terça-feira, 27 de dezembro de 2011

REJEIÇÃO

A palavra-chave na condição humana é rejeição. O indivíduo luta a vida inteira para ser aceito pelos outros, seja na família, na escola, no namoro, na faculdade, no trabalho, no casamento, na relação com os filhos e na velhice. O problema é que ele pode ser rejeitado numa dessas fases da vida.
Em alguns casos, a pessoa é rejeitada antes mesmo de nascer, afinal, ela torna-se o tema de um debate dos pais sobre o aborto. Nasceu. Pode torna-se um mecanismo utilizado pelo pai ou pela mãe para atacar e ameaçar o outro. Ou pode ser o alvo de ataque dos dois. Para Estela Welldon, (Sadomasoquismo, p. 52-53), poderia existir uma espécie de pacto contra o filho:
"(...) É então que a mulher se identifica com o agressor (o seu parceiro) e volta a agressividade para o filho, que passa ser o membro frágil da família e alvo 'conveniente' para a expressão de hostilidade,agressividade e até violência sexual."
Na escola, aparece o "bullying". Depois para arrumar e manter um namoro, surgem várias exigências do que seria o modelo de "príncipe" ou "princesa". O casamento representa, neste contexto, o lugar ideal das cobranças. Após a chegada dos filhos, o que parecia difícil, fica mais complicado. Se o divórcio acontece, aparecem novos problemas para ser aceito na sociedade como alguém viável e não como uma segunda opção, como se fosse um carro usado - alguns acreditam que fazendo plásticas podem receber o rótulo de "semi-novo".
A velhice é sinônimo de rejeição. Pronto. É vista como decadência e não como maturidade (numa sociedade de consumo que valoriza o que é novo e jovem). Ao velho cabe... tentar parecer jovem? Um exemplo é o avô Mick Jagger que até hoje rebola nos palcos do mundo inteiro e toca com os meus amigos de bairro da adolescência. John Lennon ironizava bastante essa situação:
"Quando você tem 16 anos é certo ter companhias e ídolos masculinos. É coisa de tribo, tudo bem. Mas, quando você ainda faz isso aos 40, significa que, na cabeça, você ainda não passou dos 16." 
Diante da rejeição, chega uma hora que o indivíduo se pergunta se vale tanto esforço para ser aceito pelos outros. É como insistir em participar de uma festa em que você não é bem-vindo. Para quê? Se a vida for essa festa, a morte pode aparecer como a única saída.

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