quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Francis Fukuyama

No início da década de 1990, houve uma euforia quanto ao fim da União Soviética. Isso levou, por parte de Francis Fukuyama, a retomada do debate sobre o "fim da História". Ele sofreu críticas de vários autores.
Stuart Sim resumiu a postura de Jacques Derrida na polêmica:
“O ‘fim da história’ não é a boa notícia que Fukuyama acredita que seja; não é que temos qualquer desejo de contestar o equilíbrio do poder econômico e político que prevalece hoje em nosso mundo. Seria necessário um tempo para estabelecer essa certeza, mas, em última análise, a desconstrução de Derrida está na perspectiva da esquerda." (Derrida and the End of History, p. 63)
A realidade, depois de quase duas décadas, mostrou que o otimismo de Fukuyama estava errado. O capitalismo globalizado acirrou as diferenças sociais em todo o mundo e reforçou a acumulação de riquezas nas mãos de poucos. A crise do socialismo real não demonstrou que a resposta seria o modo de produção capitalista. As ditaduras no leste europeu estavam erradas, assim como sempre foi equivocado o individualismo proposto pelos liberais.
Em 1994, Viviane Forrester já denunciava as falhas da ideologia:
"E não há dúvida hoje de um ‘fim da história’, como tentaram nos convencer, mas, pelo contrário, existe um desencadeamento da história que sempre inquieta, que sempre manipula em uma direção, no sentido de um foco do tipo 'pensamento único' - apesar da eficiência elegante da camuflagem que justificaria o lucro." (L'Horreur Économique, p. 131)
A dificuldade de lutar contra esse "pensamento único" permanece. A associação entre capitalismo e modernização, sobretudo com o avanço das novas tecnologias, acabou sendo aceita pela maioria. O individualismo parece ser a norma e o consumismo aparece como a resposta imediata num mundo onde existe cada vez mais miséria e desemprego. As multinacionais demitem milhares de trabalhadores e os seus lucros aumentam. Qual seria o sentido de tudo isso? Lucro. Acumular capital. Os problemas decorrentes deste processo parecem não afetar a elite. O aumento no número de "homeless", na violência e na criminalidade, inclusive nos países ricos, é mostrado como algo "natural" do desenvolvimento.
Não existe alternativa? Pelo menos até hoje, as esquerdas e os opositores do capitalismo não souberam elaborar um projeto global que servisse de contraponto ao neoliberalismo globalizado. Então, como diria Lênin, o que fazer? Está aí uma boa pergunta.
© profelipe ™

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