quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Ataques à Paris e Política Externa

Nos ataques à Paris, a questão chave foi o conflito entre visões de mundo diferentes. “A democracia seria atacada” por militantes que defendem uma concepção autoritária de sociedade, que misturaria princípios religiosos com ações políticas.

Seria, basicamente, um conflito entre democracia e ditadura.

O Brasil é um país democrático. Entretanto, nem sempre as suas lideranças ocultaram a simpatia e o apoio aos ditadores...

A presidente Dilma condenou os ataques feitos pelos militantes do Estado Islâmico (EI) na França:

"Expresso o meu mais veemente repúdio, que é também o de todo o povo brasileiro, aos atos de barbárie praticados pela organização terrorista 'Estado Islâmico' que levaram mortes e sofrimento a centenas de pessoas de várias nacionalidades em Paris."¹

No ano passado, porém, a presidente da República tinha outra opinião sobre como lidar com tal organização:

“(...) Dilma disse, em resposta a uma pergunta sobre o que pensava dos ataques dos Estados Unidos ao EI na Síria: ‘Lamento enormemente isso. O Brasil sempre vai acreditar que a melhor forma é o diálogo, o acordo e a intermediação da ONU’.”²

O problema não seria só o discurso contraditório da presidente Dilma. O seu antecessor, o presidente Lula, era mais enfático no apoio aos ditadores, chegando, em 2009, a chamar o “ditador líbio Muammar Kadafi [de] ‘Meu amigo, meu irmão e líder’.”³

Não foi só isso. Na sua política externa, o presidente Lula ainda apoiou o então “líder iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.”¹* Lula também era “próximo” do chavismo venezuelano e do governo cubano (política que continuaria no governo Dilma).

No Estado brasileiro, os governantes petistas parecem desprezar a história da diplomacia do país, que sempre foi pautada por posturas serenas e ficava distante de lideranças internacionais polêmicas e radicais. ²*

Isso pode ser um problema quando o mundo ocidental parece “caminhar de um mesmo lado” (como foi visto agora nos ataques à Paris). A maneira de lidar com isso, com fez a presidente Dilma, pode ser assumir uma retórica claramente contraditória, o que demonstraria (no mínimo) que a política externa brasileira deveria ser revista.

© profelipe ™

(¹)Thiago Guimarães. Dilma:'Barbárie' do 'Estado Islâmico' precisa ser combatida. BBC, 15-11-2015. http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151115_brics_terrorismo_dilma_tg_lab
(²)José Fucs. Dilma agora critica a "barbárie", mas já foi acusada de defender o "diálogo" com o Estado Islâmico. Lembra? Época, 17-11-2015.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-fucs/noticia/2015/11/dilma-agora-critica-barbarie-mas-ja-defendeu-dialogo-com-o-estado-islamico-lembra.html
(³)Lula ataca mídia e chama Kadafi de ‘amigo e irmão’. Estado de São Paulo. 02-07-2009.
http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,lula-ataca-midia-e-chama-kadafi-de-amigo-e-irmao,396684
(¹*) Lula é melhor amigo dos tiranos do mundo democrático, diz colunista do Post. Folha de São Paulo, 03/08/2010. http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2010/08/777123-lula-e-melhor-amigo-dos-tiranos-no-mundo-democratico-diz-colunista-do-post.shtml
(²*) Eu utilizei essa frase em um texto de 2011 e ela ainda é bastante atual. O texto foi “A política externa do governo Lula”. http://profelipego.weebly.com/liebe.html

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