terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Predisposição Genética, Depressão e Suicídio

Com base no saber científico, é afirmado que existe uma predisposição genética à depressão. Muito antes das pesquisas atuais, Schopenhauer (L'Arte de Essere Felici, Milano, Adelphi, 1997, p. 98) já falava em predisposição ao suicídio:
"L'ereditarietà della predisposizione al suicidio dimostra che nella determinazione a togliersi la vita la parte soggettiva è senz'altro la più forte." *
Para os "pesquisadores na Washington University School of Medicine em St. Louis e no King's College em Londres", portanto, de acordo com estudos recentes, estaria na genética a causa da depressão. Ou seja:
"geneticamente, há uma combinação no DNA no cromossoma 3 associado com a depressão.
(...) A análise da família revelou um histórico de depressão em muitos dos que enfrentaram essa doença, mas em poucos dos que não a enfrentaram. Há uma região no DNA com noventa genes onde parece que essa predisposição se origina. " **
O que realmente importa é admitir tanto uma predisposição genética à depressão quanto uma predisposição ao suicídio. Em outras palavras, alguns indivíduos nascem com tendências à depressão ou ao suicídio. Claro, um caso pode levar ao outro, ou seja, a depressão pode ser a principal causa do suicídio.
Neste contexto, como culpar alguém por ter depressão? Como dizer, por exemplo, que "uma pessoa irá para o inferno" porque ela "escolheu" o suicídio?
Afirmações do senso comum e a orientação dada por algumas religiões só servem para confundir as pessoas e reforçar preconceitos, o que complica ainda mais a vida de quem nasceu com essas predisposições.
Na prática, muitos que dizem que querem ajudar não fazem outra coisa a não ser agravar um quadro de um paciente que necessitaria de colaboração e apoio para enfrentar os problemas causados por seu organismo (problemas "internos").
Assim, essas pessoas fazem o contrário do que teoricamente desejariam, ou seja, elas dificultam a vida do paciente na medida em que tornam-se, para ele, os principais problemas "externos".
As predisposições orgânicas causam um "inferno interno" e os indivíduos causam um "inferno externo". Como sair de tal situação? A morte não é uma escolha do paciente. De certa forma, ele é "empurrado" em sua direção tanto pelo seu organismo como por aquelas pessoas que "só querem ajudar".
Falar que a morte foi uma escolha do indivíduo representa colocar a culpa na vítima. Quem faz isso deseja retirar de si qualquer responsabilidade de um processo que teve um fim trágico.
* Tradução literal: "A herança da susceptibilidade ao suicídio mostra que, na determinação de tirar sua própria vida, a parte subjetiva é certamente o mais forte."
** Gláucio SOARES. jb on line. http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2011/06/07/a-doenca-invisivel/

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