terça-feira, 17 de janeiro de 2012

FINGIR E FUGIR


O indivíduo evita o objeto do seu medo. Evita as falhas da condição humana. Ele acredita que aquilo que ele não vê, não existe.
Os velhos o incomodam, basta colocá-los no asilo - "é um bom lugar, eles vão gostar".
Os loucos causam escândalos? Existem os hospícios e as clínicas psiquiátricas para isso - "lá eles serão bem tratados".
E aqueles que não respeitam as leis da sociedade? Criminosos? Prisão - "lá eles serão 'recuperados' para o convívio social".
É importante, primeiro, limpar a própria casa. Num segundo momento, se possível, seria necessário limpar a rua também - a maneira como as autoridades de São Paulo lidaram como o caso da "cracolândia" seria um exemplo neste sentido.
Apesar de todos esses esforços, o indivíduo deve enfrentar um medo maior: ele mesmo. O que fazer com tantas experiências negativas vividas desde a infância... os fracassos, as rejeições e as humilhações? Seria simples: basta evitar pensar nestes momentos.
Entretanto, no sonho, a sua razão perde espaço para o inconsciente, e tudo desaba... Tudo que ele queria esquecer insistir em aparecer nos sonhos.
O indivíduo, normalmente depois dos 30 anos, reclama que tem dificuldade para dormir. No fundo, ele tem é medo. Quer evitar o seu inconsciente. Quer evitar a si mesmo.
Ele que inventou os asilos, os hospícios, as prisões... Ele que limpou as ruas... Ele não consegue vencer algo que ele nem admite que, de fato, existe: o inconsciente.
O que fazer? Como fugir de si? Fanatismo religioso? Alcoolismo? Drogas? Mas se escolher essas alternativas ele poderá ser preso em uma das várias "casas de reclusão" que ele mesmo inventou.
Fingir. Fingir até quando for possível. Fingir para a família, fingir para os amigos, fingir para o (a) amado (a), fingir para o padre (pastor), fingir para a polícia, fingir para o professor, enfim, fingir principalmente para si mesmo...

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