quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

DOGMAS

O suicídio é uma escolha pessoal. Existe um contexto social, claro, mas a decisão final é do indivíduo.
Por quê? Eis uma pergunta não poderia ser feito no que diz respeito ao suicídio:
" Ils ne peuvent pas se poser du question 'pourquoi'.
(...) 'Pourquoi? Mais tout simplement parce que je l'ai voulu.' " (Foucault, Dits et Ecrits, p. 778)
Sim, diante da questão "por quê?", a resposta óbvia e correta seria "porque eu quis." Existem várias implicações e quando a vida deixa de ser interessante, a morte é a resposta.
Ninguém sabe o significado da morte, o que ocorre depois da vida. O suicídio, neste sentido, não é a escolha da morte, ele representa sim a recusa da vida.
Não é uma decisão fácil, sobretudo por causa da educação e das mensagens enviadas de modo coerente por instituições como família, igreja, escola, meios de comunicação de massa, entre outras. O discurso único é "viva". Por quê? Em quais condições? Qual seria o sentido de tudo isso? 
As questões não são aceitas e nem problematizadas. "Viva" tornou-se um dogma que não teria sido criado pelo homem. A natureza aparece como um reforço ao dogma: "lutar pela vida é natural".
Dogmas. Invenções. Frases e mensagens criadas pelo próprio homem para dar sentido a algo que não faz sentido e que ele não compreende: a vida.
O homem não entenderá o que veio fazer aqui e nem o que acontecerá após a morte. Inventará hipóteses. Mas, na sua condição humana, nunca saberá. Diante disto, viver é uma escolha tão legítima quanto morrer. Depende de cada um.

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