados, depois de 2007, havia se transformado num alvo, em algo negativo, o que justificaria, no período, o que chamavam de “caça aos doutores”). Eu sou um indivíduo estranho (admito) e isso significa que a minha reação não foi a mesma da maioria (diante dos efeitos práticos do neoliberalismo – aplicados, aqui no Brasil, especialmente após a entrada do PT no poder e do “elogio da ignorância” tão propagado pelo então presidente Lula). Tenho, enfim, uma maneira própria de lidar com as adversidades externas e com os conflitos internos. Por tudo isso, amigos, pretendo ficar mais algum tempo na toca.

© profelipe ™ 09-10-2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.