terça-feira, 1 de setembro de 2015

Amor & Morte

Quando vi o Simply Red ao vivo, uma música me impressionou: “every time you say goodbye, I die a little” (“toda vez que você diz adeus, eu morro um pouco). Linda. Vi no Rio, na Praça da Apoteose.
A música, obviamente, associa o fim do amor com o fim da vida. A morte sempre chega, mas o amor poderia ser eterno?
O que fica do amor permanece na memória (no cérebro do indivíduo... Bertrand Russell acreditava que com a morte, o desaparecimento do cérebro levaria também ao fim da memória).
Não basta saber que após a morte, para alguns filósofos, o que resta seria o nada. O complicado é lidar com os fatores genéticos, ou seja, a pessoa já nasce com várias predisposições, principalmente no que diz respeito às doenças.
Em outras palavras, a pessoa nasceria “programada” a sofrer tal doença ou (talvez) a cometer suicídio. Não é tão simples, claro, então vejamos a opinião de David Bakish, psiquiatra no Royal Ottawa Hospital:
“Você pode nascer com este gene [da depressão] e ele pode nunca se expressar exceto se ocorrer um grave fator externo, como uma morte na família, divórcio, perda de um emprego, ou algo que cause um forte estresse. (...) A depressão não é uma falha no caráter. Ela é algo que nasce com a pessoa, como muitas outras doenças.”*
É praticamente impossível viver em sociedade e evitar o “grave fator externo”, afinal, os exemplos citados por Bakish (perda de emprego e divórcio) são cada vem mais comuns hoje em dia. Logo, o que seria uma predisposição torna-se fato.
Por outro lado, nada indica uma diminuição do preconceito em relação à depressão ou a condenação do suicídio na sociedade ocidental. São temas complexos e estão associados (muitos “esquecem” deste “detalhe”) aos fatores genéticos. Ou seja, se quer um culpado, procure em outro lugar e não na vítima!!
Além do mais, trata-se de uma visão cultural sobre tais problemas. Um exemplo:
“Na sociedade japonesa, o suicídio tem sido tradicionalmente visto como uma forma de manter a honra, como no caso do ritual do Samurai, conhecido como seppuku ou harakiri.” **
O ponto central não é elogiar ou criticar um ato. A questão é evitar o preconceito, procurar saber mais e, principalmente, lembrar que todas essas concepções são inventadas pelos próprios homens de acordo com o seu ambiente, a sua cultura, para explicar os seus desejos e as suas frustrações.
© profelipe ™
(*) "You may carry this gene and it may never be expressed unless some big environmental factor comes along, (…) such as a death in the family, divorce, loss of a job, or some other stressful catalyst. should de-stigmatize mental illness. (…) It's not a character flaw. It's something you're born with, like many other diseases."http://www.genomenewsnetwork.org/artic…/…/suicide_gene.shtml
(**) “In Japanese society suicide has traditionally been seen as a way of maintaining honour, as with the Samurai way of ritual self-disemboweling known as seppuku or harakiri.” http://mg.co.za/…/2006-07-13-author-of-japanese-suicide-man…

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