quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Felicidade, Sofrimento e Buddha

Muitas pessoas sofrem e não entendem por que. Parece que elas lutam contra a própria felicidade. Um exemplo seria estabelecer um objetivo que não poderia ser atingido, como acontece nas festas de Ano Novo. Prometer que vai parar de fumar e continuar com o vício, claro, garante a frustração e a sensação de fracasso.
Outro exemplo seria colocar a felicidade na dependência de outra pessoa. “Se ela não casar comigo, serei eternamente infeliz.” Isso é comum em relações platônicas. A pessoa fica completamente apaixonada pela outra sem mesmo conhecê-la. Na verdade, ela se apaixona pela “imagem” da outra pessoa e inventa uma personalidade que ela deveria assumir. Se por acaso, o que era platônico torna-se real, é comum ouvir a frase “nossa, você não é aquilo que eu imaginava”... como se a pessoa fosse obrigada a corresponder a fantasia criada pela outra.
O elogio do imediatismo é outro problema. “Quero tudo ao mesmo tempo agora”, ou seja, quero prazer imediato. Trata-se de um narcisismo cuja pessoa se acha tão maravilhosa que pode exigir o tal prazer sem dar nada em troca. Ela usa o outro só como um objeto para o seu prazer. Hoje isso é bastante comum por causa do elogio do corpo, do vício em academias e anabolizantes, isso sem falar nas constantes cirurgias plásticas.
Apesar do outro ser visto só como um objeto, existe aqui uma relação de dependência, mas que funciona no plural. Em outras palavras, o que a pessoa mais deseja é fazer sucesso, ser famosa, ser admirada e ser desejada por todos. Para tanto, ela fará qualquer coisa, como a atriz Vera Fischer (antes de ser conhecida) que uma vez deu uma entrevista que dizia que transou com um diretor de televisão para participar como jurada de um programa.
Tudo isso está relacionado aos valores capitalistas que são impostos ideologicamente como se fossem universais, como se fossem “verdades absolutas”.
Não é bem assim. Só para mostrar outra perspectiva, vale lembrar as palavras de Buddha:
“Agora, então, (...) é a nobre verdade sobre a origem do sofrimento. De fato, é que a sede (ou desejo), (...) acompanhado pelo prazer sensual, busca a satisfação ora aqui, ora ali – ou seja, há o desejo de gratificação das paixões, ou o desejo por uma (futura) vida, ou o desejo de sucesso (nesta vida).” (Siddhartha Gotha Buddha, The Foundation of the Kingdom of Righteousness In.: Charles Guignon, The Good Life, p. 75)
Não trata simplesmente de uma questão religiosa ou de uma problemática filosófica. Essa citação deve servir cotidianamente como reflexão dos atos de qualquer pessoa. Não é uma imposição. É uma sugestão. Pode ser útil.

© profelipe ™ 09-12-2015




(*) Citação no original:
“Now then, (…) is the noble truth concerning the origin of suffering.
Verily, it is that thirst (or craving), causing the renewal of existence, accompanied by sensual delight, seeking satisfaction now here, now there - that is to say, the craving for gratification of the passions, or the craving for a (future) life, or the craving for success (in this present life).” (Siddhartha Gotha Buddha, The Foundation of the Kingdom of Righteousness In.: Charles Guignon, The Good Life, p. 75)

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