terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Genética e Sujeito

Desconfio do termo “determinismo” porque o seu uso representaria quase uma negação do homem como sujeito de sua própria história.

Os biólogos e outros profissionais não se preocupam tanto com isso.

Alain Prochiantz diz que “o homem é também um ser geneticamente determinado.”* Acrescenta que o homem sofre ainda influência do meio em que vive. Em suas palavras:

“Em suma, eu mudo no meu cérebro, eu me adapto ao mundo, com base no que eu experimento.”**

O que significa tudo isso?
Não desejo simplificar nem manipular as frases de Alain Prochiantz. Gostaria só de problematizá-las.

Em primeiro lugar, a frase “o homem é também um ser geneticamente determinado” tem um poderoso efeito ideológico na medida em que dá a entender que o homem não determina (não é sujeito) e sim seria determinado. Mais na frente, citando Marx, Alain Prochiantz admite que tanto o homem interfere no meio como o meio interfere no homem. O problema aqui é o impacto da frase “ser determinado geneticamente”.

Em segundo lugar, caberia ao homem “adaptar-se ao mundo”. Isso significaria também adaptar à sociedade? Tanto num caso como no outro, ficaria de fora o princípio da dialética. Em outras palavras, o homem existiria tanto para mudar a natureza como a sociedade. A ordem é o sonho de alguns e o princípio de alguns teorias sociológicas (divergentes do pensamento de Marx).

Basicamente, de uma maneira bem simples, o que deve ser problematizado é até que ponto o indivíduo é responsável por suas ações. As teorias religiosas não são consideradas aqui.

“Penso, logo existo” é pouco para responder tal problematização porque o homem em si é bastante complexo assim como a sua relação com a natureza e a sua relação com os outros homens. Além do mais ele carrega uma “condenação”: tem a capacidade de pensar sobre si mesmo sem conseguir resolver a condição humana.

© profelipe ™ 08-12-2015

(*) Entretien avec Alain Prochiantz. Le Monde de l’éducation. Juillet-Aoüt 2001, p. 190.
(**) No original, essa frase está no passado: “En somme, je me modifié dans mon cerveau, je m'adapte au monde, en fonction de ce que j'ai vécu.”

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