terça-feira, 31 de maio de 2011

CAÇADORES & CAÇADORAS

O macho sai para caçar, cuidando, assim, da sua sobrevivência. Mais do que isso, caçar, inconscientemente, poderia ser percebido como uma afirmação da própria masculinidade. Com a industrialização e a urbanização, caçar animais não fazia mais sentido. No capitalismocaçar, ou seja, ser útil, passou a ser interpretado como trabalhar. Tradicionalmente, neste contexto, o homem trabalharia e a mulher cuidaria da casa e dos filhos. A masculinidade continuava associada à caça, mas o alvo tornou-se a mulher - não a esposa e sim a "outra". Havia a mulher para casar e as outras. A base do modelo era a virgindade.
Quando a mulher entra no mercado de trabalho, assume direitos políticos e reivindica uma posição de igualdade com o homem, este quadro muda. De "presa", ela torna-se também "caçadora". O mito da virgindade desaparece. A confusão é instalada. O homem fica perdido. A mulher não sabe exatamente o que fazer com a liberdade conquistada, o que explica que algumas tentam repetir as estratégias do homem.
homem saudosista não consegue mais encontrar a sua "Amélia". Entretanto, ele percebe que se a meta da sua vida deveria ser "caçar", a nova situação era bastante favorável ao seu jogo. 
A mulher trabalhava, ia para bares, fumava, bebia, pagava as suas contas e, assim, reivindicava igualdade de direitos. O homem, então, passou a acreditar em outro mito: quanto mais alcoolizada, mais amulher seria uma "presa" fácil. Portanto, ele sempre poderia ficar com uma diferente toda noite, sem jurar, explicitamente, compromisso. O velho mito que associava a virgindade ao casamento, éinterpretado de outra forma: se ela não é virgem, não existe motivo para casar. A canalhice possui uma justificativa.
Do lado da mulher, querer ser como o homem significa entrar num jogo no qual ela é a aprendiz. Ou seja, teria que pagar um alto preço para sair do modelo "dona de casa" e ir para o modelo"independente nos bares". Esse preço tem a ver com os seus desejos de ter filhos e constituir família. Tem a ver ainda com a necessidade de ser desejada pelo homem, que a valoriza no início e adescarta depois.
casamento ainda existe. O divórcio torna-se mais comum. Os papéis estão confusos nas relações amorosas. Mitos são construídos como se fossem as "novas respostas". No fundo, os problemas são os mesmos: o caos está na condição humana - afetar a relação amorosa seria só a ponta de um iceberg de uma existência que não faz sentido.

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