sábado, 28 de maio de 2011

O QUE LEVARIA UM HOMEM A PAGAR POR SEXO?*

Os homens da minha geração - tenho 49 anos - tinham sua iniciação sexual com prostitutas, em casa conhecidas como "zonas". Era uma "tradição", afinal, até a década de 1950 a mulher teria que casar virgem. O homem pagaria para fazer sexo com outras mulheres. Nos anos 1970, ainda permanecia essa mentalidade. Não havia glamour numas das profissões consideradas mais antigas da humanidade.
Na década de 1990, as coisas mudaram - e os nomes também: "escort girls", GPs (Garotas de Programa), entre outros. A mentalidade delas mudaria: sabiam que a sua juventude não era eterna e, com o tempo, o seu corpo não atrairia ou não seria tão valorizado pelos homens. Assim, passou a ser comum encontrar, entre as GPs, um grande número de universitárias. Elas eram novas, bonitas, pagavam suas faculdades e moravam em "flats". Em suma, ganhavam muito bem.
Numa reportagem que li sobre o Café Photo de São Paulo - local famoso de GPs -, o preço que era cobrado por um programa era 300 dólares. O ator Charlie Sheen ficou famoso por suas noitadas com mulheres - pagas ou não-, bebidas e drogas. O seu personagem Charlie Harper, para resolver um problema do irmão, Alan, paga mil dólares para que ele tenha uma acompanhante decente.
Alguns anos atrás, num bar de Uberlândia, um amigo da minha geração disse que pagou caro para sair com uma garota assim e que a via - depois - nos melhores lugares da cidade, sendo que ela fingia que não o conhecia. Era negócio ou, talvez, ela não lembrasse dele mesmo. Ele não havia esquecido dela por dois motivos: o preço que pagou e a beleza da garota.
Uma vez escrevi um artigo científico sobre a relação entre turismo de negócios e as GPs - na revista "Caderno de Turismo". Cidades que privilegiam esse segmento do turismo, lidam necessariamente com a questão das "escort girls". Para ser um problema ou algo ilegal, deve ser considerado, antes, as leis do país em questão. Na Alemanha, é uma atividade legal, inclusive, nos "websites" oficiais de turismo, aparecem "links" com listas de acompanhantes. No Brasil, o turismo sexual é ilegal. Outro exemplo: o ator Robert de Niro disse que não voltaria na França, pois ele foi acusado de solicitar serviços de prostituição. Se no Brasil é normal ver as celebridades nacionais nuas na Playboy, na mesma França, não é fácil encontrar a revista nas bancas da Champées Élisees. A edição francesa da revista vem com muitos anúncios pornográficos, coisa que não acontece em outros países.
Após a invenção da pílula anticoncepcional, do movimento feminista e da liberdade sexual, o que levaria um homem a pagar por sexo? As mulheres, atualmente, colocam-se em condições de igualdade com os homens em tudo, sobretudo na questão da sexualidade e das relações amorosas. Por quê, então? Outro amigo, uma vez, me disse, ironicamente, que sai mais barato, afinal, com uma garota normal, você a levaria ao cinema, jantares, boites até conseguir levá-la a um bom (e caro) motel. Na sua linha de raciocínio, era "tempo demais, muito dinheiro" e ele ainda teria que "aturar todos os charminhos" - atrasos, reclamações, críticas e cara fechada por motivos banais - da garota. Lembra um pouco uma cena do filme "The sweetest thing" ("Tudo para ficar com ele"), quando a personagem de Cameron Diaz finalmente se rende ao insistente rapaz numa boite e começa a conversar com ele... O rapaz a deixa falando sozinha e se pergunta: "what's a guy got to do to get laid?" ("o que um cara tem que suportar para transar?"). Talvez seja isso... ou não... 

(*) Este texto foi escrito em 10 de dezembro de 2010.

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